Fui até olhar o capítulo pra ver certinho, e nessa altura do campeonato o que One Piece tem de melhor na minha opinião não apareceu ainda. O fator no qual OP supera outras obras do gênero é a construção de mundo, particularmente a trama na escala macro. Cap 200 tá no finzinho de Alabasta, poucos caps na frente é apresentado um Poneglyph e o nome de uma arma Ancestral, Pluton. Esses dois são a primeira parte do quebra-cabeça que envolve toda a história do mundo de One Piece, basicamente dão início a um mistério que não foi completamente revelado até hoje, mais de 900 caps depois. O bacana dessa obra, pelo menos pra mim, é ir vendo os pedaços desse quebra cabeça sendo revelados pouco a pouco, a cada nova ilha que eles visitam. E aí, claro, o interesse no mistério vai gerando um interesse pelo mundo em si, e consequentemente com relação às grandes figuras presentes nele.
No entanto...
Sim, enquanto o plot macro é um dos melhores, senão o melhor que eu já vi, o plot micro em cada ilha que eles passam é extremamente repetitivo. A fórmula não é usada só uma ou duas vezes. Basicamente a linha de plot que foi usada em Arlong Park, lá no início, já foi usada 7 vezes.
1. Os mugiwara chegam numa ilha e descobrem que a ilha é oprimida por um tirano
2. Um(a) personagem, geralmente fora da tripulação ainda, serve como âncora emocional pra fazer você se importar com a tirania
3. Luffy vira amigo desse(a) personagem e acaba decidindo lutar contra o opressor
4. Os Mugiwara enfrentam o bando desse tirano, com o Luffy enfrentando o chefe e os outros do bando enfrentando os subordinados
Essa linha foi repetida em Arlong Park, Alabasta, Skypeia, Thriller Bark, Ilha dos Homens-Peixe, Dressrosa e Wano, com mínimas variações entre elas. Inclusive, em 4 desses 7 a personagem que é usada como âncora emocional é uma princesa da nação. Essa repetitividade é um saco mesmo, não tem muito pra onde correr. Isso sem falar que mesmo nos arcos onde a estrutura geral não segue igualzinha essa sequencia, tem mecanismos que o Oda abusa. Por exemplo, o Luffy correndo por um local separado em "fases" indo atrás de um alvo no fim. Pense em regiões de um mapa ou andares de um prédio. Ele já usou esse mecanismo em mais de 10 arcos, hoje quando eu vejo um mini-mapa esquemático do Oda já começa a bater uma coisa ruim.
Enfim, o ideal seria ler até o fim da saga Water 7 (Cap 441). Nesse ponto o plot global é bem estabelecido, você pelo menos entende quem são todas as peças no tabuleiro e o que os Poneglyph e Armas ancestrais realmente significam. Se nesse ponto essa história não tiver sido gancho suficiente ainda, aí quita sem pena mesmo. O único obstáculo é que entre Alabasta e Water 7 tem Skypeia, que apesar de ter algumas revelações interessantes espalhadas aqui e ali, no grosso é uma morte lenta.