Kakau escreveu: Teatro eu não posso falar muito, já que nunca fiz. Porém, não sou tímido na vida real, e eu ficaria acanhado de iniciar uma aula de teatro. Diria que se a pessoa já tem coragem para se apresentar frente á um pequeno público, 90% do caminho já está aberto.
Não é questão de ter coragem para se apresentar em frente a um público, é questão de se submeter às lições dadas dentro do curso, pois estas beneficiarão a sua vida. Quando eu entrei nesse curso eu não tinha a mínima coragem de me apresentar, entrei só por curiosidade pra ver como era, mas no início eu ficava tipo um bicho do mato quieta num canto, só observando. Tanto que eu não me apresentei em público nenhuma vez.
Os que falam que procurar um psicólogo é algo exagerado, é porque obviamente nunca passaram por isso. É igual depressão, só entende quem tem ou já teve ou quem é estudioso (profissional) da área. É comum quem nunca teve depressão achar que é frescura, que basta a pessoa sair e se enturmar que já estará curada. As pessoas não entendem com facilidade aquilo que elas não podem ver. Quando você vê alguém numa cadeira de rodas você não fala que isso é frescura, é só levantar e colocar uma perna na frente da outra pra andar. Por que você não fala isso? Simples, é uma limitação em escala macroscópica, você está vendo que a pessoa não consegue andar. A timidez em excesso e a depressão são a mesma coisa, só que em vez de ter uma limitação física visível no corpo da pessoa, o problema é dentro do cérebro, que libera as substâncias erradas no momento errado ou não libera quando tem que liberar. Tem gente que pensa que só pode ter depressão quem já passou por algum trauma ou situação extrema, mas não é assim. O cérebro pode simplesmente ter uma disfunção e não liberar os neurotransmissores responsáveis por fazer a pessoa se sentir feliz, do mesmo modo que o sistema nervoso não faz a comunicação entre as pernas e o cérebro em uma pessoa paralítica. Estou usando o exemplo ad depressão, mas com a timidez é a mesma coisa (não aquela normal, que todo mundo tem um pouco, mas a excessiva que se torna patológica).
É como o Uman falou, a pessoa tem uma reação de perigo de morte pelo simples fato de falar em público, pode desmaiar, vomitar, ter um ataque cardíaco, etc. A timidez em excesso não é uma frescura, é uma limitação (um defeito do cérebro) que a pessoa não consegue transpor sozinha e que pode prejudicar a vida da pessoa a longo prazo. A pessoa pode nunca conseguir um bom emprego, por exemplo. A ajuda profissional vai guiar a pessoa para educar suas reações de modo a regular essas liberações de substâncias erradas pelo cérebro. É tipo fazer a pessoa acreditar que está tudo bem, que ela não vai morrer por ter que pedir informações a um desconhecido (não falo de abordar qualquer estranho na rua, mas de alguém em um quiosque de informações que está lá só para isso, ou um policial, por exemplo, segurança em primeiro lugar). Mas não adianta qualquer leigo chegar e falar isso, não são meras palavras leigas que vão curar uma timidez crônica.
O profissional vai aplicar métodos específicos dependendo do caso. Eu falei do curso de teatro, mas claro que não é só isso que existe e claro que não vai funcionar para todo mundo, cada pessoa é um indivíduo diferente, cada caso é um caso.
Nós, leigos, não sabemos qual é o caso do autor do tópico (se é banal ou patológico) e não temos nenhuma condição de julgar isso. Somente um profissional pode fazer essa avaliação com precisão e indicar o método mais adequado para ele combater sua timidez. Então, por mais que alguns sejam incapazes de entender isso, a resposta mais adequada para este tópico é: procure ajuda de um profissional, no caso, um psicólogo. Por mais que não pareça nada, pode não ser nada mas também pode ser alguma coisa.