Fui atropelado no natal de 2009 quando tinha 6 anos de idade, o impacto me fez cair pra trás e tenho uma cicatriz enorme no meu pé esquerdo. Se o meu corpo tivesse caído pra frente por causa da batida, a roda do carro teria passado pela minha cabeça. Seria grotesco, meu ossinho do pé só não foi esmagado porque o carro estava devagar e pelo o que eu sei o dono do carro estava conversando com alguém. O pessoal que esteva festejando pediu para o motorista dar a ré no carro, se passasse por cima por completo teria detonado tudo.
O atrito deixou uma casca preta no local, doía muito pra tirar os curativos porque grudava na carne, fiquei sem andar por uns três/quatro meses, tive muita sorte, principalmente por ter caído pra trás.
Morei em favela e já fiquei no meio do fogo cruzado, mas fui puxado pra dentro de casa. Esses eventos mudam a perspectiva de si, mas além de minhas experiências, eu fico mais apático e indiferente ao lembrar que meu amigo prestes a fazer 19 faleceu afogado em 2021 depois de nos formamos no ensino médio, éramos da mesma sala. Quando chegava assunto entre os amigos sobre a pior forma de morrer e cada um passava a sua visão, ele sempre dizia que a pior forma de morrer era afogado. Doidera.