[Aventura Marítima] Pancadaria sem perder a Amizade

Alguns dias após ser recrutado pela Marinha, Hazu foi convidado por outro companheiro de carreira para se divertir em uma programação um tanto...improvável. Tratava-se de um Coliseu, localizado numa ilha de mesmo nome, aonde lutadores se enfrentavam para testar suas forças e alcançar as graças da torcida. O clima de lá era desértico, e não demorou para que ficasse enxercado de suor diante de uma temperatura tão alta.

Ao chegar naquela enorme construção, o homem não demorou a escutar os gritos eufóricos da multidão que estava no interior do Coliseu. Aparentemente uma luta estava acontecendo lá dentro, e estava conseguindo deixar a plateia tão eufórica que até copos de cerveja foram jogados para fora do prédio, quase acertando o senhor que estava ali de bobeira.

- Você veio para assistir nosso espetáculo ? - Um funcionário local questionou Brakios, antes de seu companheiro marine indicar que ele havia vindo para competir. - Ah, me desculpe pela falta de educação. É que não costumamos ter competidores tão velhos assim por aqui. - Entendendo a situação, o trabalhador guiou Hazu, sozinho, até uma pequena sala aonde o justiceiro preencheu algumas papeladas antes de ser direcionado até a arena, aonde avistou um homem de pele negra de mais de dois metros de altura.

Seu adversário ? Brutus, um raro espécime da raça Oni que havia vindo até o Coliseu para testar suas forças. Segundo boatos, ele havia perdido seus chifres em uma batalha contra um pirata no Coliseu, e desde então, vem esperado enfrentar o justiceiro novamente naquela arena para se vingar. Pela sua aparência e semblante, o homem não parecia ser lá muito amigável. Felizmente a condição de vitória daquela batalha era nocautear o adversário ou fazê-lo se render, provavelmente uma medida dos organizadores para evitar que Brutus abatesse seus inimigos. Ele também trajava braceletes de prata, provavelmente para ajudar no seu estilo de luta.

- SENHORAS E SENHORES ! - Um homem de lá seus 30 anos, de cabeça raspada e segurando um microfone, chamava a atenção dos espectadores com uma voz de dar inveja em qualquer narrador. - Hoje vocês testemunharão uma batalha entre Brutus, o nosso experiente praticante de Rokushiki que está invicto por 10 lutas contraaaaaaa - Ele fazia um breve drama antes de anunciar o nome do segundo lutador. Enquanto isso a torcida clamava o nome de Brutus, totalmente eufórica. - Hazu R. Brakios, um novato que pratica a arte do Punho do Dragão. Quem será que vai vencer ? Façam suas apostas ! - Ao som de seu último grito, a arena desértica do Coliseu começou a ser substituída por um bar, que cercou os dois competidores.


O bar era um ambiente aconchegante e atraente, que seria um bom local para tomar uma breja se a situação fosse outra. A iluminação é proporcionada por velas acesas em candelabros de metal e espalhadas por toda a sala.

As mesas de madeira estavam cuidadosamente dispostas pela sala, cada uma com uma variedade de bebidas e coquetéis em garrafas, jarras e taças de vidro. As bebidas variavam de cervejas importadas a vinhos finos, passando por destilados clássicos como uísque e rum, todos inflamáveis.

Na segundo andar, segundo um mapa pregado na parede, existia um segundo andar com uma discoteca acessível por uma escada. Além disso, por todos os cantos estavam espalhados den den mushis que transmitiam as imagens do bar para os telões do Coliseu.

- Um, dois, três e...COMECEM ! - O narrador deu o sinal para o início do combate, mas mesmo assim, Brutus permaneceu parado em uma postura de combate. Pelo visto, ele estava dando a oportunidade do marinheiro começar a batalha como quisesse.

Ao ver a garrafa de rum indo em sua direção, Brutus imediatamente reagiu, dando um soco no objeto. Como resultado, todo o conteúdo dela foi derramado em seu corpo, deixando-o encharcado e bastante fedido. Não que ele aparentasse estar muito incomodado com isso. Para o brutamontes, aquilo era uma ofensiva do inimigo, ao invés de ser uma saudação entre combatentes honrados. Infelizmente os Onis não eram conhecidos por seus bons modos, diferentemente de Hazu.

- Hmpf !- Ele bufou como um touro ao ver que seu adversário estava avançando. Talvez o marinheiro estivesse mesmo enfrentando um homem com mente de uma fera.


Vendo o muro se aproximar de sua cara, Brutus imobilizou seu corpo com Tekkai, endurecendo seus músculos para receber o impacto do golpe e diminuir os danos. Como resultado, o soco pôde fazer sangue escorrer por sua boca, o que lhe arrancou um sorriso de satisfação. Já Brakios, no momento em que desferiu o golpe, sentiu que estava socando não carne e osso, e sim um pedaço de ferro qualquer.

Seguindo com o movimento, o praticante do Punho do Dragão tentou acertar uma cabeçada na barriga do inimigo. Ele, por sua vez, reagiu cuspindo o sangue acumulado em sua boca nos óculos do senhor, obstruindo sua visão. Assim acabou que o velho não conseguiu acertar o lugar, mas ainda causou algum dano na lateral da região almejada.


Com ataque inimigo tendo acabado, o Oni desferiu um Shigan no braço do velhote, perfurando a região com seu dedo, de forma semelhante a uma bala, antes de recuar com Soru, um dash, para perto da parede, como o senhor conseguiu notar pelo jogo de pés do adversário. Além disso, já que Brutus estava molhado com a bebida, ele também conseguia distinguir mais ou menos sua posição pelo cheiro, mesmo sem a visão. Contudo, fora isso, não poderia identificar o que seu adversário estava fazendo em razão da visão prejudicada. Além disso, assim como seu adversário, ele agora tinha um sangramento leve em seu corpo, mas nada muito preocupante devido a sua resistência.


- A BATALHA JÁ ESTÁ PEGANDO FOGO ! - O narrador exclamou, seguido de um canto da torcida em apoio a Brutus :

Retirando os óculos, o velhote se deparou com uma mesa sendo arremessada contra si. Em reação, abusando da distância que ainda tinha para agir, ele levantou outro objeto do mesmo tipo e interceptou o golpe. No processo, as duas mesas se quebraram em pedacinhos com a força dos combates, que parecia ser mais ou menos do mesmo nível.


Sem mais nada atrapalhando seu campo de visão, enquanto avançava, Hazu viu que estava sendo alvejado por um segundo golpe, escondido atrás do primeiro. Tratava-se de Rankyaku, um corte de ar simples desferido por um chute do Oni, que foi em direção ao outro braço intacto do senhor, ferindo-o ali de raspão. Mas isso não foi o suficiente para interromper o marinheiro, que pegou o inimigo com a guarda baixa, já que ele não estava esperando que o senhor lidasse com o problema da mesa rápida.

O resultado foi uma sessão de socos brutais na altura do estômago do lutador, fazendo cuspir mais sangue. Além disso, os golpes deixaram uma série de hematomas na região atingida, mas não foram o suficiente para derrubar Brutus, afinal, seus principais recursos eram força e resistência.


Depois de ser jogado para trás com o impacto dos socos e quebrados algumas mobílias, o Oni se reergueu e começou a saltar no ar, o que lhe permitiu alcançar o segundo andar do bar, aonde havia a animada e pouco iluminada discoteca. Como último ato, ele também pegou uma das luminárias e jogou no chão do primeiro andar, causando um pequeno foco de incêndio que provavelmente não demoraria a se espalhar.

- PARECE QUE O NOVATO ESTÁ LEVANDO A MELHOR ! O QUE A TORCIDA TEM A DIZER ?! - Novamente o narrador chamou a voz da torcida que parecia estar um bem mais desanimada, como dava para concluir pela intensidade das vozes. Pelo visto, os golpes de Brakios e sua chacota haviam sido o suficiente para atordoar momentaneamente a plateia totalmente parcial do Coliseu.

Mas mais do que lidar com a torcida, agora Brakios tinha que pensar em como prosseguiria com aquela luta. Se demorasse a agir, o fogo não demoraria a tomar conta do primeiro andar, o que representaria um grande risco para ele. Se optasse por subir a escadaria, teria que lutar com o inimigo em um ambiente de pouca visibilidade e barulhento. Sendo assim, que tipo de estratégia ele montaria para lidar com o bruto, mas sagaz Oni ?

- Você fala demais. - O brutamontes denunciou sua posição ao responder o velhote. Provavelmente puto com aquele falatório todo, já que ele era mais do time que agia do que do time que papeava. Provavelmente não era a intenção do senhor localizar Brutus assim, mas foi vacilo dele tomar essa atitude, então por que não abusar um pouco da sorte ? Afinal, com o cheiro daquele gigante e com sua voz, não era difícil encontrá-lo.

O local era discoteca vazia com música alta e luzes coloridas seria um espaço amplo e aberto, sem nenhum tipo de mobília ou decoração. As paredes e o teto eram pintados com cores escuras, como preto ou roxo, para aumentar o contraste com as luzes. As luzes seriam posicionadas em diferentes pontos do teto e das paredes e raramente passavam em algum dos lutadores, emitindo uma grande variedade de cores brilhantes que se movimentam em ritmo com a música e agora, com a batalha que ocorria ali. Além disso, o som era tão alto que impossibilitava que escutassem qualquer voz, seja do narrador, ou seja da torcida.


Assim, guiando-se instintivamente por outros instintos aliados a sua pouca visão do local, que era iluminado apenas por luzes coloridas esporádicas, Hazu encontrou seu inimigo. De frente com ele, os dois iniciaram uma trocação frenética e direta de socos, no meio do segundo andar, enquanto a música tocava. O Oni, apesar de estar mais ferido, conseguia desviar de um ataque ou outro usando Kami-E, uma técnica que deixava seu corpo quase tão flexível quanto papel, facilitando desvios e evitando que o velho acertasse sempre sua barriga. Já o marinheiro abusava de uma estratégia consistente, que lhe defendia dos golpes contra seu ponto fraco mais óbvio, que diga-se de passagem, não foram poucos.


Como resultado do primeiro embate justo da dupla, ambos os lutadores saíram com diversos ferimentos pelo corpo. O mais avariado era Brutus, mas o velhote também não estava lá tão bem assim. Além disso, conforme notavam, a fumaça preta advinda do primeiro andar já começava a impregnar o segundo, e provavelmente não demoraria muito até que as chamas alcançassem as bebidas alcoólicas, o que poderia tornar a situação ainda mais caótica.

- AH ! - O Oni gritou antes de desferir um movimento que interrompeu o fluxo de golpes : uma rasteira, que jogou o velhote no chão com toda a força. Caído, mas parcialmente cego pelo escuridão, ele notou que Brutus preparava um golpe contra seu peito, mas não conseguia identificar o que era. Além disso, sendo um experiente lutador, também era óbvio para ele que desviar de um ataque daqueles não era possível, dada sua agilidade e proximidade do inimigo. Sendo assim, como o marinheiro faria para sair vitorioso daquele embate ?

Utilizando-se de um jogo de pernas, Hazu consegue impedir que o soco duplo de Brutus alcançasse sua potência total. O problema foi que os danos foram para as pernas, mas ainda era muito melhor que receber o golpe no meio da cara.

Surpreso com o fato de ter sido parado, Brutus deu ao seu adversário a chance de desferir um novo ataque em seu queixo, o que lhe desestabilizou por alguns instantes. Tempo que foi mais que o suficiente para o velhote se levantar e realizar um belo suplex no inimigo, usando de sua maestria combativa. O resultado não foi outro : o Oni enfim havia sido nocauteado.

Com o encerramento do combate, aos poucos a arena se desfez e retornou ao chão por meio da tecnologia do Coliseu. Na arquibancada, todos pareciam atônicos com o resultado. Ninguém estava esperando que o novato vencesse o veterano da casa. Contudo, não demorou muito para o sentimento de surpresa da torcida ser substituído por empolgação, expressada através de gritos puxados por uma animadora de torcida vestida de coelho.

- E não é que o velho Hazu derrotou Brutus ? Que inesperado ! Parabéns ao vencedor ! - Ao término da fala do narrador, uma salva de palmas seguiu em contemplação ao marinheiro enquanto ele saia da arena.

Na mesma sala em que preencheu a papelada anteriormente, o senhor recebeu em um saco uma quantia em berries como pagamento pela luta e um caloroso convite para retornar para a arena, quando o ofício de marinheiro desse uma folga.

- Eu tava esperando que você tomasse uma surra...pelo visto idade não serve mesmo para parâmetro. - O companheiro de carreira de Hazu confessou enquanto a dupla se dirigia para fora do estádio.