[Baccarat Palace] High Light Cassino

Já fazia pelo menos uma semana que o grupo havia chegado na ilha. Composto de seis pessoas, a maioria random, mas dois se destacavam. O primeiro era um ser recluso chamado Higurashi Momota, expressões incomuns e que eram muito distantes de animação, havia recebido uma fruta misteriosa do governo e isso era um segredo conhecido por poucos. Afinal, porquê ele? Sequer Momota sabia. Não era humano, mas sim ogro, uma raça mais reclusa, rara e pequena. O outro destaque era o líder do grupo, e também líder da CP 1, Keen Cameo, um ruivo de meia idade e feições sérias. Todos trajavam roupas mais sociais, que combinassem com o mundo lá fora.

E o mundo lá fora no momento era Baccarat, uma ilha cheia de resorts, cassinos, hotéis e localidades chiques. O grupo cipher pol havia sido alocado lá para cumprir uma missão ainda não informada ou declarada, assim estavam todos reunidos em um quarto espaçoso em um hotel não muito chamativo na parte norte da ilha. Só havia passado algumas horas desde o pôr do sol e segundo os comentários do líder, a ordem podia chegar naquela noite pelo den den mushi preto que ele portava.

- Mesmo andando por ai por uma semana, ainda temos muito para conhecer. - comentou um dos random

- Não estamos aqui de turistas - rebateu o segundo.

- Estamos sim. - completou Cameo - Somos turistas, nosso disfarce é de turista. E é uma boa desculpa para ficar andando por ai olhando tudo. Podemos não saber nosso objetivo ainda, mas pelo menos já temos algum conhecimento sobre esse lugar. Há sinais de que seja território do horrendo criminoso Joker, e ao menos que o Governo tenha decidido exclusivamente dar férias aos melhores agentes da CP1, nossa missão deve ser relacionada a isso... - e enquanto falava, revezava a atenção a seu grupo e a janela. O quarto era bem chique, como era de se esperar.

Após terem aguardado tempo suficiente, a última dupla saiu do quarto do hotel passando por um corredor longo cheio de portas fechadas, parando em um elevador que se abriu rápido, a partir dai foi uma viagem curta até o térreo, então logo teriam ganhado o céu estrelado da ilha. O clima estava úmido e quente, geralmente o que se espera de uma ilha paradisíaca como aquela, tirando a movimentação intensa de turistas, pelo menos ali nas ruas e vielas da parte norte o movimento estaria bem parado. Haviam saído em uma avenida espaçosa, ela ligava ao centro onde o movimento era intenso.

- Agora, devemos fazer um exercício imaginativo: onde um capitão da marinha ficaria em suas férias? Claro que depende muito da personalidade, mas podemos levar em consideração algumas coisas... Como você disse mais cedo, um capitão no QG principal da marinha não é grande coisa, o que significa que ele não costuma ser arrogante, tem muita gente acima dele, diferentemente com alguma base qualquer em uma das ilhas da GL. Nos blues, capitão é alto o suficiente por supervisionar as operações na ilha inteira... Se eu fosse alguém assim, eu gostaria de sossego e por tanto ficaria mais em regiões afastadas do centro... Aqui no norte há um cassino chamado Dollars, talvez valha a pena olhar.

Então continuaram a caminhada até um outro edifício, bem mais baixo e muito mais colorido e cheio de luzes, o letreiro gigante piscava aleatoriamente as letras D, o, l, l, a, r e s. O anterior era como se esperava, o chão um carpete verde cor da cédula que levava o nome, cifrões dourados de ouro estavam por todo o canto também, a primeira parte era reservada apenas as filas e filas de máquinas cassa-níqueis, enquanto jogos mais refinados estavam mais ao fundo. O movimento era baixo.

- Vamos nos dividir, cobrir uma área maior. - e saiu para a parte esquerda, atravessando os corredores de máquinas. Algumas pessoas estariam jogando nesses lugares, sentados puxando a alavanca, mas ali não seria o lugar dos mais ricos, e dali da entrada nem daria para ver tanta coisa direito.

Optando por ir em direção contrária a seu mestre, caminhou no corredor de caça-níquel onde de vez enquanto tinha alguém usando, até a área do fundo, lar de uma densidade maior de pessoas. Alguns estavam nas mesas individuais de blackjack e poker mas a maioria estava aglomerada na roleta, a que tinha valor de aposta mais alto e muito aquém de turistas normais, e pelo vestuário das pessoas Higurashi podia perceber o alto padrão.

Se aproximou serenamente e se colocou no meio da muvuca sem ser notado, o principal personagem ali era um homem de meia idade, camisa florida e bermudas brancas, cabelos pretos com mechas brancas, seu porte físico era bem forte e destoava muito dos presentes. O típico turistão.

- Vamos, vamos, 32 preto, 32 preto!- torcia enquanto a roleta girava com força, o valor da aposta era muito alto, quase que valia a cabeça de um pirata médio e por isso tinha atraído atenção mesmo entre os ricos. O dono da banca, um homem com faces neutras e engravatado observava a roleta bem calmo e quando a bolinha acabou parando no 7 vermelho, anunciou sem muita emoção.

- O senhor perdeu. Deseja continuar jogando?

O turista tremia de raiva, seus punhos estavam fechados e sua face toda contorcida - VOCÊS ACHAM QUE VAI PASSAR BATIDO O ROUBO CONTRA UM OFICIAL DA MARINHA? SE NÃO FOSSE EU PRA ACOBERTAR AS COISAS AQUI, JÁ TERIAM VINDO INVES - foi interrompido, o funcionário ergueu a mão e deu uma porrada de lado no marine sem muita dificuldade ou emoção, o atingido cambaleou para trás e caiu em cima de um amontoado de gente, bem ao lado de Higarashi.

Naturalmente, a comoção em resposta essas ações era de afastamento, alguns com cara de medo e surpresa não estariam acostumados com a violência e ainda mais em um meio chique como aquele.

- Próximo, por favor. - anunciava o funcionário ajeitando as pessoas e organizando sua mesa, mas ninguém estava se aproximando pois o oficial da marinha estava se levantando, seu nariz sangrava, Higarashi sabia que a determinação dele não tinha se abalado, estava no Novo Mundo, ali tudo era mais difícil.

- VOCÊ FICOU MALUCO, PORRAAA - um estrondo, deu um cruzado de direita que prontamente foi defendido pelo mesário, ele remendaria um contra ataque ágil que empurraria o oficial na direção onde Higarashi estava.

"Acho que tomei a decisão correta." - O homem rapidamente traduziu sua satisfação em um pensamento ao observar o cenário que se formava em volta do turista bem aparentado. Claro, não estava esperando que fosse tão fácil assim encontrar seu alvo, então a possibilidade daquele marine não ser seu procurado era alta. Contudo, de forma semelhante, se havia verdade em suas palavras, provavelmente o figurão seria uma boa fonte de informações, desde que tratado com a sutileza que a situação exigia.

- Hmpf. - Suspirou em sinal de desaprovação enquanto balançava seu pescoço de um lado para o outro, em claro sinal de negação diante da violência realizada contra o turista. Suas intenções eram evidentes : demonstrar estar do lado do pobre coitado que foi roubado naquele simplista jogo de Poker. Em simultâneo, os outros presentes se afastam da confusão, em uma reação quase que padronizada. Não que pudesse culpá-los, é claro, já que aquele situação claramente estava tomando rumos bastante perigosos.

Posteriormente, ao ver que o oficial recebeu um novo golpe que o empurrou contra o Cipher Pol, por ocasião do destino, Higurashi reagiria adequadamente. Num primeiro momento, trataria de segurar o homem por trás, impedindo que esse caísse no chão. Após isso, trataria de dizer palavras genéricas para acalmá-lo, dando especial destaque para o desrespeito do cassino contra uma figura tão importante quanto um marinheiro. Afinal, puxar saco era uma boa forma de conseguir se aproximar de alguém, ainda mais quando essa pessoa estava em uma situação tão delicada.

Num último momento, estando o homem calmo ou ainda aflito, levaria o mesmo para o lado de fora do estabelecimento, e se necessário, usando a força, o que não deveria ser tarefa difícil. Além disso, considerando o teor da missão, era melhor que tivessem privacidade para dialogar, e fazer isso dentro de um lugar repleto de pessoas importantes era uma péssima ideia.

- Esses seguranças de hoje em dia não conseguem mesmo se enxergar. Aonde já se viu cometer tamanha roubalheira contra um homem da lei, e ainda depois de tudo bater nele ? É um absurdo. - Dava a razão ao oficial, sem soltar o mesmo. - Mas a questão é que você não será capaz de resolver essa situação sozinho, como notamos lá dentro. E se esse é o caso, o que acha de contar com a mãozinha de alguém que está revoltado com a injustiça que acabou de acontecer ? - Por fim questionou antes de soltar o homem, já prevendo que o mesmo estaria no mínimo mais tranquilo.

O corpo do homem veio voando na direção do agente que ao estender o braço, apoiou a palma da mão aberta nas costas do marine parando seu movimento com facilidade, apenas recuando um pouco o braço, como se fosse um exercício de academia e ao fazer isso acabou chamando a atenção dos presentes, afinal não era uma força tão comum assim. O marine estava possesso, a segurada havia impressionado um pouco e talvez por isso Higurashi havia conseguido acalmá-lo o suficiente para arrastá-lo para fora.

- Mas e você, quem é? - perguntou menos nervoso, mas ainda estressado - Assumo que seja um oficial da marinha, por ter aquela força e também ter ficado puto pela roubalheira! Qual sua posição, soldado? Eu fui roubado ali e não serei penalizado, esses malditos lugares são projetados para roubar dinheiro dos bons e inocentes! - pouco a pouco sua raiva ia voltando.

Após a resposta do agente, ele aceitaria ajuda, a menos que Higurashi dissesse que fosse um Spade, Liberatore ou Pirata. Iria caminhando pra dentro novamente, controlando sua raiva mas seus passos eram pesados e chamativos - Já que quer me ajudar, você tem um plano? A força desses caras é incomum para o cargo o qual atuam, e é só a ponta do iceberg de merda.

A caminhada não duraria muito tempo, mas conseguiriam conversar no caminho. Quando voltassem o cenário estaria um pouco modificado, os ricos haviam se dispersado e apenas alguns jogavam na mesa do ocorrido.

O oficial marinheiro transpareceu decepção quando Higarashi não confirmou que era um marine, um suspiro e deu de ombros - Um civil então? - coçou a cabeça e relevou, por fim decidiu continuar - Você é forte? Espera, imagino que sim já que você me segurou com facilidade lá dentro... - e depois Higarashi se apresentava, dando um nome falso.

- Prazer, sou Matt Eagle, um oficial da marinha, estou aqui de férias. Era para ser um período relaxante, mas meu senso de justiça não descansa! Você quer resolver no diálogo? Olhando civilizadamente é o certo a fazer, mas não estamos exatamente em um lugar civilizado. Baccarat Palace é um lugar muito bonito, mas não é controlado pelo Governo e é por isso que esse tipo de coisa pode acontecer.

Era uma boa hora para emendar no assunto do iceberg, e por isso o fluxo ficou bem natural - Você é só um civil, então tem umas coisas que não dá pra falar, mas aqui rola de tudo o que você pode imaginar. Se não tivesse tão perto do QG da Marinha, seria tão desordenado como uma ilha pirata! - com aquilo, Higarashi notou que muita coisa estaria acontecendo por debaixo dos panos, mas Matt não detalhou muito. - Bom, façamos do seu jeito, quero ver o gerente também.

Entraram e acharam um funcionário sem dificuldade, explicaram a situação e logo o gerente vinha ao encontro da dupla - Boa noite clientes, no que poderia ser útil? Ah, senhor Eagle. - Higarashi diria então aquilo que havia planejado sobre roubo não ser bom para os negócios, logo perceberiam que o gerente era meio cínico.

- Não roubamos os clientes aqui, acho que foi só uma falta de sorte.

- Falta de sorte? Você sabe meu nome e por isso deve saber o quanto eu posso de ferrar mei irmão! Uma ligação e uma tropa da marinha chega aqui em três dias! - e se virou para Higarashi - Eu vou quebrar esse cara! E relevar os podres se não reaver meu dinheiro! - e o tom de voz dele já estava alterado de novo.

O gerente tranquilo sorriu confiante.

- Não é exatamente isso... A índole desse lugar já está mais que óbvia, afinal um oficial da Marinha, o braço operante do Governo Mundial foi roubado na cara dura! O que eu tenho pra falar é mais podre que isso - não aparentava estar irritado com Higurashi, o ódio inteiro tinha uma direção específica - E ai gerente, vai colaborar???

O outro não desfez o seu sorriso e para sorte e esforço do agente, quis saber mais. A fala de Higurashi colaborou para isso, pelo visto não foi só uma pessoa incitada pela provocação - Agora estou curioso para saber que podres são esses. Como eu disse, esse estabelecimento é honesto e isento de falhas.

Matt Eagle ficou duas vezes mais irritado, as veias do pescoço saltavam e os punhos se fechavam com muita força.  - COMO É QUE É? ENTÃO VOCÊ QUER ASSIM? DAQUI A TRÊS DIAS UM PELOTÃO VAI APORTAR AQUI! ESSE CAOS E DESORDEM PRECISA ACABAR! NÃO PODEMOS DEIXAR UMA ILHA INTEIRA NAS MÃOS DE UMA ORGANIZAÇÃO CRIMINOSA! É ISSO MESMO, UMA MÁFIA QUE ROUBA, MATA E SEQUESTRA! VOU PRENDER TODOS VOCÊS E REAVER MEU DINHEIRO!

E sem lembrar do agente, saiu pisando duro em direção à saída. O gerente continuava imóvel, seu olhar era bastante cínico. - E você é um marinheiro também? - Perguntou a Higurashi - Sinceramente não faz o tipo, mas parecia estar com o Eagle. - o sorriso havia sido desfeito, os olhos estariam estreitos, talvez desconfiados um pouco. - Ele está fora de si, inventando coisas para criminalizar um estabelecimento íntegro só porque perdeu alguns milhares de berries.