Então, um dia desses tava re-vendo os filmes do Harry Potter, quando comecei a falar uns títulos randoms aí. q
Daí, com a ajuda do Itachi Uchiha, criei Mari Potter. Uma paródia de Harry Potter com o pessoalzinho aqui do fórum.
E não quero ninguém reclamando dos seus papéis. u_u E sim, tá muito grande. adoro. Mas como defesa, passei a noite toda escrevendo. Sem contar que parava um pouco pra pensar. q Antes de mais nada Harry Potter pertence a JK Rowling [trademark aqui]
Enfim, vamos começar:
Capítulo 1 - The Bitch Who Lived
O Sr. e a Sra. Dursley, da Favela dos Costureiros nº. 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, e esnobes como a Paris Hilton. Eram as últimas pessoas no mundo que se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, já que se achavam muitos elegantes e espertos para se meterem em coisas do tipo.
O Sr. Dursley era Dono de um Sexy-Shop chamado Cummings, testava vibradores. Uma de suas artimanhas para tentar evitar a devolução de seus produtos. Era um homem alto e gordo, ou só tinha ossos largos, sem contar que era quase sem pescoço, embora tivesse enormes bigodes. A Sra. Dursley era loura e tinha um pescoço de girafa, o que era bem útil, já que ela podia espicha-lo por cima da cerca para fuxicar seus vizinhos. Aliás, seu cabelo louro nem é natural. Tudo tintura da L’Oréal. Os Dursley tinham um filhinho chamado Dudley, mais conhecido como Duda, e na opinião de seus pais. Não havia garoto mais fashion que ele.
Os Dursley tinham tudo que queriam, mas tinham também um segredo, e seu maior medo era de que alguém o descobrisse. (Coisa que podia acontecer, já que moram em uma vizinhança cheia de velhas fofoqueiras) Achavam que não iriam aguentar se alguém descobrisse a existência dos Potter.
A Sra. Potter era irmã da Sra. Dursley, mas não se viam há muitos anos, na realidade a Sra. Dursley fingia que não tinha irmã, porque era uma vaca invejosa. Eles se peidavam só de pensar o que os vizinhos fuxiqueiros iriam dizer se os Potter aparecessem na rua. Os Dursley sabiam que os Potter tinham uma filhinha também, mas nunca a tinham visto. A pequena vadiazinha era mais uma razão para manter os Potter à distância, eles não queriam que Duda se misturasse com uma criança pobrenta e imunda daquelas.
Quando o Sr. e a Sra. Dursley acordaram na terça-feira cinzenta em que a nossa história de amor e ódio começa. O Sr. Dursley cantarolava ‘Friday’ (mesmo sendo terça, vai entender) ao escolher a gravata mais sem graça e brega do mundo para ir trabalhar e a Sra. Dursley fofocava alegremente enquanto se esforçava para encaixar o Duda ao berros na cadeirinha alta.
Nenhum deles reparou em uma coruja rosa-choque que passou, batendo as asas, pela janela.
Às oito e meia, o Sr. Dursley apanhou a pasta, deu um beijinho no rosto da Sra. Dursley e tentou dar um beijo de despedida em Duda, mas não conseguiu, porque estava baixando um santo em Duda. Que o fazia atirar sua papinha de leite-de-burra nas paredes.
— Peste — disse rindo o Sr. Dursley ao sair de casa. Entrou no carro e deu marcha à ré para sair do estacionamento do número quatro.
Foi na esquina da rua que ele notou o primeiro indício de que algo estranho acontecia, um gato lia uma revista ‘Mens Fitness’. Por um instante o Sr. Dursley nem deu atenção ao que viu. — em seguida virou rapidamente a cabeça para dar uma segunda olhada. Havia um gato de listras amarela, sentado na esquina da Rua dos Costureiros, mas não havia nenhuma revista pornográfica gay. Em que estaria pensando naquela hora? Devia ter sido efeito do azulzinho que tinha tomado mais cedo. Ele piscou e arregalou os olhos para o gato.
O gato o encarou. Enquanto virava a esquina e subia a rua, espiou o gato pelo espelho retrovisor. Ele agora estava lendo a placa que dizia Rua dos Costureiros — não, não estava olhando a placa: gatos não podiam ler revistas pornôs nem placas. O Sr. Dursley sacudiu a cabeça e tirou o gato do pensamento. Durante o caminho para a cidade ele não pensou em mais nada exceto no grande pedido de Vaselinas que tinha esperanças de receber naquele dia, mas ao sair da cidade, as vaselinas foram varridas de sua cabeça por outra coisa. Ao parar no engarrafamento típico de cidades cheias de fusquinhas do século passado, não pode deixar de notar que havia várias pessoas estranhamente vestidas andando pelas ruas. Gente com capas largas. O Sr. Dursley não tolerava gente que andava com roupas ridículas e de segunda mão —Ai que horrô, quem vestiria esses panos de bunda?! Exclamou Dursley. Imaginou que aquilo fosse uma nova moda idiota criada por hipsters. bateu os dedos no volante e seu olhar recaiu em um grupinho de favelados parados bem perto dele. Cochichavam excitados. O Sr. Dursley se irritou ao ver que alguns deles nem eram jovens, ora, aquele homem devia ser mais velho do que ele, e usava uma capa verde-esmeralda com uma botinha de couro horrorosa! Que brega! Mas então ocorreu ao Sr. Dursley de que seria alguma promoção de pobre — essas pessoas estavam obviamente arrecadando alguma coisa... É, devia ser isto! O tráfego avançou e alguns minutos depois o Sr. Dursley chegou ao estacionamento da Cummings, o pensamento de volta às vaselinas.
O Sr. Dursley sempre ia primeiro no banheiro dos funcionários, que tinha um pôster semi nú do Taylor Lautner. Se não tivesse feito isso, talvez tivesse achado mais difícil se concentrar em vaselinas naquela manhã. Ele não viu as corujas que voavam velozes como ‘potas’ defendendo seu ponto em plena luz do dia, embora as pessoas na rua as vissem, elas apontavam e se espantavam enquanto um bando de corujas passavam no alto. A maioria jamais tinha visto uma coruja, ainda mais corujas que eram tão coloridas que só faltava ser uma parada da LGBTQ. O Sr. Dursley, porém, teve uma manhã normal sem corujas. Gritou com cinco pessoas diferentes. Deu vários telefonemas importantes e gritou mais um pouco. Estava de excelente humor até a hora do almoço, quando pensou em esticar as pernas e atravessar a rua para comprar um pãozinho doce na padaria Lepaulnamão.
Esqueceu completamente das pessoas de capas da coleção do século 18 da Madonna, até passar por um grupo delas próximo à padaria. Olhou-as com raiva ao passar. Não sabia o porquê, mas elas o deixavam nervoso. Essas cochichavam também, mas ele não viu nenhuma latinha de coleta. Foi ao passar por elas na volta, levando uma grande rosca açucarada com um pirulito no meio que entreouviu algumas palavras do que diziam.
— ... Os Potter, é verdade, foi o que ouvi...
— ... É, a filha deles, Mari...
O Sr. Dursley parou de repente. Pobrezinho, estava assustado. Virou a cabeça para olhar as pessoas que cochichavam como se quisesse dizer alguma coisa, mas pensou melhor.
Atravessou a rua depressa, correu para o sexy-shop, disse rápidamente à mulher do caixa que não o incomodasse, agarrou o telefone como uma teenager fofoqueira e antes que pudesse terminar de discar o número de casa mudou de idéia. Pôs o fone no gancho e alisou os bigodes pensando... Não, estava agindo como um idiota, pra váriar. Potter não era um nome tão fora do comum assim. Tinha certeza de que havia muita gente chamada Potter com uma filha chamada Mari.
Pensando bem nem sequer tinha certeza de que a sobrinha tivesse o nome de Mari. Jamais viu a menina melequenta. Talvez fosse Brosqueta. Ou Marilúzia
Não tinha sentido preocupar a Sra. Dursley, ela sempre ficava tão perturbada à uma simples menção de sua irmã esquisita. Não a culpava — se ele tivesse uma irmã tão fubasenta como aquela... Mas mesmo assim aquelas pessoas de capas.
Achou bem mais difícil se concentrar nas vaselinas aquela tarde e quando deixou o edifício às cinco horas, continuava tão preocupado que deu um esbarrão em alguém parado ali na porta.
— Desculpe — falou baixinho, enquanto o velhinho caquético cambaleou e quase caiu. Levou alguns segundos até o Sr. Dursley perceber que o homem estava usando uma capa roxa menstruação. Não parecia nada aborrecido por ter sido quase jogado ao chão. Ao contrario, seu rosto se abriu em um largo sorriso e ele disse numa voz rouca que fez os passantes olharem:
— Não precisa pedir desculpas, carã, porque nada pode deixar us mano aborrecido hoje! Alegre-se! Porque o Você-Sabe-Quem finalmente foi por quinto dos infernos! Até trouxas como o senhor deviam estar comemorando um dia tão feliz!
E o velho abraçou o Sr. Dursley pela cintura e se afastou.
O Sr. Dursley ficou pregado no chão. Fora abraçado por um completo estranho brega. E também achava que foi chamado de trouxa na cara dura, o que quer que isso quisesse dizer. Estava mais bege que a Britney careca. Correu para o carro e partiu para casa, esperando que estivesse imaginando coisas, o que nunca esperava ter feito, porque não aprovava a imaginação. Muito século passado.
Quando entrou no estacionamento do número quatro, a primeira coisa que viu — e isso não melhorou o seu humor,— foi o gato listrado que notara aquela manhã. Agora ele estava sentado no muro do jardim. Tinha certeza de que era o mesmo, as marcas em volta dos olhos eram as mesmas.
— Chispa! Sua praga pulguenta— disse o Sr. Dursley em voz alta.
O gato não se mexeu. Apenas o encarou como se fosse abusa-lo. Será que isto era um comportamento normal para um gato, pensou o Sr. Dursley. Continuava decidido a não comentar nada com a esposa. A Sra. Dursley teve um dia normal e produtivo, fofoqueiramente falando.
Falou pro seu marido durante o jantar os problemas da senhora do lado com a filha. E dos vizinhos da frente, que fizeram uma orgia, embora tenham 70 anos. E ainda que Duda aprendeu uma palavra nova (Shotacon). O Sr. Dursley tentou agir normalmente. Depois que Duda foi se deitar, ele chegou à sala em tempo de ouvir o último noticiário noturno.
"E, por último, os observadores de pássaros em toda parte registraram que as corujas do país se comportaram de forma muito estranha hoje. Embora elas normalmente cacem a noite e raramente apareçam à luz do dia, centenas desses pássaros foram visto hoje voando em todas as direções desde o amanhecer. Os especialistas não sabem explicar por que as corujas de repente mudaram o seu padrão de sono.”
O locutor se permitiu um sorriso.
“Muito misterioso. E agora, com William Bonéh, o nosso boletim meteorológico. “Vai haver mais tempestades de corujas hoje à noite, William?”
"Bom", disse o meteorologista, não sei lhe dizer, mas não foram só as corujas coloridas que se comportaram de modo estranho hoje, ouvintes de todo o pais têm telefonado para reclamar que em vez do aguaceiro que prometi para ontem, eles tem tido chuvas de estrelas!
Talvez alguém ande ‘festejando’ a noite das fogueiras uma semana mais cedo este ano! Mas posso prometer para hoje uma noite chuvosa. Ou não".
O Sr. Dursley ficou paralisado na poltrona. Estrelas cadentes em todo o país? Corujas do Restart voando durante o dia? Gente misteriosa com capas de pano de mesa por todo lado? E um cochicho, um cochicho a respeito dos Potter...
A Sra. Dursley entrou na sala trazendo duas xícaras de chá.
Não adiantava. Teria que dizer alguma coisa. Falou nervoso.
— Hum, hum, Perúnia, querida, você não tem tido notícias de sua irmã pobretona ultimamente?
Conforme esperava, a Sra. Dursley pareceu aborrecida. Afinal, normalmente fingiam que ela não tinha irmã.
— Não. — respondeu ela, com tom de alguém com hemorroida. — Por quê?
— Uma notícia engraçada — murmurou o Sr. Dursley — Corujas... Estrelas cadentes e vi uma porção de gente de vestindo trapos na cidade hoje...
— E dai? — cortou a Sra. Dursley.
— Bem, pensei, talvez, tivesse alguma ligação com... Sabe... O pessoal dela.
A Sra. Dursley deu um golinho no chá com os lábios contraídos que nem bunda de galinha. O Sr. Dursley ficou em dúvida se teria coragem de contar que ouviu o nome "Potter". Decidiu que não. Em vez disso, falou com a voz mais calma que pôde:
— A filha deles, teria mais ou menos a idade do Duda agora, não?
— Suponho que sim — respondeu a Sra. Dursley ainda com hemorroida.
— Como é mesmo o nome dela? Marilúzia, né?
— Mari. Um nome feio e xexelento se quer saber minha opinião.
— Ah, é — disse o Sr. Dursley, sentindo um aperto horrível no coração. — E, concordo com você.
Não disse mais nenhuma palavra sobre o assunto a caminho do quarto onde foram se deitar. Enquanto a Sra. Dursley estava no banheiro, pois stava com um piriri danado. O Sr. Dursley foi devagarinho até a janela e espiou o jardim da casa. O gato continuava lá. Observava o começo da Rua dos Costureiros como se esperasse alguma coisa.
Estaria imaginando coisas. Será que tudo isso teria ligação com os Potter? Provavelmente sim... Os Dursley se deitaram. A Sra. Dursley, caiu no sono logo, mas claro, depois de pássaro dia todo no trono. O Sr. Dursley continuou acordado pensando no que aconteceria. Seu último consolo antes de adormecer não foi seus brinquedinhos testados, e sim pensar que mesmo que os Potter estivessem envolvidos, não havia razão para se aproximarem dele e da Sra. Dursley. Os Potter sabiam muito bem o que pensavam deles e de gente de sua laia... Não via como ele e Perúnia poderiam se envolver com nada que estivesse acontecendo. O Sr. Dursley bocejou e se virou. Isso não poderia afetá-los...
Como estava enganado.
O Sr. Dursley talvez estivesse com insônia, pensando sobre o felino amaldiçoado, mas o gato no muro lá fora não mostrava sinais de sono.
Continuava sentado imóvel como uma estátua, os olhos fixos na esquina mais distante da Rua dos Costureiros. E nem sequer ligou quando uma porta de carro bateu na rua seguinte, nem mesmo quando duas corujas começaram a voar a sua volta. Na verdade, era quase meia-noite quando o gato se mexeu.
Um homem apareceu na esquina que o gato estava vigiando.
Apareceu tão rápido e silenciosamente como batedores de carteira que parecia que tivesse saído do chão. O gato começou a abanar seu rabo como um cachorro no cio.
Ninguém jamais tinha visto um homem como aquele. Parecia um cafetão da meia idade. Um homem alto, magro e com um black power prateado. Ao julgar pelo seu cabelo e de sua barba, suficientemente longos para um auto-fingering. Usava vestes longas, uma capa púrpura-chok que arrastava pelo chão e botas de couro de bode com saltos altos e fivelas. Seus olhos azuis eram claros e luminosos, por trás dos óculos em meia-lua e o nariz, muito comprido e torto, quase um dick desviado. O nome dele era Alba Hudomblore.
Alba Hudomblore não parecia ter percebido de que estaria numa rua onde tudo desde o seu nome às suas botas fashions eram malvistas como um Lady Gago macumbeiro.
Estava ocupado apalpando a capa que nem um velho tarado, procurando alguma coisa. Mas parecia ter consciência de que estava sendo vigiado, porque levantou a cabeça de repente em direção ao gato, que continuava a vigia-lo da outra ponta da rua. Por algum motivo, a visão do gato pareceu diverti-lo. Deu uma risadinha como um furry e murmurou:
— Eu devia ter imaginado.
Encontrou o que procurava no bolso interior da capa, parecia um cachimbo de crack de prata. Abriu-o, ergueu no ar e ascendeu. O poste da rua mais próxima se apagou.. Ele fez de novo — o poste seguinte piscou e apagou, doze vezes ele acionou o "crackapagueiro", até que as únicas luzes acesas na rua fossem dois pontinhos minúsculos ao longe, os olhos do gato que os vigiava. Se alguém espiasse pela janela agora, até a fofoqueira da Sra. Dursley, obviamente, não conseguira ver nada que estava acontecendo na calçada. Hudomblore guardardou o "crackapagueiro" na capa e saiu caminhando pela rua em direção ao número quatro, onde se sentou no muro ao lado do gato. Não para olhar para o bicho com uma cara de rape, mas, depois de um tempinho, foi indo em direção ao gato.
— Imaginava encontrar a senhora aqui, Professora Maerva McDonalldg.
E virou sorrindo para o gato, mas ele desapareceu. Ao invés dele, se deparou sorrindo para uma mulher de aspecto severo que usava óculos de lentes quadradas exatamente do formato das marcas que o gato tinha em volta dos olhos. Logo Hudomblore broxou, pois seus extintos furrys estavam clamando por um gato. Ela, também, usava uma capa esmeralda. Tinha os cabelos negros presos num coque apertado. E parecia decididamente irritada.
— Como soube que era eu? — perguntou.
— Minha cara professora nunca vi um gato se sentar de cu trancado.
— O senhor estaria com dores anais se tivesse passado o dia todo sentado em um muro de pedra — respondeu a Professora Maerva.
— O dia todo? Quando podia estar comemorando? Devo ter passado por mais de dez boates gays e banquetes a caminho daqui.
A professora fungou aborrecida.
— Ah sim, vi que todos estão comemorando — disse impaciente. — Era de esperar que fossem um pouco mais cuidadosos, mas não, até os trouxas notaram que alguma coisa estava acontecendo. Deu até no Jornal Nacional. — Ela indicou com a cabeça a sala escura dos Dursley. — Eu ouvi... Bandos de corujas... Estrelas cadentes... Ora, eles não são completamente idiotas. Não podiam deixar de notar alguma coisa.
— Estrelas cadentes na Rocinha, aposto que foi coisa de Dédal Diggle. Ele nunca teve muito juízo. — Você não pode culpá-los — Falou Hudomblore educadamente. — Temos tido muito pouco o que comemorar nos últimos onze anos.
— Sei disso — retrucou a professora mal-humorada. — Mas não é razão para agirmos que nem retardados. As pessoas estão sendo completamente descuidadas, saem as ruas em plena luz do dia, sem nem ao menos vestir roupa de trouxa, e espalham boatos.
Maerva, lançou um olhar atento a Hudomblore, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa, mas ele continuou calado, por isso ela recomeçou:
— Ia ser uma graça se, no próprio dia em que Você-Sabe-Quem parece ter finalmente ido embora, os trouxas descobrissem a nossa existência. Suponho que ele realmente tenha ido embora, não é, Hudomblore?
— Parece que não há dúvida. Temos muito o que agradecer. Aceita um sorvete de limão?
— Um o quê?
— Um sorvete de limão. E uma espécie de doce dos trouxas de que sempre gostei muito. E tem um formato muito peculiar. Sempre me perguntei porquê os melhores alimentos dos trouxas têm formato de pênis.
— Não, obrigada — disse a Professora Maerva com frieza, como se não achasse que o momento pedia Dick de limão. — Mesmo que Você-Sabe-Quem tenha ido embora.
— Minha cara professora, com certeza uma pessoa sensata como a senhora pode chamá-lo pelo nome. Toda essa bobagem de Você-Sabe-Quem há onze anos venho tentando convencer as pessoas a chamá-lo pelo nome infeliz que recebeu: Huntemort — A professora fez uma cara de bunda, mas, Hudomblore que estava separando dois sorvetes de limão, pareceu não se importar — Tudo fica tão confuso quando todos não param de dizer "Você-Sabe-Quem". Nunca entendi a razão para ter medo de dizer o nome de Huntemort. É só um simples nome, isso é coisa de paty se referindo ao pegueto pra amiga.
— Sei que não entede — disse a professora parecendo meio emburrada, meio admirada. Mas você é diferente.. Todo o mundo sabe é o único de quem Você-Sabe... Ah está bem, de quem Huntemort tem medo.
— Isto é um elogio — disse Hudomblore calmamente. — Huntemort tinha poderes que nunca tive.
— Só porque você é muito... Bem... Chique para usá-los.
— É uma sorte estar escuro. Nunca mais corei assim desde que Madame Senfrey descobriu o esconderijo das minhas revistas Playgirl.
A Professora Maerva lançou um olhar severo a Hudomblore e disse:
— As corujas não são nada comparadas aos boatos que correm que todos estão dizendo? Por que ele foi embora? Que foi que finalmente o deteve?
Aparentemente a Professora Maerva chegou ao ponto em que estava ansiosa para discutir, a verdadeira razão pela qual esteve esperando o dia todo em cima de um muro frio e duro, porque nem como gato nem como mulher ela tivera antes lançado um olhar olhar tão penetrante em Hudomblore como agora. Era óbvio que seja o que fosse que "todos" estavam dizendo, ela não iria acreditar até que Hudomblore confirmasse ser verdade. Hudomblore, porém, estava escolhendo mais um sorvete de limão e não respondeu.
— O que estão dizendo — continuou ela — é que a noite passada Huntemort apareceu em Godric's Rollou. Foi procurar os Potter. O boato é que Lílianete e Tiaguinho Potter estão... Estão mortos.
Hudomblore fez que sim com a cabeça. A Professora Maerva perdeu o fôlego.
— Lílianete e Tiaguinho... Não posso acreditar... Não quero acreditar... Ah, Alba.
Hudomblore estendeu a mão e deu-lhe um tapinha maroto no ombro.
— Eu sei... Eu sei... — disse deprimido.
A voz da Professora Maerva tremeu ao continuar:
— E não é só isso, estão dizendo que ele tentou matar a filha dos Potter, Mari. Mas... Não conseguiu. Não conseguiu matar a praguinha. Ninguém sabe o porquê nem como, mas estão dizendo que na hora que não pôde matar Mari Potter, por alguma razão, o poder de Huntemort desapareceu e é por isso que ele foi embora.
Hudomblore concordou com a cabeça, sério.
— É verdade? — gaguejou a professora. — Depois de tudo o que ele fez... Todas as pessoas que matou... Não conseguiu matar uma garotinha? É simplesmente espantoso... De tudo que poderia detê-lo... Mas, como foi que Mari sobreviveu?
— Só podemos imaginar — disse Hudomblore. — Talvez nunca cheguemos à saber.
A Professora Maerva pegou um lenço de renda e secou com delicadeza os olhos por baixo das lentes dos óculos de boca de garrafa. Hudomblore deu uma grande fungada ao mesmo tempo em que tirava o relógio de ouro do bolso e o examinava. Era um relógio muito estranho.
Tinha doze ponteiros, mas nenhum número, em vez deles pequenos planetas giravam em volta. Mas, devia fazer sentido para Hudomblore, porque ele o repôs no bolso e disse:
— Ansagrid está atrasado. A propósito, foi ele que lhe disse que eu estaria aqui, suponho.
— Foi. E suponho que você não vá me dizer por que está aqui e não no seu barzinho da esquina.
— Vim trazer Mari para seu tio e a tia. Eles são a única família que lhe resta.
— Você não quer dizer, você não pode estar se referindo às pessoas que moram aqui? — exclamou a Professora Maerva, pulando de pé e apontando para o número quatro — Hudomblore você não pode. Estive observando a família o dia todo. Você não poderia encontrar duas pessoas mais endemoniadas como essas. E têm um filho, vi-o dando chutes na mãe até a rua, berrando porque queria balas. Mari Potter não pode vir morar aqui!
— É o melhor lugar para ele — disse Hudomblore com firmeza. — os tios poderão explicar tudo quando ele for mais velho, escrevi uma carta para eles.
— Uma carta? — repetiu a professora com a voz fraca, sentando-se novamente no muro. — Francamente Hudomblore, você acha que pode explicar tudo isso em uma carta? Essas pessoas jamais vão entendê-lo! Ele vai ser famoso, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Mari Potter. Vão escrever livros sobre Mari, ou até fanfics. Todos no nosso mundo vão conhecer o nome dele!
— Exatamente — disse Hudomblore, olhando muito sério por cima dos óculos de meia-lua. — Isso seria o bastante para virar a cabeça de qualquer menina. Famosa antes mesmo de saber andar. Famosa por alguma coisa que ela nem vai se lembrar! Veja que ela estará muito melhor se crescer longe de tudo isso e tenha capacidade de compreender? Vai que a menina vira uma Megan Fox, toda metidinha.
A professora abriu a boca, mudou de idéia, engoliu em seco e então disse:
— É, é, você está certo é claro. Mas como é que a garota vai chegar aqui, Hudomblore? — Ela olhou para a capa dele de repente como se escondesse Mari ali que nem o Pedobear.
— Ansagrid vai trazê-lo.
— Você acha que é seguro confiar a Ansagrid uma tarefa importante como essa?
— Eu confiaria a Ansagrid minha vida — respondeu Hudomblore.
— Não estou dizendo que ele não tenha o cérebro fora do lugar — disse a professora de má vontade — mas você não pode fingir que ele é cuidadoso. Que pode... Que foi isso?
Um ronco quebrou o silêncio da rua. Foi aumentando cada vez mais enquanto eles olhavam para cima e para baixo da rua à procura de um sinal de o que poderia ser aquilo, o ronco se transformou num trovão quando os dois olharam para o céu — e uma enorme mobilete caiu do ar e parou na rua diante deles.
Se a mobilete era enorme, não era nada comparada ao trabuco que a montava de lado. Ele era quase duas vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos cinco vezes mais largo. Parecia simplesmente grande demais para existir e tão destrambelhado— emaranhados de barba e cabelos negros longos escondiam a maior parte do seu rosto, as mãos tinham o tamanho de uma lata de lixo e os pés calçados com botas de couro pareciam filhotes da Mother Monster. Em seus braços imensos ele segurava um embrulho de cobertores.
— Ansagrid — exclamou Hudomblore, parecendo aliviado — Finalmente. E onde foi que arranjou essa motoquinha?
— Pedi emprestada, Professor Hudomblore — respondeu o gigante, desmontando cuidadosamente da mobilete ao falar — O jovem Thirius me emprestou. Trouxe ela, professor.
— Não teve nenhum problema?
— Não, senhor. A casa ficou quase destruída, mas consegui tirá-la inteira antes que os trouxas invadissem o lugar. Ela dormiu quando estavamos sobrevoando Briscol.
Hudomblore e a Professora Maerva curvaram-se para o embrulho de cobertores. Dentro, apenas visível, havia uma menina, que dormia que nem um urso. Sob uma mecha de cabelos muito negros caída sobre a testa eles viram um corte curioso, tinha a forma de um dick.
— Foi aí? — sussurrou a professora.
— Foi — confirmou Hudomblore.— Ficará com a cicatriz para sempre.
— Será que você não poderia dar um jeito, Hudomblore?
— Mesmo que pudesse, eu não faria nada. As cicatrizes podem ser úteis. Tenho uma acima do joelho esquerdo que é um mapa perfeito do bordel de londres. Bem, me dê ele aqui, Ansagrid, é melhor acabarmos logo com isso.
Hudomblore recebeu Mari nos braços e virou-se para a casa dos Dursley.
— Será que eu podia... Podia me despedir dela, professor? — perguntou Ansagrid.
Ele curvou a enorme cabeça descabelada para Mari e lhe deu o que devia ter sido um beijo muito peludo. Depois, sem aviso, Ansagrid soltou um uivo como o de um cachorro com diarréia.
— Psshhh! — sibilou a Professora Minerva — Você vai acordar os trouxas!
— Desculpe — soluçou Ansagrid, puxando um enorme lenço sujo e escondendo a cara nele. — Mas na... Nã... Não consigo suportar, Lílianete e Tiaguinho mortos, e a coitadinha da Mari ter de viver com os trouxas...
— É, é muito triste, mas controle-se, Ansagrid, ou vão nos descobrir — sussurrou a professora, dando uma palmadinha desajeita no braço de Ansagrid enquanto Hudomblore saltava o murozinho de pedra e se dirigia à porta da frente. Colocou Mari no capacho, tirou uma carta da capa, Colocou ela entre os cobertores da menina e em seguida, voltou para a companhia dos dois. Durante um minuto inteiro os três ficaram parados olhando para o embrulho, os ombros de Ansagrid sacudiram, os olhos da Professora Maerva piscaram para tentar segurar as lágrimas e a luz que sempre brilhava nos olhos de Hudomblore parecia ter se apagado.
— Bem — disse Hudomblore finalmente — acabou-se. Não temos mais nada a fazer aqui já podemos nos reunir aos outros para comemorar.
— É — disse Ansagrid com a voz muito rouca. — Vou devolver a mobilete de Thirius. Boa noite, Professora Maerva, Professor Hudomblore...
Enxugando os olhos na manga da jaqueta, Ansagrid montou na mobilete e acionou o motor com um chute, com um rugido ele levantou vôo.
— Nos veremos em breve, espero, Professora Maerva — falou Hudomblore, com um aceno. A Professora Maerva torceu o nariz em resposta.
Hudomblore se virou e desceu a rua. Na esquina parou e puxou o "Crackapagueiro". Deu um clique e doze esferas de luz voltaram aos postes da favela dos Costureiros, e ele avistou o gato listrado se esquivando pela outra ponta da rua. Mal dava para enxergar o embrulho de cobertores no capacho do número quatro.
— Boa sorte, Mari — murmurou ele. Girou em torno de si mesmo e, com um movimento da capa, desapareceu.
Uma brisa sorpou nas cercas bem cuidadas da Rua dos Costureiros, o último lugar do mundo em que alguém esperaria que acontecessem coisas espantosas. Mari Potter virou-se dentro dos cobertores sem acordar. Sua mão agarrou a carta ao lado, mas ela continuou a dormir, sem saber que era uma macumbeira especial, sem saber que era famosa, sem saber que iria acordar em poucas horas com o grito da Sra. Dursley ao abrir a porta da frente para pôr as garrafas de cachaça do lado de fora, nem que passaria as próximas semanas levando cutucadas e beliscões do primo Duda. Ela não podia saber que neste mesmo instante, havia pessoas se reunindo em segredo em todo o país que erguiam os copos e diziam.
— À Mari Potter, a vadia que sobreviveu.
Daí, com a ajuda do Itachi Uchiha, criei Mari Potter. Uma paródia de Harry Potter com o pessoalzinho aqui do fórum.
E não quero ninguém reclamando dos seus papéis. u_u E sim, tá muito grande. adoro. Mas como defesa, passei a noite toda escrevendo. Sem contar que parava um pouco pra pensar. q Antes de mais nada Harry Potter pertence a JK Rowling [trademark aqui]
Enfim, vamos começar:
Capítulo 1 - The Bitch Who Lived
Spoiler :
CAPÍTULO UM
The Bitch Who Lived
The Bitch Who Lived
O Sr. e a Sra. Dursley, da Favela dos Costureiros nº. 4, se orgulhavam de dizer que eram perfeitamente normais, e esnobes como a Paris Hilton. Eram as últimas pessoas no mundo que se esperaria que se metessem em alguma coisa estranha ou misteriosa, já que se achavam muitos elegantes e espertos para se meterem em coisas do tipo.
O Sr. Dursley era Dono de um Sexy-Shop chamado Cummings, testava vibradores. Uma de suas artimanhas para tentar evitar a devolução de seus produtos. Era um homem alto e gordo, ou só tinha ossos largos, sem contar que era quase sem pescoço, embora tivesse enormes bigodes. A Sra. Dursley era loura e tinha um pescoço de girafa, o que era bem útil, já que ela podia espicha-lo por cima da cerca para fuxicar seus vizinhos. Aliás, seu cabelo louro nem é natural. Tudo tintura da L’Oréal. Os Dursley tinham um filhinho chamado Dudley, mais conhecido como Duda, e na opinião de seus pais. Não havia garoto mais fashion que ele.
Os Dursley tinham tudo que queriam, mas tinham também um segredo, e seu maior medo era de que alguém o descobrisse. (Coisa que podia acontecer, já que moram em uma vizinhança cheia de velhas fofoqueiras) Achavam que não iriam aguentar se alguém descobrisse a existência dos Potter.
A Sra. Potter era irmã da Sra. Dursley, mas não se viam há muitos anos, na realidade a Sra. Dursley fingia que não tinha irmã, porque era uma vaca invejosa. Eles se peidavam só de pensar o que os vizinhos fuxiqueiros iriam dizer se os Potter aparecessem na rua. Os Dursley sabiam que os Potter tinham uma filhinha também, mas nunca a tinham visto. A pequena vadiazinha era mais uma razão para manter os Potter à distância, eles não queriam que Duda se misturasse com uma criança pobrenta e imunda daquelas.
Quando o Sr. e a Sra. Dursley acordaram na terça-feira cinzenta em que a nossa história de amor e ódio começa. O Sr. Dursley cantarolava ‘Friday’ (mesmo sendo terça, vai entender) ao escolher a gravata mais sem graça e brega do mundo para ir trabalhar e a Sra. Dursley fofocava alegremente enquanto se esforçava para encaixar o Duda ao berros na cadeirinha alta.
Nenhum deles reparou em uma coruja rosa-choque que passou, batendo as asas, pela janela.
Às oito e meia, o Sr. Dursley apanhou a pasta, deu um beijinho no rosto da Sra. Dursley e tentou dar um beijo de despedida em Duda, mas não conseguiu, porque estava baixando um santo em Duda. Que o fazia atirar sua papinha de leite-de-burra nas paredes.
— Peste — disse rindo o Sr. Dursley ao sair de casa. Entrou no carro e deu marcha à ré para sair do estacionamento do número quatro.
Foi na esquina da rua que ele notou o primeiro indício de que algo estranho acontecia, um gato lia uma revista ‘Mens Fitness’. Por um instante o Sr. Dursley nem deu atenção ao que viu. — em seguida virou rapidamente a cabeça para dar uma segunda olhada. Havia um gato de listras amarela, sentado na esquina da Rua dos Costureiros, mas não havia nenhuma revista pornográfica gay. Em que estaria pensando naquela hora? Devia ter sido efeito do azulzinho que tinha tomado mais cedo. Ele piscou e arregalou os olhos para o gato.
O gato o encarou. Enquanto virava a esquina e subia a rua, espiou o gato pelo espelho retrovisor. Ele agora estava lendo a placa que dizia Rua dos Costureiros — não, não estava olhando a placa: gatos não podiam ler revistas pornôs nem placas. O Sr. Dursley sacudiu a cabeça e tirou o gato do pensamento. Durante o caminho para a cidade ele não pensou em mais nada exceto no grande pedido de Vaselinas que tinha esperanças de receber naquele dia, mas ao sair da cidade, as vaselinas foram varridas de sua cabeça por outra coisa. Ao parar no engarrafamento típico de cidades cheias de fusquinhas do século passado, não pode deixar de notar que havia várias pessoas estranhamente vestidas andando pelas ruas. Gente com capas largas. O Sr. Dursley não tolerava gente que andava com roupas ridículas e de segunda mão —Ai que horrô, quem vestiria esses panos de bunda?! Exclamou Dursley. Imaginou que aquilo fosse uma nova moda idiota criada por hipsters. bateu os dedos no volante e seu olhar recaiu em um grupinho de favelados parados bem perto dele. Cochichavam excitados. O Sr. Dursley se irritou ao ver que alguns deles nem eram jovens, ora, aquele homem devia ser mais velho do que ele, e usava uma capa verde-esmeralda com uma botinha de couro horrorosa! Que brega! Mas então ocorreu ao Sr. Dursley de que seria alguma promoção de pobre — essas pessoas estavam obviamente arrecadando alguma coisa... É, devia ser isto! O tráfego avançou e alguns minutos depois o Sr. Dursley chegou ao estacionamento da Cummings, o pensamento de volta às vaselinas.
O Sr. Dursley sempre ia primeiro no banheiro dos funcionários, que tinha um pôster semi nú do Taylor Lautner. Se não tivesse feito isso, talvez tivesse achado mais difícil se concentrar em vaselinas naquela manhã. Ele não viu as corujas que voavam velozes como ‘potas’ defendendo seu ponto em plena luz do dia, embora as pessoas na rua as vissem, elas apontavam e se espantavam enquanto um bando de corujas passavam no alto. A maioria jamais tinha visto uma coruja, ainda mais corujas que eram tão coloridas que só faltava ser uma parada da LGBTQ. O Sr. Dursley, porém, teve uma manhã normal sem corujas. Gritou com cinco pessoas diferentes. Deu vários telefonemas importantes e gritou mais um pouco. Estava de excelente humor até a hora do almoço, quando pensou em esticar as pernas e atravessar a rua para comprar um pãozinho doce na padaria Lepaulnamão.
Esqueceu completamente das pessoas de capas da coleção do século 18 da Madonna, até passar por um grupo delas próximo à padaria. Olhou-as com raiva ao passar. Não sabia o porquê, mas elas o deixavam nervoso. Essas cochichavam também, mas ele não viu nenhuma latinha de coleta. Foi ao passar por elas na volta, levando uma grande rosca açucarada com um pirulito no meio que entreouviu algumas palavras do que diziam.
— ... Os Potter, é verdade, foi o que ouvi...
— ... É, a filha deles, Mari...
O Sr. Dursley parou de repente. Pobrezinho, estava assustado. Virou a cabeça para olhar as pessoas que cochichavam como se quisesse dizer alguma coisa, mas pensou melhor.
Atravessou a rua depressa, correu para o sexy-shop, disse rápidamente à mulher do caixa que não o incomodasse, agarrou o telefone como uma teenager fofoqueira e antes que pudesse terminar de discar o número de casa mudou de idéia. Pôs o fone no gancho e alisou os bigodes pensando... Não, estava agindo como um idiota, pra váriar. Potter não era um nome tão fora do comum assim. Tinha certeza de que havia muita gente chamada Potter com uma filha chamada Mari.
Pensando bem nem sequer tinha certeza de que a sobrinha tivesse o nome de Mari. Jamais viu a menina melequenta. Talvez fosse Brosqueta. Ou Marilúzia
Não tinha sentido preocupar a Sra. Dursley, ela sempre ficava tão perturbada à uma simples menção de sua irmã esquisita. Não a culpava — se ele tivesse uma irmã tão fubasenta como aquela... Mas mesmo assim aquelas pessoas de capas.
Achou bem mais difícil se concentrar nas vaselinas aquela tarde e quando deixou o edifício às cinco horas, continuava tão preocupado que deu um esbarrão em alguém parado ali na porta.
— Desculpe — falou baixinho, enquanto o velhinho caquético cambaleou e quase caiu. Levou alguns segundos até o Sr. Dursley perceber que o homem estava usando uma capa roxa menstruação. Não parecia nada aborrecido por ter sido quase jogado ao chão. Ao contrario, seu rosto se abriu em um largo sorriso e ele disse numa voz rouca que fez os passantes olharem:
— Não precisa pedir desculpas, carã, porque nada pode deixar us mano aborrecido hoje! Alegre-se! Porque o Você-Sabe-Quem finalmente foi por quinto dos infernos! Até trouxas como o senhor deviam estar comemorando um dia tão feliz!
E o velho abraçou o Sr. Dursley pela cintura e se afastou.
O Sr. Dursley ficou pregado no chão. Fora abraçado por um completo estranho brega. E também achava que foi chamado de trouxa na cara dura, o que quer que isso quisesse dizer. Estava mais bege que a Britney careca. Correu para o carro e partiu para casa, esperando que estivesse imaginando coisas, o que nunca esperava ter feito, porque não aprovava a imaginação. Muito século passado.
Quando entrou no estacionamento do número quatro, a primeira coisa que viu — e isso não melhorou o seu humor,— foi o gato listrado que notara aquela manhã. Agora ele estava sentado no muro do jardim. Tinha certeza de que era o mesmo, as marcas em volta dos olhos eram as mesmas.
— Chispa! Sua praga pulguenta— disse o Sr. Dursley em voz alta.
O gato não se mexeu. Apenas o encarou como se fosse abusa-lo. Será que isto era um comportamento normal para um gato, pensou o Sr. Dursley. Continuava decidido a não comentar nada com a esposa. A Sra. Dursley teve um dia normal e produtivo, fofoqueiramente falando.
Falou pro seu marido durante o jantar os problemas da senhora do lado com a filha. E dos vizinhos da frente, que fizeram uma orgia, embora tenham 70 anos. E ainda que Duda aprendeu uma palavra nova (Shotacon). O Sr. Dursley tentou agir normalmente. Depois que Duda foi se deitar, ele chegou à sala em tempo de ouvir o último noticiário noturno.
"E, por último, os observadores de pássaros em toda parte registraram que as corujas do país se comportaram de forma muito estranha hoje. Embora elas normalmente cacem a noite e raramente apareçam à luz do dia, centenas desses pássaros foram visto hoje voando em todas as direções desde o amanhecer. Os especialistas não sabem explicar por que as corujas de repente mudaram o seu padrão de sono.”
O locutor se permitiu um sorriso.
“Muito misterioso. E agora, com William Bonéh, o nosso boletim meteorológico. “Vai haver mais tempestades de corujas hoje à noite, William?”
"Bom", disse o meteorologista, não sei lhe dizer, mas não foram só as corujas coloridas que se comportaram de modo estranho hoje, ouvintes de todo o pais têm telefonado para reclamar que em vez do aguaceiro que prometi para ontem, eles tem tido chuvas de estrelas!
Talvez alguém ande ‘festejando’ a noite das fogueiras uma semana mais cedo este ano! Mas posso prometer para hoje uma noite chuvosa. Ou não".
O Sr. Dursley ficou paralisado na poltrona. Estrelas cadentes em todo o país? Corujas do Restart voando durante o dia? Gente misteriosa com capas de pano de mesa por todo lado? E um cochicho, um cochicho a respeito dos Potter...
A Sra. Dursley entrou na sala trazendo duas xícaras de chá.
Não adiantava. Teria que dizer alguma coisa. Falou nervoso.
— Hum, hum, Perúnia, querida, você não tem tido notícias de sua irmã pobretona ultimamente?
Conforme esperava, a Sra. Dursley pareceu aborrecida. Afinal, normalmente fingiam que ela não tinha irmã.
— Não. — respondeu ela, com tom de alguém com hemorroida. — Por quê?
— Uma notícia engraçada — murmurou o Sr. Dursley — Corujas... Estrelas cadentes e vi uma porção de gente de vestindo trapos na cidade hoje...
— E dai? — cortou a Sra. Dursley.
— Bem, pensei, talvez, tivesse alguma ligação com... Sabe... O pessoal dela.
A Sra. Dursley deu um golinho no chá com os lábios contraídos que nem bunda de galinha. O Sr. Dursley ficou em dúvida se teria coragem de contar que ouviu o nome "Potter". Decidiu que não. Em vez disso, falou com a voz mais calma que pôde:
— A filha deles, teria mais ou menos a idade do Duda agora, não?
— Suponho que sim — respondeu a Sra. Dursley ainda com hemorroida.
— Como é mesmo o nome dela? Marilúzia, né?
— Mari. Um nome feio e xexelento se quer saber minha opinião.
— Ah, é — disse o Sr. Dursley, sentindo um aperto horrível no coração. — E, concordo com você.
Não disse mais nenhuma palavra sobre o assunto a caminho do quarto onde foram se deitar. Enquanto a Sra. Dursley estava no banheiro, pois stava com um piriri danado. O Sr. Dursley foi devagarinho até a janela e espiou o jardim da casa. O gato continuava lá. Observava o começo da Rua dos Costureiros como se esperasse alguma coisa.
Estaria imaginando coisas. Será que tudo isso teria ligação com os Potter? Provavelmente sim... Os Dursley se deitaram. A Sra. Dursley, caiu no sono logo, mas claro, depois de pássaro dia todo no trono. O Sr. Dursley continuou acordado pensando no que aconteceria. Seu último consolo antes de adormecer não foi seus brinquedinhos testados, e sim pensar que mesmo que os Potter estivessem envolvidos, não havia razão para se aproximarem dele e da Sra. Dursley. Os Potter sabiam muito bem o que pensavam deles e de gente de sua laia... Não via como ele e Perúnia poderiam se envolver com nada que estivesse acontecendo. O Sr. Dursley bocejou e se virou. Isso não poderia afetá-los...
Como estava enganado.
O Sr. Dursley talvez estivesse com insônia, pensando sobre o felino amaldiçoado, mas o gato no muro lá fora não mostrava sinais de sono.
Continuava sentado imóvel como uma estátua, os olhos fixos na esquina mais distante da Rua dos Costureiros. E nem sequer ligou quando uma porta de carro bateu na rua seguinte, nem mesmo quando duas corujas começaram a voar a sua volta. Na verdade, era quase meia-noite quando o gato se mexeu.
Um homem apareceu na esquina que o gato estava vigiando.
Apareceu tão rápido e silenciosamente como batedores de carteira que parecia que tivesse saído do chão. O gato começou a abanar seu rabo como um cachorro no cio.
Ninguém jamais tinha visto um homem como aquele. Parecia um cafetão da meia idade. Um homem alto, magro e com um black power prateado. Ao julgar pelo seu cabelo e de sua barba, suficientemente longos para um auto-fingering. Usava vestes longas, uma capa púrpura-chok que arrastava pelo chão e botas de couro de bode com saltos altos e fivelas. Seus olhos azuis eram claros e luminosos, por trás dos óculos em meia-lua e o nariz, muito comprido e torto, quase um dick desviado. O nome dele era Alba Hudomblore.
Alba Hudomblore não parecia ter percebido de que estaria numa rua onde tudo desde o seu nome às suas botas fashions eram malvistas como um Lady Gago macumbeiro.
Estava ocupado apalpando a capa que nem um velho tarado, procurando alguma coisa. Mas parecia ter consciência de que estava sendo vigiado, porque levantou a cabeça de repente em direção ao gato, que continuava a vigia-lo da outra ponta da rua. Por algum motivo, a visão do gato pareceu diverti-lo. Deu uma risadinha como um furry e murmurou:
— Eu devia ter imaginado.
Encontrou o que procurava no bolso interior da capa, parecia um cachimbo de crack de prata. Abriu-o, ergueu no ar e ascendeu. O poste da rua mais próxima se apagou.. Ele fez de novo — o poste seguinte piscou e apagou, doze vezes ele acionou o "crackapagueiro", até que as únicas luzes acesas na rua fossem dois pontinhos minúsculos ao longe, os olhos do gato que os vigiava. Se alguém espiasse pela janela agora, até a fofoqueira da Sra. Dursley, obviamente, não conseguira ver nada que estava acontecendo na calçada. Hudomblore guardardou o "crackapagueiro" na capa e saiu caminhando pela rua em direção ao número quatro, onde se sentou no muro ao lado do gato. Não para olhar para o bicho com uma cara de rape, mas, depois de um tempinho, foi indo em direção ao gato.
— Imaginava encontrar a senhora aqui, Professora Maerva McDonalldg.
E virou sorrindo para o gato, mas ele desapareceu. Ao invés dele, se deparou sorrindo para uma mulher de aspecto severo que usava óculos de lentes quadradas exatamente do formato das marcas que o gato tinha em volta dos olhos. Logo Hudomblore broxou, pois seus extintos furrys estavam clamando por um gato. Ela, também, usava uma capa esmeralda. Tinha os cabelos negros presos num coque apertado. E parecia decididamente irritada.
— Como soube que era eu? — perguntou.
— Minha cara professora nunca vi um gato se sentar de cu trancado.
— O senhor estaria com dores anais se tivesse passado o dia todo sentado em um muro de pedra — respondeu a Professora Maerva.
— O dia todo? Quando podia estar comemorando? Devo ter passado por mais de dez boates gays e banquetes a caminho daqui.
A professora fungou aborrecida.
— Ah sim, vi que todos estão comemorando — disse impaciente. — Era de esperar que fossem um pouco mais cuidadosos, mas não, até os trouxas notaram que alguma coisa estava acontecendo. Deu até no Jornal Nacional. — Ela indicou com a cabeça a sala escura dos Dursley. — Eu ouvi... Bandos de corujas... Estrelas cadentes... Ora, eles não são completamente idiotas. Não podiam deixar de notar alguma coisa.
— Estrelas cadentes na Rocinha, aposto que foi coisa de Dédal Diggle. Ele nunca teve muito juízo. — Você não pode culpá-los — Falou Hudomblore educadamente. — Temos tido muito pouco o que comemorar nos últimos onze anos.
— Sei disso — retrucou a professora mal-humorada. — Mas não é razão para agirmos que nem retardados. As pessoas estão sendo completamente descuidadas, saem as ruas em plena luz do dia, sem nem ao menos vestir roupa de trouxa, e espalham boatos.
Maerva, lançou um olhar atento a Hudomblore, como se esperasse que ele dissesse alguma coisa, mas ele continuou calado, por isso ela recomeçou:
— Ia ser uma graça se, no próprio dia em que Você-Sabe-Quem parece ter finalmente ido embora, os trouxas descobrissem a nossa existência. Suponho que ele realmente tenha ido embora, não é, Hudomblore?
— Parece que não há dúvida. Temos muito o que agradecer. Aceita um sorvete de limão?
— Um o quê?
— Um sorvete de limão. E uma espécie de doce dos trouxas de que sempre gostei muito. E tem um formato muito peculiar. Sempre me perguntei porquê os melhores alimentos dos trouxas têm formato de pênis.
— Não, obrigada — disse a Professora Maerva com frieza, como se não achasse que o momento pedia Dick de limão. — Mesmo que Você-Sabe-Quem tenha ido embora.
— Minha cara professora, com certeza uma pessoa sensata como a senhora pode chamá-lo pelo nome. Toda essa bobagem de Você-Sabe-Quem há onze anos venho tentando convencer as pessoas a chamá-lo pelo nome infeliz que recebeu: Huntemort — A professora fez uma cara de bunda, mas, Hudomblore que estava separando dois sorvetes de limão, pareceu não se importar — Tudo fica tão confuso quando todos não param de dizer "Você-Sabe-Quem". Nunca entendi a razão para ter medo de dizer o nome de Huntemort. É só um simples nome, isso é coisa de paty se referindo ao pegueto pra amiga.
— Sei que não entede — disse a professora parecendo meio emburrada, meio admirada. Mas você é diferente.. Todo o mundo sabe é o único de quem Você-Sabe... Ah está bem, de quem Huntemort tem medo.
— Isto é um elogio — disse Hudomblore calmamente. — Huntemort tinha poderes que nunca tive.
— Só porque você é muito... Bem... Chique para usá-los.
— É uma sorte estar escuro. Nunca mais corei assim desde que Madame Senfrey descobriu o esconderijo das minhas revistas Playgirl.
A Professora Maerva lançou um olhar severo a Hudomblore e disse:
— As corujas não são nada comparadas aos boatos que correm que todos estão dizendo? Por que ele foi embora? Que foi que finalmente o deteve?
Aparentemente a Professora Maerva chegou ao ponto em que estava ansiosa para discutir, a verdadeira razão pela qual esteve esperando o dia todo em cima de um muro frio e duro, porque nem como gato nem como mulher ela tivera antes lançado um olhar olhar tão penetrante em Hudomblore como agora. Era óbvio que seja o que fosse que "todos" estavam dizendo, ela não iria acreditar até que Hudomblore confirmasse ser verdade. Hudomblore, porém, estava escolhendo mais um sorvete de limão e não respondeu.
— O que estão dizendo — continuou ela — é que a noite passada Huntemort apareceu em Godric's Rollou. Foi procurar os Potter. O boato é que Lílianete e Tiaguinho Potter estão... Estão mortos.
Hudomblore fez que sim com a cabeça. A Professora Maerva perdeu o fôlego.
— Lílianete e Tiaguinho... Não posso acreditar... Não quero acreditar... Ah, Alba.
Hudomblore estendeu a mão e deu-lhe um tapinha maroto no ombro.
— Eu sei... Eu sei... — disse deprimido.
A voz da Professora Maerva tremeu ao continuar:
— E não é só isso, estão dizendo que ele tentou matar a filha dos Potter, Mari. Mas... Não conseguiu. Não conseguiu matar a praguinha. Ninguém sabe o porquê nem como, mas estão dizendo que na hora que não pôde matar Mari Potter, por alguma razão, o poder de Huntemort desapareceu e é por isso que ele foi embora.
Hudomblore concordou com a cabeça, sério.
— É verdade? — gaguejou a professora. — Depois de tudo o que ele fez... Todas as pessoas que matou... Não conseguiu matar uma garotinha? É simplesmente espantoso... De tudo que poderia detê-lo... Mas, como foi que Mari sobreviveu?
— Só podemos imaginar — disse Hudomblore. — Talvez nunca cheguemos à saber.
A Professora Maerva pegou um lenço de renda e secou com delicadeza os olhos por baixo das lentes dos óculos de boca de garrafa. Hudomblore deu uma grande fungada ao mesmo tempo em que tirava o relógio de ouro do bolso e o examinava. Era um relógio muito estranho.
Tinha doze ponteiros, mas nenhum número, em vez deles pequenos planetas giravam em volta. Mas, devia fazer sentido para Hudomblore, porque ele o repôs no bolso e disse:
— Ansagrid está atrasado. A propósito, foi ele que lhe disse que eu estaria aqui, suponho.
— Foi. E suponho que você não vá me dizer por que está aqui e não no seu barzinho da esquina.
— Vim trazer Mari para seu tio e a tia. Eles são a única família que lhe resta.
— Você não quer dizer, você não pode estar se referindo às pessoas que moram aqui? — exclamou a Professora Maerva, pulando de pé e apontando para o número quatro — Hudomblore você não pode. Estive observando a família o dia todo. Você não poderia encontrar duas pessoas mais endemoniadas como essas. E têm um filho, vi-o dando chutes na mãe até a rua, berrando porque queria balas. Mari Potter não pode vir morar aqui!
— É o melhor lugar para ele — disse Hudomblore com firmeza. — os tios poderão explicar tudo quando ele for mais velho, escrevi uma carta para eles.
— Uma carta? — repetiu a professora com a voz fraca, sentando-se novamente no muro. — Francamente Hudomblore, você acha que pode explicar tudo isso em uma carta? Essas pessoas jamais vão entendê-lo! Ele vai ser famoso, uma lenda. Eu não me surpreenderia se o dia de hoje ficasse conhecido no futuro como o dia de Mari Potter. Vão escrever livros sobre Mari, ou até fanfics. Todos no nosso mundo vão conhecer o nome dele!
— Exatamente — disse Hudomblore, olhando muito sério por cima dos óculos de meia-lua. — Isso seria o bastante para virar a cabeça de qualquer menina. Famosa antes mesmo de saber andar. Famosa por alguma coisa que ela nem vai se lembrar! Veja que ela estará muito melhor se crescer longe de tudo isso e tenha capacidade de compreender? Vai que a menina vira uma Megan Fox, toda metidinha.
A professora abriu a boca, mudou de idéia, engoliu em seco e então disse:
— É, é, você está certo é claro. Mas como é que a garota vai chegar aqui, Hudomblore? — Ela olhou para a capa dele de repente como se escondesse Mari ali que nem o Pedobear.
— Ansagrid vai trazê-lo.
— Você acha que é seguro confiar a Ansagrid uma tarefa importante como essa?
— Eu confiaria a Ansagrid minha vida — respondeu Hudomblore.
— Não estou dizendo que ele não tenha o cérebro fora do lugar — disse a professora de má vontade — mas você não pode fingir que ele é cuidadoso. Que pode... Que foi isso?
Um ronco quebrou o silêncio da rua. Foi aumentando cada vez mais enquanto eles olhavam para cima e para baixo da rua à procura de um sinal de o que poderia ser aquilo, o ronco se transformou num trovão quando os dois olharam para o céu — e uma enorme mobilete caiu do ar e parou na rua diante deles.
Se a mobilete era enorme, não era nada comparada ao trabuco que a montava de lado. Ele era quase duas vezes mais alto do que um homem normal e pelo menos cinco vezes mais largo. Parecia simplesmente grande demais para existir e tão destrambelhado— emaranhados de barba e cabelos negros longos escondiam a maior parte do seu rosto, as mãos tinham o tamanho de uma lata de lixo e os pés calçados com botas de couro pareciam filhotes da Mother Monster. Em seus braços imensos ele segurava um embrulho de cobertores.
— Ansagrid — exclamou Hudomblore, parecendo aliviado — Finalmente. E onde foi que arranjou essa motoquinha?
— Pedi emprestada, Professor Hudomblore — respondeu o gigante, desmontando cuidadosamente da mobilete ao falar — O jovem Thirius me emprestou. Trouxe ela, professor.
— Não teve nenhum problema?
— Não, senhor. A casa ficou quase destruída, mas consegui tirá-la inteira antes que os trouxas invadissem o lugar. Ela dormiu quando estavamos sobrevoando Briscol.
Hudomblore e a Professora Maerva curvaram-se para o embrulho de cobertores. Dentro, apenas visível, havia uma menina, que dormia que nem um urso. Sob uma mecha de cabelos muito negros caída sobre a testa eles viram um corte curioso, tinha a forma de um dick.
— Foi aí? — sussurrou a professora.
— Foi — confirmou Hudomblore.— Ficará com a cicatriz para sempre.
— Será que você não poderia dar um jeito, Hudomblore?
— Mesmo que pudesse, eu não faria nada. As cicatrizes podem ser úteis. Tenho uma acima do joelho esquerdo que é um mapa perfeito do bordel de londres. Bem, me dê ele aqui, Ansagrid, é melhor acabarmos logo com isso.
Hudomblore recebeu Mari nos braços e virou-se para a casa dos Dursley.
— Será que eu podia... Podia me despedir dela, professor? — perguntou Ansagrid.
Ele curvou a enorme cabeça descabelada para Mari e lhe deu o que devia ter sido um beijo muito peludo. Depois, sem aviso, Ansagrid soltou um uivo como o de um cachorro com diarréia.
— Psshhh! — sibilou a Professora Minerva — Você vai acordar os trouxas!
— Desculpe — soluçou Ansagrid, puxando um enorme lenço sujo e escondendo a cara nele. — Mas na... Nã... Não consigo suportar, Lílianete e Tiaguinho mortos, e a coitadinha da Mari ter de viver com os trouxas...
— É, é muito triste, mas controle-se, Ansagrid, ou vão nos descobrir — sussurrou a professora, dando uma palmadinha desajeita no braço de Ansagrid enquanto Hudomblore saltava o murozinho de pedra e se dirigia à porta da frente. Colocou Mari no capacho, tirou uma carta da capa, Colocou ela entre os cobertores da menina e em seguida, voltou para a companhia dos dois. Durante um minuto inteiro os três ficaram parados olhando para o embrulho, os ombros de Ansagrid sacudiram, os olhos da Professora Maerva piscaram para tentar segurar as lágrimas e a luz que sempre brilhava nos olhos de Hudomblore parecia ter se apagado.
— Bem — disse Hudomblore finalmente — acabou-se. Não temos mais nada a fazer aqui já podemos nos reunir aos outros para comemorar.
— É — disse Ansagrid com a voz muito rouca. — Vou devolver a mobilete de Thirius. Boa noite, Professora Maerva, Professor Hudomblore...
Enxugando os olhos na manga da jaqueta, Ansagrid montou na mobilete e acionou o motor com um chute, com um rugido ele levantou vôo.
— Nos veremos em breve, espero, Professora Maerva — falou Hudomblore, com um aceno. A Professora Maerva torceu o nariz em resposta.
Hudomblore se virou e desceu a rua. Na esquina parou e puxou o "Crackapagueiro". Deu um clique e doze esferas de luz voltaram aos postes da favela dos Costureiros, e ele avistou o gato listrado se esquivando pela outra ponta da rua. Mal dava para enxergar o embrulho de cobertores no capacho do número quatro.
— Boa sorte, Mari — murmurou ele. Girou em torno de si mesmo e, com um movimento da capa, desapareceu.
Uma brisa sorpou nas cercas bem cuidadas da Rua dos Costureiros, o último lugar do mundo em que alguém esperaria que acontecessem coisas espantosas. Mari Potter virou-se dentro dos cobertores sem acordar. Sua mão agarrou a carta ao lado, mas ela continuou a dormir, sem saber que era uma macumbeira especial, sem saber que era famosa, sem saber que iria acordar em poucas horas com o grito da Sra. Dursley ao abrir a porta da frente para pôr as garrafas de cachaça do lado de fora, nem que passaria as próximas semanas levando cutucadas e beliscões do primo Duda. Ela não podia saber que neste mesmo instante, havia pessoas se reunindo em segredo em todo o país que erguiam os copos e diziam.
— À Mari Potter, a vadia que sobreviveu.