"Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível". Quem já não passou por alguma situação dessas que atire a primeira pedra, ou melhor, não atire, porque é bem capaz de acabar dando tudo errado, e a pedra acertar você mesmo. Essa é - podemos dizer famosa e conhecida- lei de Murphy, mas, porque atribuímos a essa lei nossos "fracassos" e tentativas mal-sucedidas?. Descubra.
Surgimento
De acordo com o livro 'Oh dúvida cruel', Edward Murphy Jr. foi um engenheiro da força Aérea Americana, responsável por um projeto em que se media tolerância humana à aceleração excessiva, em 1949.
Num dos testes era necessário colocar 16 sensores em diferentes locais do corpo de um piloto de provas. Havia duas maneiras de colocar os sensores alguém metodicamente instalou todos os 16 sensores de maneira errada.
Ao checar o que havia acontecido, Murphy formulou a lei, que na forma correta e original é: Se há duas ou mais maneiras de fazer alguma coisa e uma delas pode resultar em catástrofe, alguém o fará dessa maneira.
Como funciona essa maldita maldição?
Bem-vindo ao irritante mundo da Lei de Murphy. Essa expressão diz que tudo que pode dar errado vai dar errado. E pode ser isso mesmo. Não é devido a algum poder misterioso que a lei tenha. Na verdade, somos nós que damos importância à Lei de Murphy. Quando tudo dá certo, nem pensamos nisso. Afinal, esperamos que as coisas funcionem a nosso favor. Mas quando algo dá errado, procuramos razões.
Pense sobre caminhar. Quantas vezes você chegou ao seu destino e pensou "Nossa! Eu caminho muito bem"? Mas se você tropeça no meio-fio e rala o joelho, aposto que você vai pensar por que isso tinha que acontecer com você.
A Lei de Murphy tira vantagem da nossa tendência de enfatizar o negativo e não perceber o que é positivo. Ela se baseia nas leis da probabilidade - a possibilidade matemática de que algo vai acontecer.
A lei captura nossa imaginação. A Lei de Murphy e seus desdobramentos foram reunidos em livros e sites. Várias bandas têm seu nome e a Lei de Murphy também é um nome popular para pubs irlandeses e tavernas pelo mundo todo. Também foi o nome de um filme de ação.
Mas a Lei de Murphy é um conceito relativamente novo, que data da metade do século passado. O mágico Adam Hull Shirk escreveu em um ensaio em 1928, "De Como Evitar as Coisas", relatando que, em um ato de mágica, nove de dez coisas que podem dar errado geralmente dão errado [fonte: American Dialect Society (em inglês)]. Mesmo antes disso, ela era chamada de Lei de Sod, que diz que qualquer coisa ruim que pode acontecer a um pobre ingênuo vai acontecer. Na verdade, a Lei de Murphy ainda é chamada de Lei de Sod na Inglaterra [fonte: As Leis de Murphy (em inglês)].
Outras verdades universais
Apesar de a Lei de Murphy abordar muito bem o lado negativo e saturado das coisas, ela não se sustenta por si só. Desde sua popularização após os testes com o trenó-foguete na Base da Força Aérea de Edwards, observadores espertos criaram suas próprias leis.
Algumas ficaram famosas, como o Princípio de Peter, que diz que todas as pessoas um dia serão inevitavelmente promovidas a seu nível de incompetência, ou o comentário de O'Toole sobre a Lei de Murphy, argumentando que Murphy era um otimista. Há milhares de regras, leis, princípios e observações que foram criadas a partir da Lei de Murphy. Algumas são engraçadas, outras são sábias e outras ainda são legais. Algumas são observações antigas, consagradas.
Observação de Etorre - a outra faixa sempre anda mais rápido.
Distinção de Barth - há dois tipos de pessoas: as que dividem as pessoas em tipos e as que não o fazem.
Lei de Acton - o poder corrompe; o poder absoluto corrompe absolutamente.
Lei de Boob - o que você perdeu está sempre no último lugar em que você procura.
Terceira Lei de Clarke - qualquer sociedade suficientemente avançada é indistinguível de mágica.
Regra de Franklin - abençoado seja aquele que nada espera, pois não se desapontará.
Lei de Issawi do Caminho do Progresso - um atalho é a maior distância entre dois pontos.
Lei de Mencken - quem pode, faz. Quem não pode, ensina.
Lei de Patton - um projeto bom hoje é melhor que um projeto perfeito amanhã.
Cada um desses ditados explica algum aspecto do universo de maneira simples, algumas vezes engraçada. Mesmo assim, a Lei de Murphy continua sendo a avó de todos os ditados. O que essa lei tem que achamos que explica a vida tão bem? Na próxima seção, veremos porque a Lei de Murphy é um conceito tão universal.
O fatalismo e o apelo da Lei de Murphy
Então por que a Lei de Murphy é um conceito tão universal? Afinal, quando chegamos perto de uma tomada com um plugue de dois pinos projetado para encaixar de um jeito só, temos uma chance de 50% de encaixarmos do jeito certo. Por outro lado, também temos 50% de chance de encaixar errado. Talvez a melhor explicação para a nossa atração pela Lei de Murphy seja um senso latente de fatalismo.
Fatalismo é a idéia de que somos todos impotentes diante dos caprichos do destino. Essa idéia diz que as coisas que acontecem para nós são inevitáveis, como, por exemplo, aquele joelho ralado. É a idéia de que há uma certa lei universal em ação que gosta de brincar conosco.
O fatalismo contradiz outro conceito - o livre arbítrio. Essa é a idéia de que os homens possuem liberdade de escolha e que todas as nossas escolhas e as conseqüências que vêm com elas são de nossa responsabilidade.
Talvez nossa conexão com a Lei de Murphy seja o resultado do choque entre o livre arbítrio e o fatalismo. Por um lado, a Lei de Murphy nos revela nossa própria e inegável estupidez. Se tivermos a chance de fazer alguma coisa errada, faremos errado metade das vezes. Mas isto vem de nossas próprias escolhas. Por outro lado, a Lei de Murphy também nos revela nossa falta de controle, como no caso em que parece que sempre ficamos presos na faixa que não anda no trânsito.
A Lei de Murphy não prova nada, não explica nada. Simplesmente expressa uma máxima: que as coisas vão dar errado. Mas nós esquecemos de que há outras forças em ação quando falamos da Lei de Murphy. Supostamente, foi o escritor Rudyard Kipling quem disse que não interessa quantas vezes você derruba uma fatia de pão no chão pois ela sempre cai com a manteiga para baixo. Kipling, autor de "O Livro da Selva" entre outros, fez uma observação que a maioria de nós sabe: a vida é difícil, quase ao ponto de ser engraçada.
Mas quanto à fatia de pão com manteiga, devemos levar em conta o fato de que um lado está mais pesado que o outro. Significa que no seu caminho até o chão, o lado mais pesado vai virar para baixo graças à gravidade, e não vai virar para cima de volta justamente por causa da gravidade. Afinal o lado da manteiga é mais pesado do que o lado sem manteiga. Então Kipling estava certo - uma fatia de pão com manteiga vai sempre cair com a manteiga para baixo.
Algumas leis de Murphy...
1. Se alguma coisa pode dar errado, dará. E mais, dará errado da pior
maneira, no pior momento e de modo que cause o maior dano possível.
2. Um atalho é sempre a distância mais longa entre dois pontos.
3. Nada é tão fácil quanto parece, nem tão difícil quanto a explicação do
manual.
4. Tudo leva mais tempo do que todo o tempo que você tem disponível.
5. Se há possibilidade de várias coisas darem errado, todas darão - ou a que
causar mais prejuízo.
6. Se você perceber que uma coisa pode dar errada de 4 maneiras e conseguir
driblá-las, uma quinta surgirá do nada.
7. Seja qual for o resultado, haverá sempre alguém para:
a) interpretá-lo mal. b) falsificá-lo. c) dizer que já o tinha previsto em
seu último relatório.
8. Quando um trabalho é mal feito, qualquer tentativa de melhorá-lo piora.
9. Acontecimentos infelizes sempre ocorrem em série.
10. Toda vez que se menciona alguma coisa: se é bom, acaba; se é ruim,
acontece.
Fonte: Muchas, muchas, muchas...
Tudo vai dar certo, a Lei de Murphy é uma... Ai meu pé!