[Lankar] Fantasmas do Passado

Terminado o conflito com o Predador Marítimo, Hazu e os outros receberam ordens para seguirem caminho até outra ilha da Grand Line, Lankar. Afinal, com o monstro abatido, Kairi não tinha mais razões e nem comandos para continuar numa ilha dos Blues, que ele próprio admitiu estar aquém de suas capacidades. Por isso, acabou tomando a liberdade de promover um dos sobreviventes da batalha a um cargo de comando, e deixou com ele ficasse ali, comandando o QG local e terminando de organizar a bagunça gerada pela batalha.

A viagem que seguiu utilizou a embarcação de Yoshizawa, que acompanha a dupla de marinheiros. Ela, por sua vez, não teve problemas para guiar o navio até a Grand Line. Isso acabou lhe dando tempo suficiente para cuidar de coisas mais interessantes, vulgo trabalhar em novas invenções. Uma situação agradável, se comparada a de Kairi. Este, por sua vez, a todo tempo estava ocupado, seja defendendo a embarcação de animais marítimos, pescando ou realizando outras ordens diversas, que sempre pareciam vir do den den mushi que ele guardava consigo. A situação estava tão grave que ele mal tinha tempo para dormir, o que era evidenciado por sua postura desleixada e olheiras mais do que evidentes. E isso não era problema de pessoal : alguns outros marinheiros haviam sido enviados junto com o tenente à Lankar. Aquilo que tornava aquele tipo de situação um mistério ainda maior.

Hazu era um desses oficiais da justiça. Recebendo poucas ordens durante a viagem, acabou vivendo na mamata e tranquilidade por alguns dias, já que Kairi estava ocupado demais e Yoshizawa preferia não ser importunada enquanto trabalhava. Pelo menos acabou sendo um tempo para digerir o drama vivido com seu irmão em Monstruos Island, querendo ou não. Suas únicas companhias foram os outros recrutas, que ora eram imaturos demais e achavam que estavam numa aventura ou outra eram reclamões demais com a comida. A alimentação inclusive foi um problema durante toda a viagem, já que faltou comida durante o trajeto e os cozinheiros da embarcação era um total de 0, o que resultava em alimentos verdadeiramente nojentos. Por isso, todos os marines não estavam lá nas melhores condições, e sentiam-se bastante cansados. Isso sem contar os casos de diarreia. Enfim, quando finalmente avistaram a silhueta de uma ilha, Kairi saiu dos seus aposentos e gritou :

- HAZU ! Tem ligação para você ! - O marinheiro gritou, mal se aguentando em pé e com a mão no estômago. Em suas mãos, ele tinha um den den mushi para ser atendido.

- E não é que verdade que tem um novo velho decrépito na Marinha ? Olha só. - Uma voz mundialmente conhecida se manifestou do outro lado da linha. Tratava-se de Mugen, uma das almirantes da geração atual e a figura mais ativa da Marinha. Infelizmente para Brakios, ela só parecia nutrir algum tipo de carinho por jovens, e definitivamente ele não se enquadrava nessa categoria. Provavelmente havia notado a idade do senhor pela voz. - Primeiro quero lhe dar os parabéns pela ação eficiente em Monstruos Island. Conhecendo o traste que comanda vocês, é bem capaz que ele tenha feito corpo mole e jogado o trabalho duro todo nas costas dos recrutas. Mas fique tranquilo, eu ainda tenho um propósito para o Kairi. Estou usando ele de cobaia para um novo método de tortura para vagabundos, e aposto que ele deve estar odiando, nessa altura do campeonato. - Após evidenciar que tinha algo pessoal contra o superior de Hazu, a mulher deu uma longa e escrachada gargalhada em relação ao estado do tenente. - Enfim, vamos ao que interessa. Não que eu tenha muitas expectativas num velho, claro. - E então, abruptamente, Mugen começou a explicar a missão dos marinheiros na ilha.

Segundo ela, haviam algumas suspeitas críveis de que um grupo de indivíduos planejava tomar o poder em Lankar, devido ao poderio econômico da ilha. O método em questão que planejavam usar ainda era um mistério, mas tudo levava a crer que seria através da corrida de trens, o evento mais balado da redondeza. O problema era que tal disputa política não aceitava qualquer competidor, o que levantava suspeitas, já que um desconhecido e muito menos um criminoso seriam capazes de participar daquilo. Assim, caberia aos marinheiros descobrir quem era a cabeça por trás daquilo tudo e impedir que Lankar caísse no controle de pessoas suspeitas.

Concluído o repasse da missão, Mugen desligou a chamada da maneira mais desrespeitosa possível, como se estivesse falando com seu cachorro. Ao mesmo tempo, Hazu notava que a embarcação da Justiça havia finalmente atracado em terra firme. Do porto, ele poderia notar as mais inovadoras edificações que já haviam visto em vida, além de claro, inúmeras linhas de trem que pareciam interligar toda a ilha. Mesmo sendo um leigo, Hazu poderia reconhecer que aquilo era uma tecnologia de alta qualidade. Por aí, ele também percebia que muitas pessoas pareciam ter próteses robóticas em seus corpos, embora não houvesse como definir se haviam as colocado por opção ou por necessidade. Isso sem citar o frio e a neve, que faziam Hazu sentir calafrios, diante de uma mudança tão brusca de temperatura.

- E então, o que aquela mocreia te falou ? - Yoshizawa perguntou em um tom de cansaço, aparentando já saber com quem Hazu havia falado. Kairi, por sua vez, estava ajudando a descarregar algumas coisas do navio junto com os marinheiros, mas sem fumar seu cigarro habitual. Os dois já estavam com novos trajes, mais adequado ao clima local.

- Quê ? Não entendi muito bem, mas se esse é o problema, devíamos visitar primeiro a base da marinha local e checar a situação. E acho que você está se adiantando demais. A galera daqui vive desse negócio de trens, sabia ? - Ela concluiu, ainda meio confusa. Depois, foi até Kairi, trocaram algumas palavras e depois do homem dar de ombros, o tenente ordenou que todos os seguissem. No processo, Hazu acabou conseguindo adquirir um uniforme da Marinha mais apropriado para a ocasião, mas ainda assim, os ventos gelados não deixavam de o incomodar.

Com todos os oficiais da justiça reunidos, o grupo seguiu ilha adentro. Lá, o cenário altamente tecnológico se amplificou, até que finalmente conseguiram entrar em uma estação de trem, aonde o líder da expedição bancou a passagem de todos do próprio bolso. Pela qualidade do meio de transporte e considerando a comida servida, não deveria ter sido nada barato. Assim, após alguns poucos minutos de viagem, dada a alta velocidade do trem, o grupo finalmente chegou até o Monte Cárhs. Um local onde o frio era bem mais cruel do que antes, diga-se de passagem.

O cenário de lá era um pouco diferente. A população era menos escassa, e os que rondavam o local, usavam trajes estranhos, repletos de símbolos. Isso sem contar os ídolos que carregavam, todos representando uma mulher de meia-idade de pele escura. Contudo, embora a maioria dessas pessoas estivesse indo até uma caverna, podia se notar alguma movimentação até uma base da marinha, que seria dificilmente notada de longe em decorrência da neve. E era ali que o grupo estava, cercado de trens e linhas férreas dos mais diversos tipos.


- Kairi, seu maldito. O que diabos você veio fazer aqui ? - Um homem careca se aproximou. Em seu peito, ele tinha o símbolo da Marinha, mas não era isso que chamava a atenção nele e sim as incontáveis modificações robóticas que havia feito no próprio corpo. Fios e cabos interligavam o corpo do ciborgue, e era difícil diferenciar no meio daquilo tudo o que era carne ou metal.

Enfim, diante do questionamento, o tenente cumprimentou quem chamou de "Jack" explicou a situação com as informações que tinha, mesmo não sendo muitas. Disse, que alguém planejava tomar o controle da ilha e que havia alguma relação dessa situação com a disputa politica constante de Lankar usando trens. Contudo, ao final de tudo, o careca não parecia ter compreendido muito bem o que os marinheiros queriam ali.

- Cara, explica essa porra direito. O cigarro comeu seus miolos ? E rápido, porque eu tenho uma reforma marcada para uma da tarde e odeio me atrasar. - Jack pediu mais informações, debochando de Kairi. Ele por sua vez, não parecia estar de bom humor, e simplesmente bufou com raiva. Será que Hazu interviria para solucionar aquela questão ou deixaria o problema para outra pessoa resolver ?

- É, fica a lição aí para você não se envolver com coisa errada enquanto estiver na Marinha. É assim que termina. - Ele respondeu, ríspido. Segundos depois, um climão se formou na sala, com todos calados, entendendo a seriedade daquilo. A situação só foi resolvida quando o tenente tornou a falar, para elucidar a fala de seu subordinado. - A gente não precisa vencer, mas seria bom fazer isso como agradecimento por deixarem a gente competir. O cerne da missão é impedir que os golpistas ganhem e descobrir mais detalhes sobre eles. Bem, acho que sendo assim, não vou discordar de você. Vamos pelo caminho fácil. - Mesmo estressado, Kairi deixou a razão tomar conta e optou por concordar com o ajudante. Aquela opção definitivamente não exigiria tanto esforço dos marinheiros, e poderia poupar tempo de preparação para a competição.

Assim, decididos a lidarem com o povo de Kássus. Jack repassou as coordenadas da localização daquela cidade, e eles foram até lá usando um trem da marinha, o suficiente para identificar o grupo. A cidade em si era tão tecnológica quanto poderia se esperar, contudo, também contava com áreas mais pobres, que poderiam ser vistas de cima. Ao concluírem a viagem, um homem de terno se aproximou dos funcionários do Governo.

- Jack já me avisou da presença de vocês. Sigam-me. - O rapaz falou. Kairi aceitou os termos, e junto com sua equipe continuou o caminho junto do estranho. Caminharam por alguns minutos antes de chegar em um bar que tocava música clássica, em um volume bem baixinho e agradável. Lá dentro, se depararam com um ambiente escuro, com alguns homens de terno andando pra lá e pra cá com aparelhos robóticos em suas orelhas. Algumas outras pessoas também estavam bebendo ali, diferentemente de uma mulher de cabelos vermelhos e corpo esbelto, que caminhava pelo salão acompanhada de seguranças.


- Assim que estiverem confortáveis, podem falar com a Boss. Aceitam uma bebida ? - O estranho questionou. Yoshizawa recusou, mas Kairi pediu uma dose generosa de cachaça pura. Alguns outros marines também pediram cerveja, e sentaram-se em uma mesa para beber enquanto aguardavam as negociações. Hazu poderia também decidir que abordagem adotaria, e se iria querer algo para molhar o bico.