Um pouco mais de Astronomia para quem gosta...
Agora um dos astros mais interessantes do universo.
O Quasar Situam-se a distâncias extremas, sendo os objectos mais longínquos do Universo e com um brilho que pode ser até um milhar de vezes superior ao de uma galáxia. Poderosamente energéticos, são os maiores emissores de energia conhecidos e até há bem pouco tempo, um dos maiores mistérios da astronomia também. Qual é a natureza destes corpos celestes?
A Descoberta dos Quasares
Os primeiros quasares foram descobertos, através de rádio-telescópios, na década de 50, como fontes de rádio sem um objecto visível correspondente. Na década de 60, foram registados centenas destes objectos e finalmente foi possível observar um deles opticamente. Em 1964, o astrofísico Hong-Yee Ciu atribuiu-lhes o nome de quasares, que significa “quasi-stellar” – em português quase-estelar – por parecerem estrelas mas ao mesmo tempo terem um comportamento completamente diferente.
Mais tarde em 1980, os quasares foram classificados como um tipo de galáxias activas e que seriam a mesma coisa que as rádio-galáxias e os blazares, cujas diferenças se baseavam apenas no ângulo de observação das mesmas a partir da terra.
A Natureza dos Quasares
Os quasares são buracos negros supermassivos que brilham intensamente. Curioso? Já explico. Para percebermos a natureza destes objectos, é necessário compreender então primeiro este tipo de buracos negros.
Os buracos negros supermassivos, ao contrário dos buracos negros estelares (que se podem formar, juntamente com as estrelas de neutrões, após a morte de uma estrela de massa superior a 3 massas solares), têm origem nos primórdios do Universo, de uma forma ainda não muito consensual, quando um movimento caótico de matéria formou regiões de maior densidade. A origem destes buracos negros pode ser semelhante à origem das galáxias.
Aliás, é importante reter esta curiosidade: os quasares situam-se a milhares de milhões de anos luz de nós, o que significa que estamos a ver algo que aconteceu há milhares de milhões de anos atrás. Um quasar, pode muito bem ser uma galáxia em formação, uma visão dos primórdios do nosso Universo, bem diferente do que conhecemos hoje. Mais: o facto de todos os quasares estarem longe de nós, significa que a formação dos quasares era muito mais frequente no início do Universo do que actualmente.
Mas voltando aos monstros sugadores de matéria – o maior conhecido, no centro da galáxia M87, tem 6,4 mil milhões de vezes a massa do nosso Sol – são corpos tão densos que não há nada que possa escapar deles. Nem a própria luz. O seu campo gravitacional tem uma força tal que, qualquer estrela ou nuvem de matéria que se aproxime, é sugada e nunca mais é vista.
No entanto, este sugar de matéria não é um processo instantâneo, nem uma estrela é “engolida inteira”. A matéria e as estrelas começam a ser puxados como “fios de esparguete” e formam um círculo espiral em torno do buraco negro. Este disco de acreção vai percorrendo o caminho em torno do buraco negro até terminar definitivamente no seu interior. Este disco de acreção, gira a grandes velocidades, fazendo com que a sua temperatura seja superior ás temperaturas das estrelas mais quentes do Universo, emitindo também raios X e outras formas de radiação electromagnética – a origem do intenso brilho destes buracos negros.
Além disso, a densidade deste disco de acreção é tão forte, que a radiação não consegue escapar naturalmente. Assim, é formado um feixe ao longo do eixo do disco, onde as partículas subatómicas são aceleradas e formam um enormíssimo jacto de matéria que se pode estender a milhares de anos luz de comprimento.
Em torno do disco de acreção forma-se também um anel de poeira, a que se chama toróide, aquecido pela emissão de microondas provenientes do disco de acreção. O toróide, por sua vez, reemite esta radiação em comprimentos de onda mais elevados.
De notar também que, nem todos os buracos negros supermassivos dão origem a quasares. Na verdade, é consensual entre os astrónomos que todas as grandes galáxias possuem um destes buracos negros no seu centro – a nossa Via Láctea tem um – mas apenas alguns conseguem emitir uma radiação poderosa o suficiente para serem considerados quasares. Também podem ser formados quasares a partir de novas fontes de matéria. Por exemplo, há uma teoria que defende que, quando a galáxia de Andrómeda chocar com a Via Láctea, tal colisão poderá formar um quasar.
É Possível um Astrónomo Amador Observar um Quasar?
Sim, na verdade os quasares são os objectos mais distantes que um astrónomo amador pode observar, embora para o efeito não sirva qualquer telescópio. O mais fácil de observar é o 3C 273, como podes ver na imagem cima captada por Alicia (ver galeria), utilizando um telescópio Epsilon 180 e uma câmara CCD SBIG ST-2000, no México.
Este quasar, o primeiro a ser identificado pelos astrónomos, pode ser observado na constelação da Virgem e com uma magnitude aparente de 12.9. Isto significa que, situado a 2,4 mil milhões de anos luz (!) de nós, consegue ser mais brilhante no nosso céu do que Plutão. Significa também que, se este quasar estivesse mais próximo de nós, por exemplo a “apenas” 33 anos luz, poderíamos vê-lo dia e noite, tão ou mais brilhante do que o Sol.
Se te queres aventurar a observar quasares, podes consultar a lista de quasares mais brilhantes.
Fonte: http://www.astronomoamador.net/2011/o-que-e-quasar
Imagens do Quasar 3c279 o maior do universo.
Agora um dos astros mais interessantes do universo.
O Quasar Situam-se a distâncias extremas, sendo os objectos mais longínquos do Universo e com um brilho que pode ser até um milhar de vezes superior ao de uma galáxia. Poderosamente energéticos, são os maiores emissores de energia conhecidos e até há bem pouco tempo, um dos maiores mistérios da astronomia também. Qual é a natureza destes corpos celestes?
A Descoberta dos Quasares
Os primeiros quasares foram descobertos, através de rádio-telescópios, na década de 50, como fontes de rádio sem um objecto visível correspondente. Na década de 60, foram registados centenas destes objectos e finalmente foi possível observar um deles opticamente. Em 1964, o astrofísico Hong-Yee Ciu atribuiu-lhes o nome de quasares, que significa “quasi-stellar” – em português quase-estelar – por parecerem estrelas mas ao mesmo tempo terem um comportamento completamente diferente.
Mais tarde em 1980, os quasares foram classificados como um tipo de galáxias activas e que seriam a mesma coisa que as rádio-galáxias e os blazares, cujas diferenças se baseavam apenas no ângulo de observação das mesmas a partir da terra.
A Natureza dos Quasares
Os quasares são buracos negros supermassivos que brilham intensamente. Curioso? Já explico. Para percebermos a natureza destes objectos, é necessário compreender então primeiro este tipo de buracos negros.
Os buracos negros supermassivos, ao contrário dos buracos negros estelares (que se podem formar, juntamente com as estrelas de neutrões, após a morte de uma estrela de massa superior a 3 massas solares), têm origem nos primórdios do Universo, de uma forma ainda não muito consensual, quando um movimento caótico de matéria formou regiões de maior densidade. A origem destes buracos negros pode ser semelhante à origem das galáxias.
Aliás, é importante reter esta curiosidade: os quasares situam-se a milhares de milhões de anos luz de nós, o que significa que estamos a ver algo que aconteceu há milhares de milhões de anos atrás. Um quasar, pode muito bem ser uma galáxia em formação, uma visão dos primórdios do nosso Universo, bem diferente do que conhecemos hoje. Mais: o facto de todos os quasares estarem longe de nós, significa que a formação dos quasares era muito mais frequente no início do Universo do que actualmente.
Mas voltando aos monstros sugadores de matéria – o maior conhecido, no centro da galáxia M87, tem 6,4 mil milhões de vezes a massa do nosso Sol – são corpos tão densos que não há nada que possa escapar deles. Nem a própria luz. O seu campo gravitacional tem uma força tal que, qualquer estrela ou nuvem de matéria que se aproxime, é sugada e nunca mais é vista.
No entanto, este sugar de matéria não é um processo instantâneo, nem uma estrela é “engolida inteira”. A matéria e as estrelas começam a ser puxados como “fios de esparguete” e formam um círculo espiral em torno do buraco negro. Este disco de acreção vai percorrendo o caminho em torno do buraco negro até terminar definitivamente no seu interior. Este disco de acreção, gira a grandes velocidades, fazendo com que a sua temperatura seja superior ás temperaturas das estrelas mais quentes do Universo, emitindo também raios X e outras formas de radiação electromagnética – a origem do intenso brilho destes buracos negros.
Além disso, a densidade deste disco de acreção é tão forte, que a radiação não consegue escapar naturalmente. Assim, é formado um feixe ao longo do eixo do disco, onde as partículas subatómicas são aceleradas e formam um enormíssimo jacto de matéria que se pode estender a milhares de anos luz de comprimento.
Em torno do disco de acreção forma-se também um anel de poeira, a que se chama toróide, aquecido pela emissão de microondas provenientes do disco de acreção. O toróide, por sua vez, reemite esta radiação em comprimentos de onda mais elevados.
De notar também que, nem todos os buracos negros supermassivos dão origem a quasares. Na verdade, é consensual entre os astrónomos que todas as grandes galáxias possuem um destes buracos negros no seu centro – a nossa Via Láctea tem um – mas apenas alguns conseguem emitir uma radiação poderosa o suficiente para serem considerados quasares. Também podem ser formados quasares a partir de novas fontes de matéria. Por exemplo, há uma teoria que defende que, quando a galáxia de Andrómeda chocar com a Via Láctea, tal colisão poderá formar um quasar.
É Possível um Astrónomo Amador Observar um Quasar?
Sim, na verdade os quasares são os objectos mais distantes que um astrónomo amador pode observar, embora para o efeito não sirva qualquer telescópio. O mais fácil de observar é o 3C 273, como podes ver na imagem cima captada por Alicia (ver galeria), utilizando um telescópio Epsilon 180 e uma câmara CCD SBIG ST-2000, no México.
Este quasar, o primeiro a ser identificado pelos astrónomos, pode ser observado na constelação da Virgem e com uma magnitude aparente de 12.9. Isto significa que, situado a 2,4 mil milhões de anos luz (!) de nós, consegue ser mais brilhante no nosso céu do que Plutão. Significa também que, se este quasar estivesse mais próximo de nós, por exemplo a “apenas” 33 anos luz, poderíamos vê-lo dia e noite, tão ou mais brilhante do que o Sol.
Se te queres aventurar a observar quasares, podes consultar a lista de quasares mais brilhantes.
Fonte: http://www.astronomoamador.net/2011/o-que-e-quasar
Imagens do Quasar 3c279 o maior do universo.