A pergunta que tinha feito era padrão de qualquer série de investigação policial. Sempre perguntavam para o investigado quem poderia ter algo contra ele ou uma terceira pessoa vitimada de assassinato. Afinal, Suzaku apenas havia julgado tratar-se de uma bomba porque a garota parecia esconder alguma coisa. Se ela de fato não tivesse interesse em ocultar qualquer informação, ela poderia simplesmente dizer o nome de quem ela imaginava que poderia. Algo que seria palpável. No entanto, a resposta fria dela, pelo menos para Suzaku, fez parecer que ela estava ofendida.
- Tudo bem… - o garoto consentiu, imediatamente colocando sua máscara e desistindo de tentar extrair mais informações.Ao virar para ir embora, notou a presença a qual Kiyohime se referia. Claro, encarar uma garota considerada bonita e ter olhos cansados não eram atestado de criminoso. Todavia, ainda era possível que fosse ele o responsável pelas mortes. Afinal, quando se é um assassino mascarado, seu rosto verdadeiro acaba por se tornar um disfarce. E uma identidade de ninja qualquer seria o disfarce perfeito para entrar na loja e vigiar o que acontecia lá dentro. Afinal, em uma situação hipotética em que o assassino estava seguindo a garota da loja ou dos 3 do time, a junção dos 4 elementos em um mesmo ambiente seria bastante inquietante. Ele poderia ter ficado nervoso ou meramente curioso quanto às informações que quatro dos seus alvos estariam trocando e, por isso, daria-se ao trabalho de retirar seu disfarce e entrar com a cara limpa no lugar. Afinal, psicopatas geralmente não têm dificuldade em controlar suas expressões faciais. Suzaku fez questão de guardar bem a fisionomia do rapaz. Se ele acabasse realmente comprando algo, era bem possível que seu nome ficasse registrado na loja.
Tendo percebido que Kimmy estava aprontando alguma coisa, assim que deixaram a loja, o garoto teve que se aproximar para saciar sua curiosidade. A carta lacrada e o contexto de primeiro contato entre os dois deixavam implícito que eles não deveriam se conhecer. No entanto, Suzaku ainda achava estranho que uma pessoa fosse fria a ponto de receber uma carta tão visivelmente vinda de uma espécie de admirador secreto e nem sequer abri-la para ler o conteúdo. A ideia de jogar uma carta tão babadeira como aquela só parecia plausível caso ela já imaginasse o conteúdo antes de sequer abrir e simplesmente ficasse de saco cheio. Não havia dúvidas de que teria que manter Kiyohime em mente ainda por um bom tempo naquele tabuleiro contra o assassino.
Suzaku realmente estava confuso quanto ao comportamento da garota. Ainda mais considerando que a oferta do assassino poderia explicar o comportamento estranho dela. A carta, no entanto, parecia estar lacrada… Teria ela alguma forma de ler sem abrir? De fato, se ela tivesse uma forma de ler sem deslacrar, ou então uma forma de relacrar a carta de forma difícil de detectar, ela poderia cumprir a proposta com menos suspeitas sobre si.
Agradecendo a Kimmy, que já de antemão havia quebrado o código, Suzaku tratou de ler a coisa novamente. Não parecia haver nada de muito relevante, exceto o interesse dele em Kimmy. Com isso, o loiro de dentro da loja havia acabado de ganhar um ponto extra no ranking de suspeitos de Suzaku. O Uchiha, porém, não simplesmente sairia prendendo o rapaz, já que a possibilidade de estar errado ainda era grande. Além disso, caso realmente fosse ele, simplesmente pará-lo para fazer algumas perguntas poderia deixá-lo alerta demais ou assustado o suficiente para que fugisse.
- Seria bom que um de nós fosse relatar os nomes dessas possíveis vítimas na polícia - Suzaku respondeu, voltando-se para Kimmy - No entanto, nos separarmos poderia ser um tanto perigoso - colocando a mão no queixo, prosseguiu - Por que não passamos antes para interrogar Uzumaki Boruto? Não deve ser tão difícil encontrar um parente do herói Naruto assim… - Suzaku prosseguiu, mas enrolando bastante. Afinal, queria ficar parado ali do lado de fora, jogando conversa fora descontraidamente até que o loiro saísse do estabelecimento.Não contar sua verdadeira intenção para suas colegas faria com que a conversa parecesse mais natural e o loiro suspeito não desconfiasse deles. Por isso, fazer Ram tagarelar naquela situação parecia algo bastante propício.
- E você, Ram-sensei, o que tem achado do caso até agora? - após uma enrolada, o garoto voltaria-se para a professora, com a intenção de fazê-la falar bastante. Como previa a possibilidade dela simplesmente não ter comentário algum por aquele tipo de missão mais investigativa não ser muito a praia dela, já prepararia uma outra pergunta para ajudar a tagarelar - Aliás, você tinha dito que tinha feito um treino para aguçar os sentidos… Como foi isso mesmo? - Suzaku lançou a pergunta, atento à porta do ninja shop com o canto dos olhos.Naturalmente, procuraria discretamente analisar o rapaz ao que saísse. Olharia sua linguagem corporal (se estava nervoso ou não), as vestes e itens que portava (se havia comprado itens na loja ou não, por exemplo) e também se estava novamente atento demais à Kimmy ou alguém do time. Feito isso, agradeceria a professora pelas informações e sugeriria a Kimmy que fossem até a casa de Naruto. Boruto talvez estivesse por lá.
@Ben Ikneg