Se a Kushina era tão ruim em ninjutsu, como é que ela ensinou o Shiki Fūjin ao Minato?
O fuuinjutsu e o ninjutsu são duas categorias de jutsu diferentes e independentes entre si, inclusive, o Shiki Fuujin é classificado apenas como fuuinjutsu, e não como ninjutsu ou qualquer outro tipo de jutsu. Sendo assim, um ninja pode ser bom em fuuinjutsu mesmo sem ser bom em ninjutsu e vice-versa.
Além disso, originalmente, o Shiki Fuujin era referido como uma invenção do próprio Quarto Hokage, que sempre foi considerado um gênio com talento para criar todo tipo de jutsu, então a informação sobre a Kushina ter ensinado esta e outras técnicas para o Minato é apenas mais um dos vários retcons presentes na obra.
E se Shiki Fūjin é 100% mortal, como é que o usuário pega a prática de usar essa técnica com maestria?
Teoria. O que não pode ser dominado com prática é dominado com hipóteses e teorias. Infelizmente, o Kishimoto não quis explorar os selos de mão, mas no início de Naruto, inclusive no Primeiro Databook, eles são considerados muito importantes para transformar o chakra em um jutsu.
Se eu fosse apostar, eu poderia dizer que cada um dos selos de mão era capaz de produzir um efeito final único ao ser utilizado na conversão de chakra em jutsu. O Selo do Tigre, por exemplo, é inicialmente referido como o “Selo do Fogo”, o que pode significar que este selo de mão, por si só, estava associado ao efeito final de produzir chamas. Seguindo esta lógica, a combinação entre diferentes selos de mão e em ordens específicas seria capaz de produzir efeitos diversos, mas não necessariamente imprevisíveis. Pense nos selos de mão como os ingredientes de uma receita e no jutsu como o produto final. Se você conhece os ingredientes, sabe o que cada um dele faz, você pode ter uma hipótese do que eles podem fazer quando estão combinados mesmo que nunca os tenha misturado. Partindo deste princípio, no processo de criação de um jutsu, um ninja pode ter uma hipótese do que a sua técnica será capaz de fazer e potenciais consequências dela, mesmo sem nunca tê-la utilizado.
Os ninjas são como cientistas malucos.
Se quem criou a técnica morreu no dia que criou, como foi que essa técnica foi passada para frente? Foi só no olhometro?
É aí que está! Além do que mencionei no outro parágrafo, vamos usar o Rasengan de exemplo. É possível perceber que existem várias etapas para chegar no Rasengan de fato, não é como se uma técnica de alta complexidade fosse surgir “do nada”. O criador, independente de quem fosse, precisou passar pelos passos “1”, “2” e “X” até chegar na técnica final. E esses passos intermediários podem muito bem ter sido registrados e compartilhados antes da própria conclusão da técnica.
Vamos supor que não conhecemos o Rasengan, mas sim apenas sua versão final, o Rasenshuriken. E ao invés do Rasenshuriken simplesmente causar danos no usuário, é uma técnica necessariamente mortal: o criador da técnica morreu ao utilizá-lo, então como a técnica foi passada adiante? Bom, antes do Rasenshuriken havia uma versão mais fraca: o Fuuton Rasengan, e antes disso, havia um mero Rasengan. Esses “Rasenshurikens incompletos” não-letais poderiam muito bem ter sido aprendidos e, no fim das contas, por causa do primeiro usuário, alguém sabe que “a partir desta etapa, a técnica também é mortal pro usuário”, então a pessoa basicamente copia a técnica até chegar no nível não-letal mais alto e a próxima etapa fica a critério.
Dá pra imaginar que havia uma versão intermediária do Shiki Fuujin que não era letal, talvez algo que simplesmente prendesse o alvo por um período limitado ao custo de deixar o usuário à beira morte. Seria sabido que a próxima etapa, de prender um alvo para sempre iria cobrar com a vida do usuário.
Enfim, dá pra pensar em coisas assim. Existe uma etapa anterior para o Shiki Fuujin antes da técnica ter se transformado no que conhecemos, assim como no caso do Rasenshuriken, cuja etapa intermediária é o Rasengan. E deve ser assim com muitas técnicas (todas, eu diria), mas é claro que o Kishimoto não ia se dar ao trabalho de fazer todas elas.