Faculdade integral vs. noturna

Imagine que você possui um emprego onde ganha 3k por mês, mas decide fazer uma faculdade. Você tem duas opções:

1. Uma faculdade inferior em qualidade, mas que permitiria que você continuasse trabalhando (noturno);

2. Uma faculdade superior em qualidade, que te daria mais chance de focar nos seus estudos e suas atividades universitárias, além de um networking mais sólido, porém impediria você de trabalhar durante tal período (integral).

No segundo caso, você continuaria sendo sustentado seus pais e receberia, sei lá, uns 300 reais por mês para gastar contigo. Qual opção você escolheria?

1, sem dúvidas.
A nao ser que você também vá ganhar um veículo pra ter pelo menos o mínimo de independência do seus pais, aí sim da pra se pensar na opção 2, caso seja um curso que realmente exige investir mais tempo pra aprender.

Fiz a opção 2 e que grande bosta.

VastoLorde escreveu:

Fiz a opção 2 e que grande bosta.

Integral? Qual curso você fez? Pública ou privada?

Tem também a matutina e a vespertina.


Estudei sempre tarde/noite e trabalhava pela manhã na federal (Goiás). Se você não tem como estudar o dia inteiro, é o jeito. Contudo, se esforce o dobro para bater de frente no mercado de trabalho. E bem, a PUC é bem melhor que a UFG para os meus dois cursos, então... Meio que rodei (risos).

Fiz a segunda opção, mas tinha que trabalhar todo fim de semana puxando barraca de feira de madrugada pois meus pais partiram muito cedo desse mundo pra poder me ajudar. Único leve arrependimento que eu tenho é de não ter escolhido um curso melhor pro que faço hoje

Mas no fim vai depender do tipo de carreira que tu quer seguir, tenho a impressão que hoje em dia "ganhar bem" tem cada vez menos relação com de onde tu estudou e qual modalidade de curso que você fez

Eu trabalho integral (seg a sab), recebo 2k e estudo a noite. Tô a 1 ano de me formar, mas com certeza não teria conseguido se tivesse confiado apenas no financeiro da minha família (que desde o começo se comprometeu a pagar). Parei um ano o curso por conta disso, estava desempregado 1 ano após a pandemia explodir e não tava conseguindo arrumar serviço. Não é fácil trampar o dia todo, chegar a noite e ter que ir todo dia, mas é a única forma possível p mim. A pessoa não tem tempo pra estudar direito, sempre muito corrido, e quando vai inventar de socializar, sempre tá morto pela rotina cansativa

Esse tipo de escolha é a mais chata de toda, pois não há escolha correta sem ter uma bola de cristal.

Por exemplo, eu poderia fazer o curso noturno e ser praticamente a mesma merda que o integral, embora o integral supostamente me permitisse ter uma vida universitária mais saudável e um maior aprofundamento em estudos, projetos, etc... daí meio que perdi dinheiro ao ter deixado de trabalhar.

Outrossim, pode ser que eu faça o noturno pra ganhar minha merreca mensalmente, sendo que no integral talvez eu teria conhecido algum contatinho que me daria uma puta oportunidade depois da faculdade, ou então um estágio numa empresa muito superior, uma bagagem acadêmica e profissional bem superior, etc.

Ou seja, não tenho como prever nada, é isso que torna a decisão complexa. Entretanto, acabei me adernando à segunda opção, pois utilizei da seguinte lógica: o dinheiro que eu vou ganhar na primeira opção é um patrimônio temporário, eventualmente irá acabar e provavelmente não fará uma magna diferença na minha vida. Quanto eu faria? 60k nesses anos? Porra, se eu comprar um carro e for roubado já vai ser 60k sumindo da minha vida em um piscar de olhos, e aí? Faz tanta diferença assim?

Por outro lado, o conhecimento ou networking superior que eu posso vir a ganhar se escolher a segunda opção, é um patrimônio estável e que pode ser muito mais significativo. O conhecimento que eu poderia ganhar na faculdade dura a minha vida inteira, uma grande oportunidade também afetaria minha vida inteira continuamente.

Ou seja, tentei colocar meu imediatismo de lado e analisar a situação com método (possíveis ganhos x possíveis perdas). Outra coisa que pesa é o fato de eu querer continuar estudando pra tentar medicina (trocar de curso), o que seria impossível trabalhando e estudando concomitantemente.

Ps: Lembrando que no meu caso o que muda não é só o turno da faculdade. A faculdade 1 possui conceito 3 no mEc, a faculdade 2 possui conceito 4. Além disso, as duas faculdades são engenharia, porém os cursos são diferentes. O curso da faculdade 2 possui uma demanda bem maior pra área que eu quero seguir.

Se for cursar engenharia (a depender de qual for) em uma boa universidade tem grandes chances de se frustrar quando estiver no mercado de trabalho. Seja por estar cursando por querer exercer a profissão (em geral a minoria) ou por querer ter um emprego "bom" devido as "oportunidades" que o diploma ti dá (que é a grande maioria que escolhe engenharia hoje).

Se for do primeiro grupo vai ser frustrar pois a carência de uma malha industrial e polos de tecnologia/inovação no Brasil é tão grande que os empregos onde você de fato faz engenharia são de um número baixíssimo ou inexistentes. Se tu for do segundo grupo provavelmente vai ser integrado no quadro de empresas multinacionais, ou bancos/mercado financeiro (que no fim também vão absorver os pessoal do primeiro grupo também) como analistas de "qualquer coisa" ganhando uma remuneração bem abaixo do seu piso salarial (que ainda é maior que a realidade do brasileiro) e que vai passar boa parte da vida sentado numa cadeira de escritório respondendo e-mails, onde a maior habilidade técnica exigida será usar bem o Powerpoint e Excel

Essas pessoas do segunda grupo são as que de certa forma se frustram pelo curso que escolheu pois passou pelo menos 3 anos de graduação aprendendo matemática, física, química um pouco além do básico e que acha que a universidade não ti prepara de forma eficaz para a vida profissional, e de certa forma tem razão. O problema é que essa lógica aqui tá totalmente invertida (no caso da engenharia), pois é o mercado de trabalho que não tem demanda nem aporte pra empregar a formação que é dada (de forma bem ruim) para as maioria das engenharias. E no fim o que sobra são essas funções (sim, função e não profissão) de analistas que as empresas ofertam por ai

Pior de tudo é que essa cultura de "aprender só o que usa" vem cada vez mais tomando conta das boas universidades numa tentativa de equiparar a grade curricular da formação de um engenheiro, com a deficiência de inovação e desenvolvimento cientifico/tecnológico do mercado de trabalho brasileiro ti forçando a cumprir 7/8 disciplinas obrigatórias por semestre. Isso só retroalimenta o problema e faz ele piorar

Mitckin escreveu:

Se for do primeiro grupo vai ser frustrar pois a carência de uma malha industrial e polos de tecnologia/inovação no Brasil é tão grande que os empregos onde você de fato faz engenharia são de um número baixíssimo ou inexistentes.

No meu caso, eu moro do lado de um polo industrial.

Aqui há boa demanda para engenheiros pois é a capital nacional do petróleo. Além da alta demanda, os salários são puxados pra cima por conta da área e dos adicionais de embarque que praticamente duplicam seu salário.

Meu plano é cursar na UFRJ mecânica, que é a integral. Ao menos pelo o que ouvi dizer de pessoas que estudaram lá, é difícil você não sair com emprego, pois há uma demanda grande por engenheiros mecânicos na região, sendo que a universidade já te coloca em estágios nas empresas lá. Por outro lado, boa parte dos estudantes são filhos de pessoas que já trabalham em multinacionais/empresas offshore, por isso trouxe a questão do networking à tona.

Justamente por isso trouxe a questão dos cursos, já que engenharia mecânica — em relação à elétrica — possui uma demanda infinitamente superior pra essa área offshore, basta olhar qualquer concurso como o da Petrobrás.

Mas o meu plano inicialmente era fazer medicina (que é o curso mais bem posicionado no mercado), porém esse ano não tive tempo de estudar o suficiente, justamente por isso estou planejando continuar estudando pra vestibulares mesmo dentro da universidade de eng.

Se você pretende cursar em uma universidade pública esqueça a primeira alternativa também, o curso exige no mínimo 6 meses de estágio supervisionado para te dar o diploma. É impossível se formar em um curso de Engenharia trabalhando a menos que....

Vamos lá, você já conseguiu o emprego? Se não, comece o curso e não procure um emprego por agora. Termine o ciclo básico e faça o estágio supervisionado, tu consegue isso até o 5 período (2 anos e meio) com facilidade se quiser. Depois disso, vá atrás das vagas da área do seu técnico. Como você sabe eu também me formei no técnico, eu e a maior parte dos meus companheiros de turma fizemos isso. Depois que você termina o ciclo básico só vai ter matéria de 80h ou 60h e você pode pegar 5 matérias ou menos por período e terminar a faculdade de forma relaxada.

Rin escreveu:

Justamente por isso trouxe a questão dos cursos, já que engenharia mecânica — em relação à elétrica — possui uma demanda infinitamente superior pra essa área offshore, basta olhar qualquer concurso como o da Petrobrás.

Não sei de qual concurso você está falando, não tem como a Petrobrás oferta uma vaga para um Engenheiro Mecânico que não possa ser ofertada para um de Elétrica, no mercado não funciona assim. Entre no Linkedin e procure as vagas. A empresa não quer saber se você é engenheiro mecânico, elétrico, petróleo e gás, de produção, o que ela quer saber é se você tem as competências e é bom, principalmente se pode provar que é bom (experiência).

Mas o meu plano inicialmente era fazer medicina (que é o curso mais bem posicionado no mercado), porém esse ano não tive tempo de estudar o suficiente, justamente por isso estou planejando continuar estudando pra vestibulares mesmo dentro da universidade de eng.

Esqueça essa idéia, é impossível você se manter no curso e estudar para o vestibular. Se você chegar no ponto da faculdade onde vai ter tempo para isso enão já tiver desistido do curso, não vai querer sair.

ShinobinoKami escreveu:

Se você pretende cursar em uma universidade pública esqueça a primeira alternativa também, o curso exige no mínimo 6 meses de estágio supervisionado para te dar o diploma. É impossível se formar em um curso de Engenharia trabalhando a menos que....

Vamos lá, você já conseguiu o emprego? Se não, comece o curso e não procure um emprego por agora. Termine o ciclo básico e faça o estágio supervisionado, tu consegue isso até o 5 período (2 anos e meio) com facilidade se quiser. Depois disso, vá atrás das vagas da área do seu técnico. Como você sabe eu também me formei no técnico, eu e a maior parte dos meus companheiros de turma fizemos isso. Depois que você termina o ciclo básico só vai ter matéria de 80h ou 60h e você pode pegar 5 matérias ou menos por período e terminar a faculdade de forma relaxada.

Entendi. Os estágios supervisionados são no começo do curso? Se é assim, a diferença nem é relevante. A mesma coisa não se aplicaria para o integral, portanto? Então não vejo desvantagem no integral em relação ao noturno.

Mas nesse caso, não seria mais inteligente procurar estágios como engenheiro, já que você tem tempo vago na universidade? Ou são vagas muito complicadas de se obter?

ShinobinoKami escreveu:

Não sei de qual concurso você está falando, não tem como a Petrobrás oferta uma vaga para um Engenheiro Mecânico que não possa ser ofertada para um de Elétrica, no mercado não funciona assim. Entre no Linkedin e procure as vagas. A empresa não quer saber se você é engenheiro mecânico, elétrico, petróleo e gás, de produção, o que ela quer saber é se você tem as competências e é bom, principalmente se pode provar que é bom (experiência).

Veja as vagas ofertadas aqui. Eles especificam o tipo de engenharia nas vagas. No caso do LinkedIn, também encontrei alguns que especificam qual a especialização (embora a maioria deixe aberta para qualquer tipo de engenharia).

https://petrobras.com.br/documents/d/f3a44542-113e-11ee-be56-0242ac120002/editalpetroleobrasileiro

ShinobinoKami escreveu:

Esqueça essa idéia, é impossível você se manter no curso e estudar para o vestibular. Se você chegar no ponto da faculdade onde vai ter tempo para isso enão já tiver desistido do curso, não vai querer sair.

Entendo.

Rin escreveu:

Entendi. Os estágios supervisionados são no começo do curso? Se é assim, a diferença nem é relevante. A mesma coisa não se aplicaria para o integral, portanto? Então não vejo desvantagem no integral em relação ao noturno.

Você faz o estágio a hora que quiser. Sobre essa questão da desvantagem, se você fizer o que eu estou falando o curso integral é vantagem, principalmente em uma faculdade como a UFRJ onde é raro uma disciplina mudar de horário, agora se não for esse o caso, não existe vantagem ou desvantagem.

Mas nesse caso, não seria mais inteligente procurar estágios como engenheiro, já que você tem tempo vago na universidade? Ou são vagas muito complicadas de se obter?

Você tem que procurar estágio como engenheiro, o estágio supervisionado é obrigatóriamente um estágio de engenharia e da sua área.

Veja as vagas ofertadas aqui. Eles especificam o tipo de engenharia nas vagas. No caso do LinkedIn, também encontrei alguns que especificam qual a especialização (embora a maioria deixe aberta para qualquer tipo de engenharia).

A Petrobrás é basicamente uma estatal, por isso eles tem esse tipo de coisa, mas no mercado isso é muito raro. Além disso, no mercado uma pós já te capacita para atuar em uma área completamente diferente. 

Não fique preocupado em fazer engenharia x ou y, desde que não seja um curso merda tipo Engenharia de Árvores na Unicu. Absolutamente ninguém vai olhar para isso, os recrutadores vão olhar para o seu curriculo e vê as qualificações, cursos.

Te recomendo pegar um curso integral, fazer o ciclo básico e principalmente um curso de inglês (a UFRJ oferece um de graça), se tiver a chance faz um de salvatagem também, depois pega uma vaga de piloto de ROV (no mínimo 5k/mês em qualquer pocilga), com inglês e um curso de salvatagem é 100% de chance que tu consegue, depois disso é só você ir levando o curso. 

Só que vou ser realista com você, isso não é fácil não, tenho um conhecido meu que é um crânio, um dos sujeitos mais inteligentes que eu conheço, ele fez isso no 7 período e tava querendo desistir faltando 1 período para ele apresentar o TCC e se formar porque não estava mais aguentando o estresse. O maluco simplesmente ficou calvo, começou a fumar, engordou e acho que estava até desenvolvendo depressão antes da gente conseguir encorajar ele a terminar o curso. Eu prefiro ganhar menos e manter minha sanidade.

ShinobinoKami escreveu:

Você faz o estágio a hora que quiser.

Então eu não poderia, por exemplo, deixar o estágio supervisionado para quando o curso já estivesse findando e houvessem várias horas vagas? Não conseguiria manter o trabalho se fizesse isso?

Te recomendo pegar um curso integral, fazer o ciclo básico e principalmente um curso de inglês (a UFRJ oferece um de graça), se tiver a chance faz um de salvatagem também, depois pega uma vaga de piloto de ROV (no mínimo 5k/mês em qualquer pocilga), com inglês e um curso de salvatagem é 100% de chance que tu consegue, depois disso é só você ir levando o curso.

Pera, mas piloto de ROV não é embarcado? Como você vai fazer a faculdade e trabalhar embarcado ao mesmo tempo?

Rin escreveu:

Então eu não poderia, por exemplo, deixar o estágio supervisionado para quando o curso já estivesse findando e houvessem várias horas vagas? Não conseguiria manter o trabalho se fizesse isso?

Você não disse que pretende trabalhar offshore? Mas mesmo que você trabalhe onshore, você ainda tem que ficar o dia inteiro na empresa. Tu não tem como justificar falta dizendo que está trabalhando em outro lugar.

Pera, mas piloto de ROV não é embarcado? Como você vai fazer a faculdade e trabalhar embarcado ao mesmo tempo?

Sim, embarcado = offshore. Você pede para a empresa assinar um termo para o professor abonar suas faltas (dependendo do professor nem precisa do documento) e avisa a empresa para garantir que não vai está embarcado na semana de avaliação.