Capítulo 1: O início
Estava escuro demais para ser três da tarde. As densas nuvens negras no céu rugiam intensamente e raios caiam periodicamente pela região.
Dentro da grande casa no topo do penhasco, uma mulher de feição apavorada corria desesperadamente por um longo corredor de madeira. O vento do lado de fora fazia a casa ranger.
No fim do corredor, a mulher subiu uma escadaria, pulando vários degraus de uma vez. Atrás dela, um barulho estranho de passos pesados na madeira estavam vindo atrás dela. Seus gritos se misturavam à uma onda de choro. A primeira porta do andar de cima estava aberta. Ela entrou e se trancou.
Do lado de fora, ela ouviu os passos ficarem mais fortes, chegando mais perto da porta. Ela arrastou uma cômoda próxima, bloqueando a porta. Seu coração batia acelerado.
Um novo raio caiu perto da casa, fazendo as paredes estremecerem. Pela sombra na fresta da porta, a mulher viu a sombra se tornar mais próxima. Até que os passos cessaram. Lentamente, ela se aproximou do buraco da fechadura.
O patamar estava vazio. As luzes dançavam com o vento que movimentava as cortinas. Então, um olho pequeno e amarelo encontrou o seu, parecendo enxergar por além da simples vista.
A mulher sentiu uma dor enorme na cabeça e seu olho começou a sangrar. A dor a fazia-a gritar. Alguém batia na porta sem parar. Aquilo estava demasiado desgastante para ela. Sua mente já não aguentava mais.
-Me deixe em paz! - gritou ela. E as batidas cessaram.
Por alguns instantes tudo ficou em silêncio e nada aconteceu. A mulher tentava estancar o sangue com um pedaço do lençol que ela rasgara.
De repente, a casa começou a tremer, rangendo como nunca. Do lado de fora, o céu brilhava com inúmeros relâmpagos. Lentamente, o teto foi se despedaçando e sendo sugado para um círculo de vento que se formara sobre a casa. Pedaço por pedaço a casa estava sendo tragada. Foi ai que ela viu. Sentada solitária perto da janela, uma menininha loira com um vestido azul, toda cheia de sangue, brincando com as próprias tripas.
[Grito de horror]
A menina despertou de sua brincadeira e olhou para a mulher apavorada. Seus olhos amarelos encontraram os dela, e sua boca se abriu num sorriso podre e cheio de bichos.
Com toda a força que tinha, a mulher arrancou a cômoda da frente da porta e saiu correndo escada abaixo. Ela não ousava olhar para trás.
Ao sair da casa a visão do teto se desfazendo era mais horripilante. Ela não sabia mais o que fazer, não conseguia atravessar a área e chegar até à estrada. Os restos da casa que o vento estava tragando as vezes caiam e obstruíram a passagem.
Então, um frio imenso invadiu seu corpo e uma mão gelada pegou na dela. Totalmente contra vontade ela se virou. A menina desfigurada pareceu voltar ao normal. Seus cabelos louros e sua pele branca mostravam uma menina frágil e com medo.
-Me ajuda! - pediu ela com a voz fraca.
-S-sim, venha comigo, eu posso te ajudar... - disse a mulher ofegando.
-Sinto muito. Não posso.
E com isso a menina amedrontada se transformou na monstruosa e com um salto empurrou-a do alto do penhasco.
Ao lado do corpo destruído e despedaçado, a menininha frágil estava abaixada, recolhendo os órgãos que estavam inteiros.
Logo acima, a casa voltara ao normal, totalmente idêntica ao que era antes. E por 3 anos, ela continuou do mesmo jeito.