[Monstruos Island] Homem contra Monstro

- Não duvido que eles aceitem lutar...o problema é ganhar daquele monstro. Eu não arriscaria minha pele nisso. - Respondeu, retornando sua atenção a Hazu. Esse tempo foi mais que o suficiente para Kairi perceber, mesmo com pouca visibilidade, que seria pego bisbilhotando e sair da janela. - Bem, você é um bom homem. Te desejo sorte nisso. - Apesar das palavras, ela não parecia muito esperançosa. Não que isso fosse ser capaz de abalar alguém como Hazu.

Posteriormente, já do lado de fora, ele encontrou seu superior hierárquico, que perguntou sobre o conteúdo da conversa. Ao ser questionado, o marinheiro deu com a língua entre os dentes e até acrescentou informações em sua história, para gerar um sentimento de urgência no público alvo. E funcionou.

- Rapaz...vou ter que mobilizar a ilha inteira para cuidar dessa ameaça. - Aparentemente impressionado com aquilo tudo, ele pegou um den den mushi do bolso e passou alguns códigos para alguém desconhecido. - Depois cuidamos da Winry. Três marinheiros devem bastar para pegar essa criminosa. - Afirmou, enquanto iniciava uma corrida intensa até o QG. Um ritmo que inclusive Hazu teve dificuldades em acompanhar, tendo que usar sua velocidade máxima para não ficar para trás.

De volta a base da marinha, a dupla encontrou um cenário bem diferente do anterior. Se antes os oficiais estavam compenetrados em lidar com a papelada, agora estavam a postos para o combate, armados com rifles e espadas para o combate, dentre eles alguns novatos que Hazu viu durante a viagem e o homem que lhe acompanhou até o Coliseu. Claro, alguns mais tensos que outros, mas a maioria parecia disposta a encarar a ameaça eminente. Além disso, aparentemente a pessoa que havia sido responsável por fazer aquilo havia sido Yoshizawa, que estava teclando em um aparelho digital semelhante a um tablet antes que Kairi e Hazu chegassem.

- Reuni todos os homens que consegui. Quais são as próximas ordens ? - A inventora questionou Kairi, que parecia pensar no assunto, provavelmente ponderando sobre a fala de Brakios e os recursos que tinha. Aliás, se havia um momento para o lutador de artes marciais dar alguma sugestão de abordagem contra a fera ou sobre como lidar com o caso Winry, era agora.

Kairi ficou um pouco receoso diante da proposta de Hazu. Mandar um recruta para a linha de frente assim era algo irresponsável, e na maioria das vezes, seria simplesmente o mesmo que descartar um potencial talento. Afinal, ninguém ali estava esperando que a batalha ocorresse sem nenhuma perda.

Contudo, o rapaz que viu a luta de Hazu contra Brutus em outra ilha decidiu argumentar em favor do senhor, apesar da hesitação. Ele explicou que o velho havia sido capaz de derrotar um Oni, o que chocou quase todos os presentes, que de uma hora para outra passaram a respeitar o senhor. Já Kairi, ao escutar aquele boato, emitiu uma breve risada e deu permissão ao velho para tomar a dianteira, já que agora tinha motivos o suficiente para permitir isso.

Depois, concordando em parte com a fala de Brakios, o tenente decidiu deixar alguns marinheiros na retaguarda, para evacuar civis para o centro da ilha, aonde o perigo era menor. Os outros, incluindo ele, Yoshizawa e Hazu, iriam organizar barricadas móveis com o que conseguissem achar para impedir o avanço da fera. A inventora, por sua vez, ofereceu testar algumas de suas invenções recentes para ajudar os guerreiros da justiça, e sua sugestão foi acatada por Kairi, que acreditava na capacidade da mulher.

Enfim, passadas algumas horas, a preparação foi concluída. Acabou que as criações da marinheira eram uma espécie de disco voador de tecnologia avançada, capaz de erguer uma pessoa comum no ar por poucos segundos. Como ainda estava em fase de testes, os planadores eram somente três, e era recomendado que só fossem usados em momentos importantes, já que gastavam muito combustível e era difícil se equilibrar neles sem treinamento ou proeficiência.

Predador Marítimo

- OLHA LÁ ! ELE APARECEU ! - Um marinheiro qualquer apontou em direção ao mar. Ao direcionar seu olhar instintivamente para lá, Hazu notou a aproximação de um monstro, semelhante a um tubarão-branco, indo em direção a ilha em alta velocidade. Ele tinha cerca de 20 metros, e não parecia ser lá muito amigável. Contava com unhas e dentes afiados, e sua barriga contava com algumas cicatrizes grandes, provavelmente advindas de batalhas anteriores que venceu.

- Homens, atacar ! - Kairi ordenou que a ofensiva se iniciasse. Assim, os atiradores a postos começaram a atirar contra o monstro enquanto a linha de frente, composta por Hazu e quatro marinheiros, se preparava para o embate de cima de um prédio.

Aguardando a aproximação do monstro, Hazu teve tempo de dar uma boa observada no campo de batalha e em seus aliados. O primeiro fato que notou era que os outros integrantes da linha de frente não pareciam lá ser muito capazes fisicamente, pelo menos não tanto quanto ele. Algo natural, considerando que estavam nos Blues e Hazu era um pouco mais forte que a média.

Longe dali, no chão, também percebeu que Kairi e Yoshizawa eram atiradores, e estavam utilizando de rifles para combater o inimigo. Não que perfurar a pele da fera fosse fácil de uma distância daquelas, o que era evidenciado pelas poucas perfurações na carne do Predador. Talvez a situação mudasse no futuro, com as mudanças do campo de batalha, mas por ora era seguro afirmar que a criatura estava praticamente intacta.

Enfim, passados alguns minutos, acabou que finalmente o Predador Marítimo chegou até a praia de Monstrous Island. Um dos marinheiros, eufórico para se consagrar como herói, tomou a iniciativa e desceu do prédio para socar o torso do inimigo. Atitude que teve pouco resultado, já que seus murros fracos só serviram para chamar a atenção do monstro, que desferiu uma rabada potente contra o justiceiro, jogando-a contra um prédio e eventualmente o matando com um golpe só.

- Urgh. - Um dos marinheiros que estavam perto de Hazu parecia querer abandonar o campo de batalha, considerando que seu companheiro havia sido derrotado tão facilmente. Se Brakios não fizesse nada, era bem provável que aquele moleque saísse correndo dali com o rabo entre as pernas. Contudo, apesar do desânimo dele, o rabo do monstro agora estava em terra firme, e poderia ser atacado sem maiores dificuldades se saltassem dos prédios. Além disso, enquanto toda a ação ocorria, Kairia dava o comando para os atiradores focarem todos os seus disparos no pescoço do Predador.

Ao ser alvejado por projéteis na região de seu pescoço, a fera acabou sendo finalmente ferida de maneira relevante, devido a pouca distância dos marines e do alvo. As balas perfuraram a carne do animal e geraram um sangramento na região, mas antes que pudessem causar danos sérios, o monstro levou sua mão direita até a região para se defender. Suas unhas afiadas foram mais do que o bastante para conter disparos como aqueles.

Hazu, por sua vez, sozinho, seguiu em direção ao inimigo com uma potente cotovelada. O golpe, somado aos danos do pescoço, foram o suficiente para a criatura rugir de dor e redirecionar a direção até a área atingida. Percebendo a presença do velhote, o Predador decide utilizar sua mão num formato de concha para desferir um tapa debaixo para cima em direção ao marinheiro. Devido a pouca distância entre o membro gigante e o senhor, e as velocidades mais ou menos semelhantes, era pouco provável que ele conseguisse desviar do ataque. Agora cabia a ele decidir como encararia um dano inevitável e o que faria após receber o golpe, considerando como a fera estava executando o tapa.

Além disso, observando o cenário da luta com o canto do olho, Hazu pôde notar que a maioria dos outros membros da linha de frente havia deixado o campo de batalha, restando somente um. Este, determinado, seguia com uma corrida em direção a barriga do monstro com sua espada desembainhada. Já Kairi, utilizando de um dos equipamentos de Yoshizawa, tomou uma melhor posição de tiro em pleno ar e parecia recarregar seu rifle com uma munição diferente da que havia usado até agora. Pela sua expressão, ele parecia ter um plano. Já o resto dos marines também estava recarregando suas armas, o que deixava claro que Brakios não receberia ajuda tão cedo.

Prevendo o golpe inimigo, Hazu se prepara para o impacto usando uma técnica clássica dos marines : o Tekkai. Com ela, o velhote endurece seu corpo para aguentar o dano do "tapa" do Predador Marítimo, que diga-se de passagem, não foi nada gentil. A superfície da mão do tubarão era dura como aço, e a força usada pela criatura no golpe era realmente relevante. Não era de se surprender que um golpe do monstro havia bastado para abater um soldado comum. Dessa forma, enquanto era arrastado para cima e sentindo a dor de algumas costelas quebradas, que só não resultou em coisa pior graças a sua defesa, Brakios teve a oportunidade de iniciar a ofensiva.

Mesmo sem poder mirar no lugar onde desejava e tendo que adaptar sua estratégia no calor da batalha, o aspirante a almirante teve tempo o suficiente para desferir uma sequência de feroz de murros contra a mão do animal enquanto era movido forçadamente. Como resultado, ele acabou conseguindo quebrar algumas garras do animal e deslocar uma parte de seus dedos, impossibilitando que ele usa-se a mão em batalha, pelo menos por enquanto.

Por fim, terminado o tapa, o senhor foi jogado para cima e se viu a cerca de 30 metros do solo, prestes a iniciar uma queda livre. Lá de cima, ele observou que o monstro reuniu uma certa quantidade de água em sua boca, e usando uma técnica de Jujutsu, cuspiu o líquido em várias esferas em direção a ilha, acertando uma grande parcela dos atiradores marines, que ou foram jogados para longe ou acabaram morrendo com impacto da água. Contudo, como nem tudo estava perdido, Kairi, após terminar sua preparação, realizou um disparo único contra a boca do animal, aproveitando que ela estava aberta. O projétil, ao entrar em contato com os dentes do animal, gerou uma grande explosão e causou danos relevantes no monstro, que gritou em agonia.

⁣— CONTINUEM ATACANDO SEUS MERDAS ! — O líder do QG local exclamou, encorajando os recrutas. Estes, mesmo em dúvida se deveriam fugir ou não, acataram a ordem de seu superior e retomaram sua posição, aparentemente mirando no estômago da criatura. Região que, ironicamente, o recruta marinheiro estava conseguindo dilacerar com algum esforço, mesmo não sendo muito forte, aproveitando-se da cicatriz da criatura.

Enfim, mesmo que o cenário estivesse mudando, Brakios não tinha tempo para ficar parado. Tinha que decidir como faria para não sofrer alguma lesão na queda, e se tomaria alguma atitude ainda no ar para ajudar no combate. Naquele momento, considerando sua posição atual e trajetória, era provável que o marinheiro caísse na cabeça da fera.

No ar, o velhote decide tentar manipular o lugar aonde ia cair, já que a queda era uma certeza. Os movimentos, contudo, eram desengonçados e lhe falta precisão para manipular o ar decentemente, mesmo tendo uma força considerável. Além disso, faltava agilidade em seu corpo. Em suma, ele não tinha as capacidades necessários para executar uma técnica área, como outros marines mais capacitados conseguiam fazer. Contudo, por sorte, acabou que seus esforços foram o suficiente para direcionar uma queda, mesmo que de péssimo jeito, na cabeça do animal.

De lá, ele acerta alguns, mas não todos, os socos na cabeça do bicho. Aquela região, diferentemente da cauda, era bem mais flácida, o que facilitava o encaixe dos golpes. Com os punhos, o marine conseguia sentir alguma estranha se rompendo na cabeça do bicho, mas saber o que era estava fora de seus conhecimentos. De qualquer forma, terminado o golpe, o Predador Marítimo realizou uma movimentação com sua cabeça que empurrou Brakios, que logo caiu de costas no mar. Com o impacto da água, ele sentiu dores nas costas como se tivesse sido chicoteado muitas vezes, mas pelo menos sabia que havia causado danos.

Sem mais opções, ele nada de volta a praia e lá se depara com o cenário atual da batalha. A barriga do bichano estava parcialmente rasgada pelos ataques do marinheiro de antes, mas esse estava desacordado. Aparentemente um golpe do monstro havia o jogado contra uma barraca que estava na areia, incapacitando-o. O número de oficiais da justiça também já era bem reduzido e parte da cidade havia sido um pouco destruída, embora Yoshizawa e Kairi ainda estivessem inteiros e flutuando com seus aparatos tecnológicos.

- Vamos juntar nossos ataques num ponto só ! - O tenente gritou em meio a chuva, a uns bons metros atrás de Brakios. Ele parecia ofegante, mas não era o único ali naquela situação. Hazu também, embora em uma situação bem melhor em questão de stamina, começava a sentir seu corpo se cansar. O monstro, por sua vez, apesar de estar sangrando e ferido em diversos pontos, não parecia estar tão disposto a sair da luta por falta de energia. De qualquer forma, agora cabia a Hazu decidir onde atacar, considerando as opções e suportes da marinha que tinha.

Tomando o papel de averiguar o interior da fera, Hazu encontrou um cenário estranho. O estomago da criatura, diferente de animais comuns dos Blues, contava com um líquido estranho, quente e pegajoso, que parecia conservar coisas que o monstro não havia digerido. Por isso, na sua busca, ele acabou se deparando com uma série de objetos, como bussólas, pedaços de roupas e outros itens que uma pessoa comum portaria. Contudo, ao fim de sua averiguação, algo surpreendente saiu de dentro da barriga do Predador.

Tratava-se da cabeça de um de seus irmãos, parcialmente avariada. Não que isso fosse empecilho para um familiar, que reconheceria aquele rosto em qualquer lugar. Mesmo sem saber, acabou que Brakios havia vingado sua família. Consoante a retirada dos restos mortais do homem, alguns objetos também caíram do interior da barriga da criatura que já estava aberta.

- Hmm...isso são Dials do povo do céu. Quem diria que isso iria parar logo na barriga desse monstro. - Curioso com os objetos, Kairi os averiguou com as mãos. O restante dos marinheiros parecia assustada demais com a cabeça ali presente. E com razão. - Bem, considerando o que eu já fiz, seria um pecado tomar essas coisas para mim. Quem quiser que ele leva essas geringonças. - Falou, afastando-se do campo de batalha para cuidar da população curiosa que começava a surgir nos arredores.