A fortaleza de Montjuïc, em Kirigakure, é uma construção esquecida pelo tempo, mas cujos ecos continuam a sussurrar nas sombras de seus corredores. Erguida sobre uma montanha íngreme, sua presença se perde nas espessas neblinas que a cercam, como se ela quisesse se esconder do mundo, recusando-se a ser tocada pela luz do dia. Suas pedras, antigas e desgastadas, são marcadas por décadas, talvez séculos, de histórias não contadas, de intrigas e de traições que se entrelaçam nas rachaduras de suas paredes, como se as próprias fundações guardassem os segredos de uma época há muito perdida.
Os salões da fortaleza são vastos e desolados, sua grandiosidade apenas um reflexo de um passado que se desfez em silêncio. O ar dentro é pesado, denso, como se estivesse impregnado com o peso de todos os sentimentos não expressos, todas as emoções engolidas ao longo do tempo. Cada sala parece ter sido feita para esconder mais do que revelar, como um livro cuja capa desbotada guarda um conteúdo sombrio e secreto. As portas, de madeira apodrecida, abrem-se com um som que faz o coração hesitar, como se, por um instante, a fortaleza estivesse respirando, aguardando algo ou alguém.
Em um canto esquecido, uma estante se ergue, imensa, coberta de poeira e de um musgo negro que parece brotar da própria madeira. Lá, velhos rolos e pergaminhos estão guardados, muitos rasgados, outros quase ilegíveis, mas todos contando histórias de uma Kirigakure que se esconde nas brumas da memória. Alguns falam de líderes cruéis, outros de guerreiros que desapareceram sem deixar vestígios, como fantasmas que foram engolidos pela névoa. O cheiro de papel envelhecido, misturado ao mofo e à terra úmida, é um lembrete constante de que a fortaleza, assim como os segredos que ela guarda, nunca teve a intenção de ser encontrada.
No subsolo, onde a luz nunca chega, um labirinto de celas e corredores mergulha em uma escuridão que parece viva. Lá, os ecos de gritos abafados, os sussurros de almas perdidas que tentaram escapar, continuam a se arrastar pelas paredes, misturados com o som distante da água que pinga no silêncio. Algumas celas estão vazias, mas outras ainda guardam os vestígios de antigos prisioneiros, cujos rostos e histórias se desvaneceram para sempre. As correntes enferrujadas que balançam lentamente no vento que passa pelas frestas do edifício parecem falar de uma dor que nunca se apaga.
A fortaleza de Montjuïc não é apenas uma construção de pedra e madeira. Ela é um livro esquecido, um repositório de tudo aquilo que a vila de Kirigakure preferiu deixar para trás. Mas, como todos os livros esquecidos, ela ainda guarda suas páginas, aguardando pacientemente por aqueles corajosos o suficiente para desvendá-las — ou talvez, para sucumbir àqueles segredos que nunca deveriam ter sido revelados.