Abaixo transcrevo algumas passagens importantes de um livro de sociologia do sociólogo britânico Anthony Giddens:
Partindo da análise das relações de produção, Marx constatou que a sociedade se dividia em classes sociais. As classes sociais seriam fruto das relações que os homens estabelecem no processo de produção. Elas surgem quando um grupo social se apropria das forças ou meios de produção e se torna proprietário dos instrumentos de trabalho. As classes sociais dividem a sociedade em dois grupos fundamentais: os proprietários dos meios de produção e os não proprietários destes meios. Ou seja, é o fenômeno da propriedade privada que dá origem às classes sociais, isto é, a divisão da sociedade entre proprietários e não proprietários.
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Para consolidar o seu domínio sobre os não proprietários, as classes dominantes precisam fazer uso da força. É nesse fator que Marx vê a origem do Estado. De modo geral, ele sustenta que o Estado é um instrumento criado pelas classes dominantes para garantir seu domínio econômico sobre as outras classes. As leis e as determinações do Estado estão sempre voltadas para o interesse da classe dos proprietários. Quando as leis e as normas do Estado falham, o poder estatal teria ainda o recurso da força para garantir os interesses das classes dominantes.
Um segundo instrumento das classes proprietárias para garantir seu domínio econômico estaria ligado à força das ideias, ou seja, a ideologia. Para Marx, as ideias da sociedade são as ideias da classe dominante. Esta tese enfatiza que quando uma classe se torna dominante (do ponto de vista econômico e político), ela também consegue difundir a sua "visão de mundo" e os seus valores. A ideologia é definida então como um conjunto de representações da realidade que servem para legitimar e consolidar o poder das classes dominantes
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Na visão marxiana, em todas as suas formas históricas, o Estado é um instrumento de domínio de uma classe social sobre a outra, um tipo de "comitê executivo da burguesia", apontando para o caráter classista do Estado.
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Os estudiosos das obras de Marx (marxistas) tendem a concordar que dois elementos são essenciais para entender o modo como ele imaginava a futura sociedade comunista: 1) a abolição das classes sociais e, 2) a abolição do Estado. Assim, conforme a interpretação marxista da teoria marxiana, a abolição das classes sociais seria a primeira etapa para atingir a sociedade comunista, e a abolição do Estado seria a segunda condição essencial do comunismo. Marx afirma que "o que caracteriza o comunismo não é a abolição da propriedade privada em geral, mas a abolição da propriedade burguesa". Ele afirma também que "em lugar da velha sociedade burguesa, com suas classes e seus antagonismos de classe, surge uma associação na qual o livre desenvolvimento de cada um é a condição para o livre desenvolvimento de todos". Com a supressão das classes sociais, Marx afirmava que o Estado também deveria ser superado. Afinal, se o Estado é um instrumento da luta de classes, sua existência não faria o menor sentido em uma sociedade na qual não existem mais divisões sociais. Em sua análise da Comuna de Paris, Marx fala da necessidade de "quebrar o Estado" para superar de vez a sociedade capitalista.
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Com isso, espero contribuir para a discussão aqui. Boa sorte.
OBS: Discordo de Marx nesse ponto, pois sou da opinião de que o Estado é necessário, apesar de suas diversas imperfeições.