Castelo Hozuki - Kusagakure no Sato

O Castelo Hozuki é uma fortaleza destinada a aprisionar shinobi de diversas aldeias, onde os prisioneiros permanecem até morrer ou até que suas vilas solicitem formalmente sua libertação. Localizado em uma falésia cercada por redemoinhos letais, que impossibilitam fugas a nado, o castelo é protegido por armadilhas mortais para impedir qualquer tentativa de fuga. A principal responsabilidade da segurança recai sobre o castelão, Mui, que utiliza uma técnica especial para selar as habilidades dos prisioneiros, desintegrando-os se tentarem fugir.

A neve caía silenciosamente, cobrindo o solo devastado com uma fina camada branca. O ar gélido cortava como lâminas, mas Uchiha Hanya mal conseguia sentir a frieza. Seus olhos piscaram lentamente, ainda enevoados, como se a realidade ao seu redor estivesse desfocada. Quando finalmente começou a enxergar, nada parecia fazer sentido. Tudo ao seu redor estava destruído—árvores caídas, marcas de batalhas, sangue—e o silêncio era opressor, quase ensurdecedor.


Seu corpo doía, mas a confusão era o que mais a incomodava. Ela se esforçou para levantar, as pernas tremendo sob o peso de um corpo que parecia não lhe pertencer mais. Sua mente era um borrão, e, por mais que tentasse, não conseguia lembrar quem era ou como havia chegado ali. Havia apenas o vazio, um grande buraco onde suas memórias deveriam estar.

Hanya olhou ao redor, sem encontrar respostas. Não sabia onde estava, por que estava ali, nem o que havia acontecido. No entanto, um nome emergia das sombras de sua mente, ecoando de maneira vaga e desconexa: Itachi. Algo naquele nome a fez estremecer, como se uma parte dela soubesse que era importante. Mas quem era Itachi? Por mais que tentasse, sua mente se recusava a completar o quebra-cabeça. Olhando para o cenário à sua volta, algo parecia errado. Ninjas de Kusagakure... flashes de memória surgiram como estilhaços de um espelho quebrado—ela e alguém mais, cercados por uma quantidade esmagadora de inimigos. O som de lâminas se chocando, explosões de jutsus, e uma sensação de luta desesperada. Sua mente, no entanto, recusava-se a conectar os eventos de forma coerente.

Ela tocou o rosto com dedos trêmulos, sentindo o frio intenso da pele. Notou que suas mãos estavam manchadas de sangue seco. Um calafrio percorreu sua espinha, mas não sabia se o sangue era dela ou de outro.


Hanya se levantou com esforço, seus passos afundando na neve enquanto lutava para manter o equilíbrio. Seus olhos se fixaram no chão à frente, onde marcas na neve indicavam que alguém havia sido arrastado. Seu coração acelerou. Ela seguiu o rastro, o vento frio chicoteando seu rosto, ignorando a dor que irradiava pelo corpo. Depois de algum tempo, notando que estava lenta e fazendo força demais que ela notaria que havia algemas com correntes longas que limitavam o movimento de seus braços e pernas, imediatamente quando tentou se mover ao notar isso, ela iria cair no chão. E um homem parece pisar na sua cabeça para impedir que ela tentasse se mover. Seus pés estavam sujos de neve e areia.

— Por qual motivo temos que lançar essa fedelha para dentro dessa prisão? A cabeça dela vale ouro, não é mesmo? Por qual motivo não vendemos para a Folha?

— Você teria coragem de matar uma criança de 12 anos, cara? Eu não faria isso, maluco... Bom, temos que esperar o Mui-sama para selar o chakra dessa fedelha, essa garotinha é forte, porém... É só isso mesmo... Duvido que consiga fazer algo totalmente acorrentada dessa forma.


Antes que pudesse fazer algo, Hanya notou os corpos daqueles homens caindo ao seu lado. Uma garotinha iria emergir naquele exato momento, se tratava de sua própria irmã. Cabelos curtos, vestindo um manto negro, aparentemente ela também estava prestes a ser presa naquela prisão, porém tinha conseguido de alguma forma milagrosa romper as algemas que prendiam seus pés. Mesmo sem memórias, o destino novamente colocava Hanya e Ram em situações que obrigatoriamente elas se encontravam.

De forma um tanto antipática, Ram comentava enquanto observaria Hanya no chão:

— Garotinha... Você não deveria estar acompanhada pelos seus país, não? É muito perigoso para uma menina como você, ficar andando por ai. — Provocou, ela enquanto apontaria seu dedo em direção das algemas de Hanya, quebrando-as com um jutsu que simulava uma arma de fogo, chamas inundava seus dedos. — Não deveria fazer isso, mas algo dentro de mim, está mandando te ajudar. Paciência... Vê se não causa mais problemas para Konoha, viu? Baixinha.


Hanya estava liberta, mas nenhum sinal de Itachi na região. "Shimura" Ram pacientemente parecia pegar um pergaminho que existia no bolso de armas de um daqueles sujeitos que tinham capturado Hanya e por fim, ela estava prestes a sair daquela região até que... Inúmeros projéteis de fogo iriam avançar em direção das duas. Enquanto diversos shinobis gritavam:

— Aquelas fedelhas estão fugindo, peguem elas.

Ram iria suspirar:

— Azedou, caralho... Bom, paciência, essa missão não seria tão fácil de qualquer forma.

Missão: Consiga escapar dos Ninjas de Kusagakure e encontre Itachi.

Rank: B

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Em meio a toda a confusão, Hanya ouviu uma voz que não escutava há muito tempo. Era inconfundível. Tratava-se de sua irmã mais velha, Ram. Aquele som familiar foi como um gatilho, clareando sua mente, que até então estava envolta em incertezas.

— Ram, é você mesma? O que faz por aqui? — perguntou Hanya instintivamente, embora ainda incrédula com a aparição repentina de sua irmã. — E a propósito, quem você chamou de baixinha? Pelo que estou vendo, sou mais nova que você e já temos praticamente a mesma altura. Hmm, não andou comendo direito, anã de jardim? — provocou Hanya com um sorriso travesso.

Era típico de uma irmã mais nova, Hanya não podia perder a oportunidade de provocar Ram, como se isso fosse sua obrigação natural. Mas não havia tempo para longas conversas. A batalha ao redor as pressionava, e Hanya, agindo rapidamente, usou seu ninjutsu Sanzengarasu no Jutsu com toda a potência, invocando uma quantidade massiva de corvos. Em um instante, o ambiente, antes dominado pelo branco da neve, foi tomado por um preto caótico, com centenas de corvos barulhentos voando de forma aleatória. Além de usar os corvos para distrair os ninjas patifes, Hanya usou alguns dos corvos para bloquear os projéteis de fogo que vinham em sua direção.

— Escute, tenho uma proposta para você. Me ajude a encontrar meu mestre, e eu te ajudo com sua fuga. Uma parceria temporária, da qual ambas nos beneficiaremos. O que acha? — disse Hanya, com uma seriedade inesperada. — Mas primeiro, precisamos nos esconder. Creio que meus amigos alados não serão úteis por muito tempo.

Assim que Hanya e Ram encontrassem um local temporariamente seguro, Hanya começaria a descrever as características de seu mestre para Ram, enquanto enviava alguns de seus corvos para sobrevoar o perímetro, em busca de uma possível saída e na esperança de avistar o corpo de Itachi em algum lugar.


— E então, sem querer me intrometer nos seus assuntos... Que pergaminho é esse que você pegou daquele patife? — perguntou Hanya, curiosa, mas sem segundas intenções, apenas desejando saber mais sobre o que sua irmã havia encontrado.

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Ram olhou para Hanya, franzindo o cenho enquanto guardava o pergaminho no bolso do manto, claramente desconfiada da curiosidade da garota. Hanya tinha o semblante um tanto travesso, julgava Ram, mas a situação ao redor estava longe de ser brincadeira.

— Esse pergaminho? Não é nada que vá te interessar, eu acho. Teoricamente são apenas informações militares que podem ser úteis para Konoha, locais que Kusagakure quer atacar e indivíduos que estão presos nessa região que podem interessar Konoha. — Ram respondeu de forma calma, mas sem tirar os olhos de Hanya, avaliando se ela representava uma ameaça ou apenas uma criança confusa. — Agora, sobre o seu mestre... Uchiha Itachi, né? Para uma garota da sua idade, você se mete com muito bandido... Isso ai não foi o cara que matou seu clã, não? Qual o sentido de você se aliar com ele? De qualquer forma, ele não é exatamente o tipo de pessoa que se encontra com facilidade... Foi bom eu te encontrar aqui, queria te fazer algumas perguntas... Sabe aquele Hyuuga que atacou vocês, 3 anos atrás? Ele citou uma coisa que eu achei curiosa, ele disse que o seu chakra era muito semelhante com o meu, quase equivalente... Você sabe de uma coisa que eu não sei?

Ao comando da Uchiha de 12 anos, os corvos de Hanya sobrevoavam o campo, suas asas negras cortando o céu cinzento. Sons de passos e gritos de shinobi ecoavam ao longe, e a tensão era palpável. Ram, depois de mais uma olhada desconfiada para a jovem à sua frente, sabia que precisaria tomar uma decisão rápida ao notar que ela estava usando corvos como uma barreira defensiva. A irmã que não sabia que era irmã, se colocou na frente de Hanya, quando um projétil flamejante atravessou uns amontoados de corvos.


O fogo rugia na direção de Hanya, mas Ram, sem hesitar, se lançou à frente da garota. Com um único selo de mão, ela cuspiu uma torrente de água, formando uma barreira líquida que extinguiu o potencial destrutivo dos projéteis flamejantes. "Shimura" Ram, uma jovem shinobi que Danzo tratava de maneira singular, destoava da maioria dos ANBU da NEE, que eram privados de emoções. Ram, no entanto, parecia ter sido autorizada a desenvolvê-las — talvez porque, para despertar o poder ocular de um Uchiha, essas emoções fossem essenciais. Contudo, ao contrário de Hanya, Ram não exibia nenhum sinal de doujutsu; talvez ainda não tivesse experimentado a dor necessária para despertar seu sharingan.

Os shinobis de Kusagakure começaram a cercar a dupla, suas silhuetas emergindo das sombras na neve. O suor frio escorreu pela testa das duas, que, apesar das aparências equivalentes, exibiam posturas distintas.

— Certo, "baixinha", eu te ajudo a encontrar o genocida do Clã Uchiha. — Ram impôs a condição, ainda desconfiada da garota ao seu lado.

Enquanto isso, os corvos de Hanya voavam pelos céus, vasculhando o terreno em busca de uma rota de fuga e qualquer vestígio de Itachi. O campo de batalha estava inquieto; os projéteis de fogo cessaram por um breve momento, mas o silêncio que se seguiu era ainda mais perturbador.


Ram fixou seus olhos nos inimigos que se aproximavam, suas formas indistintas encobertas pela fumaça e a neve caindo. Sem perder tempo, ela reagiu com a mesma velocidade. Com um novo selo de mão, cuspiu uma lâmina de água cortante, Suiton: Suidanha, que varreu o ar como uma gigantesca espada líquida, atingindo dois shinobis à frente. Suas kunais foram inúteis contra o impacto devastador, e ambos caíram, seus corpos dilacerados e sangrando no gelo.


Sentindo a aproximação de um terceiro inimigo pelas costas, Ram abaixou-se no momento exato, esquivando-se de um golpe mortal. Hanya, ainda cercada por seus corvos, observava com olhos atentos a movimentação precisa e fluida de Ram, como se assistisse a uma dança de morte. Quando um quarto ninja se lançou contra Ram, Hanya agiu rapidamente, murmurando o comando: Sanzengarasu no Jutsu. Seus corvos investiram contra o oponente, dando a Ram o tempo necessário para desferir um chute no peito do inimigo, arremessando-o longe.

Antes que pudessem respirar, quatro novos inimigos atacaram em uníssono. Dois saltaram para o alto, lançando uma chuva de shurikens e projéteis de fogo, enquanto os outros dois avançaram com taijutsu. Ram se moveu como um raio, desviando das lâminas e dos golpes com uma agilidade sobre-humana. Quando um dos inimigos tentou acertá-la diretamente, ela agarrou seu braço e, com um giro ágil, o jogou contra o segundo atacante que vinha logo atrás.

Em um movimento rápido, Ram saltou em direção a Hanya. Apesar de ambas terem idades e alturas semelhantes, o físico de Ram era visivelmente mais treinado. Ela agarrou a garota pelas costas, e juntas executaram um salto sincronizado para evitar a explosão iminente de diversas kunais com kibaku fudas.

Explosões sucessivas sacudiram o campo de batalha, engolfando tudo em uma densa fumaça. No entanto, graças aos corvos de Hanya, que mantinham vigilância aérea, Ram conseguiu se mover com precisão e velocidade. Carregando Hanya em seus braços, ela as conduziu para trás do telhado de uma imensa prisão, ganhando um instante de respiro em meio ao caos.

— Ai... Ai... Gastei chakra demais para fugir daqueles buchas...


Acima do telhado, parecia um local perfeito para despistar uma grande parte dos perseguidores, dando algum tempo para que as duas pudessem respirar por um tempo maior. Não muito longe daquela região, Hanya veria um shinobi com o manto da Akatsuki calmamente andando sobre a floresta como se fosse de encontro para a entrada daquele castelo, o shinobi vulgo Itachi parecia ileso em comparação com Hanya, muito provavelmente ele estava adentrando naquele território para ir de encontro com sua pequena aluna que havia sido capturada no meio do caminho de sua longa viagem. Mas em questão de segundos, Hanya notaria um indivíduo emergindo na frente de Itachi. O mesmo homem que um dia, tinha estragado a vida.


Shimura Danzou fazia sua aparição frente a Uchiha Itachi e ambos iriam se encarar por um breve segundo, porém, antes que Hanya pudesse ouvir o que aqueles dois iriam falar...


Um homem emergiu nas costas de Hanya e Ram. Um homem de olhos negros com um longo cabelos que iam até sua cintura. Sua mão esquerda parece emanar um chakra flamejante e ele pretendia atacar Ram naquele momento que não havia notado sua aproximação a tempo. Porém, Hanya poderia reagir... O que ela faria?

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Ram escreveu:

Agora, sobre o seu mestre... Uchiha Itachi, né? Para uma garota da sua idade, você se mete com muito bandido... Isso ai não foi o cara que matou seu clã, não? Qual o sentido de você se aliar com ele?

— A realidade... o que é exatamente a realidade? É algo que as pessoas definem de acordo com suas crenças e percepções. Mas as crenças de uma pessoa podem ser moldadas por mentiras e ilusões. Se é possível controlar o que alguém vê e sente, então o que realmente é a verdade? Após questionar sobre a realidade de Itachi, Hanya continuou. — Talvez um dia eu descubra a realidade por trás do meu mestre, mas minha intuição me diz, que ele não é uma pessoa ruim.

Ram escreveu:

Sabe aquele Hyuuga que atacou vocês, 3 anos atrás? Ele citou uma coisa que eu achei curiosa, ele disse que o seu chakra era muito semelhante com o meu, quase equivalente... Você sabe de uma coisa que eu não sei?

— Por falar em realidade e ilusão... Eu sei de muitas coisas a seu respeito que você nem faz ideia. O mais indicado é que você busque por si só as respostas sobre seu passado e tire suas próprias conclusões. Uma pessoa completamente desconhecida como eu só criaria mais incertezas. Mas talvez eu possa te ajudar em alguma coisa. Recentemente, aprendi uma técnica capaz de mostrar lembranças do seu passado. — Jogar toda a verdade na cara de Ram seria uma perda de tempo, já que provavelmente a kunoichi duvidaria da veracidade da história. Deixar que ela mesma tirasse suas conclusões foi a opção de Hanya para esse momento. Caso Ram aceitasse a oferta, Hanya usaria seu Jigyaku no Jutsu em Ram, a fim de mostrar algo que a ajudasse nessa jornada de descobrir sobre seu passado.


O combate intenso continuava, e Hanya pôde contemplar a forma graciosa e limpa com que sua irmã lutava. Sua forma era precisa, e isso tudo sem usar o sharingan. Certamente Ram possuía um talento natural, mesmo entre os Uchihas, uma verdadeira gênia do combate. Impressionada com sua irmã, Hanya não conseguiu conter a empolgação, soltando um elogio sincero e espontâneo:

— PUTA QUE PARIU, RAM, ISSO FOI FODA DEMAIS!




— Droga!! O que esse vagabundo do Danzo faz aqui e por que ele está falando com meu mestre? — Nesse momento, Hanya sentiria uma presença hostil. Virando-se para trás, notou que um shinobi estava prestes a atacar Ram, e, nesse exato momento, Hanya usou o Magen: Kasegui no Jutsu para travar os movimentos do homem. — Ram, cuidado! — alertaria Hanya para sua irmã.

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A presença de Hanya era tão súbita quanto intensa. Assim que aplicou o gatilho visual derivado do seu Magen: Kasegui no Jutsu, os movimentos do homem ficaram imediatamente paralisados que imediatamente ficou surpreso que uma garota de apenas 12 anos parecia capaz de paralisar um adulto experiente em combate. Ele estremeceu, seus músculos rígidos enquanto correntes ilusórias o aprisionavam, perfurando sua carne de forma invisível e cruel. Ram, por sua vez, reagiu instintivamente ao aviso de Hanya. Em um movimento rápido e preciso, girou o corpo, sacando uma kunai e, com um selo de mão rápido, liberou uma poderosa lamina de vento derivado do Fūton: Shinkūken, que atingiu o agressor com força total, lançando-o para longe e abrindo um enorme corte em seu peito.


O inimigo foi arremessado como uma boneca de pano, caindo com violência sobre as rochas cobertas de neve. Ainda preso nas correntes ilusórias, ele lutava para recuperar o controle de seu corpo, mas a técnica de Hanya o impedia de qualquer movimento significativo.

— Você tem bons reflexos, baixinha. — comentou Ram, limpando o suor da testa enquanto lançava um olhar avaliador para a jovem. — Dito isso... Qual é dessas frases filosóficas do nada? Só falta usar um monóculo e ficar careca para ser mais elitista. E se você realmente tem alguma coisa que eu não sei, me fale, né…


Antes que Hanya pudesse responder, um novo grupo de shinobis de Kusagakure surgiu entre as árvores. Eles se moviam como sombras, seus olhos predadores focados nas duas. O silêncio que precedeu a investida deles era quase sufocante, um dos ninjas daquele exército iria inflar seu chakra, e disparar de sua boca uma quantidade avassaladora de fogo em direção do céu, queimando vivos e executando todos corvos conjurados por Hanya, que naquele momento causavam uma tremenda poluição visual.

Ram notando que não iria demorar muito para que os ninjas localizassem as duas, ela puxaria Hanya pelo braço e num forte salto, iria se locomover para fora do castelo.


Assim que se escondessem em uma pequena caverna local, as duas sentiriam que estavam seguras de futuras investidas. Hanya, com olhos focados, fez selos rápidos com as mãos. Magen: Jigyaku no Jutsu. O genjutsu ativou instantaneamente, e Ram sentiu sua mente sendo sugada para o passado.

Quando o genjutsu de Hanya foi ativado, Ram foi abruptamente lançada para o coração de suas lembranças mais sombrias. Sua vila, antes tranquila, estava agora tomada por chamas. O calor sufocante misturava-se ao cheiro nauseante de carne queimada e sangue seco. A visão das casas em ruínas, deformadas pelo fogo, criava um cenário distorcido, quase irreal, onde sombras grotescas dançavam em meio à destruição.


No centro daquele pesadelo, ele apareceu. Um homem na escuridão, envolto em um manto negro, caminhava com uma calma perturbadora. A cada passo, o ar parecia pesar ainda mais, como se sua simples presença drenasse a esperança e a vida ao redor. Seu chakra era opressor, uma força que distorcia a realidade, transformando o que restava da vila em um inferno de dor e desespero.

Ram, uma criança, congelada de medo, observava impotente. O assassino se aproximou de sua casa, e ela mal conseguia respirar. Com um único movimento de sua lâmina, ele cortou sua mãe ao meio. O sangue espirrou sobre a lama, escorrendo lentamente, enquanto a vida da mulher se extinguia diante dos olhos da filha. Ram quis gritar, mas sua voz ficou presa. Ela recuou, tropeçando, seus pés afundando na lama. Ao longe, ela viu Hanya sendo arrancada violentamente de sua visão, como se o destino estivesse separando as duas de forma brutal e definitiva. Ram foi jogada no rio caótico de suas próprias emoções, engolida pela corrente violenta da dor. Quando finalmente se soltou do pesadelo, ela voltou ao presente, seu corpo tremendo descontroladamente. Um grito escapou de seus lábios antes que pudesse se conter, ecoando na escuridão.


Seus olhos se abriram, agora tingidos de um vermelho intenso. O sharingan despertara. Um único tomoe girava em suas íris, capturando cada detalhe da cena ao seu redor com uma precisão cruel. Hanya, observando com seu próprio sharingan ativado, percebeu algo ainda mais perturbador.


O fluxo de chakra em Ram estava distorcido, como se um genjutsu muito mais poderoso estivesse selado nela desde antes. Um genjutsu que havia manipulado suas lembranças, impedindo-a de ver o passado com clareza. E a aliada temporária de Hanya nesse momento tinha simplesmente congelado, sem saber como agir.



Não muito longe dali, a tensão pairava no ar entre Itachi Uchiha e Danzou Shimura. A atmosfera era densa, e as palavras trocadas entre os dois homens eram inaudíveis para Hanya, mas o semblante dos dois deixava claro que algo perigoso estava em jogo. Danzou, com sua postura severa, parecia pressionar Itachi a concluir alguma missão, algo sombrio e moralmente duvidoso. A maneira como ele falava sugeria que Itachi estava, de alguma forma, envolvido em uma aliança com Konoha que transcendia simples lealdades, algo incompreensível para a menina de apenas 12 anos.

Itachi, no entanto, não demonstrava interesse. Com um olhar frio e distante, ele pegou um pergaminho que Danzou havia jogado ao chão e, com um gesto deliberado, o lançou em direção ao rio próximo. O ato, simples, mas carregado de significado, revelava sua recusa em aceitar a missão — uma missão que parecia ir contra seus próprios princípios.

Enquanto Itachi se afastava, movendo-se em direção à posição de Hanya, Danzou, num tom mais áspero, elevou a voz, deixando escapar uma promessa perigosa:

— Eu conheço uma técnica capaz de reverter o Fushi Tensei, se é isso que te interessa... Você faria de tudo pelo seu irmão, não faria, Itachi? Até mesmo arruinar o governo da atual Hokage e... Acabar o serviço que você deixou incompleto entre os Uchihas.

Essas palavras congelaram Itachi no lugar. Ele parou de se mover, e por um breve momento, o silêncio tomou conta. Com os olhos fechados, ele ponderou as palavras de Danzou antes de abrir lentamente os olhos, agora iluminados pelo poder inquietante do Mangekyo Sharingan.

— Tenho meus próprios métodos para reverter tal processo. Não preciso da sua ajuda, Danzou. — respondeu Itachi com frieza, sua voz carregada de desprezo. — Não irei executar uma missão que prejudique o atual Hokage e não matarei Uchiha Hanya. Continuarei fornecendo as informações que você deseja, como prometido. No entanto...

O tom de sua voz tornou-se ainda mais grave, e seus olhos brilhavam com a ameaça de seu poder ocular.

— Não me envolva mais em suas corrupções. Especialmente quando nem sequer é capaz de cumprir sua parte do acordo.

Por fim, num piscar de olhos, Itachi iria emergir ao lado de Hanya, e com um breve olhar do seu doujutsu, ele parecia basicamente ordenar que a garota a seguisse, sendo visivelmente um pouco estúpido. Um padrão de comportamento que não era natural dele. O Uchiha mais velho não parece se importar com Ram, que nesse momento parecia ter entrado num estado vegetativo enquanto olhava para os lados, percebendo que estava vendo tudo diferente, muito provavelmente por causa do sharingan que tinha despertado e nem se dado conta.

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A tensão pairava no ar e Hanya desviava sua atenção para Ram, que parecia abalada com lembranças perturbadoras de seu passado. No momento, Hanya tentaria tranquilizá-la com palavras e um abraço forte, mas sempre atenta ao que acontecia à sua volta. Um pouco mais à frente, era possível notar gestos e trocas de palavras entre Itachi e Danzo, deixando Hanya extremamente incomodada e fazendo-a se questionar: Por que Itachi está negociando algo com alguém tão repugnante quanto Danzo? Era uma questão de tempo até que os shinobis da prisão descobrissem Hanya e sua irmã na pequena gruta, sem contar que Itachi era um ninja procurado. Diante dessa situação, Hanya logo se levantaria e passaria instruções para sua irmã.

Não demorou muito para que Itachi aparecesse diante das garotas Uchiha, dando instruções severas para Hanya, que logo percebeu a seriedade em sua fala. Preocupada em deixar as coisas encaminhadas para o futuro, Hanya dá um tapa severo na cara de sua irmã, com o intuito de fazer a menina se recompor do estado de choque em que estava. — Ram, agora que você descobriu um pouco do nosso passado, mantenha essa história em segredo e tente não usar seu Sharingan na frente dos subordinados de Danzo. Acredito que esse verme está preservando você apenas para roubar seus olhos. Mantenha sua personalidade de sempre e, se possível, mantenha contato comigo. Enviarei um corvo sempre que possível para saber das coisas, agora preciso ir. Até mais, minha irmã.

Hanya seguiria as ordens de seu mestre, sem fazer nenhum questionamento, e também não perguntaria absolutamente nada sobre a conversa que ele teve com Danzo, apenas deixaria que ele mesmo contasse sobre o ocorrido, já que sabia muito bem que o objetivo de Hanya era se vingar dele. Itachi devia essas explicações à jovem Uchiha. Se tivesse tempo, Hanya contaria a Itachi que a menina caída na gruta era sua irmã, mas preferiu não entrar em um combate direto, pois sabia que Itachi tinha alguma doença que limitava suas ações, repreendendo seu mestre e dizendo que ele deveria buscar algum tratamento.

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A tensão pulsava no ar, um presságio sombrio que Ram não conseguia ignorar. Seus pensamentos estavam emaranhados em memórias perturbadoras que a assombravam, cada uma mais angustiante que a anterior. O olhar distante de Hanya capturou sua atenção, mas ela sentia que suas palavras não conseguiam penetrar a névoa de sua ansiedade. O abraço forte de Hanya trouxe um pouco de conforto, mas não dissipou a inquietude que a consumia. Ram observou um pouco mais à frente e notou a troca de palavras e gestos entre Itachi e Danzo.

— Não... Não... Tem algo errado com essas memórias, irmã... — Pelo menos ela já havia aceitado que Hanya era de fato sua irmã, mas visivelmente o efeito do genjutsu estranho que afetava seu corpo, parecia ser muito mais poderoso que sua capacidade de racionalizar sobre o assunto — Por qual motivo minha cabeça está doendo tanto... O que sou eu... Eu sou uma Shimura, como é possível eu ter o sharingan, não... Droga... Eu... Eu... Vou pensar sobre isso, irmã...

Lagrimas começaram a escorrer de seus olhos, visivelmente seria necessário de mais para quebrar o estranho genjutsu que afetava Ram, ela ainda não aceitava a realidade por completo, felizmente Hanya parece ter conseguido abrir dúvidas em seu coração e isso já bastava por enquanto.


Itachi observou a cena à sua frente com uma calma quase imperturbável. Mesmo com o caos ao redor, ele compreendia claramente a situação. Após uma breve trocas de palavras com sua irmã, Hanya se levantou e foi acompanhar Itachi que parecia ter alguma pressa para sair daquela região, e provavelmente estava certo, não iria demorar muito tempo para eles serem achados.


Hanya, confusa, observava Itachi de perto. Ele, por sua vez, manteve-se em silêncio enquanto a jovem Uchiha processava a situação. Quando ela mencionou sua irmã, por um instante, um quase imperceptível sorriso atravessou o rosto de Itachi. Foi um vislumbre rápido, algo que Hanya sequer poderia ter certeza se havia sido real — nunca tinha visto seu sensei sorrir antes. Finalmente, ele falou, com uma voz calma, mas cheia de um peso que a própria Hanya talvez não compreendesse por completo:

— Hanya... Recebi uma missão Rank S+ da Akatsuki. Kisame e eu teremos que nos separar de vocês por um tempo, para começar os preparativos dessa tal missão. Será uma missão que demandará cada fibra do meu ser, e confesso que poucos na Akatsuki sobreviveriam a algo assim. Nossa tarefa envolve a caça de um bijuu, em um território fortemente protegido. Pessoalmente não pretendo agir diretamente nessa missão, apenas garantir a segurança do meu companheiro de equipe, já deve ser o suficiente. Logo, minha vida não deve correr grandes riscos, então não se preocupe.

Ele fez uma pausa, como se refletisse sobre algo além das palavras.

— A partir de agora, Pain e Madara serão mais severos com vocês. Suas missões ficarão mais árduas, e talvez você veja aliados caindo ao seu lado. Evitar a morte de companheiros é um fardo que devemos carregar, mas... quando ela ocorre, devemos encarar essa realidade de frente. Desviar o olhar não mudará o que é inevitável e imutável. Você está muito mais forte do que há três anos, Hanya. Como Uchiha, logo você poderá me superar. Contudo, quando isso acontecer, provavelmente eu já não estarei mais aqui para ver. — Ele olhou para ela com uma expressão serena, mas distante, como alguém que aceita a transitoriedade de todas as coisas. — Espero que, quando esse momento chegar, você não cometa os mesmos erros que eu. Você já deu o primeiro passo para não fazer isso, ao ajudar sua irmã a ver um pouco da realidade que a cerca. Eu também farei o mesmo com meu irmão, embora de outra maneira.


A viagem entre eles parecia um pouco mais demorada, num breve movimento de afeto, Itachi, iria movimentar sua mão e tocar na testa de Hanya de forma suave, uma espécie de dedada. Um movimento incompressível, porém, visivelmente era um gesto comum entre indíviduos do Clã Uchiha, ela lembrou vagamente de sua mãe fazendo o mesmo gesto com ela no passado.

— Até outra hora.

E nesse momento, a figura que era seu sensei, simplesmente iria desaparecer num amontoado de corvos. Sua presença simplesmente iria sumir por completo. Deixando Hanya sozinha no meio da viagem. Tudo que restava para a pequena Hanya, naquela rota de viagem, era aceitar e voltar para sua casa, voltar para Amegakure, onde seus amigos estavam.


Por um breve segundo, Hanya de forma inconsciente sabia, Itachi de alguma forma, mesmo que distorcida, se importava com seu irmão, Sasuke. E pelos boatos, Orochimaru havia conseguido o corpo daquele garoto tão assustador, isso significa que... Itachi em algum momento iria atrás, de Orochimaru? Hanya deveria se intrometer nesse futuro combate? Por enquanto, Itachi não iria se movimentar contra Orochimaru, mas era claro, que algum dia, esse dia iria chegar. E naquele momento, Hanya não tinha força para se intrometer em combates tão absurdos, o que ela faria?

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Missão Concluída:
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