1. Eu não sou conservador. Não sou religioso, não tenho qualquer espécie de apreço pela tradição — ao menos não por aquelas das quais os conservadores se colocam como ávidos defensores —, conquanto também tenha aversão a esse show de horrores progressista da modernidade. Minha lógica geralmente tende ao utilitarismo, então esse tipo da minha personalidade não é lá muito "conservador".
2. Você claramente não sabe como funciona a avaliação da redação do Enem. O Enem não avalia a sua proposta por eficácia, até porque nenhuma pessoa minimamente racional acha que um estudante médio será capaz de solucionar problemas complexos do espectro público em 5 linhas.
O Enem avalia a sua proposta de intervenção pela sua adesão aos critérios deles (ação, efeito, detalhamento, agente e modo) e pela coesão com o restante do seu texto (a sua proposta foi conectada contextualmente aos fatores apresentados na introdução e no desenvolvimento?). Isto é, mesmo que a sua proposta seja uma bosta, você provavelmente vai receber uma nota boa se souber seguir o modelo da prova.
A mesma coisa se aplica a outros critérios. A sua fonte de citação não precisa estar correta ou ser boa, basta saber colocá-las no texto que você receberá nota máxima. As suas opiniões não precisam ter lógica ou estarem corretas, se você apresentar um posicionamento e ele não for diametralmente contrário aos corretores, você também recebe pontos por saber apresentar opiniões textualmente — malgrado você só possa citar Adam Smith ou Mises, por exemplo, se estiver discordando deles.
Também não tem problema se você for prolixo, desde que você siga os critérios do Enem, você não será punido. Não importa se você precisa forçar para encaixar o seu repertório sociocultural no texto, não importa que ele não seja diretamente relacionado ao tema, se você conseguir com algum malabarismo argumentativo conectá-los você também não perderá pontos; ao contrário, você ganhará.
Resumindo, o Enem não mensura o que você acha que ele mensura, as notas mais altas do Enem vem de pessoas que tiveram bons professores de redação que fizeram elas memorizarem modelos de introdução, desenvolvimento e conclusão, decorarem repertórios e citações coringas. O máximo de esforço pra burgueses que pagam cursinhos caros é ver qual das decorebas se encaixa melhor naquele tema específico.
3. É engraçado ver um indivíduo visivelmente analfabeto pensando que sabe avaliar uma redação do Enem. Duvido, e agora estou sendo plenamente sincero, que se você tentar fazer uma redação do Enem sobre qualquer tema agora você vai receber uma nota maior do que 600.
Mas tudo bem, eu aceito o desafio. Como sei que você não entende absolutamente nada sobre uma redação de Enem, vou seguir o que provavelmente acho que seja sua intenção: se ninguém já tiver postado, eu elaboro um texto opinando sobre quais políticas públicas seriam eficientes pra resolver o problema da cracolândia em SP.