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Esse espaço mental é um lugar singular e misterioso nas profundezas da mente do jovem aventureiro. Nesse espaço, as fronteiras entre passado, presente e sonhos se dissolvem, formando uma escadaria infinita de memórias. Cada degrau é um compartimento, um quarto onde as lembranças se materializam. Kyosuke eventualmente pode explorar esse espaço, enfrentando suas emoções mais profundas e buscando compreender a si mesmo.
Na penumbra da cela, Kyosuke Kuroi despertou. O ambiente era opressor: uma masmorra imunda, impregnada com o fedor de comida em decomposição, excrementos e urina. A consciência do jovem estava turva, como se um véu de esquecimento tivesse sido lançado sobre suas memórias, ele realmente lembrava pouca coisa. Ele estimava ter entre 6 anos a 9 anos, mas não conseguia lembrar sua idade exatamente. O que o trouxera a esse lugar? E por que a droga que dominava seu corpo era tão poderosa, transformando-o em um mero espectro de si? As respostas, como as sombras na cela, permaneciam elusivas.
A sensação irracional de lágrimas aflorava nos olhos do jovem quando percebeu que seus dedos estavam petrificados, transformados em madeira imóvel. Nenhum músculo de suas mãos obedecia aos seus comandos. Contudo, um dos companheiros de cela notou seu despertar melancólico e, com um sorriso amigável, proferiu:
— Força, camarada! Tenho certeza de que o Raikage virá nos resgatar deste lugar maldito. Mantenha-se firme! — Disse o sujeito, cujos olhos pareciam conter cores distintas.
Seu nome era Kasuga, um sobrevivente do experimento envolvendo as células de Senju Hashirama, assim como o próprio Kyosuke. Aquele garoto não conseguia andar de forma normal, seus pés haviam sido petrificados. Ele era um garoto sonhador que supostamente queria se tornar Raikage algum dia, porém, ele não tinha nenhum talento assim como Kuroi e havia curiosamente caído no mesmo inferno particular que nem ele. Ele e Kuroi até que conversavam bastante, quando não estavam totalmente desacordados pelo efeito das drogas potentes que aplicavam em seus corpos.
Ao ouvir o que Kasuga falava, uma voz feminina extremamente irritada comentava num sussuro:
— Raikage? Manter-se firme? — Sussurrava uma voz vindo de uma cama vizinha. — Kasuga... Tenha certeza que o próprio Raikage está financiando esse projeto, somos apenas ratos de laboratório, nosso destino aqui é a morte ou até mesmo pior... Temos que arranjar uma forma de escapar daqui por conta própria, não podemos depender de mais ninguém!
A dona daquela voz... Aquela garota supostamente se chamava Ann, ela parecia estar sempre braba e soltava uns palavrões aleatórios do absolutamente nada. Ela era a segunda mais velha daquela cela e parece ter adquirido a personalidade de uma mãe extremamente raivosa que protegia todos os outros daquele ambiente, era praticamente a única que se revoltava com os cientistas, mas também era a que mais sofria. Supostamente ela tinha uma capacidade única que impedia que pudesse morrer. Seu corpo lentamente estava ficando acizentado, e seus cabelos, que antes eram extremamente azuis, agora estava adquirindo uma cor mais apagada e escura conforme o tempo passava.
Outro garoto respondia naquele instante:
— O Raikage jamais faria algo dessa espécie, pode apostar que ele não sabe o que está acontecendo aqui. Quando ele souber... Ele vai nos salvar!
— Vocês parecem ter bastante confiança no Raikage... Pessoalmente, mesmo se Kirigakure no Sato soubesse que eu estava aqui, duvido muito que Mizukage iria gastar recursos para me salvar…
Dentro daquele pequeno lugar, uma voz assustadora ecoava, emanando de um indivíduo que todos temiam. Ele era uma cobaia, assim como os outros, mas possuía um controle excepcional sobre suas habilidades. Era capaz de se transformar em qualquer pessoa, desde que usasse a estranha máscara fundida ao seu próprio corpo. Gentil com seus companheiros de cela, ele, no entanto, estava gradualmente perdendo a sanidade a cada dia que passava naquele maldito local. Seu nome? King Clown. Pelo menos, era assim que ele preferia ser chamado.
Kyosuke Kuroi se encontrava sentado na sua cama. Seu corpo estava fraco. Mas ele sentia que conseguia andar e conversar. Ele faria alguma coisa? Tentaria interagir ou aprender alguma coisa naquele lugar?
De fato tem algo estranho no ar. Sendo assim, ainda que eu esteja sem nível para um combate, acho que foi a melhor solução. Se por acaso eu for morto os superiores vão ficar sabendo, então não serei inútil em nenhum cenário... Ao andar mais por aquele vale, encontraria uma presença familiar, ainda que não fosse nada esperado que se fizesse presente naquele local. Madarame!?
Onde eu estou? O que eu estou fazendo aqui? A sensação era agoniante. Aquele local específico não me trazia nenhuma lembrança, porém, de forma contrária, tinha uma sensação horrível com o que via. Era como se eu só não tivesse as imagens na cabeça, mas os sentimentos que possuía com aquele local me faziam acreditar que por algum momento eu já tivesse criado um vínculo com aquilo tudo. Eu... eu estou paralisado? Onde estão meus amigos!? Por que essa madeira me segura? Não... eu sou a madeira! Poucos momentos depois percebia que não estava sozinho: havia um garoto por lá também. Seus olhos me chamavam a atenção, ainda que não fosse nem mesmo um por cento do problema que eu passava. Apenas depois perceberia seu real problema. Em alguns instantes, aquela situação já se tornava parcialmente familiar para mim.
— Kasuga-kun, agradeço as palavras. Ann-chan, infelizmente tenho que concordar com você. Apenas o Raikage poderia estar por trás disso. Acho que vocês também não lembram bem como chegaram aqui, mas certamente não viemos aqui por conta própria. Ou fomos raptados ou fomos enganados! Bravejava com o pouco de força que eu possuía. — E você, garoto do lenço, realmente acredita que o homem que pode ter nos colocado aqui é que vai nos salvar? Sabia que não conseguiríamos fugir tão facilmente, especialmente dadas as circunstâncias as quais estávamos situados. Pouca energia, partes petrificadas, doenças, além de que por óbvio aquele lugar era mantido em algum lugar escondido e com defesas estratégicas para evitar fugas e invasões.
Logo o clima que parecia até ter uma certa energia se tornou caótico apenas ouvindo uma voz que ecoava de outro local. Essa voz...— King Clown, acho que na verdade estávamos bem divididos e seu voto foi o decisivo: os Kages de nossa vila não devem nos salvar, pelo contrário, imagino que estejam por trás disso. Sentia como se aquilo tudo não fosse real. Talvez fosse um sonho, talvez fosse uma realidade que eu estivesse drogado. De qualquer forma, começaria a arriscar mais independente das consequências. — Por que você está aqui? Como você veio de Kirigakure no Sato para cá? Acho estranho o fato de sermos experimentos científicos e você, vindo de outra vila, esteja recebendo recursos de pesquisas de Kumogakure no Sato. Àquele momento imaginava que ele tivesse sido raptado, mas aguardaria por qualquer resposta. — Aliás, aproveitando que você parece ser o mais velho e "lúcido" daqui: o que sabe sobre mim? Logo após, meus pensamentos intrusivos somados à estranha coragem que sentia pareciam tomar conta e então falaria com todos:
— Vejam nosso estado. Estamos todos progressivamente piorando e não temos qualquer previsão de resgate. Há quanto tempo estamos aqui? Se quisessem nos salvar já teriam o feito! Ann-chan, Clown-san e quem mais tiver vontade de ser livre: vamos fugir daqui o quanto antes! Vamos pegar os horários que os guardas vêm nos drogar e tentar uma fuga. Nós cinco devemos ser capazes de derrubar um, se vier individualmente. Com as habilidades do Clown-san ele pode tomar a forma de um guarda e tenho a certeza que ele é furtivo o suficiente para passar despercebido. Se isso acontecer, contamos com ele para conseguir outras informações sobre os horários e sobre essa masmorra, levando o tempo que for. E se mesmo assim ele apenas conseguir ir embora sem nos ajudar de volta, entendam que pelo menos um se salvou e pode revelar isso para todo o mundo!
A escuridão da cela de Kyosuke Kuroi não era apenas a ausência de luz, mas um véu que cobria a verdade de sua existência. Aos poucos, seus olhos não apenas se acostumavam com a penumbra, mas também com a obscuridade de seu próprio ser. Cinco almas compartilhavam aquele espaço confinado, mas a presença de Kuroi era como um eco em um vazio mais profundo, sugerindo que havia outros naquele lugar, mas que agora estavam ausentes, e eles haviam deixado suas marcas ali. Kuroi notaria algumas flores de oleandro espalhada pela cela, assim como existiam resquícios de algodão avermelhado que pareciam estar jogado como lixo no chão daquele ambiente.
Onde estariam os outros? Essa pergunta ecoava em sua mente, não como um pensamento, mas como uma reverberação do próprio universo questionando sua natureza. Atrás das grades, seus olhos buscavam movimento, vida, uma faísca de existência além da sua própria. Mas o silêncio era a única resposta, um silêncio que falava mais sobre o destino daquele amontoado de crianças e cobaias do que qualquer palavra poderia expressar.
A dor lancinante em sua cabeça não era meramente física, mas o clamor de memórias aprisionadas, desesperadas por se libertarem das correntes daquela realidade opressora. Kasuga, deitado em sua cama, parecia uma sombra do que um dia fora, frágil e esquelético. Seus olhos, no entanto, brilhavam com uma intensidade que desmentia sua fraqueza física, fixando-se em Ann no exato momento em que ela também percebia algo incomum no comportamento do garoto. Foi quando Kasuga, com um vislumbre de humor, comentou:
— Huh… Você concordando com a Ann-chan nesse aspecto é um pouco engraçado… Vocês naturalmente mais discordam do que concordam… Hahaha... — Sua voz trazia um misto de confusão e diversão, como se aquela concordância fosse uma anomalia do universo. Um meio sorriso iluminou seu rosto anêmico, um instante de leveza em meio à gravidade da situação. — Bom… Eu tenho algumas suspeitas que os indivíduos que estão administrando essa pesquisa são realmente de Kumogakure no Sato, e eles precisam realmente de um amontoado de financiamento para produzir suas pesquisas, porém… É possível conseguir recurso financeiro sem depender necessariamente de uma figura tão importante quanto o Kage. E posso apostar que o Raikage nunca aceitaria algo tão desumano quanto isso... Se eu fosse chutar um nome que estivesse envolvido nessa treta inteira, seria o filho do Senhor Feudal... Yotsuki Kagehira... O próximo cotado a herdar as riquezas do País do Relâmpago, e também conselheiro direto do Raikage...
Mimi, o garoto que usava um lenço, apenas comentaria de forma casual, enquanto olhava para uma sombra que parecia se movimentar longe daquela cela.
— Bom, eu só sei de uma coisa... A pessoa que está envolvida no nosso sequestro, tem muito poder politico ou poder financeiro... Mas ela não parece estar trabalhando em total acordo com a nação de Kumogakure no Sato. Se tivessem, não estaríamos tão distante da população geral. A temperatura e o ar desse ambiente é de um local próximo com o País da Geada.
Naquele instante, King Clown apenas soltaria uma gargalhada alta que faria tanto Kasuga e Mimi ficarem em alerta, se os guardas soubessem que eles estavam despertos, eles nem poderiam imaginar o que poderia acontecer. O sujeito com o rosto desfigurado que parecia fusionado com uma máscara que não se encaixava bem em seu rosto, apenas responderia Kuroi naquele instante.
— Minha especialidade como shinobi é essencialmente investigar e agir como espião, Yagura me pediu para vigiar Kumogakure no Sato e tinha esperança que eu pudesse capturar Killer Bee e Nii Yugito, mas infelizmente mesmo que eu tivesse armado um disfarce perfeito, eu acabei sendo capturado pelos indivíduos que colocaram vocês aqui. Os cientistas gostaram tanto da minha capacidade de omitir e mentir, que acabaram fazendo experimentos com nisso. E essa máscara que está fusionada no meu rosto, parece me conceder a capacidade de copiar não apenas a aparência, como algumas habilidades do indivíduo que eu olhar diretamente. Apesar de que... Eu ainda não sei muito bem, o que eu perco em troca disso, talvez minha própria mente? — Ele falaria gargalhando e batendo sua mão de forma lunática no próprio joelho, após isso, ele se acalmaria e responderia a outra pergunta de Kuroi. — Não sei muito além do que você já contou aqui... Você é Kyosuke Kuroi, um garoto sem talento que tinha um grande desejo de ser relevante para o mundo, mas que não foi agraciado com nenhuma habilidade ou talento notável. Você nasceu em Kumogakure no Sato, porém, eu sinto resquícios em você... De um chakra de uma família bastante respeitada no País das Fontes Termais, mas, além disso... Não sei de nada...
A garota, com seus cabelos desbotados e pele tingida de um cinza pálido, avançava em direção a Kyosuke Kuroi com passos que ressoavam autoridade e uma fúria mal contida. Ignorando qualquer forma de consentimento, suas mãos, embora delicadas, impunham-se sobre a testa do garoto com uma urgência impulsiva. Era evidente que Ann suspeitava que a atual determinação ferrenha de Kuroi fosse o resultado de um delírio febril. Seus olhos verdes, carregados de uma tempestade iminente, fixavam-se nele, lendo-o como um enigma a ser decifrado. Após um tenso silêncio, ela retirava sua mão, a raiva em sua voz mal disfarçada por trás de palavras medidas:
— Você está queimando de febre ou é apenas a sua cabeça que está fervendo com ideias tão insanas? — indagava ela, cada palavra carregada com o peso de sua suspeita e um rastro de zombaria, enquanto um sorriso sarcástico e desafiador se formava em seus lábios. — Bom... Eu gostei da sua proposta, então vou segui-la... Vamos dar um jeito de sair daqui, o mais rápido possível...
Com a voz trêmula, tingida de um medo que lhe corroía as entranhas, Mimi falava, suas palavras gaguejadas revelando o terror que lhe assolava o peito:
— Mas já t-tentamos… E nos puniram fisicamente, sem se importar que éramos “sobreviventes” de inúmeros experimentos… Se tentarmos de novo, o que diabos eles farão conosco? Kuroi… Você conhece a Ann… Você não pode simplesmente dançar conforme a música dela.
Enquanto isso, a garota de olhos verdes, com uma determinação feroz, vasculhava o chão frio e sujo da cela. Seus dedos encontraram algo que parecia um chifre de animal, pontiagudo e ameaçador, ao lado de uma cama esquecida pelo tempo. Com dois desses artefatos em mãos, ela se erguia, descartando as preocupações de Mimi com uma frieza calculada:
— Eu vou assumir a culpa, eles gostam de bater em mim, pois sou difícil de matar, então relaxem… Além disso, esses objetos são afiados o suficiente para perfurar a garganta de um guarda… São armas perfeitas, embora… Só temos dois… Que droga…
Kasuga olharia para aqueles chifres com surpresa:
— Espera, como esses chifres estão aqui? Pensei que eles tivessem...
— O que vocês estão tagarelando tão cedo? Pelo visto, seus corpos estão se acostumando com as drogas, que saco...
A voz sinistra ecoou pelo corredor, fazendo com que Ann, num movimento quase reflexo, arremessasse os chifres que segurava para o abismo escuro sob sua cama. Seu olhar, carregado de aversão e fúria, fixou-se no vulto que emergia das sombras. Era Okabe, uma figura que inspirava terror não apenas pelo nome, mas pela aparência grotesca que assumia. Seu corpo parecia um mosaico de carne e suturas, cada ponto um lembrete de suas abominações científicas. Os cabelos, cinzentos como a névoa de um cemitério ao amanhecer, caíam sobre óculos de lentes tão grossas que distorciam a realidade por trás deles. Os fios que se entrelaçavam em sua pele pareciam ter vida própria, ondulando como serpentes à espera de um sinal para atacar.
Com um olhar que destilava desprezo, Okabe encarava cada alma naquele recinto, como se avaliasse qual seria a próxima cobaia de seus experimentos macabros. Ele retirou uma chave do bolso, cujo metal frio e escuro refletia a pouca luz que se atrevia a invadir aquele lugar. Com um giro suave, a porta da cela se abriu, rangendo como um lamento de espíritos condenados. Okabe adentrou o espaço, que exalava um odor de desespero e decadência, e cada passo seu era um prenúncio de horrores inomináveis que estavam por vir.
No instante em que King Clown desencadeou sua habilidade de metamorfose, uma aura sombria envolveu o ambiente. Ele saltou com a intenção letal de perfurar a jugular do cientista, mas Okabe, com um sorriso que gelava a alma, formou um selo com as mãos e, como se invocasse uma maldição ancestral, fez o palhaço desabar no chão, paralisado pelo terror invisível que agora o dominava.
Kuroi, com o coração batendo em um ritmo frenético, sentia as memórias de tormento ressurgirem, cada uma como uma lâmina afiada cortando sua sanidade. A presença de Okabe era como uma névoa venenosa, sufocando qualquer vestígio de esperança. Ann, com olhos flamejantes de determinação, posicionou-se como um escudo humano diante de Kuroi, mas foi recebida por um punho brutal que a lançou contra a parede, seu grito de dor ecoando como um réquiem.
Mimi, paralisado pelo medo, era uma estátua de desespero, incapaz de intervir. Kasuga, no entanto, explodiu em um brado de revolta, sua voz rasgando o silêncio opressor:
— SEU MONSTRO, ELE MAL SOBREVIVEU À ÚLTIMA VEZ… DÊ-NOS UM DESCANSO, MALDITO!
Okabe suspirou, um som carregado de desdém e frieza. Ele desviou sua atenção de Kuroi, seus passos lentos e calculados em direção a Kasuga, prenunciando um destino cruel.
— Kuroi e Kasuga, vocês são criações quase divinas, capazes de futuramente abrigar fragmentos da essência de Aoshin, em breve poderão voltar para a sociedade e "servir" Kumogakure no Sato como verdadeiros soldados que devem proteger o nosso verdadeiro "rei". No entanto, suas falhas físicas são um empecilho para a próxima etapa dos experimentos… Um de vocês com as pernas petrificadas por causa das células de Hashirama… O outro com os braços transformados e prejudicados, que ironia desgraçada… Porém... A compatibilidade genética entre vocês é promissora por causa dos genes de Hashirama, então, é hora de sacrificar um para o avanço do outro. — O sujeito comentava naquele instante enquanto segurava firme seus óculos que estava preso em seu rosto. — As pernas de Kyosuke Kuroi serão transferidas para seu corpo, Kasuga... Esteja feliz... Você vai conseguir se mover novamente...
Kasuga iria arregalar seus olhos naquele instante, ele genuinamente se importava com Kuroi e não podia deixar aquilo continuar, porém, o que ele faria para impedir o avanço daquela loucura? Seus olhos nesse instante iriam se mover em direção da cama de Ann. Ele sabia que existia um objeto que podia ser utilizado como arma naquele local. Mas o que ele pretendia fazer? As memórias de Kuroi falhavam, mas ele sabia que aquele garoto era um verdadeiro seguidor do que era "certo", ele visivelmente não aceitaria receber as pernas do seu próprio companheiro de cela.
— Independente do senhor feudal ou de seu filho, sabemos que os maiores interessados em ter potências bélicas dentro de uma vila são seus próprios Kages, os quais têm controle direto e hierárquico sobre todos os ninjas. Não descarto a participação desse tal Yotsuki Kagehira, mas vejo a prioridade de criar shinobis fortes como uma atribuição do líder da aldeia e não do país. Responderia ao Kasuga, retrucando. Após, especialmente com a manifestação do Mimi, perceberia principalmente que fugir daquele local seria algo mais difícil do que parecia, assim como receber resgate. Não obstante, a necessidade de nos manter fora da vila e próximo às fronteiras era um indicativo de que talvez pudéssemos também apresentar algum perigo caso algo desse errado.
As falas do King Clown eram mais impactantes ao meu ver. — Entendo, então você tem habilidade de sensoriamento e consegue inclusive inferir a semelhança de meu chakra com um do País das Fontes Termais.Quando sairmos daqui procurarei a respeito disso, mas por hora é bom apenas guardar essa informação...— Se o Mizukage lhe enviou é porque acreditava plenamente que você era capaz de realizar uma missão desse nível, ainda que eu não conheça as pessoas de quem fala. Também não imagino que ele mande alguém resgatá-lo ou ao menos envie uma precatória ao Raikage para que ele possa fazer algo. Se fôssemos peças de um jogo de Shogi, seríamos apenas peões, infelizmente.
O clima de breve animosidade e reconhecimento chegaria ao fim. O...Okabe. Que péssima hora. Tremia de medo. Aquela coragem repentina causada aparentemente por um estado de desconhecimento estranho seria pulverizada com a presença daquele homem. Seus fios, sua voz e principalmente suas intenções nos arrepiavam. A facilidade a qual ele derrubou o King Clown sugeriria talvez um fuinjutsu específico que talvez todos nós, meros experimentos, possuiríamos, então certamente atacar diretamente não faria qualquer sentido. Tinha confiado demais que viria apenas um guarda qualquer e não justamente esse homem no próximo encontro, e a investida do garoto mascarado havia deixado claras nossas intenções.
— Ann!O que o Kasuga quis dizer com "ele mal sobreviveu?". O que será que aconteceu em meu último experimento!? Aoshin!? Por que esse nome me beira alguma familiaridade?— Não me importo com o que você quer de nós, muito menos com o "verdadeiro rei" de vocês. Aquilo por si só me dava a sensação de que talvez o Raikage não tivesse de fato plena ciência do que acontecia. Uma organização paralela dentro de Kumogakure no Sato aparentemente era a possibilidade mais sólida. — Imagino que isso vai me matar e que logo após o Kasuga poderá ser liberado se tiver êxito no transplante, certo? E após isso, por óbvio, estaremos perdendo nossas memórias, senão claramente vocês serão descobertos. Esse Aoshin é a pessoa na qual vocês querem trazer de volta, mas, quem são vocês? Estão agindo por trás dos panos. Quem é seu líder? O que o Kasuga quis dizer com "ele mal sobreviveu?". Após tentar extrair qualquer informação, suspiraria, vendo que nada poderia fazer diante desse cara e que expor a todos nós seria ainda mais arriscado. Sentiria também naquele momento uma bela paz com minha própria decisão, como se tivesse retirado um grande peso das costas e um profundo medo do coração. — Lembrem-se do que eu falei antes sobre sair daqui. Kasuga, Ann, Mimi, King: se um de nós sobreviver e mantiver a consciência terá como objetivo de vida eliminar esses desgraçados, independente de outras metas pessoais. Kasuga, não reaja, apenas aceite as pernas. Com elas você vai poder correr para bem longe daqui quando for liberado, e parte de mim ainda vai estar nesse plano. Vivam uns pelos outros. Adeus.
Me permitiria ser levado pelo Okabe. Se eu tivesse o domínio de algum elemental naquele momento, utilizaria contra o Kasuga caso esse decidisse insurgir-se contra minha decisão, senão, apenas gritaria para que ele acatasse.
Naquele instante sombrio, o sujeito ouviu a voz de Kuroi, um sussurro que cortava o ar como uma lâmina afiada. Seus olhos se voltaram para o garoto, e ele respondeu com um sorriso cruel, como se estivesse desvendando um enigma macabro:
— Não há necessidade de explicações para uma cobaia. Tudo o que você faz, cada escolha, cada movimento, já está inscrito em seu cérebro como um código genético que eu mesmo implantei. O seu livre arbítrio é uma ilusão, e você não passa de um fantoche nas mãos do “verdadeiro rei”. Aceite essa realidade, e talvez sua vida seja menos miserável. Mas, no final das contas, sua existência é apenas um grão de poeira na vastidão do universo.
Kuroi notando que nenhuma de suas dúvidas haviam sido respondidas, sentiu seu peito se encher de raiva e então ele proferiu com sua própria boca. Ele havia ordenado a eliminação desses desgraçados, e a sentença ecoou como um trovão nos ouvidos das cobaias. O medo se espalhou como uma praga, e eles se olharam, os olhos refletindo o terror que agora habitava suas almas. A ordem de Kuroi iria ecoar para todo sempre, reverberando nas mentes atormentadas daqueles que estavam sofrendo com ele.
Kasuga fecharia seus olhos naquele instante e apenas comentaria calmamente:
— Não... Isso não é certo, eu não vou aceitar isso... Se você quer que realmente lutemos contra eles, então não vou aceitar que você morra aqui!
No interior daquela sombria câmara de experimentos, o ar estava impregnado com o odor metálico da tensão. Kuroi até tentaria impedir o que estava prestes a acontecer, porém, a movimentação de seus braços era praticamente nula demais para tentar fazer alguma coisa naquele instante. Kasuga, suas pernas inúteis e a determinação ardendo em seus olhos, lançou-se com a força que tinha em seus braços. Seus músculos retorcidos, como serpentes de fogo, desafiavam a própria gravidade. Com um grito primal, ele caiu gerando um impacto contra o chão de concreto que reverberou como um trovão, ecoando pelas paredes úmidas e sujas.
Okabe, o cientista antipático, observava a cena com olhos sem emoção. Seus óculos refletiam a luz fria derivada de algumas velas que existiam do corredor, e um sorriso sem emoção dançava em seus lábios. Ele havia criado essas cobaias, moldando-as à sua vontade, e agora as via se rebelando...
— Determinação e sentimento de justiça... — murmurou Okabe, sua voz um sussurro sinistro. — Uma qualidade admirável, mas inútil quando se está preso em corpos tão frágeis. Aceite seu destino, Kasuga... Ouça seu companheiro de cela. A dor será breve, você provavelmente vai agradecer o tempo passado aqui no futuro.
Mas Kasuga não estava disposto a aceitar. Seus dedos encontraram algo sob a escuridão que existia logo abaixo de uma cama daquela imensa prisão, algo que Ann, a garota, havia escondido. Eram chifres extremamente pontiagudos. Ele os ergueu, sentindo o peso e a textura áspera. Era como se uma própria besta ancestral estivesse guiando sua mão.
Ann, no chão, se levantou com agilidade felina. Seus olhos verdes brilhavam com uma mistura de medo e determinação. Ela lançou um chute em direção ao rosto de Okabe, mas ele bloqueou com facilidade com o antebraço. Um golpe aparentemente inútil, porém a distração de Ann foi a oportunidade que Kasuga precisava.
Com um grito primal, ele arremessou um dos chifres em direção ao cientista como se fosse uma kunai sendo jogada por um verdadeiro shinobi. O objeto cortante voou como uma flecha envenenada, acertando precisamente a bochecha de Okabe. O sangue jorrou, e o homem cambaleou para trás, os olhos arregalados de horror. O chifre perfurou a carne, atravessando a bochecha e atingindo o fundo de sua garganta. Okabe engasgou, sufocando-se com seu próprio sangue e por fim, iria cair no chão.
O quarto se encheu com o som da agonia, o cheiro metálico se intensificando. Kasuga, Kuroi e Ann se entreolharam... No entanto, antes que pudessem fazer alguma coisa, eles apenas veriam o cientista arrancar o chifre que estava jogado em sua garganta e se levantar de uma forma aterrorizantemente sobrenatural. Por fim, eles apenas veriam os fios negros de seu corpo se juntarem e começaram a costurar seu ferimento, tanto da bochecha e a garganta. Então o sujeito iria suspirar e encarou o garoto Kasuga naquele instante, era notável que aquilo havia irritado ele.
O ar se partiu como um vendaval, e Ann e Kuroi mal tiveram tempo de processar o que estava acontecendo. O punho do homem de óculos, uma força primordial, atingiu Kasuga com a precisão de um raio. O impacto foi devastador, como se o próprio universo estivesse conspirando contra o jovem garoto. Ele voou, um boneco de pano desamparado, até colidir com a parede de concreto. O som do impacto foi ensurdecedor. A cabeça de Kasuga bateu com força, e o mundo girou em um redemoinho de dor e escuridão. Era impossível sobreviver a algo assim. Os ossos se fragmentaram, o crânio se rachou, e a vida parecia escapar do corpo do garoto como areia entre os dedos. Mimi simplesmente havia congelado e Ann iria olhar aquilo incrédula e com uma raiva tão intensa que seus olhos pareciam explodir a qualquer instante, era a primeira vez que aquele sujeito tinha utilizado um golpe tão forte contra eles.
— Merda... Ele vai ficar completamente irrecuperável depois dessa, que saco... Bom, ainda temos o Kuroi-san de qualquer forma.
Dessa vez até mesmo Mimi, o garoto covarde não conseguiu suportar, ele tentou avançar para cima daquele sujeito, Ann também tentou... Talvez Kuroi originalmente tentasse fazer algo, mas suas memórias acabariam naquele instante, sem dar tempo para ver o que tinha acontecido depois daquilo.
Memórias de Kyosuke Kuroi [1/8]
- Ego "Kyuiin" agora consegue falar. - Ego "Kyuiin" tem direito a uma técnica Rank C de sua escolha.
Kyosuke Kuroi estava sentado à mesa do escritório do cientista responsável pela implementação das células de Hashirama. Diante dele, um tabuleiro de shougi revelava uma partida em progresso contra Lilian, que observava atentamente seus movimentos. O jovem tossia com frequência, ainda debilitado pela recente aplicação das células experimentais em seu corpo, cujos efeitos começavam a se manifestar de forma imprevisível. Por algum motivo, os braços de Kuroi estavam ficando cada vez mais endurecidos, o que dificultava mover as peças. Porém, Ichigo tinha desenvolvido um remédio especialmente para isso, e parecia retardar os efeitos das células de Hashirama em seu corpo.
Nos últimos tempos, o setor antes sob a exclusiva supervisão de Ichigo fora tomado por uma série de cientistas sinistros — figuras grotescas, remendadas e perturbadoras, cujas atitudes refletiam um desprezo absoluto pelas crianças capturadas de Kumo. Para eles, os pequenos eram apenas experimentos descartáveis, e as sucessivas mortes e desaparecimentos transformavam o ambiente num verdadeiro inferno. No entanto, Ichigo, com seu sucesso em avanços científicos, ocasionalmente conseguia salvar algumas crianças daquela atmosfera opressiva. Seu chefe, Myuzaki, embora permitisse certa autonomia ao assistente, exigia resultados crescentes e não hesitava em pressioná-lo cada vez mais.
Ichigo, uma figura curiosa e complexa, era mais que apenas um subordinado de Myuzaki; era também uma das primeiras cobaias que, graças a sua astúcia e memória prodigiosa, conquistara uma posição de pseudo-independência. Embora possuísse certos privilégios, era ainda um cientista escravo, subordinado às ordens de seu superior. No entanto, ao contrário dos outros cientistas filiados a Myu, ele se recusava a tratar as crianças com a indiferença fria e violenta exigida por Myuzaki. Para Ichigo, independentemente de onde vieram, eram crianças — um vislumbre de humanidade que ele insistia em preservar em meio ao caos e horror da torre. Curiosamente, graças ao comportamento amável, inclusive, as crianças de seu setor, eram aquelas que mais sobreviviam a longo prazo e apresentavam de certa forma, uma evolução melhorada de suas habilidades. Apesar de que... Ele visivelmente não seguia os métodos que eram exigidos pelo indivíduo que administrava aquela torre.
Naquele instante, Kuroi, Lilian, Ann e Kasuga estavam reunidos no escritório de Ichigo, que observava atentamente a partida de shougi, lançando ocasionalmente dicas sobre como os jovens poderiam aproveitar melhor as peças capturadas. O cientista, embora reservado, parecia satisfeito em oferecer algum aprendizado aos pupilos diante de si. Ichigo ocasionalmente levaria algumas crianças para seu escritório, para deixá-las brincar, jogar ou ler algum livro, ele também ocasionalmente as fazia andar com ele para fora da torre para ver as árvores e rios próximos, que de acordo com ele, fazia bem para a mente de todos eles.
Kasuga revirou os olhos, jogando os braços para cima com uma expressão de tédio:
— Qual é a graça de ficar jogando shougi o dia inteiro, Kuroi? Que chato... Vamos jogar outra coisa! Temos quatro crianças aqui, afinal... — Ele reclamou, claramente entediado.
Ann, encostada contra a parede e distante do grupo, apenas murmurou com desprezo:
— Brincar? Isso é uma piada? Somos nada mais que ratos de laboratório… Não posso acreditar que vocês ainda têm inocência para perder tempo com esse joguinho de tabuleiro depois de tanto sofrimentos nas mãos daqueles merdas. É um bando de criança mesmo.
Lilian inflou as bochechas, contrariada, encarando Ann com olhos faiscantes:
— Claro que somos crianças, sua ex-chifruda esquisita! Por causa desse seu comportamento irritante, que você vive machucada… É claro que os adultos vão ter de punir fisicamente!
Kuroi e Ichigo, mal reagiram às provocações entre as meninas, já que estavam concentrados na partida de shougi e por isso não notaram a troca de farpas entre as duas meninas. Mas Ann, com um gesto repentino e infantil, avançou em direção de Kuroi e Lilian, e jogou o tabuleiro deles para o alto, espalhando as peças pelo ar, até se chocar com chão em um tilintar seco. Uma rachadura no tabuleiro seria visivel na estrutura principal do brinquedo, fazendo Lilian ficar com seus olhos arregalados.
Lilian, num ímpeto de fúria, se lançou sobre Ann, tentando puxar seu cabelo. Com um movimento ágil, Ann desviou, deixando que Lilian caísse desajeitadamente no chão. Observando a cena, Ann lançou-lhe um olhar gélido e sussurrou:
— Se vocês têm tempo para brincar, ótimo. Só não reclamem quando esses adultos esquisitos acabarem matando vocês… Se me ajudassem mais no meu plano de fuga, já teríamos escapado desse inferno faz tempo. E... — Aproximando-se de Lilian, disse em um sussurro cruel, bem próximo de seu ouvido. — E quem é você para falar dos meus antigos chifres, hein? Eu perdi os meus, e você perdeu seu cabelo. Quem é a mais esquisita agora, ein?
Um silêncio pesado pairou no ar até que Ichigo, que até então mantinha-se em silêncio, ergueu a voz firme:
— Ann... Lilian... Chega! — Pela primeira vez, ele impôs autoridade. — Peçam desculpas uma para a outra, agora.
Ele se interpôs entre elas, a expressão séria. Lilian, com os olhos marejados, desviou o olhar para o chão. Ann, por sua vez, simplesmente deu as costas, atirando-se no sofá ao fundo da sala.
— Desculpem se estraguei o joguinho de você e seu namoradinho... Eu só quero... voltar para casa… Brincar, apenas me parece perda de tempo. — murmurou Ann, sem olhar para ninguém, mas depois de um longo suspiro. — Certo... Me desculpe... E-eu... n-não queria ser e-escrota, p-perdão.
Lilian manteve-se em silêncio, o olhar fixo no chão, recusando-se a responder. Ichigo soltou um longo suspiro, até que o rádio em seu bolso começou a apitar — o som monótono e inquietante que eles já reconheciam. Era o mesmo som que ecoava por toda a instalação sempre que um dos cientistas daquela região cometia suicídio. O motivo era um mistério para as crianças, e Ichigo sempre evitava falar sobre as razões por trás disso, principalmente quando era mencionado o setor onde King Clown estava. Havia rumores entre eles de que um experimento ainda mais perigoso estava em andamento naquela área, mas Ichigo se limitava a um silêncio sombrio.
Com uma expressão cansada, Ichigo se acomodou no sofá ao lado de Ann, murmurando algo inaudível. Ele finalmente ergueu o olhar e os encarou, a expressão visivelmente abatida.
— Kuroi... Kasuga... Lilian... Ann... — Ele virou a cabeça para o lado, tentando disfarçar o pesar. — Eu prometo a vocês, vou conseguir tirar todos dessa situação. Mas, por favor, parem de brigar, certo? Vou conversar com o meu chefe em breve, e apresentar os resultados que consegui até agora. Se tudo der certo, vocês logo... logo vão sair daqui.
Kuroi que estava quieto até então, notou que seu tabuleiro estava destruído graças a uma atitude estúpida de Ann, o garoto por instinto iria observar o escritório de Ichigo e notaria uma quantidade absurda de livros naquela região. E tinha uma coisa que parecia ser um computador arcaico, uma tecnologia que ele já tinha ouvido falar, porém poucos tinham acesso. Havia também, as chaves de Ichigo em cima da mesa, que provavelmente davam a oportunidade de acessar a maioria das portas daquela torre. Será que eles não conseguiriam fugir se usassem elas?
Em um piscar de olhos lá estava eu, no passado. Apesar de ter alguma consciência de que aquilo pudesse ser uma ilusão, minha sensação era de que tudo era real e eu estava preso ali. As dicas do Ichigo me lembravam muito a reconfortante voz que ouvia poucos segundos antes de ter minha sanidade tombada, fazendo um paralelo emocional com aquilo ali. Se no presente eu estava bem mas revivia um passado terrível, ali no passado apesar de já ter vivido coisas ruins, imaginava que o pior ainda estava por vir.
— Kasu-kun, você sabe que eu só sei jogar shogi. Qualquer outra coisa eu sou um fracasso e não tem nada pior que ser um fracasso. Se formos experimentos fracasssados você já sabe o que vai acontecer, não é? Então entenda que cada um busca fazer o que é bom para não falhar. Peões precisam fazer o movimento correto, mas são dispensáveis, agora imagine se um cavalo erra o ataque e fracassa? Perde-se uma peça valiosa e as consequências são irreversíveis.
Mal tivemos tempo de continuar o jogo e a confusão entre as duas garotas havia se estendido de uma maneira que não gostaríamos, com ambas se ofendendo. — Ann-chan! Lily-chan! Parem, por favor! Nós devemos sobreviver até que o Ichigo nos... nos salve. Se brigarmos aqui, morreremos todos. Nem todos são espertos como a Lily ou fortes como a Ann, então vamos ter calma! Olhava o tabuleiro partido com as peças jogadas por todo o chão. Algumas peças estavam viradas para baixo, e, arrumando rapidamente antes que a confusão aumentasse, percebia que era a do Rei a última a ser posta no sentido correto.
Com o passar da situação, estávamos sozinhos no recinto, tendo algumas variadas opções de ação. — Todos sabem que não é uma boa ideia tentar fugir, até porque isso só sobraria para o Ichigo. Porém, não nos foi dito que era proibido mexermos nas coisas. Hm, vamos nos dividir? Ann e Kasu, vocês podem procurar algum livro naquelas estantes. São fortes fisicamente então conseguem carregar a maior pilha possível até achar um bom. Lily-chan, preciso de sua inteligência aqui nesse computador. Vamos ler o que está escrito por aqui. Ah, e não ligue muito pras palavras da Ann-chan. Você sabe que ela não toma muito cuidado quando está nervosa. Bom, se quiser eu posso cortar meu cabelo e doá-lo, mas você ainda fica muito fofa desse jeito!
Enfim. Não perderia mais tempo e procuraria algo relevante no computador enquanto esperaria os outros.
Lilian, que até então estava com o olhar cabisbaixo e um leve brilho de lágrimas nos olhos por causa dos comentários de Hagoromo Ann, ficou surpresa quando ouviu o comentário fofo de Kuroi. Seus olhos arregalaram-se e um leve rubor coloriu suas bochechas.
— Eehhh, não toque no seu cabelo lindo, por favor... E-ele é bom assim, Kuroi-kun. — A garota parece temer que Kuroi fosse estragar seu corte de cabelo por causa dela, após isso, a garotinha iria encarar o chão por um breve segundo. — E... você está sendo apenas gentil, não é? Minha falecida mãe falou uma vez, que o cabelo é a alma de uma mulher... E que eu deveria cuidar do meu, não importando o que acontecesse. Eu... meio que falhei, nisso... B-bom... Se você realmente me acha f-fofa, talvez não seja de todo m-mal.
Kasuga apenas iria encarar a cena e falaria num tom baixo:
— Nunca vou entender essa aproximação de vocês dois, credo... Tem um problema comigo vasculhar os livros, eu não sou muito bom de ler... Ann-chan, vai ter que fazer isso sozinha pelo visto.
Ann iria suspirar e parece acatar os comandos de Kuroi, ela parece pegar um grande livro escrito a mão que existia no ambiente e começaria a ler. Por um instante, Lillian parecia perdida, como se não soubesse como reagir, mas logo seus lábios curvaram-se num pequeno sorriso, e a tristeza deu lugar a uma animação adorável. Com um brilho renovado, ela deu um pulo, quase tropeçando de tão animada, e se apressou a se sentar diante do computador, na frente de Kuroi, sem perder tempo. Apontou para a tela que, surpreendentemente, a tela acendeu sozinha, o que fez Kuroi estranhar aquele acontecimento, computadores obviamente não funcionavam assim, o que raios ela tinha feito?
Com um movimento agitado, a garota erguia os braços praticamente falava:
— Uh... Certo, acho que eu me lembro, como acessar isso... — A garota mexeu no teclado como se já tivesse acostumada. — Tem bastante coisa interessante na rede deles, porém... Ahn, tem algumas palavras complicadas aqui e algumas fotos meio assustadoras aqui e ali... É contigo, Kuroi-kun.
Informações encontradas dentro do computador:
PROJETO LIV - General de Ouro :
Resumo do Projeto LIV
O Projeto LIV visa infundir uma Essência de Alma Primordial em jovens cuidadosamente selecionadas, com o objetivo de despertar nelas a habilidade especial chamada Potencialização Espiritual Integrada (P.E.I.). Essa habilidade, pensada como antítese da "Nulificação de Maldição", busca amplificar o poder espiritual e energético das participantes, permitindo a manipulação e intensificação de energias ao seu redor. Tal poder que era inicialmente de Aoshin(1), que foi-se historicamente perdido após sua luta com Yoi e Warui. Seria possível através dessa capacidade de potencializar qualquer manifestação de chakra ou energia espiritual, para uma potência jamais vista. Caso esse processo tenha sucesso, futuramente o projeto de unificar Nulificação e Amplificação poderá ser possível.
Até o momento, as participantes com maiores índices de compatibilidade incluem:
Lilian – Compatível, porém, sem qualquer sinal de despertar a habilidade até o presente estágio. Uma compatibilidade potencialmente inútil. Lazuli – Incompatível; seu organismo está em rápido colapso, e espera-se que ela sucumba em breve. Anna – Parcialmente incompatível, manifestando sintomas de Demonificação.
Além dessas, outras participantes passaram por destinos cruéis devido à incompatibilidade:
Mira – Sua essência foi consumida pela infusão, resultando em um estado de calcificação especial total, deixando-a como uma estátua sem consciência. Sophia – Desenvolveu uma reação extrema, levando a uma combustão espontânea durante a fusão, sem qualquer chance de estabilização. Ivy – Manifestou traços de desintegração celular acelerada, resultando em uma rápida e irreversível decomposição do corpo.
Esses resultados indicam riscos críticos e reações imprevisíveis, mas os financiadores continuam determinados a prosseguir na tentativa de estabilizar a P.E.I., com a esperança de alcançar um poder amplificado de aplicações ilimitadas.
Projeto Hashirama - Rei :
O Experimento Hashirama busca reproduzir o poderoso potencial genético do lendário Senju Hashirama através da implantação de suas células em jovens geneticamente predispostos. O objetivo principal é despertar a Kekkei Genkai conhecida como Mokuton, que permite a manipulação avançada de técnicas de madeira e regeneração, aproveitando as propriedades únicas de cura e controle celular das células de Hashirama. A principal dificuldade reside na necessidade de sincronizar essas células exógenas com o sistema imune e o fluxo de chakra dos sujeitos de teste, sem causar rejeição.
Até o momento, os sujeitos mais promissores identificados no programa são Kuroi e Kasuga, ambos apresentando uma compatibilidade genética excepcional com as células de Hashirama. Essa compatibilidade é rara, e suas frequências de chakra e padrões bioenergéticos mostram um alinhamento surpreendente com o perfil original do doador. No entanto, ambos possuem um corpo estruturalmente frágil, fator que impede uma ativação natural do Mokuton sem efeitos colaterais graves.
Para contornar a fragilidade física de Kuroi e Kasuga e induzir a ativação das habilidades Mokuton, foram identificadas várias formas de estimulação emocional extrema como potencial catalisador do despertar. Estudos teóricos e práticas de simulação sugerem que o estresse emocional intenso, como estados de medo profundo, perda, ou perigo iminente, podem provocar uma resposta do sistema de chakra, que atuaria como uma espécie de ‘gatilho’ interno, forçando a adaptação do corpo e permitindo a manifestação do poder Mokuton. Acredita-se que a liberação súbita e intensa de chakra necessária para a sobrevivência em momentos de extremo estresse aumentará as chances de adaptação com o material genético implantado.
Nas fases iniciais de observação, foi notado que:
Kuroi: Em momentos de angústia e desespero, seu sistema circulatório de chakra mostrou sinais de hiperatividade e reorganização, uma reação consistente com a ativação parcial do Mokuton. Em condições de laboratório, sua regeneração celular também apresentou picos elevados, demonstrando uma resiliência regenerativa aumentada, embora não inteiramente estabilizada. O Cientista Ichigo, alega que provavelmente, Kuroi irá desenvolver tais habilidades com o tempo. Porém, outros cientistas discordam, alegando que não vale o investimento.
Kasuga: Em resposta a estados de alerta extremo, Kasuga demonstrou capacidades emergentes de controle celular, com pequenas ramificações de madeira surgindo em sua pele durante os testes. Contudo, o uso da habilidade foi fugaz, sugerindo que o corpo ainda precisa de maior exposição ao chakra para sustentar a Kekkei Genkai. Porém... Seu crescimento nessa área parece melhor que Kuroi. Ele já demonstra a capacidade de utilizar Mokuton de baixo nível. Myuzaki parece consolidar que ele será oferecido para Kumogakure como projeto estável.
Esses resultados também sugerem que o estímulo emocional intenso é viável para ativar o Mokuton em sujeitos compatíveis, ainda que seus corpos frágeis representem uma barreira significativa. Myuzaki recomenda-se que os próximos estágios incluam:
1- Simulações de combate, opressão e cenários de alta pressão psicológica controlados para despertar novas habilidade; 2- Apoio fisiológico e energético, por meio de infusões regulares de chakra, para reforçar as reservas naturais de ambos e sustentar a atividade Mokuton;
A continuidade desse experimento é fundamental para desvendar os mecanismos de ativação da Kekkei Genkai em indivíduos compatíveis, e, se bem-sucedido, pode abrir novas fronteiras na engenharia genética aplicada ao controle de chakra e habilidades especiais.
Arquivo Tanaka - Relato :
Relatos do Cientista 05, encontrados logo após sua tentativa bem sucedida de suicídio após a Adição Caótica em seu corpo.
A velha humanidade está condenada. Alimentação? Água? Saúde? São conceitos arcaicos, que sufocam o potencial humano! Eu, Dr. Tanaka, compartilho a mesma idéia que o financiador, nós humanos podemos ser inteligentes, mas estamos presos nesses corpos patéticos e nada divinos, do que adianta termos a inteligência divina, se nossos corpos são repugnantes e limitados? Com os estudos do grandioso Doutor Myuzaki, o caminho para uma nova era está muito próxima. Uma sociedade onde seres humanos não precisarão de NADA para viver. Nada! A existência livre da carência patética de comida, água, ar. Essa carne fraca e frágil, essas prisões chamadas de corpos mortais, tudo isso será varrido pela perfeição que vou criar.
Eles me chamaram de louco, mas meus mestres, meus guias, os meus principais objetos de estudo, as verdadeiras entidades de poder – o Edo Tensei, as Bijuus, o Culto Jashinista – todas essas formas de imortalidade são as pedras fundamentais, as chaves para a criação da nova espécie!
Edo Tensei: Ah, como me fascina essa ressurreição controlada! Cadáveres andantes com poderes incalculáveis, com regeneração sem fim, sem necessidade de beber, comer, ou respirar! Se Tobirama Senju alcançou isso com cadáveres, então o que EU, Iroji Tanaka, O CARA MAIS FODA QUE JÁ EXISTIU, não posso alcançar com seres vivos?
Bijuus: Seres feitos de chakra puro, energia infindável que nunca cessa, nunca se dissipa! Uma energia que eu, agora, domino, ou pelo menos brinco de domar. A humanidade presa à comida e à bebida é uma piada – eu darei a eles o corpo dos Bijuus! Eles viverão sem ar, sem o estômago revirado pelo vazio, sem os caprichos da fome e da sede! Eles vão evoluir ou serem destruídos!
Jashinismo: Ah, a ironia das maldições jashinistas! Uma vida sem fim, um corpo que não morre, atado ao caos absoluto. Vou eliminar essa loucura e transformar a imortalidade em disciplina e obediência! Vou transcender o Jashinismo, libertar o corpo da corrupção mortal e da miséria das necessidades humanas. Sangue, dor? Necessidade é para os fracos! Eles serão como deuses, mas deuses obedientes, eternos, sem uma única fração de fraqueza humana!
A nova sociedade está próxima, eu posso sentir! Humanos absolutos, humanos que não precisam de nada! Uma humanidade imortal, forte, brilhante, como nada que o mundo já viu! Um mundo que, sob minha criação, estará livre das limitações patéticas de corpos mortais. Eu, Tanaka, logo verei essa sociedade perfeita se erguendo, enquanto a velha humanidade sucumbe. Que todo o resto apodreça, EU ODEIO TODOS VOCÊS, SEUS ANIMAIS INFERNAIS, SUCUMBAM!
Alma de Fios Negros - Elemento Caótico :
A Alma de Fios é uma substância orgânica composta por fios finíssimos que se infiltram nos corpos de suas vítimas, entrelaçando-se com o sistema nervoso e os órgãos vitais. Desenvolvida pelo gênio visionário Myuzaki ao estudar o demônio elemental que não existe mais, essa substância foi criada para despertar o potencial físico, potencial intelectual e a criatividade dos cientistas, promovendo uma explosão de ideias inovadoras. Entretanto, a Alma de Fios também infunde os hospedeiros com o Elemento Caótico, uma força primitiva que amplifica pensamentos e emoções até o ponto da insuportabilidade, algo observado em todas as entidades primordiais. Enquanto os cientistas podem alcançar soluções brilhantes com essa energia, eles rapidamente se tornam escravizados por suas próprias mentes, mergulhando em uma loucura incontrolável.
Myuzaki, em sua busca incessante por transcendência e inovação, vê essa degeneração mental como um sacrifício necessário para forçar os limites da razão. Em sua mente brilhante, a loucura é um preço a pagar por um futuro onde a criatividade e a invenção reinam supremas, e ele se considera o arauto dessa nova era – mesmo que suas criações destruam aqueles que mais prezam. Assim, a Alma de Fios se torna tanto uma ferramenta de poder quanto uma maldição, refletindo a complexidade da visão de Myuzaki e sua busca implacável pela evolução.
ACESSO RESTRITO - Apenas o Admin pode observar informações mais detalhadas sobre esse experimento.
Projeto Shinju :
Após a morte de Hashirama Senju, a dissociação de sua energia espiritual resultou na formação da Grande Árvore Hashirama no País da Cachoeira. Este organismo colossal, cujas raízes se entrelaçam no solo e cujos galhos se estendem até o céu, contém um vasto repositório de energia vital que remete à essência de Hashirama. Myuzaki, o cientista-chefe, teoriza que a Grande Árvore pode ser a chave para a criação de uma nova árvore lendária conhecida como Shinju, mencionada em registros antigos como uma fonte de imenso poder. Ele acredita que, ao estudar a composição biológica e a energia residual da Grande Árvore, poderá manipular esses elementos para recriar a Shinju, potencialmente redefinindo o equilíbrio do mundo shinobi.
Nós enxergamos a Grande Árvore não apenas como um legado histórico, mas como um laboratório vivo para experimentação. Nossa busca insaciável por conhecimento e poder o impulsiona a explorar os limites da biologia e da energia espiritual, numa tentativa de transcender as fronteiras da existência e alcançar a divindade através da Shinju.
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Aoshin, ??? e Yoikami :
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Motor Infinito de Aprendizagem: Tajuu Kage Bunshin :
O Tajuu Kage Bunshin no Jutsu é um jutsu de bunshinjutsu avançado que cria um número massivo de clones idênticos ao usuário, cada um com uma porção de seu chakra e consciência. Ao contrário de clones convencionais, os criados com o Tajuu Kage Bunshin são tangíveis, com capacidades independentes e capazes de realizar tarefas, habilidades e aprender de forma autônoma. O verdadeiro potencial desta técnica, porém, está na aplicação para aceleração de aprendizagem.
No contexto de treinamento, cada clone criado através do Tajuu Kage Bunshin pode praticar habilidades, jutsus, ou estudos específicos. Quando um clone se desfaz, todas as experiências, conhecimentos adquiridos e insights que ele obteve retornam ao usuário original, formando uma síntese cumulativa de aprendizado. Assim, um ninja pode multiplicar suas sessões de treinamento exponencialmente em pouco tempo.
Por exemplo, ao criar 100 clones e designá-los a estudar diferentes aspectos de um mesmo jutsu, o usuário economiza anos de prática em questão de dias ou semanas. Este método é utilizado para dominar desde jutsus elementares complexos até a análise de estratégias de combate, já que cada clone contribui para o aprendizado integral. Porém, o Tajuu Kage Bunshin por esse método, exige uma imensa quantidade de chakra e uma resiliencia mental absurda, limitando-o a usuários com reservas extraordinárias de energia, como Senju Tobiramai, que explorou o potencial deste jutsu com grande eficiência para melhorar seus estudos e na sua intensa criação de jutsus que quebram o equilibrio da realidade, porém, ele ficava dias em estado acamado até conseguir se recuperar totalmente após a criação de um novo recurso.
O que ocorre, quando isso é aplicado nos nossos estudos?
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Ichigo observava à distância, os olhos fixos nas crianças que vasculhavam informações, sem dizer uma palavra. Em silêncio, ele estudava o tabuleiro de shougi quebrado, seus dedos pairando sobre a peça do "rei", como se sua mente estivesse em algum acontecimento distante. Foi nesse instante que a porta de seu escritório se abriu com um estrondo ensurdecedor.
Kasuga, que estava próximo da entrada, foi brutalmente arremessado contra uma estante de livros. Seu corpo bateu violentamente, e o som oco do impacto ecoou pela sala; sua cabeça chocou-se com força, e ele desabou, inconsciente, numa poça de sombra crescente. Ann saltou para junto dele, os olhos arregalados ao ver o fio de sangue que escorria pela nuca de Kasuga. Quando seus olhos se ergueram, o choque paralisou-a por um segundo eterno.
— Mas... Mas... Que... coisa... é essa?
— O monstro do Setor 01, merda... Kuroi, Ann, Lillian... Para trás de mim, rápido. — Falou o cientista, tentando proteger principalmente Kuroi e Lillian daquele monstro.
Uma criatura grotesca, formada por fios de líquido negro e viscoso, se arrastava para dentro do laboratório de Ichigo. Em um movimento predatório, a gosma avançou sobre Ann, que apenas teve tempo de sentir um frio invadir sua boca enquanto um fluido espesso e repulsivo a dominava, deslizando até a garganta. O corpo dela começou a absorver a substância, e logo ela desabou, convulsionando, seus olhos fixos em um vazio agonizante enquanto se afogava naquele horror, agonizando aos olhos aterrorizados de Lilian, Ichigo e Kuroi.
Ichigo arregalou os olhos, sentindo um terror gelado percorrer sua espinha. Sem perder tempo, suas mãos tremulas mergulharam nos bolsos, de onde puxou uma agulha longa com um guizo amarrado, que tilintava de leve, como um sinistro prenúncio. Lilian, tomada pelo medo, agarrou-se às costas de Kuroi, escondendo-se como se ele pudesse protegê-la da cena horrenda. Mas, mesmo o Kyosuke, geralmente imperturbáveis, estavam petrificados pela visão à frente.
De repente, Ann, em um movimento brusco e antinatural, levantou-se com os olhos vazios e focou diretamente em Kuroi, avançando com um impulso feroz, sua força física tinha aumentado tanto, que o solo em seus pés rachava a cada passo da garota, o punho fechado pronto para desferir um golpe contra Kuroi. No entanto, Ichigo foi mais rápido. Com precisão calculada, ele lançou a agulha com guizo entre eles, que, ao atingir o chão, produziu um som agudo e penetrante, ecoando intensamente pelo ambiente, atingido todos envolvidos.
Ao som estridente, a criatura negra foi arrancada do corpo de Ann como um fluido inquieto e distorcido, revirando-se em agonia e fugindo desesperadamente, escorrendo como uma sombra viva que se dissolvia pelas rachaduras da porta e fugindo em direção de outros quartos.
Ichigo notando aquilo, rapidamente falaria:
— Kuroi... Lilian... Fiquem por aqui, cuidando do Kasuga e Ann, certo? Aquele monstro é um experimento descontrolado que tem a capacidade de adentrar no corpos das pessoas e causar um processo de demonificação incontrolável. Tenho que prevenir que ele não vai tentar atacar alguma outra criança... Se estiverem em perigo... Utilizem os selos de mão "Coelho - Rato" e vou ser capaz de saber suas localizações e irei de encontro rapidamente a vocês. Certo?
Lilian parecia apavorada demais para ouvir qualquer coisa que Ichigo falasse, porém... Antes que Kuroi pudesse falar alguma coisa, Ichigo já havia saído daquela sala, em busca de tentar conter aquele monstro. A breve intensidade de combate fez Kuroi perceber uma coisa, talvez, ele conseguisse conter aquele monstro. O poder que Ichigo havia implantado em Kuroi, parecia finalmente estar se manifestando em seu corpo, ele talvez... Fosse capaz de fazer alguma coisa.
Kyosuke Kuroi agora é capaz de utilizar "Mokuton: Daijurin no Jutsu"
Por fim, qual seria o próximo movimento de Kyosuke Kuroi? Iria ele atrás de Ichigo, confrontando o perigo de frente? Ou priorizaria a segurança de Lilian, Ann e Kasuga, assumindo o papel de guardião? Talvez ele tivesse outro plano em mente, algo que escapasse à lógica previsível. Os corredores escuros, por sua vez, pareciam sussurrar ameaças das sombras; a escuridão espessa tornava-se um adversário, moldando-se contra ele, transformando cada passo em um risco calculado. Qualquer incursão naquele território significava abraçar a desvantagem, um terreno onde inimigos invisíveis aguardavam – prontos para atacar a qualquer deslize.
[...]
Kyosuke Kuroi: HP - 50, Chakra - 150, Sanidade - 50
A pequena Lilian não parecia em nada a Lilian que vi nos Redemoinhos no futuro. Em vez de uma criatura horripilante, estava a minha frente uma criança dócil, amável e bem envergonhada. — Lily-chan, você é muito inteligente, conseguiu rapidamente fazer esse computador funcionar. Obrigado e deixe comigo aqui. Ah, e não se culpe pelos seus cabelos, se desprender de aparências ou coisas do tipo faz bem também de vez em quando, veja só minhas roupas! Tentava agradar a garota, já que as condições dela pareciam ser as piores dentre todos os pequenos experimentos. Ao ler parte daquelas informações, parcelas de minhas memórias atuais se mesclavam às do pequeno Kuroi ao ler todos aqueles nomes. Hashirama, Aoshin, Yoikami, Shinju, tudo me parecia importante até demais, a ponto de que sabia que em algum momento eu partilharia essas informações com meus novos companheiros.
Rapidamente, o cenário que era de estudo, aprendizagem e companheirismo tornava-se perigoso. Uma criatura humanoide atingia o Kasuga, fazendo-o ser arremessado por metros além. Espe-espera... essa não é a Alma de Fios!? Lembrava-me em choque do que havia acabado de ler, sabendo que provavelmente esse era o experimento mais perigoso que ditava os rumores, ainda mais perigoso que a onda de suicídios causadas pelo Ken. Sentia uma fagulha em meu peito, não só de medo, mas também como uma revelação. Era como se rapidamente eu tivesse aprendido algo.
Kuroi: Em momentos de angústia e desespero, seu sistema circulatório de chakra mostrou sinais de hiperatividade e reorganização, uma reação consistente com a ativação parcial do Mokuton.
Eu sou... eu sou capaz de fazer isso?
Não poderia gastar muito tempo pensando, especialmente tendo que agir rapidamente. Primeiro deveria garantir a segurança dos outros, depois teria de ajudar o Ichigo. Não poderia falhar em nenhuma das duas atividades. — Lilian! Presta atenção. Não sei se você tem alguma habilidade em combate, mas mesmo se não tiver, precisa cuidar deles dois.Será se é só eu pensar nisso para dar certo!?..
Atingiria uma parede com o Mokuton: Daijurin no Jutsu, criando um pequeno buraco nela que permitisse a evasão para outro local. — Se esconda por ali e leve eles consigo, eu vou ajudar o Ichigo! Se estiverem em perigo faça os selos que ele mandou.
Assim, após garantir que as outras crianças teriam por onde fugir, correria atrás da criatura e do cientista. Se eu percebesse algo chegando até mim, utilizaria a técnica recém aprendida para deter o que fosse. Se percebesse apenas em curtíssimo alcance, utilizaria contra o chão para que eu pudesse passar por cima da ameaça. Se chegasse no Ichigo, exclamaria que tinha conquistado uma técnica do Experimento Rei e pediria para que ele coordenasse seu movimento paralisante com meu Mokuton.
Lilian parece ficar assustada com os comandos de Kuroi, o garoto com um movimento simples iria gerar uma quantidade absurda de madeira em linha reta, destruindo completamente uma parede que estava em sua frente e abrindo um quarto isolado, para que a garota pudesse se esconder com Ann e Kasuga que estavam completamente desmaiados. A garota enfraquecida pelo câncer, parecia começar a chorar, afinal, ela era apenas uma criança, não queria passar por tudo aquilo e não queria deixar Kuroi para trás.
— Mas... Mas... C-certo, eu vou proteger e-eles... Mas... Você também, precisa ser p-protegido. Eu não quero que você m-morra...
Com certo esforço a garota, posicionaria os corpos de Ann e Kasuga no local que Kuroi havia mandado, porém sem perder tempo, o jovem avançou em direção de Ichigo, assim que ouviu um som de explosão naquele local. Deixando Lilian para trás com uma feição de medo.
Ichigo se movia apressadamente pelos corredores sombrios, a escuridão envolvendo-o como um manto pesado. Seu coração batia acelerado, ecoando em seus ouvidos, e a respiração se tornava irregular ao avistar uma cena terrível à sua frente: uma pilha de corpos jaziam amontoados, espalhados pelos cantos dos quartos como marionetes partidas. Cientistas, homens e mulheres, misturavam-se aos pequenos corpos de crianças, todos sem vida, com rostos congelados em expressões de medo e desespero. Entre os pequenos, uma criança gordinha com dedos deformados repousava imóvel no chão – um dos garotos que Ichigo cuidava com dedicação.
A visão o atingiu como uma pancada, e ele caiu de joelhos, os olhos arregalados, incapaz de conter o tremor que se apossava de seu corpo. A mente de Ichigo parecia gritar em choque e angústia, tentando compreender o que poderia ter causado tamanha carnificina. "Algo muito sério aconteceu no andar inferior," ele murmurou para si mesmo, a voz mal saindo de seus lábios trêmulos. "O monstro… ele saiu de controle…" E, enquanto balbuciava, o nome do "garoto da máscara" veio à sua mente, como um fantasma sussurrado, uma possibilidade inquietante. “Onde está o Clown?”
Ele foi tirado de seus pensamentos por um leve movimento atrás de si, um frio arrepiante o percorrendo. Ao virar-se, notou Kuroi emergindo das sombras, a silhueta da jovem confusa e vulnerável na escuridão que envolvia o lugar.
— Kyosuke-san, o q-que... v-você está fazendo? — Ichigo elevou a voz, uma expressão de irritação e preocupação evidente em seu rosto pálido. Pela primeira vez, ele dirigia-se ao garoto com um tom grave e urgente. —Não seja tolo, volte agora!
A penumbra ainda dominava o campo de visão de ambos, os olhos de Kuroi demorando a se ajustar totalmente à baixa luminosidade. Embora tivesse habilidades acima das de um civil, sua percepção ainda era limitada, e a ameaça parecia se ocultar nas sombras, sempre além de seu alcance. O som de vidro quebrando quebrou o silêncio, fazendo-o girar para a direção do ruído – uma ratazana corria pelo chão, tendo derrubado um vaso de vidro perdido em sua corrida apressada pelo corredor. Ele relaxou por um breve instante, mas a tensão voltou como um choque ao sentir uma presença próxima.
Antes que pudesse reagir, uma criatura negra e disforme emergiu por trás dele, o corpo um borrão de sombras, com uma garra ameaçadora erguida, pronta para descer sobre o jovem Kyosuke. A visão da monstruosidade se aproximando fez o tempo desacelerar, e a respiração de Kuroi ficou presa na garganta.
De repente, em um surto de velocidade, Ichigo surgiu ao lado de Kuroi com um movimento quase invisível, uma técnica que lembrava uma variante do Shunshin no Jutsu. Sem hesitar, ele empurrou o garoto para longe, desviando-o do golpe fatal que se aproximava. No instante em que Kuroi caía para o lado, a garra do monstro desceu como uma lâmina, rasgando o corpo de Ichigo em um golpe profundo. O sangue jorrou enquanto ele lutava para manter-se de pé, sua expressão uma mistura de dor intensa e determinação.
Em um reflexo instintivo, Kuroi sentiu seu chakra percorrer os braços, uma energia quase palpável que lhe parecia responder a um chamado ancestral. Ele canalizou o chakra elemental em suas mãos, enquanto imagens e fragmentos de ensinamentos teóricos sobre Suiton e Doton percorriam sua mente. Respirando fundo, ele juntou as palmas e concentrou-se, e, de seu corpo, começaram a brotar ramificações de madeira, com vida própria, movendo-se em direção ao monstro.
Com um impulso firme, as ramificações se expandiram, serpenteando pelo ar antes de se enroscarem no corpo obscuro da criatura. Os galhos envolviam o monstro com força, apertando-o em um abraço impiedoso enquanto Kuroi mantinha a concentração, o suor brotando em sua testa. A criatura resistia, seus movimentos ameaçadores reduzidos, mas ainda pulsando com uma força maléfica que se recusava a ceder.
Nesse instante, Ichigo, ainda recuperando-se do golpe que o ferira, puxou o guiso preso à cintura. Num movimento rápido e preciso, lançou-o com velocidade mortal na direção do peito do monstro. O impacto liberou um som agudo e penetrante que reverberou por todo o corredor, preenchendo o ambiente com uma vibração cortante e quase sufocante. O monstro foi tomado pelo som atordoante, o ruído açoitava suas sombras, e seu corpo começou a tremer incontrolavelmente, a carne obscura corroendo e derretendo em certos pontos enquanto caía ao chão.
Apesar do impacto devastador, a criatura ainda não estava completamente derrotada. O corpo disforme continuava a se agitar e... ele simplesmente iria sumir no meio do chão. A velocidade do monstro era tão superior que não demorou muito para ela emergir na frente de Kuroi novamente, vozes irritadas inundava de seu corpo, porém... Ichigo novamente se colocaria na frente de Kuroi, só que o monstro dessa vez, não atacaria e sim, iria se comprimir e adentrar com tudo na barriga de Ichigo.
No instante em que o corpo de Ichigo começou a se contorcer, uma onda de horror tomou conta de Kuroi. A pele de Ichigo parecia subitamente pulsar, e seus cabelos escuros começaram a se tornar brancos em uma transformação lenta e perturbadora. Suas mãos, trêmulas e convulsivas, agarravam-se à cabeça numa tentativa vã de reter a sanidade que rapidamente se esvaía. Seus olhos, outrora cheios de compaixão, agora estavam perdidos em um abismo de dor e desespero.
O cientista começou a tremer em pé, seu corpo sacudindo incontrolavelmente, como se estivesse sendo retorcido de dentro para fora. A cada espasmo, saliva misturada com sangue escorria dos cantos de sua boca, respingando pelo chão ao seu redor. As veias em seu rosto e pescoço dilatavam-se, quase estourando sob a pele, e um som viscoso e irregular ecoava de dentro dele, como se algo estivesse se formando em suas entranhas, rasgando-o em pedaços lentos e agonizantes.
Kuroi, horrorizado, viu uma imagem do passado distorcer-se em sua mente: o rosto de Okabe sobreposto ao corpo retorcido de Ichigo, misturando-se em um borrão de lembranças e um pressentimento doentio. Ele sentiu o terror frio de memórias que pareciam vir de um futuro que mal compreendia.
Ichigo, com um último fragmento de lucidez, ergueu os olhos ensanguentados em direção a Kuroi. Sua voz surgiu, hesitante e trêmula, carregada de desespero:
— K-kuroi... na sala ao lado... existe uma caixa cheia de tarjas explosivas... M-me mate... antes que essa coisa... antes que... eu tente... algo com vo-vocês...
Essas palavras foram o último sussurro consciente de Ichigo. Logo, ele deixou-se ser engolido pela escuridão enquanto fios negros, viscosos e pulsantes começaram a emergir de sua pele, perfurando-a e costurando-se por entre seus músculos, como uma teia viva e infectada. Seu cabelo agora totalmente branco, contrastava com o líquido escuro que vazava de seus olhos e boca. Ele não era mais o cientista cuidadoso e gentil que um dia Kuroi conhecera. Ichigo havia se tornado um pesadelo vivo, sua humanidade dissolvida em um poço de insanidade e trevas, e cada linha de sua pele rasgada e cada fio negro que pulsava em seu corpo eram um aviso aterrador do que estava por vir. Aquela era a primeira aparição de Okabe em sua vida.
Foi nesse momento que a realidade em volta de Kuroi começou a colapsar, ele poderia tentar acordar caso quisesse. Porém... Existia a sensação que talvez ele pudesse fazer alguma coisa naquele lugar ainda. A maioria dos cientistas que andavam para lá dentro daquela torre, pareciam não existir mais, mas ele também ouvia sons de passos, passos calculados vindo de um corredor vizinho. Existiam duas alternativas... para o jovem... seguir o comando anterior de Ichigo, e tentar explodi-lo ou... tentar pedir ajuda para aqueles malditos cientistas. O que ele poderia fazer
Observação:. Kyosuke Kuroi pode acordar no próximo turno narrado, onde seu corpo atualmente se encontra. Porém, talvez ainda tenha alguma coisa importante dentro dessa lembrança que pode ser útil. Fica a cargo do player de quanto deseja explorar essa lembrança.
[...]
Kyosuke Kuroi: HP - 50, Chakra - 30, Sanidade - 50
Um paralelismo com outros tempos havia sido originado ali. Okabe, um de meus maiores inimigos, estava bem à minha frente, justamente no mesmo local que estava um dos sinônimos de acolhimento em meu passado. Não havia como não me sentir culpado por aquilo que estava acontecendo no momento, mas, de certo, também sabia que se não fosse ali, em algum outro momento o cientista se tornaria naquela figura. A criatura com fios havia feito uma vítima, mas ao mesmo tempo que isso acontecia a Lilian, Ann e o Kasuga estavam provisoriamente salvos. Mais pessoas devem ter sido afetadas por aqui... talvez eu consiga descobrir algo ou alguém que também tenha sido alvo desse monstro.
— Eu... eu o matarei, Ichigo. Socaria o rosto do cientista naquele momento, virando minhas costas e correndo para outra direção. — Mas não o matarei agora... preciso ficar forte, preciso conseguir proteger meus amigos. As memórias colapsariam em minha cabeça. A tridimensionalidade do tempo misturaria meus pensamentos e, naquele instante, eu sabia que o Okabe seria meu inimigo de anos depois. Assim sendo, sabia que tentar assassiná-lo com as Kibakufudas seria em vão. Aquele pesadelo era real e eu não poderia evitá-lo agora, porém, poderia encontrar alguma coisa valiosa para o futuro. Correria então para onde ouviria os passos, olhando quem quer que fosse.
— Quem foi o miserável que soltou o monstro de fios!? Vamos, me contem, quem foi!? Foi o imbecil do Myuzaki? O Experimento Clown? Fizeram isso para o quê? Queriam testar a evolução do Experimento Rei!? FODA-SE, eu matarei quem quer que seja no futuro!
Não ligaria mais para qualquer consequência, especialmente por ter percebido que aquela lembrança era exatamente isso: uma lembrança.
Kyosuke Kuroi avançou com fúria contra o corpo reanimado de Okabe, desferindo um soco brutal que o fez cambalear e desabar ao chão. A entidade que dominava aquele corpo lutava para manter o controle, mas parecia desorientada, incapaz de coordenar os movimentos de seu hospedeiro humano com precisão. O monstro, ainda assim, se retorcia em contorções grotescas, explorando as memórias na mente de Okabe enquanto suportava o impacto do golpe.
Consumido pela raiva, Kuroi se moveu pelo corredor, guiado pelo som de passos. Mas ao se aproximar, percebeu que não se tratava de uma única pessoa. Eram dois conjuntos de passos, ressoando pelo corredor escuro. Num instante de distração, ele virou o corpo bruscamente e acabou tropeçando em uma escada. Caiu pesadamente, rolando até colidir com outro corpo.
Quando ergueu o olhar, Kuroi viu, num lampejo de reconhecimento, o rosto de Myuzaki. O cientista insano o encarou por um breve momento antes de estender a mão com um sorriso cruel e puxá-lo pelo cabelo, erguendo-o do chão sem piedade.
— Qual é o problema, meu querido? — Myuzaki apertou a cabeça de Kuroi com uma força brutal, os dedos encravando-se nas têmporas do garoto, que sentiu o crânio trincar sob a pressão. — Você não devia estar vagando por aqui, não é seguro para crianças... Onde está o seu protetor, Ichigo-san...? Ele já foi capturado pelo meu pequeno experimento?
Myuzaki era uma figura que Kuroi havia avistado poucas vezes, sempre mantido à distância por Ichigo, que se esforçava para afastar as crianças de certos monstros disfarçados de cientistas. Mesmo assim, todos naquela torre eram perigosos, e os pesquisadores dali, tomados por uma crueldade sádica, não hesitavam em causar dor para moldar as crianças em suas ferramentas.
Ao lado de Myuzaki, Kuroi reconheceu uma presença sombria — o próprio atual Raikage, Yotsuki Kagehira. Visivelmente ferido e com vestígios de uma batalha recente, Kagehira o observava com olhos afiados, indiferente aos gritos de dor do garoto que tinha o crânio esmagado nas mãos de Myuzaki.
— Então, é este o corpo destinado a mim, Daichi-san? — comentou o futuro Raikage com um tom áspero, mal disfarçando seu desprezo. — Eu não permiti que você ressuscitasse para destruir o que é meu. Nós, deuses forjados dos homens, respeitamos a saúde física dos nossos futuros receptáculos. Todos nós... precisamos desses corpos saudáveis, para interagir com o mundo físico. Não quero possuir o corpo de uma pessoa com deficiência física.
Com um sorriso de escárnio, Myuzaki lançou Kuroi ao chão, afundando um chute em seu estômago. O garoto cuspiu sangue, o impacto forçando-o a dobrar-se em agonia.
— Não me chame de Daichi, ele é apenas uma, das multiplas consciências que reside em meu corpo. — Ele parece se sentir ofendido naquele momento, porém, logo iria emanar um sorriso enquanto encarava Kuroi. — O potencial desse garoto é inferior ao outro experimento chamado Kasuga, ele provavelmente não será seu futuro corpo, não se preocupe. Além disso... A Kekkei Genkai de Senju Hashirama, o homem que conseguiu te derrotar no seu antigo corpo, parece ser estimulada por emoções intensas. Um espancamento, pode ser cientificamente, efetivo para despertar habilidades novas. Vai por mim...
Aoshin apenas iria se encostar na parede enquanto iria encarar Myuzaki, com um tédio visível:
— Sabe... Eu agradeceria se você não ficasse espancando meus futuros receptáculos. E por fim, algum sucesso em implantar a alma da minha esposa em algum desses corpos imundos?
— A única verdadeiramente compatível é uma garota chamada Lilian, porém... O corpo dela parece estar com uma doença terminal, aquele fragmento de alma será perdido para todo sempre. Infelizmente... Acho que sua outra metade, vai ficar perdida para todo sempre.
Aoshin parece suspirar, enquanto iria esboçar um sorriso impaciente.
— O nome dela é Lilian? Que coincidência e... Que pena... Bom... Isso me traz alguma nostalgia e um pouco de tristeza, ainda mais quando sinto que Warui está tão perto de mim…
— Warui? O tal Jashin? Uh? Ele não está selado no livro oculto? Você não deveria estar sentindo a presença dele...
Aoshin ficaria quieto, perdido em seus próprios pensamentos. Por fim, ele iria dar as costas para Myuzaki e Kuroi que estava nesse momento, observando suas costas. Os olhos de Aoshin iriam encarar Kuroi de forma gélida, nesse instante Kuroi sentiu sua mente sendo invadida, ele estava lendo suas memórias e pensamentos. Após concluir sua invasão mental, Aoshin parece lentamente desaparecer nas sombras daquele corredor, enquanto dava suas ultimas ordens para Myuzaki:
— Ah, sim... Sobre Lillian, a garotinha que carrega o fragmento da alma de minha esposa, a garota defeituosa e que vai morrer em breve... Esse garoto... Parece nutrir algum sentimento por ela, algo mínimo, quase inexistente, porém... Talvez ele fique mais forte se ver ela morrendo... Peça para alguns de seus súditos, Myuzaki-san, eliminem ela. Bem na frente dele. De preferência, o tal Ichigo, que tal? Só quero saber... O que ocorre...
Nesse momento, a mente de Kyosuke Kuroi parece despertar por vontade própria, contra sua vontade. Ele acordaria vendo o céu azul, e sentindo um chakra intenso no campo de batalha.