Livros clássicos são superestimados?

Eu li "Alice no País das Maravilhas", um célebre clássico. Simplesmente nada de mais. Pra ser sincero, eu até curti algumas partes (me fizeram rir) e consegui ler sem querer droppar o livro (finalizei em 1 dia), mas não se compara a qualquer obra minimamente decente que temos hoje (seja em forma de série, anime ou filme).

Depois de ler eu supus que o imenso sucesso do livro se devia não pelo fato de ser um escrito incrível, mas pelo fato de introduzir uma trama revolucionária (inovadora) pra época em que foi lançado.

Hoje peguei "A Metamorfose", o livro mais conhecido de Kafka, reputado como um dos maiores escritores de todos os tempos, pra ler. Li 60 páginas e, pra ser sincero, também não senti vontade de droppar ou achei que o livro era ruim, mas pela reputação eu achei que fosse ser muito melhor.

A minha expectativa pra livros que são considerados "clássicos" era muito alta por conta dos livros de Orwell e Shakespeare, mas seriam eles, em grande proporção, superestimados?

Livros clássicos são superestimados?

Minha ex namorada fez TCC misturando Kafka e Direito. Na época me fiz de interessado só pra conquistar, né, mas é uma tremenda duma bosta.

Sim e não.

Livros clássicos são como os manga antigos, olhando com os olhares críticos de hoje vemos muitos defeitos e poucas surpresas nos elementos da história mas esquecemos que foram eles que deram origens a muito desses elementos que vemos nas produções atuais. Por outro lado, existem um pessoal que se deixa levar e trata as obras clássicas como intocadas quando a maioria não é.

Minha conclusão é que são livros de qualidade mas não perfeitos.

Esse livro é consagrado por causa das interpretações que dão a ele, não a história. O próprio Kafka não achava nada demais. Alice também, se tornou consagrado por causa de premissa e como ela conversa com a época, um vídeo interessante sobre isso:


Nem todo livro Clássico é Clássico por ser bom, na verdade, a minoria é. 

Eu uma época fiquei lendo os livros de alguns dos nobéis de literatura, a maioria era uma merda inacreditável, é uma tortura ler, mas por que ganharam o prêmio? Por causa das interpretações que dão aos livros (e eles realmente escrevem muito bem também). 

O conceito de qualidade também parece ter variado com o tempo, Shakespeare era considerado um autor de segunda na época dele, Moby Dick foi massacrado pela crítica americana (embora amado pelos britânicos), o próprio Kafka foi um autor completamente obscuro enquanto estava vivo.

A verdade é que livros bons são rapidamente esquecidos pelo tempo, os livros significativos é que ficam. 

Gaius escreveu:

Livros clássicos são superestimados?

Minha ex namorada fez TCC misturando Kafka e Direito. Na época me fiz de interessado só pra conquistar, né, mas é uma tremenda duma bosta.

Seu canalha, eu amo Kafka. Me apresente a sua ex.

ShinobinoKami escreveu:

Esse livro é consagrado por causa das interpretações que dão a ele, não a história. O próprio Kafka não achava nada demais. Alice também, se tornou consagrado por causa de premissa e como ela conversa com a época, um vídeo interessante sobre isso:

Interessante. Vou procurar livros e artigos sobre interpretações desses livros então, talvez os torne mais significativos na minha ótica.

:eu amo Kafka

Eu tava querendo ler "O Processo" e "O Castelo" dele. Vale a pena? Ou é igual a Metamorfose, um livro relativamente medíocre?

Rin escreveu:

Eu tava querendo ler "O Processo" e "O Castelo" dele. Vale a pena? Ou é igual a Metamorfose, um livro relativamente medíocre?

São, inclusive você provavelmente leu a Metamorfose com a tradução do Modesto Carone, que adapta o texto, se você pegar os livros do Kafka com uma tradução literal, eles são ilegíveis. Esses dois livros em especifico, são muito mais prolixos e não tem conclusão nenhuma.

Único livro dele que eu acho bom, ou no caso, que me gerou algum impacto emocional profundo, foi Carta ao Pai.

Você curte ballet? Pois, ha pessoas que acham isso coisa de outro planeta e outros que acham bem chato.
Então depende dos gosto de cada um, principalmente se considerarmos o classicismo...

Exemplos claros:
Ha pessoas que pagariam qualquer coisa, ou ate matariam, por um Bugatti type 57. Ah, apenas pelo desejo de te-lo e não questão de valor material.
Existem outros que curtem o La voiture ou Chiron, Lamborghini e acham o type 57 bem feio.

Então, a maioria dos soberbos, arrogantes, classicistas, ou qualquer um da mesma sopa, gostam desse tipo de coisas clássicas, ou ao menos fingem ou pensam gostar.

Mas ai tem os modernistas, os militantes, os progressistas, e todos dessa sopa gostam de coisas modernas e acham as clássicas monótonas. Eles normalmente vão onde o vento atual os leva...

E tem os sábios, os humildes ou modestos, apaixonados, amorosos e bondosos, e todos dessa sopa, que agem pelos sentimentos, raciocínio e por vezes abnegação. Esses não tem uma áreas especifica, gostam das coisas como elas são, as vezes apreciam a beleza e valorizam ate o que não tem valor material, etc. Os melhores seres que a terra poderia ter.

Respondendo a sua pergunta, NÃO necessariamente, alguns gostam de verdade e outros fazem por aparências e outros acham chato.

Já vi bem que isso acontece com filmes - overrated, termo mais difuso - e de certo deve se passar com livros também.
Certas obras no geral são muito aclamadas por terem sido inovadoras, iniciando algum tipo de gênero e tal, mas ao lê-las imparcialmente se vê que não são isso tudo que a fama faz pensar. Há também uns que se tornam queridinhos da crítica por razões imparciais.

Aproveitando meio que essa temática de contos infantis ou de fadas, já que o autor do tópico citou Alice no País das Maravilhas, posso agregar no assunto já que entendo bem esse tipo de literatura fabulária. Todos conhecem os Irmãos Grimm e Perrault, que muitos acham ser o precursor do estilo, mas poucos conhecem Giambatista Basile, nascido um século atrás deste, e que foi o verdadeiro pai dos Contos de Fadas. O Pentamerão tem uma riqueza literária um tanto superior à dos Contos da Mãe Gansa, mas aprecio ambos.

Vi algo alguma vez sobre o autor fazer uma crítica política velada na história.

De qualquer forma, sempre que passava a animação da Disney eu assistia, muito boa.