♘ The White Knight ♞
12º Turno
A silhueta encapuzada agora caminhava com cautela por entre os becos e frestas escuros da ilha de Baccarat Palace. A mixórdia de vozes ao longe, misturada com a hélice de um helicóptero e múltiplos fachos de luz dançantes eram motivo de medo para aquele vigilante. Eles estavam freneticamente buscando alguma coisa. Poderia ser a própria silhueta também, claro. Mas, certamente seu foco principal deveria ser o que quer que tinha destruído a instalação que investigara há alguns dias.
Sabia que Baccarat Palace não era um lugar nem um pouco ordeiro. Esses tipos de crimes aconteciam a todo momento. A maioria deles cometidos pela própria staff da ilha, inclusive. No entanto, em suas infiltrações, teria percebido que havia um certo incomodo atípico por parte de alguns eventos específicos que vinham acontecendo por diversos cantos da ilha. Assaltos e roubos de propriedade vinham acontecendo com uma frequência um tanto acima do normal. No entanto, ao averiguar os sistemas, que deveriam pertencer a algum braço da Wyldcards, o que mais parecia lhes preocupar era que essas ocorrências não estavam programadas em suas agendas de crime organizado. Nem sequer haviam relatórios por parte dos capangas de mais baixo nível, indicando serem os responsáveis por tais atos.
Num aspecto, aquilo era importante pois poderia indicar que alguém mais estava competindo e, talvez, tentando desmoralizar a supremacia da organização criminosa vigente naquelas terras. Entretanto, parecia haver algo mais que os preocupava quanto ao conteúdo do que era roubado. Não conseguira ter qualquer acesso à lista dos bens furtados ou destruídos. Todavia, nos relatos do médio escalão parecia haver uma preocupação um pouco mais urgente do que problemas a longo prazo. Sua intuição lhe dizia que eles pareciam estar correndo contra o tempo quanto a um ou mais eventos específicos, talvez.
A silhueta avançava com cautela, mas presteza. Se demorasse demais, eventualmente acabariam alcançando e descobrindo sua localização. E, considerando que os rastros não pareciam estar nem um pouco perto de esfriar, precisaria de pelo menos algum tempo para investigar as pistas que esperava encontrar adiante. As pegadas e os eventuais danos deixados nas estruturas do ambiente, então, rapidamente levaram a um galpão.
Prontamente se esgueirando por baixo pela fresta semiaberta da porta de chapa metálica chanfrada, o vigilante se viu em um ambiente bem maior do que aparentava. Quer dizer, além de estar escuro, estava com muita pressa para ter analisado melhor. No entanto, sendo um dos primeiros lugares que visitava desde que adquiriu acesso parcial ao sistema, houve um certo desconserto pela natureza do local.
Veículos? O que poderia querer com uma oficina daquelas? Quer dizer, era uma grande oficina, com muito a se faturar com o roubo dali. Estacionavam de tudo ali para fazer manutenção, barcos de até médio porte, carros, motocicletas, aviões de pequeno porte… Mesmo assim, apenas o espaço em que se situava estava vago no extenso galpão cheio de veículos. O que explicava o motivo da porta pela qual se esgueirou estar aberta. O inimigo não parecia ter roubado nada além de um veículo razoavelmente grande. Pelas marcas de pneu no chão, terrestre. Pelo espaço e número de marcas, algo grande e forte o suficiente para carregar peso.
Estava devaneando quanto aos motivos disso. Porém, ao observar melhor os arredores, percebeu o motivo. O veículo não era a única coisa roubada. Não, longe disso. Estava escuro, mas dava para ver que muitos dos veículos estavam abertos, parcialmente desmontados. Conforme avançou rapidamente pela grade de vãos livres formadas pelos veículos, percebeu que o culpado tinha roubado alguns poucos motores, componentes eletrônicos, fiações… Foi então que percebeu o motivo da preocupação. Realmente, era esquisito deixar de roubar veículos que certamente valeriam muito mais do que suas peças isoladas.
Já planejando despistar aqueles que também seguiam no encalço do criminoso, avançou até o fundo do galpão com rapidez. Enquanto os outros entrassem pela frente, rapidamente sairia por trás. Estava prestes subir no parapeito para se espremer pelo espaço de uma das janelas quando percebeu haver algo molhado no chão. Ao olhar para baixo, viu uma série de marcas circulares, organizadas uma do lado da outra em uma grade.
Ao tocar o líquido e levar a mão próximo do rosto, imediatamente identificou o cheiro de combustível. E, ao julgar pela quantidade de marcas arredondadas, que refletiam o luar proveniente das janelas, o sujeito não tinha roubado poucos barris.
Permaneceu inerte por alguns instantes, tentando imaginar o que poderia ser. Porém, um som metálico vindo do outro lado do galpão imediatamente tornou a silhueta alerta. Silenciosa, ágil e flexivelmente esgueirou-se pela janela, novamente sumindo na noite.
Diante da fala da garota, quase todos na mesa pareceram devolver um sorrisinho para o comentário quanto ao financeiro. De fato, nenhum deles ali se importava tanto com falta de dinheiro Na realidade, a graça do jogo parecia estar na adrenalina de ganhar ou perder algo mais concreto do que pontos imaginários. E, quanto maior a aposta, maior a carga de adrenalina no sangue, claro.
A única que pareceu não sorrir foi a mulher de cabelos pretos e olhos vermelhos, a jogadora 3. Na realidade, ela não parecia ser do tipo que se afetava por qualquer coisa. Não fosse pelos eventuais transbordamentos de desprezo em relação a Julian, o jogador 1, Enza poderia acreditar que ela teria o alcance emocional de uma pedra. Não parecia ser o caso, porém. Ela não era das pessoas mais expressivas e também não parecia ser uma pessoa muito alegre. Mas, parecia ter tendencias a ser bem brava e séria.
O jogador 2 foi um dos que riu. Foi sincero. Tinha achado engraçado a ideia estarem na ponta dos pés por conta de uma quantia tão… Módica. Ainda assim, era essa ilusão que motivava todos a jogarem poker naquelas condições específicas. Fosse jogar por jogar, poderiam fazê-lo online, com amigos em casa ou em estabelecimentos que não permitiam apostas com dinheiro. Arrumou seu óculos, que escorregaram um pouco com o discreto riso e voltou a focar seus olhos no nada. Não tinha usado as mãos, mas conhecendo seus impulsos, Enza poderia supor que se tratavam de contas mentais.
O idoso, o jogador 4, também arrumou seu monóculo. Ele sorrira de forma simpática diante do comentário. Mas os talentos dramatúrgicos de Enza diziam que não era bem o caso. Talvez teria o feito por educação? Não sabia dizer se ele tinha realmente gostado. Entretanto, aquela dificuldade em lê-lo era algo para se pensar. Talvez também tivesse instrução em atuação?
O jogador 6, como sempre, buscava permanecer contidamente nervoso. Mesmo assim, ele não pode deixar de momentaneamente esquecer do fato e apreciar o comentário da garota. Logo que isso aconteceu, a pequena atriz foi capaz de perceber. Se conseguisse entretê-lo por tempo suficiente, poderia conseguir mantê-lo longe dos sentimentos de ansiedade e medo de perder o dinheiro, pelo menos, por tempo suficiente para ele jogar.
No fim, acabou optando por uma via diferente para desviar sua atenção daqueles sentimentos desvantajosos para o jogo da atriz. Mas, ainda assim, pode ver algum resultado por ora. Ele parou para observar os tiques de Enza algumas vezes, um tanto incomodado. Todavia, era discreto, a garota captava por conta de sua experiência com expressões faciais forjadas. Além disso, parecia bastante educado, já que ele parecia também se controlar para não dizer nada.
Ao que a vez da garota chegou, o nervosismo pareceu subir-lhe pela boca do estômago. Ele estava desconfortável e com o foco bem prejudicado pelas distrações de Enza. Contudo, ainda assim parecia estar ‘fighting like a champ’ e conseguindo suportar um pouco. Eventualmente, a garotinha de Lóngshan passou seu cartão com uma carinha de incerteza. Claro, os olhos atentos dos jogadores 1, 3 e 4 captaram a hesitação em um flash. No entanto, na mesma velocidade pareceram retornar aos afazeres.
Em seu campo visual periférico Enza pode perceber um certo olhar de predador por parte de Julian. Ele havia caído na história de que ela era um cordeirinho sem exata noção do que estava fazendo. E, não apenas isso, mas também parecia bastante propenso a querer abocanhá-la com tudo. Afinal, ele sabia muito bem que tinha tido uma sorte de ouro com sua mão. O que ele não parecia saber, porém, era que o nível do Golden Rule de Enza teria sido muito maior naquela rodada.
A 3 e o 4 não exibiram muita coisa. Apenas focaram seus olhares momentaneamente para confirmar se eram mesmo o que estavam pensando. Ainda que fosse uma muralha em termos emocionais, a garota parecia bem neutra quanto ao fato. Quer dizer, ela deveria estar aproveitando o jogo. Mas, no fim, era apenas disso que se tratava: um jogo. Ela não parecia tão propensa a visitar emoções mais primitivas como Julian enquanto jogava.
Já o velho, era diferente. Ele parecia sempre bastante simpático por fora. Mas quando Enza o olhava era como se observasse o vazio. Como já constatado, não conseguia tirar muita coisa dele além do fato daquele ar de simpatia ser falso.
Foi ao passar o seu cartão e passar a vez ao jogador 6 que ele pareceu definitivamente quebrar. Não deu escândalos ou manifestou-se, claro. Mas, começou a transparecer o nervosismo em um nível que todos na mesa puderam perceber. Ele, claro, parecia um tanto alheio a esse fato. Estava tendo que se concentrar muito para fazer as contas, enquanto lutava com o seu nervosismo e as distrações da pequena atriz ao mesmo tempo. Passado mais alguns instantes, eventualmente cedeu completamente Como se estivesse discretamente jogando tudo para cima, passou o cartão. Tinha desistido de jogar aquela partida com suas faculdades racionais.
Com mais 120 milhões apostados (20 por cada 1 dos 6 jogadores), o pote holográfico no topo da mesa atualizou seu valor. Agora, constavam incríveis 254 milhões de berries. Terminada a rodada, Adam avançou sobre a mesa e revelou mais uma carta ao centro:
Com a posição de Big e Small blind rodando, os jogadores 3 e 4, respectiva e automaticamente forneceram mais 2 milhões e 1 milhão à mesa. E, como sempre, era a vez do jogador 1.
De volta à sua segue de sangue contida, ele alcançou seu cartão dourado dentro do paletó. Não fosse por sua perícia no assunto, Enza não teria notado. No entanto, momentaneamente ele pareceu lançar um micro-sorriso na direção dela. Era como se estivesse pronto para cair de boca numa presa muito suculenta e indefesa. E, sendo assim, prontamente anunciou estar aumentando a aposta para 40 milhões.
Claro, nesse momento todos os olhos voltaram-se para ele. Os ósculos do jogador 2 escorregaram sobre o seu nariz, bem como seu queixo também pareceu cair um pouco. Tudo num limite de discrição, claro. Porém, ainda assim, olhos atentos como os da jogadora 3 e do jogador 4 puderam captar tal fato.
O jogador 6 já estava manjado. Dessa vez sua expressão de desconserto tinha ficado bem óbvia, mas ninguém parecia mais ligar para ele. Talvez estivessem certos de que ele dessa vez ele deveria pular fora do pote. No entanto, tendo Enza habilidades especiais de… Persuasão, talvez ela conseguisse reverter isso.
Pelas linguagens corporais, a jogadora 3 e o jogador 4 pareciam bem calmos. Enza podia ter um certo nível de certeza de que a probabilidade de pagarem eram altas. Até porque, suas mãos de fato eram boas. No entanto, de qualquer forma, o foco do momento não eram eles. Assim como o jogador 6, o jogador 2 parecia bem propenso a fugir da rodada. Ele rapidamente fez as contas nas mãos e, estava claro: sua mão era razoável. Entretanto, dada a quantidade de cartas convenientes no centro da mesa, ele sabia que as probabilidades de haver mãos melhores que a sua também eram altas. Por isso, ele estava congelado na parte mais “subjetiva” — algo que não parecia ser seu forte — do assunto: mais 40 milhões valiam esse risco ou não?
Agora, assim como o jogador 6 após sua vez de jogar, Enza deveria escolher se buscaria fazer alguma coisa para tentar manter o quatro-olhos em jogo. Diferentemente do jogador 6, porém, o 2 parecia mais congelado do que ansioso ou nervoso. Ele não parecia especificamente ter aversão aos outros ficarem esperando sua decisão. Nesse aspecto, ele estava calmo. Que os oponentes esperassem o tempo que ele precisasse para decidir. Não que o processo de decisão subjetivo ficasse mais fácil por conta disso, porém.
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar este link] — Acho que teremos tempo de fazer mais uma rodada. Por isso, para economizar um turno que acabaria sendo muito curto, você pode considerar certo que os jogadores 3 e 4 vão pagar. Inicialmente, você decide se vai tentar manipular o jogador 2. Depois, você faz a sua jogada com as estratégias que achar mais adequadas. Por fim, escolhe se vai tentar manipular o jogador 5 também.
— Esqueci de avisar, mas um dos jogadores teve sua mão “promovida” no turno passado. O jogador 2 passou a ter um Two Pairs, porque saiu um 4 de copas. E, nesse turno, o Jogador 4 passou a ter um Full House.
— Segue a colinha para relembrar as mãos de cada jogador, incluso as de Enza:
Mãos dos Jogadores :
Player #1 — Julian Volkov Babylon :
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]FlushMão com todas as cartas do mesmo naipe.
Player #2 :
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Two PairsDuas cartas de mesmo valor somadas a outras duas cartas de mesmo valor, com uma última carta extra não relacionada.
Player #3 :
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]StraightMão com 5 cartas de valor consecutivo, mas não do mesmo naipe.
Player #4 :
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Full HouseTrês cartas de mesmo valor somadas a outras duas cartas de mesmo valor. Em outras palavras, uma dupla e uma “trinca”.
Player #5 — Reyad A. Knox :
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]Royal Straight FlushA melhor mão possível, consiste nas 5 cartas mais altas, Ás, Rei, Dama, Valete e 10, todos do mesmo naipe.
Player #6 :
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]High CardMão de 5 cartas que não interagem entre si para criar uma das sequências desejadas, mas que podem ganhar por possuir valor individual maior que as demais.
Player #9 :
[Tens de ter uma conta e sessão iniciada para poderes visualizar esta imagem]High CardMão de 5 cartas que não interagem entre si para criar uma das sequências desejadas, mas que podem ganhar por possuir valor individual maior que as demais.