Spoiler :
Parado no portão que o levaria reino adentro, Ignis observava a multidão em sua frente. Pessoas trabalhando em derivadas áreas, alguns vendendo mantimentos, outros em trabalhos como ferreiros. Algumas lojas para vendas de armas e armaduras dentre outras coisas. Crianças corriam enquanto riam e brincavam pelas ruas. Alguns soldados posicionados em pontos estratégicos, próximos à muralha ou no topo de torres para vigia. Outros faziam a ronda pelo local, procurando manter ordem no perímetro.
– Vou chamar algum guarda. – Disse uma das garotas e se afastou.
Alguns minutos depois, surgiu acompanhado da mesma jovem um guarda vestindo uma armadura um pouco chamativa. Toda sua roupa era vermelha com alguns ornamentos brancos. Equipado da cabeça aos pés, enquanto segurava uma lança de guerra, cuja ponta brilhava ao se encontrar com a luz do sol. Logo que se aproximou, fez um sinal com as mãos para que Ignis e as meninas o seguissem. Próximo ao castelo de Serdin havia uma grande construção. A porta de madeira rangeu ao abrirem e revelou ser uma espécie de templo. Uma construção obsoleta, porém muito bela, com diversas estátuas que representavam antigos heróis daquele continente. Alguns bancos espalhados com algumas outras pessoas, que realizavam preces.
O grupo foi mais fundo no local, atravessando um portão enferrujado. Havia um corredor que levava a uma sala relativamente pequena. Uma senhora estava sentada em uma cadeira lendo um dos vários livros de sua enorme estante, que ficava num canto estreito do cômodo. Apesar de não ser um lugar muito espaçoso, a mulher havia conseguido colocar diversas coisas como mesas para estudos e para criações de poções. Haviam algumas velas e também um cheiro de incenso que não demorou para alcançar as narinas de Ignis, fazendo-o se sentir levemente nauseado. Não era muito adepto àquele tipo de iguaria. A mulher ao perceber a presença daquelas pessoas, fechou seu livro e cuidadosamente o guardou. Vestia uma saia azul claro com bordas brancas. Prendia os cabelos grisalhos num coque e com ajuda de uma finíssima tiara, também de cor azul. Seu rosto já possuía muitas rugas, marcas de décadas anteriores. Ao observar o ocorrido, franziu a testa e apenas com gestos ordenou-lhes que a acompanhassem. Naquele mesmo corredor, atravessaram outra porta, revelando uma sala bem maior, que servia para o tratamento de pessoas enfermas. Diversas camas bem posicionadas pelo local, algumas já ocupadas por pessoas que sofreram os mais variados tipos de acidente. Haviam pessoas que foram atacados por animais selvagens, outros que haviam se ferido em combates ou em treinos. Havia também alguns que ingeriram algum alimento inapropriado para seres humanos. Ignis carregou o ferido até a cama mais próxima e cuidadosamente o deitou. O jovem estava apagado.
– O que aconteceu com ele, meu jovem? – A mulher o perguntou, com uma voz suave.
– Ele foi atacado por um Ente – Uma das garotas se intrometeu, falando antes que Ignis pudesse pronunciar sequer uma palavra. – Estávamos na floresta catando alguns cogumelos e frutas, quando ele avistou uma árvore com muitas maçãs, já maduras. Tentou escalar, mas de repente, a árvore começou a se mexer e o jogou no chão com força. – A garota aparentava estar um pouco nervosa com toda a situação. – Ele ainda tentou defender a si mesmo e a nós de alguma forma, mas foi inútil. Até que então ele apareceu – Disse apontando para Ignis.
– Entendi. Sorte que vocês trouxeram ele a tempo. Esses seres são fortes demais, o suficiente para matar uma pessoa, ainda mais um jovem como o amigo de vocês. Você fez bem também garoto, mas tome cuidado com essas criaturas. Quanto ao amigo de vocês, meninas, ele ficará bem logo. Por sorte os ferimentos não foram tão graves a ponto de fazer algum... estrago. A causa do desmaio deve ter sido devido aos fortes golpes que ele tomou, mas nada que algumas semanas de repouso e algumas poções não curem. Vocês já podem ir.
As garotas se retiraram primeiro, após agradecerem Ignis pela ajuda na floresta e pala mulher velha. Em seguida, o rapaz também saiu, acompanhado do guarda. Ao deixarem o local, o guarda se virou para Ignis.
– Entes? Faz um bom tempo que eles não aparecem. Não creio que isso seja algo muito bom, mas você fez um bom trabalho. Talvez você não saiba, mas a comandante tem procurado por pessoas que tenham algum potencial. Precisamos recrutar novas pessoas que possam servir o reino e talvez até mesmo se unir à Grand Chase. Você deveria falar com ela e ver se há algo que ela possa mandar você fazer, sem mencionar que pode ser importante contar sobre o acontecimento. É meio estranho a aparição de um Ente assim de repente. E quem sabe ela não se agrada com as suas habilidades? Bem, tenho que voltar ao meu posto. Caso se interesse em procura-la, deve estar à Oeste, se você andar um pouco nessa direção, encontrará um campo de treinamento. Ela estará trajando roupas similares a dos outros guardas, mas com alguns enfeites e talvez algumas pedras preciosas. Ela é loira e usa uma espada mais ou menos do mesmo tamanho que a sua. Comandante Lothus o nome dela. Foi quem recrutou as três primeiras integrantes da última Grand Chase. Bem, obrigado pela ajuda.
O guarda se afastou. Ignis permaneceu pensativo por alguns segundos, analisando a situação. Ele não tinha nenhum rumo ou objetivo específico. Talvez pudesse ser útil de alguma forma e o mais importante, poderia se tornar mais forte. Puxou sua espada e atacou o ar, realizando movimentos ágeis, como se imaginasse algum adversário invisível. Apesar dos movimentos serem semelhantes aos de esgrima, a espada não era para esse tipo de manuseio, mas funcionava bem dessa forma nas mãos de Ignis. Era leve o suficiente para ataques rápidos e furtivos enquanto também era afiada o bastante para fazer cortes profundos que poderiam levar até a morte. Embainhou sua arma e passou o braço pela testa, enxugando o suor. Olhou para a direção a qual havia dito o soldado e seguiu para lá.
O campo de treinamento era bastante espaçoso e muito bem equipado. Diversos jovens treinavam, fossem com espadas, fossem com arco e flecha. A maioria deveria ter em torno de sua idade, aproximadamente uns 17 anos. Provavelmente deveria haver algum lugar mais reservado para estudantes de magia. Enquanto observava o treino, notou uma mulher que aparentava dar instruções para os jovens que treinavam. A descrição batia com a que o soldado havia dado minutos antes, provavelmente aquela seria a Comandante Lothus. Se aproximou ao perceber que ela mandou alguns dos que treinavam pararem para descansar um pouco.
– Com licença. A senhora seria a Comandante Lothus? – Perguntou educadamente.
– Sim, sou eu. Quem gostaria de saber? – A mulher possuía uma aparência jovem. Ignis a imaginava mais velha, considerando que havia treinado a antiga geração Grand Chase. – Vai ficar calado aí ou vai dizer o que deseja rapaz?
– Fui recomendado por um dos guardas para vir falar com você. Eu sou... novo por aqui. Vim trazer um garoto que estava na floresta, ferido. Foi atacado por um Ente. Eu o derrotei e trouxe a vítima. Acharam que seria bom eu avisar você sobre o ocorrido. E gostaria também de saber se há algo que eu possa fazer para contribuir de alguma forma. Aliás, preciso de dinheiro, então o que melhor do que servir de alguma forma e ser remunerado? Ou talvez eu pudesse treinar.
– Acalme-se. Um Ente? Mas faz um bom tempo a última vez que um surgiu. Isso não pode ser um bom sinal, considerando alguns acontecimentos recentes. Preciso avisar aos meus superiores e seria bom que me acompanhasse para relatar novamente o ocorrido. Então me acompanhe e depois veremos no que você pode ser útil.
Ignis acompanhou a comandante Lothus até um salão próximo ao campo de treinos. Era um prédio normal, com exceção dos diversos cartazes que falavam sobre o exército de Serdin e outras coisas do gênero. Os dois chegaram em uma sala de formato redondo, com uma enorme mesa de madeira no centro. Haviam mapas e livros sobre a mesa, com um homem de grande porte observando algo no mapa.
–Senhor – o interrompeu Lothus – Tem algo que preciso lhe informar.
O homem levantou o rosto e observou os dois. Seu cabelo era curto e escuro. O rosto magro e cansado denunciava que estava a um bom tempo sem algum descanso.
– O que foi agora? – Sua voz estava rouca e gasta. Tomou um gole de uma garrafa de água próxima a mesa. – Esse aí criou problemas? – Voltou a dar atenção para o mapa.
– Não senhor. Mas ele tem algo para lhe dizer.
Ignis relatou todo o ocorrido para o General. O homem continuou olhando para o mapa, mas era possível ver uma expressão pensativa em seu rosto. Ficou algum tempo calado, compenetrado no mapa, pensando.
– Será que tem alguma relação com aqueles Goblins de duas semanas atrás? – Acabou por se afastar da mesa e ficou andando pela sala em círculos. – Me diga garoto, qual o seu nome?
– Ignis, senhor. – Sua voz expressava o orgulho que sentia.
– Talvez você possa ter outra oportunidade de provar o seu valor. Você será enviado para realizar esse trabalho, nada muito difícil, pelo menos eu espero. De acordo com alguns cálculos meus, devem haver Goblins à algumas horas de viagem ao Sul das muralhas do castelo. Eu quero que você vá até lá e investigue o que está acontecendo, é muito estranho que eles tenham surgido assim tão de repente, algo definitivamente não está certo. Enfim, você irá até lá e quando voltar relatará o ocorrido. Caso haja necessidade de lutar, não hesite. Você já pode partir, nós não devemos perder tempo.
Ignis se virou para sair da sala. Encheu os pulmões de ar e lentamente soprou todo o ar. Ouviu o general lhe dizer algo pelas costas, mas continuou andando.
– Você me inspira alguma confiança, o que é muito estranho. É uma missão até simples, mas eu não permitiria que nenhum daqueles jovens lá fora fossem designados a tal dever. Não me desaponte.
Ignis resolveu não dizer nada, simplesmente seguiu em frente. Saiu do reino de Serdin e foi na direção a qual haviam lhe informado. O caminho que percorrera era bem deserto, não havia muitas pessoas por lá. Algumas árvores davam um aspecto bem natural ao lugar, que estava tomado por escombros de antigas edificações. Em certo ponto do trajeto, os destroços foram desaparecendo e o número de árvores aumentava gradativamente. Alguns metros mais à frente e se deparou com a nascente de um rio, com uma água tão cristalina que ele nunca vira igual antes. Enquanto seguia o caminho que o rio percorria, ouviu o som de algo se movendo. Se escondeu atrás de uma das árvores em uma posição que pudesse observar o que ocorria. Avistou um Goblin na margem do rio, bebendo desajeitadamente um pouco de água. Era uma criatura no mínimo bizarra. Não tinha mais do que 1 metro, sua pele era verde e rugosa. Seus olhos eram esbugalhados e com a córnea de cor amarelada, enquanto a pupila era apenas negro. O rosto tinha uma forma engraçada, um pouco pontuda nas laterais. Usava um chapéu pontudo que caía em frente aos olhos do pequeno monstrinho com frequência, considerando-se que era muito grande. As roupas que usava estavam todas sujas e rasgadas, parecendo trapos muito largos. Ignis encostou a mão no cabo da espada, mas o Goblin voltou a trilhar um caminho. Ignis o seguia cuidadosamente, para não fazer nenhum barulho que pudesse chamar a atenção.
Alguns metros à frente, Ignis se deparou com um bando deles. Deveria haver uns dez no mínimo, todos com o mesmo aspecto. Novamente se escondeu atrás de uma árvore. O grupo comia alguma coisa muito estranha e que exalava um cheiro desagradável, causando em Ignis ânsia de vômito. Alguns minutos depois e outro Goblin surgiu acompanhado de uma criatura semelhante. A pele também era esverdeada e o corpo se assemelhava ao de um humano bem forte. Trajava uma tanga e um capacete. Nas mãos, carregava um machado de pedra. A cabeça era de um formato redondo, mas com uma boca estranha, já que alguns dos dentes inferiores escapavam de dentro da mesma e todos pontudos como de um animal selvagem. Tinha também um cabelo escuro, preso em um rabo de cavalo. Grunhiu algumas palavras, falava como um humano, mas Ignis não pôde compreender. Algum tempo depois, o que ele imaginava ser na verdade um Orc, foi embora. Ignis desembainhava a espada lentamente, mas acabou achando melhor ir embora.
Ia se virar, quando sentiu algo lhe acertar a cabeça. Esfregou-a com a mão, enquanto cuspia alguns xingamentos na esperança de aliviar a dor. Observou uma pedra de tamanho mediano caída próximo dele. Em seguida, outra pedra. Se virou e observou um pequeno Goblin, que tentou atirar uma terceira, mas Ignis se esquivou. A criatura soltou um grunhido e avançou contra o intruso. Ignis puxou a lâmina e com um movimento ágil, derrubou o inimigo com um só golpe. Por um momento pensou em fugir, mas já era tarde e os outros seres haviam notado sua presença. Um sorriso sarcástico surgiu na sua boca e então ergueu a arma para frente e tomou a pose de esgrimista. Lentamente os Goblins iam se movimentando.
– Tsc, que lerdeza – zombou – Corte Triplo!
Como um vulto, desapareceu e reapareceu próximo ao grupo de Goblins. Um ataque fez um corte profundo no que estava mais a frente. O segundo ataque acertou um Goblin desnorteado, tentando procurar pelo inimigo. O terceiro – ataque mais forte da sequência – foi profundo o suficiente para acertar dois outros Goblins. Ambos foram ao chão na mesma hora. Antes que o resto do bando pudesse fazer algo, Ignis deu um salto, pegando impulso sobre a cabeça de um dos pequenos. Enquanto no ar, segurou o punhal e arremessou, acertando em cheio outro do bando. Ao cair no chão, um ataque perfurante vindo de cima, que o Goblin acertado tentou defender em vão.
– Já foram seis. Só faltam cinco.
Voltou a pose de luta novamente, mas levou outra pedrada na cabeça. Um pedaço maior, que abriu um corte bem pequeno, mas que ainda assim permitia uma pequena quantidade de sangue escorrer. Se virou meio revoltado com o ocorrido e no momento de distração, um segundo o atacou pelas costas com um pequeno machado de pedra. Apesar de pequenos, eram fortes e o gole o fez perder o equilíbrio. Um outro ataque de mais um Goblin quase o acertou, mas por pouco, Ignis foi capaz de escapar. Correu até o punhal, se esquivando de todos os ataques contra ele, recuperou sua arma de volta e a arremessou para cima. As criaturas se distraíram com o ocorrido e Ignis novamente realizou o Corte Triplo, nocauteando três dos cinco restantes. Por fim, sobraram dois de pé. Um deles tentou atacar Ignis, mas o punhal que havia sido arremessado voltou em tempo de poder acertar o Goblin que caiu na mesma hora. Ignis pegou o punhal novamente e observou o último sobrevivente.
– E agora companheiro, você está sozinho. – Ignis mantinha o sorriso irônico.
O Goblin lentamente ia se afastando até que resolveu correr por sua própria vida.
– Bem, pelo menos eles têm noção de que sabe que vão morrer. Não são tão estúpidos assim.
Ignis embainhou sua espada e ficou ali parado por alguns segundos. Por um momento tentou tomar o caminho de volta para casa, mas se lembrou do Orc que havia visto alguns minutos antes. Lembrou-se do caminho que ele havia tomado e tentou segui-lo. Foi um bom tempo caminhando até que finalmente ouviu alguns grunhidos. Mais a frente encontrou três Orcs, todos da mesma aparência do que havia visto antes. Puxou a espada e se preparou para um ataque surpresa, quando ouviu um grunhido ainda mais alto. Olhou para o lado e notou um Orc maior que um humano normal. Provavelmente media um pouco mais do que 2 metros, era gordo e usava armaduras como um humano, exceto por alguns detalhes. Partes da sua armadura eram feitas com ossos de animais e talvez até de humanos. Usava um brinco e tinha o cabelo comprido. Além disso, em seu pescoço havia um colar com uma pedra em formato curioso.
Ignis tentou se afastar lentamente, protegendo-se da visão dos monstros com ajuda das várias árvores no local. Nunca havia visto uma criatura como aquela e ele sabia que mexer com aquilo provavelmente não daria muito certo. Numa tentativa de escapas, tropeçou em uma raiz exposta. O som chamou atenção dos quatro monstros ali perto. Ao se erguer, notou o Oak gigante balbuciar algumas palavras.
– Urgh... seus vermes... matem-no.
Os três Orcs menores avançaram, dois deles com machados de pedra e um desarmado.
– Se eu usar o Corte Triplo mais uma vez, num espaço de tempo tão curto, meu corpo vai começar a ficar muito cansado, o que não vai ser bom. – Ignis pensava desesperado em uma estratégia - Sem mencionar que há a chance deles não caírem de primeira, já que devem ser mais resistentes. Bem, não custa tentar, só esperar pelo momento certo.
Os três Orcs o atacaram, mas conseguiu esquivar de ambos os golpes. Ao esquivar do último, seus pés mal tocaram no chão e pegou um rápido impulso para dar uma investida corpo a corpo contra o Orc desarmado. Acertou com força o inimigo, que perdeu o equilíbrio. Com o punhal, conseguiu acertá-lo com facilidade. O Orc cambaleou e puxou a pequena arma de seu peito, com um urro. Arremessou-a de volta contra Ignis, que a parou no ar com ajuda da espada e a pegou antes que caísse no chão. O orc machucado tentou outro ataque e seus companheiros fizeram o mesmo. Foi quando notou estar cercado pelos três.
– Mas que droga!
Sentiu um vento passar pelo seu rosto e notou alguns fios de seu cabelo caírem lentamente enquanto se jogava no chão. Acertou um chute no Orc mais próximo e usando o solo como apoio, estendeu o braço da espada e teve a oportunidade para acertar um ataque em cheio. O monstro ficou imóvel, deveria ter acertado um ponto vital. Por sorte sua espada era um pouco mais larga que uma espada de esgrima comum e também era bem afiada. Não fosse por isso e talvez não tivesse funcionado. O segundo Orc de machado o atacou sem dó realizando um movimento vertical. Ignis rolou para o lado, mas ainda assim o machado conseguiu fazer um corte em seu peito. O Orc desarmado também tentou outro golpe, como se fosse pisar no jovem. Ignis bloqueou o ataque usando os braços, ficando com o resto do corpo exposto. Fez algum esforço para poder se libertar, jogando o monstro para trás, sem equilíbrio. Se levantou rapidamente e tentou mais um golpe rápido e certeiro. Era o segundo e então o Orc desabou. Se esquivou do machado que havia sido arremessado contra ele, passando a centímetros de seu rosto. Ao se virar, viu o último correndo contra ele e resolveu fazer o mesmo. Ao encontro dos dois, aproveitou a chance para acertar com a espada e o punhal, derrotando também mais um dos monstros.
– Agora só falta um... o mais problemático...
Não teve tempo de se virar para o Orc, levou um soco tão forte que foi capaz de arremessa-lo para um pouco mais longe. O Orc gigante grunhia enquanto se aproximava. Ignis se sentia totalmente atordoado, o cabelo caindo em frente ao seu rosto. Mal havia conseguido se levantar quando levou um chute na barriga. O que o impediu de ir mais longe foi uma árvore. Caiu no chão com um estrondo, longe de suas armas. Tentou se apoiar no chão com dificuldade, seus braços e pernas tremiam e seu rosto demonstrava a dor. Seu reflexo permitiu que visse um outro golpe, dessa vez um que poderia mata-lo, já que era com o machado. Com alguma força, conseguiu se jogar para o lado, escapando do ataque devastador. Reunindo alguma força, recuperou o equilíbrio e a energia e conseguiu correr com dificuldade até suas armas. Mal havia as recuperado e o Orc já estava próximo a ele, tentando um outro ataque com o machado. Ignis saltou para uma árvore, se prendendo a ela com ajuda do punhal. Pegou algum impulso e conseguiu acertar com os pés no rosto gordo do monstro. Antes que caísse, reparou uma brecha na defesa da criatura e acertou com sua lâmina, fazendo um imenso corte no peito do inimigo gigantesco. O Orc soltou um grunhido que seria uma espécie de grito, dando tempo de Ignis se afastar.
– Esse ataque foi o suficiente para machuca-lo bastante. – pensou, enquanto respirava ofegante – Mas ainda assim, o Corte Triplo não será o suficiente para derrubá-lo. Ir além disso no meu estado atual não será muito bom, mas acho que consigo aguentar algum tempo em pé, pelo menos até voltar à Serdin.
Ignis observou o Orc gigante correr em sua direção, já preparando o ataque com o machado.
– LÂMINA FLAMEJANTE! – gritou Ignis.
Sua espada de repente ficou coberta por uma chama vermelha que possuía um belo brilho. O fogo dançava ao redor da lâmina e Ignis aproveitou a chance. Correu contra o monstro, deu um salto e atacou. A espada foi de encontro ao machado. A arma do Orc foi destruída e a de Ignis o acertou em cheio. Ao cair no chão, com a espada ainda em chamas, saltou realizando um giro com sua arma, golpeando o corpo indefeso do monstro três vezes. Para finalizar, ainda no ar foi capaz de realizar uma investida poderosa, finalizando o ataque.
O Orc gigante foi ao chão no exato momento. Ignis respirava com um pouco de dificuldade, se sentia cansado. Notou que o colar do Orc estava caído ao chão, a corda que o prendia havia sido partida durante o ataque final de Ignis. Pegou o objeto do chão, o observou e o guardou num bolso. Foi quando um vulto surgiu em sua frente e a única coisa que pôde ver foi uma pessoa com uma máscara que cobria o rosto totalmente, deixando à amostra apenas os olhos. Os dois olhos que tinham uma cor parecida com a do fogo que brilhava em sua espada alguns segundos antes. A pessoa estranha o jogou no chão com força e rapidamente escapou, não permitindo que Ignis pudesse ver qualquer coisa. Se levantou do chão, meio confuso. Não havia entendido o que aconteceu, estava tudo nos devidos lugares. Resolveu não pensar no acontecido. Guardou suas armas e voltou para Serdin antes que alguma criatura pior pudesse aparecer.
O capítulo ficou grande pois eu já o tinha meio que "montado" aqui no PC, acho que iria ficar ruim dividir em duas partes. Mas farei o possível pra fazer algo menor no próximo (: