Gostaria de abordar uma questão que parece-me ser de valor considerável quanto à relação entre a linguagem e o mundo externo. As observações a seguir são sobre a negação, mas o argumento pode muito bem ser estendido para cobrir tanto disjunção e, possivelmente, conjunção.
A negação (o ato de negar algo) em linguagens naturais parece em muitos casos, mas não em todos, ser uma descrição abstrata do mundo lá fora. Isso parece-me ser, pelo menos, ao preceder "predicados existenciais" — como "ser", "localizar, "existir" etc. Dizemos, por exemplo, que "Antônio Veado Prematuro não está no cargo agora". Alguém diria que, de fato, isso é o que importa no mundo lá fora, a saber, que Antônio Veado Prematuro (a mesma pessoa) não está no escritório (no mesmo escritório e ao mesmo tempo).
Bem, meus caros, é o seguinte: onde, no mundo externo, alguém pode achar um estado de coisas do tipo "Antônio Veado Prematuro não está no escritório" — geralmente X não está em um lugar específico em um momento Z? A única coisa que o mundo pode identificar é que um indivíduo X está em algum lugar em um momento específico. Não que ele não está em algum lugar no mesmo, ou o que quer que seja, tempo. Assim, no mundo lá fora, há apenas presença, não ausência. Somente quando a linguagem como meio de referência ou pensamento como meio de representação vier, essa ausência pode ser expressa ou concebida.
Conforme mencionei, há casos, entretanto, nos quais a negação não parece "se comportar" da maneira acima mencionada. Tomemos como exemplo a frase "Antônio Veado Prematuro não pode abrir a porta", quando expressa como uma descrição de um indivíduo chamado Antônio Veado Prematuro, sendo fisicamente incapacitado para abrir uma porta pesada ou trancada. Nesse caso, penso que a descrição tem (mais ou menos) sua correspondência com a realidade, enquanto na sentença inicial tal correspondência não se sustenta, ou, se ela se sustentar, isso ocorre de uma maneira muito indiscernível. A diferença (na minha opinião) é que no primeiro caso há ausência, enquanto no segundo há presença (ou vemos o homem que não é capaz de abrir uma porta, ou imaginamos isso).
Partindo para uma generalização, a verdade parece-me ser uma coisa, e a abstração completamente outra. Algo pode ser verdade em um mundo de possibilidades — embora seja uma descrição abstrata de um estado de coisas de um mesmo mundo.
O argumento pode ser estendido para cobrir a disjunção (como expressando em muitos casos uma incerteza que não existe em nenhum lugar no mundo) e, por que não, conjunção, algo que não discutirei aqui. '-'
A negação (o ato de negar algo) em linguagens naturais parece em muitos casos, mas não em todos, ser uma descrição abstrata do mundo lá fora. Isso parece-me ser, pelo menos, ao preceder "predicados existenciais" — como "ser", "localizar, "existir" etc. Dizemos, por exemplo, que "Antônio Veado Prematuro não está no cargo agora". Alguém diria que, de fato, isso é o que importa no mundo lá fora, a saber, que Antônio Veado Prematuro (a mesma pessoa) não está no escritório (no mesmo escritório e ao mesmo tempo).
Bem, meus caros, é o seguinte: onde, no mundo externo, alguém pode achar um estado de coisas do tipo "Antônio Veado Prematuro não está no escritório" — geralmente X não está em um lugar específico em um momento Z? A única coisa que o mundo pode identificar é que um indivíduo X está em algum lugar em um momento específico. Não que ele não está em algum lugar no mesmo, ou o que quer que seja, tempo. Assim, no mundo lá fora, há apenas presença, não ausência. Somente quando a linguagem como meio de referência ou pensamento como meio de representação vier, essa ausência pode ser expressa ou concebida.
Conforme mencionei, há casos, entretanto, nos quais a negação não parece "se comportar" da maneira acima mencionada. Tomemos como exemplo a frase "Antônio Veado Prematuro não pode abrir a porta", quando expressa como uma descrição de um indivíduo chamado Antônio Veado Prematuro, sendo fisicamente incapacitado para abrir uma porta pesada ou trancada. Nesse caso, penso que a descrição tem (mais ou menos) sua correspondência com a realidade, enquanto na sentença inicial tal correspondência não se sustenta, ou, se ela se sustentar, isso ocorre de uma maneira muito indiscernível. A diferença (na minha opinião) é que no primeiro caso há ausência, enquanto no segundo há presença (ou vemos o homem que não é capaz de abrir uma porta, ou imaginamos isso).
Partindo para uma generalização, a verdade parece-me ser uma coisa, e a abstração completamente outra. Algo pode ser verdade em um mundo de possibilidades — embora seja uma descrição abstrata de um estado de coisas de um mesmo mundo.
O argumento pode ser estendido para cobrir a disjunção (como expressando em muitos casos uma incerteza que não existe em nenhum lugar no mundo) e, por que não, conjunção, algo que não discutirei aqui. '-'