Oficina de BrinquedosPor volta das 9 horas. Yashin e Kuroi despertaram de repente, suas mentes ainda confusas e pesadas. O ambiente ao redor era estranho, envolto numa penumbra de prateleiras antigas cheias de bonecos e brinquedos. O ar cheirava a poeira e madeira envelhecida. Mas algo estava errado. Ao tentar se mover, eles perceberam, com um choque, que seus corpos não eram mais os mesmos — estavam presos dentro de corpos de bonecos. Pequenos, frágeis, com articulações rígidas, cada gesto era uma luta contra a limitação de suas formas inanimadas.
A penumbra dançava ao redor da figura, criando sombras tortuosas que pareciam ganhar vida própria. Uma garota emergiu da escuridão, os cabelos azuis longos e ondulantes se misturando ao ambiente lúgubre. Seus olhos, profundos e enigmáticos, reluziam com uma curiosidade gélida, mas havia algo de sinistro em sua inocência aparente, algo que pairava na fronteira entre o pueril e o sádico. Ela se manteve em silêncio por um instante, como se o simples ato de respirar naquela atmosfera opressiva fosse um insulto à quietude.
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Esses bonecos... Tenho impressão que se mexeram... Hmmm... Bizarro... — sussurrou com uma tranquilidade quase perturbadora, mas logo sua voz explodiu no ar como um trovão repentino. —
O Shitobosta... Vai demorar muito para o Agnis-san despertar novamente? Nunca vi bicho que dorme tanto, maluco. Eu não posso ficar muito tempo parada numa região, já falei que tem a porra de um exército me caçando!Da escuridão, uma voz cansada, quase desinteressada, respondeu, carregando o peso da paciência desgastada:
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Agnis-sama é assim mesmo. Para manifestar o chakra daquela temível bijuu, ele precisa de um descanso bem maior do que qualquer ser humano. Vai ter que esperar... E por enquanto, não grite... A versão aprimorada do Motokishi ainda é muito instável emocionalmente. Ao menor barulho, ele pode atacar você.
Os olhos de Anput brilharam com um tom gélido, sua pele adquirindo uma tonalidade cinza macabra sob a luz difusa. Um sorriso malicioso se formou lentamente em seus lábios.
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Certo... Então... Xô brincar de boneca enquanto isso. Posso pegar alguns bonecos da sua coleção?Shitokomi, oculto nas sombras, parecia concentrado em montar algum mecanismo, mas ao ouvir aquelas palavras, ele se virou lentamente, lançando um olhar sério e frio na direção da garota.
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Você não está velha demais para brincar de boneca, moça? Tu não tinha 18 anos, não? E esses “bonecos” não são brinquedos. São recipientes de almas. Se notar algum deles se movendo, me avise... Preciso de uma alma nova para estabilizar o Motokishi-san. Mas se você ficar quieta, eu deixo você pegar um deles, desde que não estejam se movendo. Entendeu bem?Anput, com seus grandes olhos brilhando de malícia, piscou repetidamente, como se processasse as palavras com uma doentia tranquilidade. Ela se abaixou graciosamente, avançando na direção de uma prateleira próxima, onde Yashin e Kuroi estavam escondidos entre outros bonecos. Seus dedos finos e ágeis os puxaram pelos cabelos, como se fossem simples marionetes à mercê de sua vontade.
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Vou pegar esses dois aqui, sussa?—
Hm? Por que escolheu esses dois? — questionou Shitokomi, com uma sobrancelha arqueada, ainda que o tom de voz mantivesse a frieza usual.
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Sei lá, mano... São bonitinhos, e eles parecem um casal. Olha que fofinho, de mãos dadas e tudo. — Sua voz carregava um deboche infantil, ela fazia as duas marionetes do Uchiha e Kyosuke se aproximarem um do outro, simulando um beijo. —
Shippei essas marionetes desde a primeira vez que eu vi.Shitokomi a observou por um momento, os olhos estreitados em desconfiança, antes de suspirar pesadamente.
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Me devolva esses bonecos depois... E não os danifique. O nome desses bonecos são Uchiha Yashin e Kyosuke Kuroi, futuramente quero que os verdadeiros trabalhem conosco para desintegrar cada maldito habitante daquele vilarejo de merda. Eles são aviadados por natureza, com um papo pacifista conforme os relatos, mas nada que os Insetos Mushikas futuramente não resolvam. Kumo vai cair, da pior forma possível... Isso eu prometo.Anput assentiu casualmente, mas o brilho em seus olhos indicava que ela faria o que quisesse com eles, independentemente das advertências. Ela os puxou pelos cabelos com descaso, quase se divertindo com a brutalidade do gesto.
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Shitobosta... Você é chato pra caralho, sabia? — murmurou com um sorriso torto, enquanto se afastava, levando consigo suas novas "brincadeiras". —
Okay... Não se preocupe!A garota cruzou a escuridão com tranquilidade, como se estivesse indo para seu quarto. Yashin e Kuroi conseguiam se mover e talvez falar, porém... Não sabiam exatamente o que estava acontecendo naquela região.
Ação livre para @Heimdall @Gaius