Apesar desta imagem falar diferente...
Durante décadas, os astrónomos não sabiam como era na realidade a nossa Via Láctea. Afinal, nós estamos bem dentro dela e não podemos ver como é do lado de fora.
Agora, novas imagens do Telescópio Espacial Spitzer estão a desvendar a verdadeira estrutura da Via Láctea, revelando que tem apenas dois grandes braços de estrelas, ao invés dos quatro que anteriormente se pensava possuir.
"O Spitzer deu-nos um novo ponto de partida para repensar a estrutura da Via Láctea," disse Robert Benjamin da Universidade do Wisconsin, em Whitemater, EUA, que apresentou os seus novos resultados numa conferência de imprensa da 212.ª reunião anual da Sociedade Astronómica Americana em St. Louis, Missouri, EUA. "Vamos continuar a actualizar a nossa imagem galáctica da mesma maneira que os antigos exploradores, navegando em torno do globo, reviam os seus mapas."
Desde os anos 50 que os astrónomos produzem mapas da Via Láctea. Os modelos mais antigos eram baseados em observações de rádio do gás na Galáxia e sugeriam uma estrutura espiral com 4 grandes braços de formação estelar, chamados "Norma", "Scutum-Centaurus", "Saggitarius" e "Perseus". Além dos braços, existem bandas de gás e poeira na parte central da Galáxia. O nosso Sol situa-se perto de um braço pequeno e parcial, denominado Braço de Orionte, localizado entre os Braços de Sagitário e Perseu.
"Durante anos, criaram-se mapas da Via Láctea com base no estudo de apenas uma secção, ou usando apenas um método," disse Benjamin. "Infelizmente, quando os modelos de vários grupos eram comparados, nem sempre batiam certo. É um pouco como estudar um elefante de olhos vendados."
Os grandes estudos do céu infravermelho nos anos 90 levaram a grandes alterações destes modelos, incluindo a descoberta de uma grande barra de estrelas no meio da Via Láctea. O infravermelho pode penetrar poeira, por isso os telescópios desenhados para detectar a radiação infravermelha conseguem obter melhores imagens do nosso denso e poeirento Centro Galáctico. Em 2005, Benjamin e seus colegas usaram os detectores infravermelhos do Spitzer para obter informação acerca da barra da nossa Galáxia, e descobriram que se prolonga para mais longe do centro da Galáxia do que se pensava.
A equipa de cientistas tem agora novas imagens do Spitzer no infravermelho de uma grande região da Via Láctea, esticando-se 130 graus pelo céu e um grau por cima e por baixo do plano médio da Galáxia. Este extenso mosaico combina 800.000 imagens individuais e inclui mais de 110 milhões de estrelas.
Benjamin desenvolveu software que conta as estrelas medindo as densidades estelares. Quando ele e seus colegas contaram as estrelas na direcção do Braço de Escudo-Centauro, notaram um aumento dos seus números, como seria de esperar num braço espiral. Mas quando olharam na direcção onde esperavam ver os braços de Sagitário e de Norma (Esquadro), não observaram nenhum aumento no número de estrelas. O quarto braço, Perseu, abraça a porção exterior da nossa Galáxia e não pode ser observado nas novas imagens do Spitzer.
As descobertas reforçam o caso da Via Láctea ter apenas dois grandes braços espirais, uma estrutura comum para galáxias espiral-barradas. Os braços de Escudo-Centauro e de Perseu têm as maiores densidades de estrelas jovens e brilhantes, e de mais velhas, as chamadas gigantes vermelhas. Os dois braços mais pequenos, o de Sagitário e do Esquadro, estão cheios de gás e bolsas de estrelas jovens. Benjamin disse que os dois grandes braços parecem ligar-se perfeitamente com os dois limites da barra central da Galáxia.
"Agora, conseguimos ligar os braços à barra, tal como peças num puzzle," disse Benjamin, "e podemos pela primeira vez mapear a estrutura, posição e comprimentos destes braços." Observações anteriores no infravermelho descobriram pistas de uma Via Láctea barrada e com dois braços, mas esses resultados não eram claros devido à posição e comprimento dos braços serem na altura desconhecidos.
Embora os braços galácticos pareçam ser características intactas, as estrelas estão na realidade a mover-se continuamente para e de lá, à medida que orbitam o centro da Via Láctea. O nosso próprio Sol pode até ter já habitado um braço diferente. Desde que foi formado há mais de 4 mil milhões de anos, completou já 16 órbitas em torno do Centro Galáctico.
Fonte: http://www.ccvalg.pt/astronomia/noticias/2008/06/11_via_lactea.htm
é meia antiga,mas interessante...