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description[ANTIGO] Sabaku no Murasaki - Violeta do Deserto [+18/Romance/AU] Empty[ANTIGO] Sabaku no Murasaki - Violeta do Deserto [+18/Romance/AU]

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Género: Romance, AU.
Série: Naruto.
Disclaimer: Esta fanfic foi inspirada na série Naruto, que não me pertence, nem as personagens nela incluídas - em excepção de Ishimaru Ayumi e Saruwatari Naomi. AVISO: A história vai conter cenas de violência e de sexo, não muito explícitas, mas tem. Tá?

Prólogo

Estava quase a chegar.

Ayumi não via a hora em que o maldito comboio parasse depois de uma viagem de três horas sem poder fazer nada produtivo – sempre a andar, a tremer, não há muito que se faça – a não ser olhar pela janela fora. Não levava os fones lilás nos ouvidos, o que não era comum; tinha decidido deixar a música de lado. Já bastava ser ela o motivo pelo qual estava ali.

As paisagens corriam diante dos seus olhos e Ayumi recordava a casa que ia deixar por um largo tempo, talvez até para sempre. Não podia tornar-se numa compositora de renome na sua modesta vila, por muito que custasse admitir. Era o seu sonho, compôr a melodia perfeita, que fosse a causa do sorriso de quem ouvisse, e  os seus amigos incitavam-na a seguir as suas ambições há muitos meses atrás. Mas nada ia saciar as saudades dos campos, dos terrenos baldios, dos sorrisos modestos e sinceros. Dirigia-se agora para uma cidade grande que nunca antes vira, para uma escola que jamais visitara. Era assustador, ter de conhecer gente nova e diferente. “Talvez sejam acolhedores... Na televisão costumam ser”, pensou para si mesma, levantando-se no embalar do comboio que cessava a sua marcha.

Já estava em Tóquio.

A menina assustou-se mal saiu do comboio, quase levada pela multidão stressada e veloz. Nunca tinha visto um local com tanta gente junta; mal respirava ali. Ayumi prendeu o seu cabelo castanho e comprido num ápice e arrastou a sua mala dali para fora o mais rapidamente possível. Esgueirou-se para uma praça de táxis, mas a fluidez de pessoas não diminuíra assim tanto. Foram necessários vinte minutos até um dos automóveis estar disponível e a levar ao seu novo apartamento, localizado a 800 metros da futura escola. Preferiu esperar até lá chegar para confirmar que a zona era realmente mais calma do que o centro de Tóquio, como estava indicado na descrição do novo lar.

A curiosidade e o entusiasmo apoderaram-se dela por momentos e levaram-na do táxi ao elevador a correr, deixando para trás o resto do dinheiro que trazia no bolso (que valiam uma boa gorjeta). Chegando ao terceiro andar, vasculhou por toda a mala e retirou a chave. Uma vez aberta a porta, Ayumi sorriu... E atirou-se para cima de um sofá largo e branco que estava a meio da sala.

A casa era bem simples e bonita, para além de espaçosa:  a entrada fina ia conduzir pela direita a uma sala bem grande e quadrada, iluminada pelas janelas da varanda com vista para a vizinhança. Apenas tinha o sofá, uma televisão bem grande e uma pequena mesa de madeira branca com o tampo em vidro. Na parede da direita existia uma porta para uma cozinha simpática, em tons brancos e castanhos, já equipada. A parte mais interessante era mesmo à esquerda do pequeno corredor da entrada, onde ao invés da parede estava um placard em pvc, decorado com motivos japoneses e com escadinhas para um quarto médio, mas vasto. A casa de banho era em tons de cor-de-rosa, muito simples.

- Minha mãe! – Exclamou, de braços abertos no sofá. – Esta é a casa perfeita para mim! E bem baratinha! – Ayumi riu baixinho, como se fosse um crime gastar tão pouco dinheiro por uma casa tão acessível quanto aquela. Na verdade o preço não tapava a falta de muitos acessórios que fariam questão de levar o dinheiro que queria tanto poupar.

O restante dia foi dedicado à decoração da casa. Ayumi arrumou o que trouxe nos seus devidos lugares, rabiscou uma lista enquanto caminhava pela casa e só voltou depois da meia-noite carregada de sacos, incluindo o seu jantar. Mas não tinha paciência para arrumar tudo no mesmo dia... E os nervos já tinham aparecido. Afinal, a garota ia conhecer a nova escola na manhã seguinte e apenas podia rezar para que ninguém reparasse muito nela... Por enquanto.

Teimosia contra a preguiça. Arrastou-se até junto dos sacos, procurou por um despertador em forma de pinguim que viu nas montras e tentou jurar que nunca o ia atirar contra a parede, de tão fofinho que o achava; programou-o para a manhã seguinte e atirou-se para a cama. Pobre despertador, cuja promessa feita há tão poucas horas quase se quebrara ao tombar sobre o colchão fofo e por um triz não ter saltitado até ao chão.

E vence a teimosia.

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Última edição por Ishimaru Ayumi em 11/12/2012, 23:41, editado 1 vez(es)

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Género: Romance, AU.
Série: Naruto.
Disclaimer: Esta fanfic foi inspirada na série Naruto, que não me pertence, nem as personagens nela incluídas - em excepção de Ishimaru Ayumi e Saruwatari Naomi. AVISO: A história vai conter cenas de violência e de sexo, não muito explícitas, mas tem. Tá?

I - Horror

E para sorte do pequeno despertador, Ayumi acabou por nem precisar dele.

- Olá a todos! Eu chamo-me... Não, não soa bem. Oi, o meu nome é... Ui, soa pior! – resmordia sozinha, a correr de um lado para o outro do quarto.

Entrou na casa de banho e olhou bem atenta para o espelho quadrado e alto. Os seus olhos violeta miravam o cabelo despenteado e as olheiras; tomar banho talvez fosse uma boa ideia. Sorriu e entrou na banheira. Não chegaram a ser 10 minutos até ela tornar a correr para o quarto e vestir o uniforme enquanto ao mesmo tempo, saltitava até à cozinha e punha as coisas na mala. Com um donut na boca e o laço do uniforme bem apertado, pegou nas chaves e na mala em rumo à escola.

Na verdade, Ayumi apenas precisava de um ano, o último. Pensava nisso enquanto caminhava pelas ruas, tentando aliviar a ansiedade. Ninguém a observava, o que era bom do seu ponto de vista; detestava ser o centro das atenções. “É só um ano. Entretanto vou preparar algo e procurar uma boa editora e depois não devo preocupar-me mais!”, balbuciava sozinha. Ainda assim, o facto de até um holograma robótico ter mais sucesso na área da música do que um simples compositor a fazia pensar duas vezes em voltar para casa. Não era grande fã de Vocaloid, por mais que as músicas fossem agradáveis mas eram terríveis oponentes. Também não estava a admirar muito o novo uniforme... Não entendia a sua utilidade já que onde estava anteriormente não era necessário de todo! E ficava tão justo na zona do peito... Sentia-se desconfortável, não esquecendo o pormenor de estar sempre a puxar a saia para baixo. Se não fosse por tão pouco tempo, talvez até escrevesse uma carta à Associação de Estudantes e planeasse o fim dos uniformes e o começo da liberdade de vestuário.

Não. Mais valia concentrar-se no futuro e deixar caprichos de lado.

Por este andar, Ayumi já conseguia ver o edifício escolar de perto, assim como vários alunos vestidos como ela. A escola era vasta e monótona, em tons de cinza e branco, como se fosse apenas um bando de blocos sem graça alguma. Não estava ninguém ao portão a vigiar as entradas e as saídas; apenas se viam vários grupos de pessoas pequenos aqui e ali, diferentes quanto o dia e a noite. A morena entrou no recinto e observou com mais cautela o seu redor – cada vez mais ansiosa – e então ergueu uma sobrancelha em desdenho.

A um canto, um pobre rapaz de cabelo negro e espetado debatia-se no ar suspenso pela camisa, obra de um trio suspeito e de olhos postos na sua lancheira recheada para o dia; não muito longe, detrás de alguns arbustos discretos, um grupo de rapazes convivia e não aspiravam a confiança de todo. Do nada, uma jovem de cabelo atado em dois ponpons ultrapassa-a a passos largos, levando consigo um iPod a distribuir música por toda a parte. Ayumi suspirou, incrédula, e retirou um papel do bolso com esperança de que tudo aquilo fossem meras aparências. Agora tinha de encontrar a sua sala de aula, B-65. E ao prosseguir a sua caminhada pelo átrio, percebe que está a ser estudada de longe por três alunas desde que colocou o primeiro pé dentro do átrio. “Pois bem, querem ver-me, têm de me dizer o que quero saber!”, pensou e aproximou-se. Para sua surpresa, sussurraram entre elas.

- Bom dia. – Murmurou, com um sorriso nervoso. – Vocês são da turma da sal-

Ayumi não terminou a frase. Um dedo indicador bem esticado para si fê-la parar, estupefacta.

- Desculpa lá, querida – Ela, cujo cabelo era estranhamente rosa, fazia uma careta de importante. – Temos cara de mapa ou algo parecido?

- Como? – Ayumi baixou-lhe a mão impertinente que imediatamente se refugiou – Apenas quero saber onde fica a minha sala. Sou nova por aqui.

- Nota-se! – A segunda (que era loira) rosnou, olhando Ayumi de soslaio. – Tens bom remédio e corres mais um pouco por aí. Quanto mais demorares, melhor... Estás em necessidade de emagrecer, queridinha. Mamutes como tu ficam sozinhas até à cova.

- Ah... Não há crise, eu acho-a sozinha. Aqui o GPS parece andar avariado... – A morena abanou a cabeça e retomou à sua rota, ignorando a risada que se ouvia ainda de longe.

Depois de algum esforço e graças à simpatia de uma funcionária, Ayumi conseguiu encontrar a sala e esperou perto da porta, pousando a mala no chão. Nunca tinha imaginado existir um lugar assim, marcado pela discriminação e pelo desrespeito, pela subvalorização dos valores sociais. Delinquentes de um lado na penumbra da ignorância alheia, impertinência alimentada por dinheiro e fama na outra ponta. Não tinha lógica alguma recusarem-se a ajudar um recruta novo. “Onde me vim enfiar... Se fosse eu ajudava, mas que problema criei eu!?”, murmurou baixinho. Nem o comentário triste sobre o seu peso fazia nexo, posto que eram praticamente iguais. Bem, excluindo a parte do peito, que Ayumi se orgulhava por ser mais avantajado.

Riu-se na ideia de que aquela resposta rude tivesse nascido de uma ponta de inveja. Isso já não seria tão estranho, mas não havia necessidade de tamanha agressividade.

E eis que se ouve o primeiro toque do dia. Não tardou para que todo o corredor enchesse e se ouvissem os primeiros murmurinhos da manhã e os cacifos abrissem e fechassem em sintonia. Se estivesse na sua terra Natal, estaria provavelmente de conversa com os amigos... Que saudades tinha da Naomi e das suas conversas animadas! Os pensamentos de Ayumi foram sacudidos rapidamente com um empurrão contra um armário de metal, ao passarem as jovens elegantes e que não gostavam de ser chamadas de mapas. A morena recompôs-se e quando se decidiu a protestar, abriram a sala e entraram, sem lhe dar tempo de memorizar cada rosto ou sequer de entrar em conjunto. E por fim... Ficou à porta.

Ayumi não queria entrar. Os corredores esvaziaram-se e o silêncio invadiu-os, deixando-a ouvir o seu coração palpitar nos ouvidos. Estavam todos lá dentro, e nada de professor... Não tinha coragem de entrar. Não por medo, de forma alguma. Só não queria ser o centro das atenções tão cedo.

- És a minha aluna nova?

Uma mão suave pousou no ombro de Ayumi, assustando-a. Ao virar-se, deparou-se com um homem alto e musculoso, de cabelo grisalho e o rosto tapado até aos olhos. Tinha uma cicatriz vertical sobre o olho direito e trazia consigo uma pasta. Talvez fosse o professor.

- Acho... Que sim? – respondeu-lhe, corada.

- E porque é que ainda não entraste? – Ele parecia sorrir, por mais que a boca estivesse escondida. – Sou o vosso director, o meu nome é Hatake Kakashi.

- Bem... Não queria entrar sozinha... – Ayumi olhou para o chão; sentia-se uma idiota.

- Algo me diz que já deves ter conhecido alguns deles. Pelo que li vens do interior... Peço-te para não estranhares o ambiente. Aqui predomina uma sociedade muito inspirada nas influências Ocidentais.

Ayumi inclinou a cabeça, confusa. E Kakashi riu-se, atrapalhado.

- Têm a mania que são grandes... – Disse o professor, tomando-lhe o braço com cortesia. – Entramos?

Sorriram e enfrentaram o futuro cenário quotidiano.

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- Pouco barulho. Eu disse... POUCO BARULHO. – Gritou Kakashi e fez-se silêncio. – Obrigado. As férias fizeram-vos mal, deviam socializar mais para se calarem aqui.

A turma era grande, talvez composta por uns 30 alunos ou 31 a contar com Ayumi. Ao contrário do que estava habituada, as mesas eram em pares e não haviam armários ali dentro. A morena já estava a ser fitada desde que entrou – e com o professor, mas que atadinha!, pensavam elas – mas sentia-se segura. Entrou melhor do que estava à espera.

- Esta é a vossa colega nova e chama-se Ishimaru Ayumi. Deduzo que tenha a vossa idade, nenhum de vós é cego e portanto não precisam de descrições físicas. Tirem as dúvidas quando forem saltar à corda no intervalo. – Kakashi deixou-a plantada à porta e pegou no giz, dando a apresentação como terminada.

- Sabes queridinha... Convém sentares-te. Mas não à minha frente. – A rapariga de cabelo cor-de-rosa gozou.

- Sakura, sê uma pêga mais bem educada, está bem? – Ouviu-se do fundo da sala uma rapariga loira com o cabelo apanhado em quatro elásticos.

- Não há crise... – Ayumi limitou-se a procurar por um lugar disponível.

Haviam dois. Um ao fundo da sala cuja vizinhança arrepiava qualquer um e outro mais ou menos a meio da sala, ao lado da janela. Mas nessa mesa já estava alguém: um rapaz de cabelo curto e ruivo, olhos verdes e umas olheiras um pouco pesadas. Ainda assim, achou-o atraente... “Ora Ayumi, não te ponhas com tolices!”, pensou e abanou a cabeça para disfarçar a cara rosada e puxou a cadeira para se sentar.

- Posso sentar-me aqui? – Perguntou educadamente.

- Força... Isso nem é meu. – Ele respondeu sem desviar o olhar do quadro.

- Ah, sentaste-te ao lado do Sabaku. – Kakashi exclamou à primeira chance de ver onde estava a nova aluna colocada. – Fico satisfeito... Talvez o ajudes a sacar melhores notas do que o ano passado. Não me vais fazer-te reprovar este ano pois não, Gaara?

Gaara? Que nome estranho...”, pensou Ayumi de novo, fitando-o com os seus olhos lilases. Já o ruivo nem fez o esforço de responder ao professor. “Estou a prever problemas de socialização para breve... Estou tramada!”.

Na verdade, as aulas até eram pacíficas e fáceis de apanhar... Ou pelo menos pensava ela até Kakashi se deixar de histórias sobre o seu verão cercado de mulheres e começar a matéria a sério. Até à hora do almoço, Ayumi quase adormeceu sobre a mesa algumas vezes. Para não se deixar dormir começou a observar os seus colegas novos e surpreendeu-se ao ver a rapariga do iPod perto da porta. “Não me vai faltar boa música, está visto...”, gracejou intimamente. Perto dela estavam dois rapazes, dos quais um tinha uns olhos negros e pestanudos com cabelo negro à tigela e o outro tinha os olhos lilases e o cabelo castanho escuro, mas muito comprido. Era também muito pálido e sério. A meio da sala estava o grupo das “intriguistas”: Sakura, a de cabelo cor-de-rosa curto e olhos verdes, a loira “queridinha” que entre conversas descobriu que se chamava Ino e a terceira que mal tinha falado ainda, com o cabelo comprido, azul-escuro e os olhos lilases. Era muito parecida com o outro rapaz junto da estação de rádio com pernas e pompons... Seriam irmãos?

No fundo da sala, o grupo era maior e composto basicamente por homens. A loira que respondeu a Sakura quando entrou chamava-se Temari – ou assim o pensava, já que estava escrito a corretor no estojo. Ao seu lado estava um rapaz de cabelo apanhado e tão negro quanto os olhos... Mas já dormia. Perto da parede, haviam dois rapazes que não se calavam por NADA! O primeiro era loiro de olhos azuis e tinha uma espécie de bigodes no rosto (que raio de tatuagem...) e o segundo era moreno, com olhos castanhos e uns triângulos vermelhos nas bochechas (mas que moda é esta?!). Ayumi anda pensou em analisar um grupo do canto, mas já lhe doía o pescoço e voltou-se pra frente. A seu lado, Gaara continuava calado e atento a um livro qualquer que tinha no colo. Não conseguia ver o que estava a ler porque ele o escondia, mas pela capa colorida, supôs que fosse banda-desenhada.

Ia provavelmente passar um mau-bocado com trabalhos de grupo.

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Género: Romance, AU.
Série: Naruto.
Disclaimer: Esta fanfic foi inspirada na série Naruto, que não me pertence, nem as personagens nela incluídas - em excepção de Ishimaru Ayumi e Saruwatari Naomi. AVISO: A história vai conter cenas de violência e de sexo, não muito explícitas, mas tem. Tá?

II - Atitudes

O dia terminou num instante e todos retornaram a casa, radiantes de ser sexta-feira... Ainda que tivesse sido dia de apresentações.A Ayumi não custou nada de todo em correr para casa, atirar os sapatos para o seu sítio à entrada, correr para o seu sofá novo e pegar no telemóvel para contactar Naomi, amiga de infância que residia na sua aldeia. Com quase 48 horas de chegada, já tinha uma resma de novidades para pôr em dia e quando ia a marcar o seu número, o telemóvel toca com antecedência.

- Nee-chaaaaaaaaaaaaan! – Ouviu-se do outro lado da linha. Era Naomi. – Já devias ter telefonado ontem! Chegaste bem???

- Desculpa! Mas enfiei-me em compras e fiquei tão estafada que foi até ao dia seguinte... – Suspirou Ayumi.

- Sem crise... Mas como estás? Que tal é a casa nova? E como foi a escola?!

- Calma! – A morena riu-se. – A casa é linda! E enorme, portanto fazes favor de vir cá passar férias. Já a escola...

- O que tem? Já sei! Uma cambada de betinhos! – Ayumi quase jurou que imaginou Naomi a rolar os olhos.

- Não... É tudo uma cambada de preconceituosos... Ainda não conheci ninguém amigável. – Suspirou.

- Estás a brincar!? Ninguém?

- Ouviste-me bem...

Por uma hora, Ayumi relatou muitos dos sucedidos: os grupos que existiam, o triste episódio com o Trio de Sakura, a apresentação fora do comum. As diferenças entre uns e outros dentro da própria turma, os professores e por aí fora.

- Está bem, chega de coisas más, credo. – Naomi respirou fundo. – Não tens novidades decentes!? Tens escrito alguma coisa?

- Não... Escrevi um verso ou dois mas não soavam bem. Posso-te enviar um e-mail quando terminar.

- Excelente! E rapazes giros? Viste algum?

- Bem... Alguns. Alguns muito sérios, outros com umas tatuagens estranhas... Tenho um sentado a meu lado que é jeitoso mas não aspira a muita simpatia... – A voz parecia um pouco derretida, ainda assim.

- Uhuh! Romance com o colega do lado! Como é que ele é!?

- Ora, não comeces... É giro, tem olhos verdes lindíssimos e cabelo curto, vermelho. Mas mal pia... Além disso, não estou aqui para romances. Ainda quero ouvir uma música minha na rádio para o ano!

- Mas um romance não fazia mal... Talvez te inspirasse.

- A sério, esta conversa até me abriu o apetite. Deixa-me estar solteira..!

Riram-se as duas. Da parte de Naomi vinham novidades boas sobre os seus amigos, que estavam a torcer por alguém de lá publicar algo para o mundo e em breve retornar para junto deles. E ainda depois do telemóvel desligar, Ayumi sorria enquanto se lembrava deles. E entretanto surgiu na memória o ambiente conflituoso em que se enfiara que a fez respirar fundo e ir preparar uma lista de compras para organizar os seus almoços. “Tenho de fazer algo em relação a qualquer atitude que possam ter comigo...”, matutava em sintonia com a caneta a escrevinhar um monte de coisas. Não ia deixar aquilo repetir-se outra vez e agora que planeava melhor, já que estava num local novo talvez também fosse hora de um novo visual. Correu para alguns sacos que ainda não tinha aberto e vasculhou-os; só sossegou quando achou uma caixa de fitas para o cabelo, sorrindo. “Querem ver o lobo mau, vão vê-lo!”, sussurrou e atirou a caixa para cima do monte de roupa escolar.

Naquela noite a mala também estava pronta para algo novo: o seu estojo, um pequeno dossier vazio, os livros do dia, o seu caderno de esboços e um x-acto. Já o leitor de música ficou escondido num bolso falso feito às três pancadas. Uma vez terminada a sua organização, voou para o quarto e preparou-se para dormir, porém, as palavras de Naomi não lhe saiam do ouvido.

- “Um romance”... eh, talvez não fosse mau de todo. Mas distrai... E por amor da Santíssima, mal o conheço... Nem sei porque dou voltas ao juízo.

*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*~*

Como num estalar de dedos, o fim-de-semana passou a voar e segunda-feira já aí estava para desgraça de muito adolescente pré-universitário. Para a protagonista, sábado foi dedicado ao descanso que não completou e domingo à decoração de toda a sua nova casa que agora já parecia bem arranjada e bonita. Nada melhor que um bom lar para nos inspirarmos e nos sentirmos confortáveis. Porém, de tudo isto, Ayumi apenas se arriscou a escrever duas quadras, das quais não se sentia confiante...

No átrio da escola, alguns grupos estavam plantados nas mesas de almoço do exterior, embora nem metade estivesse a almoçar (preferiam decorar o futuro almoço de alguém com caretas e palavrões a corretor nas mesas de tijolo). Numa dessas mesas estavam cinco rapazes – entre eles o colega de mesa de Ayumi, Gaara – e pareciam conferenciar sobre algo sério. Falavam baixo entre eles e por norma, apenas um lançava palpites e mantinha a ordem: alto e pálido, de cabelo escuro e espetado para trás cujos olhos condiziam na perfeição. A seu lado estava alguém mais baixo e igualmente pálido mas com cabelo pelas orelhas, de cor branca. Parecia concordar com tudo o que ele dizia, mas com algum manifesto. Os outros dois situavam-se um pouco de parte do assunto, mas sorriam de forma doentia dentro dos seus capuchos.

- Ainda bem que viemos para aqui hoje. Quero apreciar as vistas! – exclamou Sakura para Ino e Hinata, a terceira rapariga.

- Queridinha, às vezes metes medo! Não abras tanto o decote... Não tens muito que mostrar! – Ino queixou-se e subiu-lhe o laço do uniforme. – Já que queres dar nas vistas, fá-lo como deve ser...

As três estavam sentadas a duas mesas de distância deles, viradas para o porta-voz. Hinata preferiu sentar-se de costas e almoçar sem dar nas vistas ou arranjar confusão. A loira não aguentou muito tempo a boca fechada e procurou tema de coscuvilhice.

- Ai Hinata! Só comes porcarias. – comentou, roubando-lhe um pouco de dango. – Não admira depois teres um peito gigantesco e termos de andar atrás de ti como cães de guarda.

- N-não faço por mal... – Hinata corou, fechando o decote.

- A mim é que me faziam jeito umas dessas... Não queres trocar? – Sakura amuou um pouco, mas logo passou ao olhar para os rapazes. – Só de pensar que o Sasuke-kun olhava num ápice...

- Nota-se, por alguma razão enfiou a Hinata num armário de limpezas a semana passada. – Ino retorquiu. – Se não fosse o paspalho do Naruto... Bem, ao menos ele serviu para alguma coisa.

- O N-Naruto é boa pessoa... – A jovem de cabelo escuro sorriu timidamente.

- Ri-te, ri-te. Se ele pudesse fazia-te o mesmo!

Na verdade, talvez Hinata até nem estivesse muito incomodada com esse facto.

- Sakura, talvez pudesses pedir conselhos calóricos ao novo mamute. – A loira gracejou maldosamente.

- Achas!? Nem penses! Não sei qual era o problema dela ontem... Ninguém é idiota o suficiente de perguntar por direcções! E já viram aquele cabelo?! – Sakura falava de boca cheia. Estava deveras indignada! – Para não dizer que mal cabe numa cadeira. Tch, deve ter a mania.

- S-Sakura...
- Agora não, Hinata! Estou a tentar livrar-me das memórias de ontem!

- P-Pois mas... Acho que ela resolveu algo quanto a i-isso...

Ino e Sakura olharam imediatamente para trás e a segunda cuspiu-se. Os rapazes acabaram por se aperceber e olharam também para quem estava a chegar.

- Oy, Sabaku. Aquela não é a tipa que estava sentada a teu lado ontem..? – Perguntou Sasuke.

Na sua direcção, Ayumi caminhava com uma atitude afincada. Parecia despreocupada com o tamanho do uniforme e trazia a mala pendente num dos ombros, com os fones nos ouvidos e a cabeça na Lua. A camisa estava abotoada pouco acima de um decote considerado provocante (ao contrário do dia anterior, abotoado até ao pescoço) e trazia o seu longo cabelo atado em dois rabos de cavalo com fitas pretas. Ao pescoço, revelava por fim o seu amuleto da sorte, uma lágrima carvada em ametista.

Ignorando qualquer um deles, atirou a mala para cima de uma mesa vazia e sentou-se, pronta a almoçar descansada. E Sakura não parecia satisfeita... Não, senhor. Estava fula.

- Mas que rameira..! – Rosnou ela entre dentes.

- Eh, hoje não parece tão tonhó... Se calhar aprendeu qualquer coisinha só de olhar para nós! – Ino ponderou; já não parecia tão descrente como no dia anterior.

- Sim sim, não sejas pateta. Vamos tratar do assunto...

Porém, levantou-se sozinha e nem reparou nisso. Ino deixou-se ficar onde estava, acompanhada de Hinata, que estava a ficar cada vez mais assustada. A loira tinha a regra de ouro que consistia em nunca meter-se nas confusões dos outros... Afinal de contas, as suas unhas não se arranjavam sozinhas! E honestamente, já estava farta de muitos dos dramas de Sakura.

A mão pesada da rapariga de olhos verdes abateu-se sobre o ombro de Ayumi, que não se demonstrou surpreendida e apenas pousou os talheres sobre o bento.

- Olha quem comprou uns acessórios novos e se lembrou de ser má... Tens noção de que estás ridícula, certo? – atirou a Ayumi, sorrindo maliciosamente.

- Ai estou? – A morena não a olhou, pronta a pegar nos talheres de novo. – Estou como me sinto bem e gosto. Não pinto o cabelo de cor-de-rosa para me armar em princesinha, portanto estou dentro dos parâmetros normais.

- Não pinto o cabelo, minha sonsa! – Sakura fez questão de afastar o bento da sua frente e obrigar Ayumi a olhar para si. – Devias ter mais cuidado com quem falas. Aprende que aqui mando mais que tu e convém teres respeito a isso, fofinha.

Ayumi ergueu uma sobrancelha, olhando-a nos seus olhos verdes e vivos, insaciados de poder. Já entendera muito bem de que ali existia a necessidade de ser respeitada entre as outras alunas e admirada pelos homens, o que lhe soou um pouco... Indecente. O que Sakura não sabia era que ela já esperava algo deste género e não pensava em ficar calada e indefesa. Tentando ignorá-la – para seu bem, começava a pensar Ayumi - , voltou a puxar o almoço para perto de si e abriu uma garrafa de sumo de morango que tinha trazido também. Mas a “princesinha” considerou tal atitude intolerável e inconscientemente, cega de fúria fútil, agarrou-lhe o antebraço com força e inclinou-se sobre ela. A situação já não escapou aos olhos de mais ninguém, atraindo os olhares e os curiosos; Gaara observava aquilo, fazendo ideia do que ia acontecer. Nada mais ou menos do que um puxão de cabelos e a novata pedia transferência ainda na mesma tarde.

Ayumi não concordaria com essa conclusão se soubesse dela e assim o demonstrou. Virou-se num ápice e com um pé colocado sobre o banco, empurrou Sakura para o chão com o seu braço vago e desprendeu-se dela, ajoelhando-se ao pé dela para a agarrar pelo cabelo. Não tinha intenções de o puxar, apenas de que a rapariga de olhos verdes pudesse escutar bem.

- Estou-me nas tintas para o que mandas. Da próxima vez eu faço questão de e mandar para a enfermaria. Não sou uma idiota qualquer que tu chegas aqui e intimidas porque tens aspecto e dinheiro no bolso. – Afirmou-lhe alto e bom som, largando a sua cabeça mal as suas palavras terminaram.

Sakura bateu com a cabeça no chão levemente mas fazer escândalo estava fora de questão. Para cúmulo, a morena acreditou que tinha sido demasiado sério e depois de arrumar a mala – e o almoço que nem comeu – abriu a garrafa de sumo e despejou-a sobre a camisa branca de Sakura, ao passar por ela de caminho. E desapareceu para dentro do edifício escolar.

- Ena men! Curtiste a cena!? – Suigetsu, o rapaz de cabelo branco ao lado de Sasuke, exclamou.

- Estas mulheres de hoje em dia são umas arruaceiras... – Fora a única resposta de Sasuke antes de abandonar o local, olhando para Sakura com o desprezo do costume, misturado com uma pitada de sátira.

Mas Gaara já lá não estava. A campainha fez questão de soar uns minutos depois e para surpresa de Kakashi, a turma entrou ordenadamente e quase jurou que iam calados, ou no mínimo, entre murmúrios.

A cadeira de Sakura ficou vazia até à manhã seguinte.

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