Prólogo
Estava escuro. Eu corria com passadas largas pelo longo corredor. O som dos meus passos ecoava, juntamente com os pingos d’água que caiam dos canos furados. Um vulto passou a minha frente. Parei. Rapidamente levei a mão até a bolsa de armas que estava presa em minha perna direita e de lá tirei uma lanterna. Iluminei o corredor. Era apenas um rato. Suspirei aliviada. Aproveitei a deixa para parar e recuperar um pouco o fôlego. Levei a mão ao peito abrindo a jaqueta e apalpando o bolso interno só para certificar-me de que ela ainda estivesse lá. Estava. Aquilo precisava chegar ao seu destino. Tudo dependia de mim agora. Pus-me a correr novamente, mais rápido dessa vez. Porém não fui muito longe. Senti que ele havia me achado. Caminhava lentamente em minha direção, com as mãos no bolso. Calmo, sem pressa. Levantou a cabeça e tudo que eu pude enxergar foi o intenso brilho dos seus olhos azuis. Súbita, parei.
- Você sabe que aqui é o fim! – ele disse
- Rá, até parece que você não me conhece. – respondi
- Seria tudo tão mais fácil se você apenas me entregasse... eu não quero te machucar Yura, mas você está obrigando-me a fazer isso.
Sorri. Abaixei as pernas, dobrando um pouco os joelhos e me coloquei em posição de luta.
- Eu sabia desde o começo que você era um idiota Ryu...
Ele pareceu se ofender com minha observação. Resolveu então acabar com tudo de uma vez. Foi tudo muito rápido, de modo que não tive como agir. Num piscar de olhos ele havia me prensado na parede e me segurava pelo pescoço somente com uma mão.
- O quê? Está difícil respirar agora? – perguntou irônico – É só você me entregar, e então eu te deixo ir.
A oferta parecia tentadora.
- Na... ã..o – ofeguei
Ele me levantou do chão, apertando mais meu pescoço. Rapidamente levei uma das mãos livres ao bolso da jaqueta novamente... para protegê-la. Não podia deixar que ele se quer tocasse nela. Mesmo que aquilo custasse minha própria vida.
Ele tirou a espada das costas. Passou-a levemente pelos meus cabelos. Roçou a minha face e vagarosamente... prensou-a em meu pescoço.
- Acabou, Yura...
Capítulo 1: A chegada dos Nishimuras.
Eu estava agitada aquele dia. Pra falar a verdade não tinha um motivo ao certo. Talvez fosse porque o céu estava imensamente azul, do jeito que eu gostava. Ou porque o sol brilhava intensamente sobre nós. Ou talvez fosse porque – aquele dia – era o dia em que eles chegariam à Owari.
Nós estávamos no bosque, Saito e Shu estavam me ajudando a treinar com o boomerang, já que fazia pouco tempo que eu aprendera aquela técnica e ainda não era muito boa.
- Certo Yura – disse Saito – Vamos treinar sua pontaria. Você irá mirar o boomerang e tentar acertar aquela marcação que eu fiz na árvore usando o hiraikotsu.
Peguei meu boomerang – feito de osso – que era quase da minha altura e pus-me na posição correta para lançá-lo. Fechei os olhos – me concentrando – e então o lancei.
- Hiraikotsu!
Ele saiu voando com grande velocidade deixando um forte risco amarelo por onde passava. Atingiu a árvore em cheio... acima da marcação que Saito fizera.
- Oh droga! – reclamei – Quando é que eu vou conseguir completar essa técnica?
- Ei calma. – Saito disse – Você acabou de aprender a usar isso aí. É normal que ainda tenha dificuldades. Precisa se focar mais no seu objetivo, nesse caso atingir e perfurar a árvore naquela marcação. Concentre-se e tente mais uma vez.
Repeti os mesmos movimentos, focando-me mais na marcação. Respirei e lancei-o novamente.
- Hiraikotsu!
Dessa vez ele foi com uma velocidade maior formando giros completos com o ar. Raspou na marca, mas não perfurou a árvore. Foi cair aos pés de Shu que como sempre, estava sentado enquanto Saito e eu treinávamos.
Shu deu-lhe uma longa olhada, então o pegou e levantou-se.
- Yare yare, deixa eu ver se isso é tão difícil quanto parece.
Shu era o típico garoto que gostava de aprontar. Especialmente comigo, já que eu sempre ia na dele. Porém, ultimamente eu andava ficando mais esperta.
- Hei Shu – gritei – Nem pense em fazer o que você está pensando. Devolva-me isso!
Ele apenas me olhou – sorrindo – com o boomerang já na mão.
- Saito, faça alguma coisa. Dê um jeito em seu irmão! – falei batendo o pé no chão.
- Ai ai... – ele suspirou enquanto caminhava em direção ao seu irmão – Shu por favor devolva o boomerang a ela. Nós precisamos terminar logo com isso, Tsuy-hime quer que nos apresentemos em sua sala antes que a nova família – os Nishimuras – cheguem
à vila.
- Ah qual é Saito – Shu reclamou – Uma vez só não vai matar ninguém...
- Shu, você vai se ver comigo! – gritei enquanto corria em sua direção
Ele sorriu e sem nem mesmo se colocar na posição correta, jogou o boomerang, que saiu voando numa velocidade incrível, ultrapassando a altura das árvores. Fez um enorme giro no ar e foi em direção a estrada que passava ao lado do bosque.
- Ah que ótimo – gritei – Se ele acertar alguém Shu, você está morto!
Corri em direção à saída do bosque, pulando de árvore em árvore para ser mais rápida. Eu podia enxergar o boomerang voando bem lá na frente. Tentei aumentar a concentração de energia em meus pés para adquirir maior velocidade e tentar pegá-lo antes que saísse na estrada. Mas a distância que eu estava dele era muito grande.
Quando subi na última árvore e pulei no último galho, avistei um amontoado de pessoas e uma grande confusão. Parei. Um dos homens gritava.
- Acabei de chegar nesta vila e eles já querem arrancar minha cabeça fora? Vou reclamar com Tsuy-hime, onde já se viu... essa coisa quase me acertou! Mas isso é um insulto!
Olhei para onde ele apontava. De costas para mim havia um garoto – vestido todo de preto – segurando o meu boomerang.
- Se não fosse você Ryu, eu estaria morto agora e tudo estaria arruinado... destrua esse boomerang idiota.
O garoto concordou com a cabeça, colocou meu boomerang no chão e tirou uma luva preta que cobria toda a palma de sua mão.
- Kazaana!! – gritou
Um buraco negro formou-se na palma da sua mão direita e um forte vento começou a sugar tudo o que estava ao seu redor. Só depois de perceber que ele estava quebrando meu boomerang em pedaços menores para depois sugá-los, foi que me apresentei.
- Nãoo! – gritei pulando da árvore em direção ao garoto pronta para dar-lhe um chute.
Ele virou rapidamente, com a cabeça baixa e pegou meu pé a poucos centímetros do seu rosto.
- Tsc... isso foi perigoso. – reclamou
Puxei meu pé, livrando-me da sua mão. Ele ainda continuava com a cabeça baixa.
- Ora ora – disse o homem que parecia ser o líder, o que tinha dado a ordem para que meu boomerang fosse destruído – Vejamos o que temos aqui...
Ele caminhou direto para mim, lentamente. Dei um passo para trás e coloquei-me em posição de luta.
- Você parece ser bem valente, sim? – perguntou
- Quem são vocês? – revidei séria
- E isso é jeito de tratar os novos habitantes de Owari?
“Novos habitantes de Owari?” – pensei – “Oh não, eles são a nova família, os Nishimuras... Tsuy-hime vai me matar quando ficar sabendo que meu boomerang quase arrancou fora a cabeça desse homem feioso. Tenho que fazer alguma coisa.”
Relaxei meu corpo, voltando à posição normal. E então, fiz uma reverência.
- Queira perdoar senhor. Minhas sinceras desculpas pelo ocorrido. Eu estava treinando e sem querer lancei-o com muita força...
- Oh tudo bem tudo bem – respondeu – Só tome cuidado, não aceito o mesmo erro duas vezes... Ryu, devolva isso a ela e depois nos alcance.
- Sim senhor. – respondeu o garoto
Todos se reagruparam novamente e começaram a andar. Abri espaço para eles e enquanto voltava minha atenção ao boomerang, uma menina de cabelos azuis esbarrou em meus ombros.
- Preste atenção no que você faz! – disse me encarando
Olhei para ela, sem dizer nada e então me voltei para o garoto. Ele estava a minha frente, segurando o boomerang. Não tinha levantado a cabeça ainda. Suspirei e comecei a caminhar em sua direção. Quando estiquei minhas mãos para pegá-lo das mãos dele, ele afastou o boomerang e – inesperadamente – levantou a cabeça.
Um vento repentino invadiu a estrada, atingindo-nos diretamente. Foi a primeira vez que olhei tão fixamente para uma pessoa.
Ele tinha a pele branca, como a neve. Os cabelos – intensamente pretos e meio bagunçados – balançavam ao ritmo do vento. E seus olhos, imensos olhos azuis com um brilho intenso, me hipnotizaram. Fiquei embaraçada.
- Me devolva logo o boomerang – falei depressa
- Por que a pressa? – quis saber – Nem nos conhecemos direito ainda...
- Como se precisasse – retruquei – Eu só quero o meu boomerang!
- Eu vou levá-lo até minha casa pra consertá-lo. Meu Kazaana destruiu as suas extremidades.
- Oh não! – falei puxando-o das suas mãos – Eu mesma posso fazer isso.
- Tsc... mesmo que você o conserte não ficará igual ao original. Eu posso o fazer ficar novinho em folha. Se não quiser que eu o leve, me encontre no bosque amanhã logo de manhã, consertá-lo-ei lá. E se você não aparecer, irei te achar!
Olhei-o assustada, com meu boomerang já nas mãos.
- Não se assuste tanto... – falou esticando as mãos para tocar-me na testa, porém logo a retirou.
Ouvimos um barulho a nossa costa, viramos. Saito e Shu corriam lado a lado.
- Até que enfim te achamos! – Saito disse ofegando – Você demorou... Tsuy-hime nos quer agora mesmo em seu escritório. Ela mandou Hara-san dar-nos o recado e disse que há uma missão urgente nos esperando!
Estava escuro. Eu corria com passadas largas pelo longo corredor. O som dos meus passos ecoava, juntamente com os pingos d’água que caiam dos canos furados. Um vulto passou a minha frente. Parei. Rapidamente levei a mão até a bolsa de armas que estava presa em minha perna direita e de lá tirei uma lanterna. Iluminei o corredor. Era apenas um rato. Suspirei aliviada. Aproveitei a deixa para parar e recuperar um pouco o fôlego. Levei a mão ao peito abrindo a jaqueta e apalpando o bolso interno só para certificar-me de que ela ainda estivesse lá. Estava. Aquilo precisava chegar ao seu destino. Tudo dependia de mim agora. Pus-me a correr novamente, mais rápido dessa vez. Porém não fui muito longe. Senti que ele havia me achado. Caminhava lentamente em minha direção, com as mãos no bolso. Calmo, sem pressa. Levantou a cabeça e tudo que eu pude enxergar foi o intenso brilho dos seus olhos azuis. Súbita, parei.
- Você sabe que aqui é o fim! – ele disse
- Rá, até parece que você não me conhece. – respondi
- Seria tudo tão mais fácil se você apenas me entregasse... eu não quero te machucar Yura, mas você está obrigando-me a fazer isso.
Sorri. Abaixei as pernas, dobrando um pouco os joelhos e me coloquei em posição de luta.
- Eu sabia desde o começo que você era um idiota Ryu...
Ele pareceu se ofender com minha observação. Resolveu então acabar com tudo de uma vez. Foi tudo muito rápido, de modo que não tive como agir. Num piscar de olhos ele havia me prensado na parede e me segurava pelo pescoço somente com uma mão.
- O quê? Está difícil respirar agora? – perguntou irônico – É só você me entregar, e então eu te deixo ir.
A oferta parecia tentadora.
- Na... ã..o – ofeguei
Ele me levantou do chão, apertando mais meu pescoço. Rapidamente levei uma das mãos livres ao bolso da jaqueta novamente... para protegê-la. Não podia deixar que ele se quer tocasse nela. Mesmo que aquilo custasse minha própria vida.
Ele tirou a espada das costas. Passou-a levemente pelos meus cabelos. Roçou a minha face e vagarosamente... prensou-a em meu pescoço.
- Acabou, Yura...
Capítulo 1: A chegada dos Nishimuras.
Eu estava agitada aquele dia. Pra falar a verdade não tinha um motivo ao certo. Talvez fosse porque o céu estava imensamente azul, do jeito que eu gostava. Ou porque o sol brilhava intensamente sobre nós. Ou talvez fosse porque – aquele dia – era o dia em que eles chegariam à Owari.
Nós estávamos no bosque, Saito e Shu estavam me ajudando a treinar com o boomerang, já que fazia pouco tempo que eu aprendera aquela técnica e ainda não era muito boa.
- Certo Yura – disse Saito – Vamos treinar sua pontaria. Você irá mirar o boomerang e tentar acertar aquela marcação que eu fiz na árvore usando o hiraikotsu.
Peguei meu boomerang – feito de osso – que era quase da minha altura e pus-me na posição correta para lançá-lo. Fechei os olhos – me concentrando – e então o lancei.
- Hiraikotsu!
Ele saiu voando com grande velocidade deixando um forte risco amarelo por onde passava. Atingiu a árvore em cheio... acima da marcação que Saito fizera.
- Oh droga! – reclamei – Quando é que eu vou conseguir completar essa técnica?
- Ei calma. – Saito disse – Você acabou de aprender a usar isso aí. É normal que ainda tenha dificuldades. Precisa se focar mais no seu objetivo, nesse caso atingir e perfurar a árvore naquela marcação. Concentre-se e tente mais uma vez.
Repeti os mesmos movimentos, focando-me mais na marcação. Respirei e lancei-o novamente.
- Hiraikotsu!
Dessa vez ele foi com uma velocidade maior formando giros completos com o ar. Raspou na marca, mas não perfurou a árvore. Foi cair aos pés de Shu que como sempre, estava sentado enquanto Saito e eu treinávamos.
Shu deu-lhe uma longa olhada, então o pegou e levantou-se.
- Yare yare, deixa eu ver se isso é tão difícil quanto parece.
Shu era o típico garoto que gostava de aprontar. Especialmente comigo, já que eu sempre ia na dele. Porém, ultimamente eu andava ficando mais esperta.
- Hei Shu – gritei – Nem pense em fazer o que você está pensando. Devolva-me isso!
Ele apenas me olhou – sorrindo – com o boomerang já na mão.
- Saito, faça alguma coisa. Dê um jeito em seu irmão! – falei batendo o pé no chão.
- Ai ai... – ele suspirou enquanto caminhava em direção ao seu irmão – Shu por favor devolva o boomerang a ela. Nós precisamos terminar logo com isso, Tsuy-hime quer que nos apresentemos em sua sala antes que a nova família – os Nishimuras – cheguem
à vila.
- Ah qual é Saito – Shu reclamou – Uma vez só não vai matar ninguém...
- Shu, você vai se ver comigo! – gritei enquanto corria em sua direção
Ele sorriu e sem nem mesmo se colocar na posição correta, jogou o boomerang, que saiu voando numa velocidade incrível, ultrapassando a altura das árvores. Fez um enorme giro no ar e foi em direção a estrada que passava ao lado do bosque.
- Ah que ótimo – gritei – Se ele acertar alguém Shu, você está morto!
Corri em direção à saída do bosque, pulando de árvore em árvore para ser mais rápida. Eu podia enxergar o boomerang voando bem lá na frente. Tentei aumentar a concentração de energia em meus pés para adquirir maior velocidade e tentar pegá-lo antes que saísse na estrada. Mas a distância que eu estava dele era muito grande.
Quando subi na última árvore e pulei no último galho, avistei um amontoado de pessoas e uma grande confusão. Parei. Um dos homens gritava.
- Acabei de chegar nesta vila e eles já querem arrancar minha cabeça fora? Vou reclamar com Tsuy-hime, onde já se viu... essa coisa quase me acertou! Mas isso é um insulto!
Olhei para onde ele apontava. De costas para mim havia um garoto – vestido todo de preto – segurando o meu boomerang.
- Se não fosse você Ryu, eu estaria morto agora e tudo estaria arruinado... destrua esse boomerang idiota.
O garoto concordou com a cabeça, colocou meu boomerang no chão e tirou uma luva preta que cobria toda a palma de sua mão.
- Kazaana!! – gritou
Um buraco negro formou-se na palma da sua mão direita e um forte vento começou a sugar tudo o que estava ao seu redor. Só depois de perceber que ele estava quebrando meu boomerang em pedaços menores para depois sugá-los, foi que me apresentei.
- Nãoo! – gritei pulando da árvore em direção ao garoto pronta para dar-lhe um chute.
Ele virou rapidamente, com a cabeça baixa e pegou meu pé a poucos centímetros do seu rosto.
- Tsc... isso foi perigoso. – reclamou
Puxei meu pé, livrando-me da sua mão. Ele ainda continuava com a cabeça baixa.
- Ora ora – disse o homem que parecia ser o líder, o que tinha dado a ordem para que meu boomerang fosse destruído – Vejamos o que temos aqui...
Ele caminhou direto para mim, lentamente. Dei um passo para trás e coloquei-me em posição de luta.
- Você parece ser bem valente, sim? – perguntou
- Quem são vocês? – revidei séria
- E isso é jeito de tratar os novos habitantes de Owari?
“Novos habitantes de Owari?” – pensei – “Oh não, eles são a nova família, os Nishimuras... Tsuy-hime vai me matar quando ficar sabendo que meu boomerang quase arrancou fora a cabeça desse homem feioso. Tenho que fazer alguma coisa.”
Relaxei meu corpo, voltando à posição normal. E então, fiz uma reverência.
- Queira perdoar senhor. Minhas sinceras desculpas pelo ocorrido. Eu estava treinando e sem querer lancei-o com muita força...
- Oh tudo bem tudo bem – respondeu – Só tome cuidado, não aceito o mesmo erro duas vezes... Ryu, devolva isso a ela e depois nos alcance.
- Sim senhor. – respondeu o garoto
Todos se reagruparam novamente e começaram a andar. Abri espaço para eles e enquanto voltava minha atenção ao boomerang, uma menina de cabelos azuis esbarrou em meus ombros.
- Preste atenção no que você faz! – disse me encarando
Olhei para ela, sem dizer nada e então me voltei para o garoto. Ele estava a minha frente, segurando o boomerang. Não tinha levantado a cabeça ainda. Suspirei e comecei a caminhar em sua direção. Quando estiquei minhas mãos para pegá-lo das mãos dele, ele afastou o boomerang e – inesperadamente – levantou a cabeça.
Um vento repentino invadiu a estrada, atingindo-nos diretamente. Foi a primeira vez que olhei tão fixamente para uma pessoa.
Ele tinha a pele branca, como a neve. Os cabelos – intensamente pretos e meio bagunçados – balançavam ao ritmo do vento. E seus olhos, imensos olhos azuis com um brilho intenso, me hipnotizaram. Fiquei embaraçada.
- Me devolva logo o boomerang – falei depressa
- Por que a pressa? – quis saber – Nem nos conhecemos direito ainda...
- Como se precisasse – retruquei – Eu só quero o meu boomerang!
- Eu vou levá-lo até minha casa pra consertá-lo. Meu Kazaana destruiu as suas extremidades.
- Oh não! – falei puxando-o das suas mãos – Eu mesma posso fazer isso.
- Tsc... mesmo que você o conserte não ficará igual ao original. Eu posso o fazer ficar novinho em folha. Se não quiser que eu o leve, me encontre no bosque amanhã logo de manhã, consertá-lo-ei lá. E se você não aparecer, irei te achar!
Olhei-o assustada, com meu boomerang já nas mãos.
- Não se assuste tanto... – falou esticando as mãos para tocar-me na testa, porém logo a retirou.
Ouvimos um barulho a nossa costa, viramos. Saito e Shu corriam lado a lado.
- Até que enfim te achamos! – Saito disse ofegando – Você demorou... Tsuy-hime nos quer agora mesmo em seu escritório. Ela mandou Hara-san dar-nos o recado e disse que há uma missão urgente nos esperando!