Daqui para frente as coisas vão ficar bem “estranhas” e realmente interessantes (relativamente falando). O tipo de buraco negro mais conhecido, que tem um horizonte de eventos no exterior atuando como o “ponto sem retorno” e um singular ponto de densidade infinita no interior, na verdade, tem um nome bem mais específico: Buraco Negro de Schwarzschild (caramba, já não basta o ser um lance complicado ainda tem que ter esse nome?) . Foi nomeado desta forma depois que Karl Schwarzschild encontrou a solução matemática das equações de campo de Einstein para uma massa esférica, não rotativa, em 1915, apenas um mês depois de Einstein publicar sua teoria da relatividade geral. No entanto, foi no ano de 1963 que o matemático Roy Kerr encontrou a solução para uma massa em rotação esférica. Assim, um buraco negro em rotação é chamado de Buraco Negro de Kerr, e tem, como não podia ser diferente.

No centro de um buraco negro de Kerr, não há ponto de singularidade, mas sim uma Singularidade Toroidal, um anel de giro unidimensional aberto por seu próprio impulso (você consegue imaginar algo assim?). Legal, não é mesmo?(pode disfarçar e dizer que sim!) Há também dois horizontes de eventos, um interior e outro exterior, e uma elipsóide chamada de Ergosfera, dentro da qual o espaço-tempo gira com o buraco negro, isso de deve ao arrasto de referenciais que vimos na nona posição, mais rápido que a velocidade da luz (e você pensava mesmo que nada é mais rápido que a luz, tolinho). Ao entrar no buraco negro, passando pelo horizonte de eventos externos, os caminhos do espaço-tempo, o que significa que é impossível evitar a singularidade no centro, como em um Buraco Negro de Schwarzschild. Entretanto, quando se passa pelo horizonte de eventos internos, o caminho torna-se espaço como novo.

A diferença é esta: o espaço-tempo em si é invertido. Ou seja, a gravidade perto da singularidade toroidal torna-se repulsiva, te afastando do centro. Na verdade, a menos que você entre no buraco negro exatamente sobre o equador, é impossível atingir a singularidade toroidal em si. Mesmo assim, as singularidades toroidais podem ser ligadas através do espaço-tempo, para que possam atuar como buracos de minhoca, apesar de que, sair do buraco negro do outro lado seria impossível, a menos , é claro, que fosse uma singularidade nua possivelmente criada quando a singularidade toroidal gira rápido o suficiente. Viajar por uma singularidade toroidal pode levá-lo para outro ponto no espaço-tempo, isso é, claro, se você sobrevivesse a força com que você seria puxado pra dentro do buraco negro, como um outro universo, onde você poderia ver a luz caindo de dentro do buraco negro, mas, não deixar o próprio buraco negro. Pode até levá-lo a um “buraco branco”, em um universo negativo (isso dá medo). A realidade é que são tantas possibilidades do que pode acontecer caso, um dia, você tenha a oportunidade de viajar pela singularidade, que se você acordar num mundo parecido com uma pintura de Salvador Dali, não se impressione!