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description[ANTIGO] Naruto - The Shadow of the Wind [Shounen] Empty[ANTIGO] Naruto - The Shadow of the Wind [Shounen]

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Sinopse

Caos, morte e devastação.

Após o assassinato do Yondaime Kazekage por Orochimaru, a Vila da Areia foi engolida por uma guerra civil. Com o Conselho da vila completamente dividido e banhado em sangue e corrupção, Gaara e seus irmãos percebem que a única forma de sarar as feridas de seu lar é pedindo ajuda aos outros Kages para colocar o receptáculo do Ichibi como Kazekage. Contudo, como se comunicar com as outras vilas enquanto a própria Areia vigia o garoto e seus seguidores?

Em meio à anarquia, surge uma oportunidade de ouro: o Exame Chuunin na Vila da Névoa, a única chance dos irmãos saírem de sua cidade natal em busca de aliados para a guerra. Mas quem pode garantir que seus opositores também não aproveitarão a oportunidade? Quais são as chances de Gaara chegar vivo ao seu destino? Qual será o destino da Vila da Areia?

description[ANTIGO] Naruto - The Shadow of the Wind [Shounen] EmptyRe: [ANTIGO] Naruto - The Shadow of the Wind [Shounen]

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Gaara

Garoto imbecil, acha que eu me esqueci?

Não pense. Não olhe.

Você nunca conseguirá sozinho, você sabe!

Responda.

-Da última vez que eu dormi, você foi derrotado.

Não. Muito ousado.

Maaaldito! Maldito idiota! Eu só poderei usar todos os meus poderes se você abandonar o controle de seu corpo por completo. Você deve adormecer de verdade!

Eu devo?

Feche os olhos...

Porém, ele decidiu voltar.

Rios de lágrimas molhavam seu rosto pálido. Os cabelos ruivos estavam embaraçados e sujos de areia, e pouca força restava ao seus ombros machucados que suportavam a cabaça de areia durante o dia.

Constrangido com seu choro, o rapaz secou as lágrimas com as costas das mãos. Aquilo raramente acontecia, mas os últimos meses tinham testado seu emocional com insistência.

Por mais que tivesse que arrumar seus pertences para a longa viagem que viria pela manhã, Gaara não conseguia desviar os olhos da janela redonda de seu quarto. Na verdade, aqueles aposentos escuros haviam sido ocupados pelo Yondaime Kazekage, um homem frio, importante e morto. O rapaz de cabelos vermelhos tinha plena consciência de que fora o assassinato de seu pai por Orochimaru que havia desencadeado a guerra civil que devastava a Vila da Areia. Olhando através do vidro, Gaara via os shinobis que provavelmente serviam membros específicos do Conselho da Areia se esgueirando por entre as sombras. Não era possível ver muito de suas faces, apenas os olhos de gato que corriam pela escuridão se destacavam. Eles não querem que eu deixe a vila. Não vivo, pelo menos.

Aflito, Gaara se sentou na beirada a cama. Ele poderia ter se deitado, mas ser engolido pelo Shukaku durante o sono não era a melhor opção, não naquele momento. Além disso, segundo Yashamaru, sua mãe havia morrido naquele mesmo lugar. Para piorar sua agonia, Gaara ainda conseguia ouvir as palavras de seu tio ressoando ali como se ainda estivesse vivo... Como se não tivesse sido morto por suas próprias mãos.

Ela nunca amou você, Gaara... Ela o amaldiçoou com seu nome. Gaara, um nome de demônio. Um demônio que só ama a si mesmo. Demônio...

Ele tentou impedir os sussurros do fantasma cobrindo as orelhas com as mãos, mas não surtiu efeito. Contribuindo com a mistura de sensações ruins, sua dor de cabeça  costumeira também se intensificava cada vez mais com o passar dos dias. As mulheres da enfermaria diziam que tais sintomas eram bastante naturais naquela época do ano; porém, Gaara conhecia os resultados da fúria de seu demônio interior muito bem para acreditar nelas. Aquilo não era uma simples enchaqueca, mas sim as garras do monstro tentando atravessar a fina camada que separava o humano da besta. Contudo, antes que o garoto pensasse em se comunicar com o Shukaku, uma batida na porta interrompeu seus pensamentos.

-Gaara, eu posso? - perguntou uma voz atrás da madeira.

-Entre - permitiu Gaara.

Kankuro entrou no quarto lentamente, com seus olhos escuros vidrados numa pequena foto do Yondaime na parede. Era notável também o quanto seu semblante estava caído e cansado. Ele já não usava a maquiagem púrpura de sempre, além de ter deixados seus cabelos chegarem até os ombros. O povo da areia dizia que um shinobi verdadeiro era capaz de se adaptar aos conflitos assim como um desbravador de terras aprendia a domar o deserto ao seu redor, conseguindo sobreviver nas situações mais adversas. Contudo, por mais que negasse, Kankuro ainda era um garoto, e as maquinações do Conselho serviram apenas para lhe tirar as poucas noites de sono.

-Quem diria, o Exame Chuunin novamente. Já faz quase um ano, estou certo?

-Não. Um ano e meio, talvez - respondeu Gaara, olhando para suas sandálias negras que descansavam no chão. - Desta vez não teremos Naruto Uzumaki para salvar o dia.

Um ano e meio. Desde seu último encontro com Naruto, Gaara sabia que eles levariam um bom tempo para se encontrar novamente. Enquanto o entusiasmado ninja de Konoha partia para ficar mais forte, o odioso Sabaku no Gaara permanecia rodeado pelas trevas de seu destino.

-Não será necessário. A Hokage-sama disse no último relatório que Orochimaru não mostra a cara desde que Sasuke desertou.

-Você sabe que o Orochimaru não é minha atual preocupação - Gaara olhou para Kankuro fixamente. - Não quero ver meus irmãos serem assassinados por um desejo meu.

-Você acha mesmo que alguns moleques serão capazes de acabar comigo durante o Exame? Não me subestime.

-Falo dos assassinos que certamente tentarão nos matar durante a viagem - respondeu, mordendo o lábio inferior. - Baki disse que Kahei contratou mercenários da Vila da Chuva e da Vila do Som. Nem aqui estamos seguros, imagine durante o Exame na Névoa.

Andando rapidamente, Kankuro se aproximou de Gaara e o segurou pelos ombros firmemente. Seus olhos se encontraram pela primeira vez naquela noite. Dois pares de olhos, dois garotos consumidos pela guerra, dois garotos órfãos. Mais do que tudo, dois irmãos.

-Você será Kazekage.

-Não se estivermos morto, presumo.

-O único modo de nos encontrarmos com os outros Kages é através do Exame. Se nós esperarmos mais seis meses...

-Morreremos - completou Gaara.

Kankuro não podia negar. A sensação de perigo os cercava desde a morte do Yondaime, mas tudo piorou quando Gaara se apresentou ao Conselho como candidato a Kazekage. Apesar de terem sorrido naquele dia, era evidente que cada um dos grupos da elite da vila tinha um candidato diferente em mente. Além disso, não era preciso ser muito inteligente para perceber que ninguém gostaria que um demônio governasse a Areia. Gaara sabia de todos os detalhes, mas tambêm tinha consciência de que o Conselho estava todo dividido, e os membros do mesmo fariam questão de destruir qualquer um para alcançar seus objetivos. Dependendo de quem fosse o Kage, a crise econômica e militar que devorava a cidade poderia não ser contida.

-Perdão, Kankuro - sussurrou o ruivo. - Eu fui um tolo, eu sei.

-Não, Gaara...

-Enquanto nós brincamos de guerra, o povo morre de fome. Com os malditos conflitos, nem comida nós conseguimos importar - apesar das palavras duras e tristes, um pequeno sinal de determinação surgiu na face de Gaara. - Mas não será assim para sempre. Com o auxílio das outras vilas, nós acabaremos com a guerra. Devemos aproveitar nossa última chance de vitória.

Kankuro lhe deu um sorriso cansado. Cansado, porém satisfeito.

-Muito bem. Tente descansar.

-Sim - respondeu, mesmo sabendo que nunca poderia descansar.

Gaara estava sozinho mais uma vez. Não, ele nunca estaria. Sua sombra assassina sempre o acompanharia, não importando onde ou com quem ele estivesse. Ao ouvir a porta do quarto bater, uma sensação incômoda atravessou seu corpo. Era ele, era o terrível demônio querendo se libertar mais uma vez.

-Todos irão morrer - era Yashamaru. De um instante para outro, o corpo de seu tio estava ali, arrebentado e sangrando no chão. De repente, eles já não estavam no quarto do Yondaime Kazekage.

A Lua cheia surgia no céu da Vila da Areia como uma deusa reluzente tocado pelo azul escuro e pelas pequeninas estrelas ao seu redor. Contudo, na terra pisada e ferida pelos shinobis, restava apenas a visão infernal de Yashamaru, o irmão de sua mãe, o homem que havia lhe odiado do fundo de sua alma triste e marcada por cicatrizes.

De repente, o homem sangrando no chão se colocou em pé. Seus cabelos cor de areia tinham sido tomados pelo sangue que havia sido derramado. Seus olhos bonitos agora estavam envoltos por uma negritude assustadora. Em sua testa, havia uma palavra.

-Amor... - sussurrou.

-Você é o Shukaku - respondeu Gaara, tentando manter sua postura. - Não passa de uma alucinação.

Uma gargalhada ecoou pela noite.

-Pode até ser... Mas isso não me impedirá de rasgá-lo por dentro. Abrirei um caminho com suas entranhas e me libertarei!

-O selo é mais forte que você.

-Realmente - concordou. - E você? Será que irá suportar por muito tempo? Eu acho que você irá quebrar o selamento por mim.

-Nunca! - Gaara gritou. - Eu preciso viver. Eu preciso consertar o mal que fiz.

-Você é a desgraça de todos. Ninguém se importa com suas boas intenções, nem mesmo os seus irmãos. Você matou a mãe deles!

-Seu...

-Você não pode trazer Karura de volta. Kankuro e Temari sabem que uma hora ou outra você os destruirá.

-Eu nunca...

-Eu o farei por você. Lembre-se, eu sou sua mãe. Eu sou você. Eu sou tudo o que você tem.

description[ANTIGO] Naruto - The Shadow of the Wind [Shounen] EmptyRe: [ANTIGO] Naruto - The Shadow of the Wind [Shounen]

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Kakashi

As duas embarcações ancoraram paralelamente no meio do mar. A névoa ali era tão densa que os estandartes eram completamente apagados pelo branco tristonho. Kakashi fez questão de ficar apenas com Gai no convés do navio, afinal, os marujos não estariam seguros ali, não naquele momento. Talvez aquele trabalho fosse mais adequado para o Esquadrão ANBU, mas a Hokage não permitiu objeções. Shinobis experientes seriam extremamente necessários, considerando que nunca uma frota marítima pirata havia causado tantos problemas. E o pior, as tripulações eram compostas por ninjas renegados e perigosos.

Mesmo que não pudesse ver a bandeira do navio, Kakashi teve certeza de que eram os bandidos. Gai parecia não ter percebido, mas era evidente que o Kirigakure no Jutsu estava sendo utilizado. Após enfrentar as complicações da técnica no passado, o Jounin já a conhecia suficiente bem ao ponto de fazer o reconhecimento a primeira vista. Com algum cuidado, ele levantou a bandana e abriu o olho que estivera oculto até aquele momento. O Sharingan via apenas camadas e camadas de Chakra misturadas à névoa. Seu domínio do Doujutsu havia melhorado bastante desde o último confronto, o que fez com que Kakashi tivesse coragem para realizar seu primeiro movimento.

-Kage Bunshin no Jutsu! - três clones surgiram em volta do Jounin. - Vamos ver o que nos aguarda.

-Kakashi, o que você pensa que...

Ele não deu tempo para Gai terminar de falar. Se ele o fizesse, estaria perdendo tempo e dando a vantagem aos inimigos. Aquele não era o momento apropriado para se discutir estratégias de batalha. Sabendo disso, Kakashi e seus clones saltaram rapidamente para o navio dos piratas.

O convés do barco estava completamente deserto. A madeira negra e molhada rangeu quando os pés dos quatro tocaram o navio.  Repentinamente, o Kirigakure no Jutsu começou a ficar mais intenso. Já não era mais possível ver Gai ou a embarcação de Konoha, apenas a névoa profunda.

-O Copy Ninja... - disse uma voz grave oculta pelo Kirigakure no Jutsu. - O homem que derrotou Zabuza-san. Que grande honra.

-Apareça de uma vez! - bradou Kakashi.

-Nem mesmo o seu poderoso Sharingan pode me encontrar. Quem diria que os Uchihas poderiam ser ludibriados por uma técnica da Névoa?

-Se eu fosse um Uchiha, você já estaria morto.

-Talvez, talvez... Mas eu não terei problemas com você - enquanto a voz ficava mais clara, seu dono surgiu diante de Kakashi.

O pirata era esguio e vestia uma túnica azul marinho, calçando sandalhas de madeira. Em suas mãos, agulhas cinzentas rodavam entre os seus dedos rapidamente, como se ele estivesse prestes a atirar. Seu rosto estava oculto por um véu, mas os seus olhos verdes estavam a vista e  se destacavam.

-Quem é você? - perguntou Kakashi, sacando uma Kunai logo após. Os clones fizeram o mesmo que o original.

-Sou apenas um saqueador de navios.

-Você domina o Kirigakure tão bem quanto Zabuza. Não pode ser um shinobi qualquer.

-Será que suas expectativas são reais? - com um movimento veloz, o homem lançou as Senbons na direção de Kakashi e seus clones. Contudo, o Sharingan foi eficiente, fazendo com que o Jounin de Konoha pudesse parar todas as agulhas com as Kunais.

-Só isso? - disse Kakashi, lançando uma Kunai que atravessaria a fronte de seu adversário. No entanto, o pirata se defendeu com uma muralha de água que brotou do convés do navio.

-Entendo... Este barco está armazenando água em seu interior.

-Exatamente. Não posso deixar de usar o meu Suiton. Veja, a água é um elemento tão eficiente que impediu a explosão do papel que você colocou na Kunai.

-Você sabia... - murmurou Kakashi. - Mas agora não faz diferença. Você está acabado.

-Acabado? Quanta presunção.

-Não. Seu fluxo de Chakra já foi alterado. O Genjutsu funcionou perfeitamente.

O rosto do pirata enbranqueceu.

-Não pode ser... - ele tentou formar um selo com as mãos, mas seus movimentos falharam. Era o Sharingan afetando seu sistema nervoso.

-Sim, você irá morrer. Pensou que ia assaltar os navios que levariam os Genins, mas fracassou. Vamos acabar logo com isso.

O Raikiri surgiu reluzente na mão direita de Kakashi. Ao contemplar o Chakra concentrado, o pirata estremeceu.

-Pensei que você não estava sozinho, por isso trouxe os clones. Mas, pelo visto, desperdicei Chakra.

-Não, por favor... Misericórdia! Deixe-me partir e eu prometo que não voltarei a saquear.

O Sharingan de Kakashi parecia ficar mais vermelho a cada segundo. Não havia espaço para piedade em seu coração. As ordens de Tsunade tinham sido bem claras: eliminar qualquer possível ameaça ao Exame Chuunin. Aquele era o momento de finalizar seu inimigo. E ele o fez.

Com uma investida rápida e eficiente, Kakashi atravessou o peito do pirata com seu Raikiri. Uma cascata de sangue jorrou em seu rosto e roupas, deixando-o completamente molhado. Os clones desapareceram logo em seguida.

-Resolvido ent...

O sangue já não era vermelho, mas sim incolor. O corpo do homem assassinado também perdia a cor vagarosamente.

-Mizu Bunshin...

-E não apenas isso... - disse a voz no meio da névoa.

Antes que Kakashi tivesse tempo para reagir, a água que dava forma ao Mizu Bunshin se espalhou por todos os lados, aprisionando o Jounin numa esfera semelhante ao Suiro no Jutsu. No entanto, não havia ninguém mantendo a prisão de água.

-Irei cuidar do seu amigo enquanto você se afoga - o som da voz do pirata chegou até Kakashi e foi desaparecendo lentamente.

Não havia escapatória. Era terrível, era triste, mas também era verdade. Antes que Gai soubesse da situação de Kakashi, ele provavelmente já teria sofrido o mesmo fim. A prisão de água só poderia ser quebrada com ajuda externa, e aquele não parecia ser um Suiro no Jutsu convencional. Como é que a prisão poderia ser quebrada se não havia ninguém para atacar? Se Gai estivesse ali o que poderia ser feito? Nada.

Kakashi prendia a respiração com o máximo esforço para não se afogar, mas a sensação de incômodo aumentava com o passar dos segundos. No entanto, qual seria o motivo de tanta determinação? Não havia sentido continuar resistindo, em algum momento ele teria que respirar. Desistir antes ou depois, não fazia diferença: o sucesso da missão estava completamente comprometido. Além disso, seus erros causariam a morte de seus amigos novamente. Um fracasso, era como ele se sentia.

Aquela era a hora de ceder, de se entregar. Estava tudo acabado.

Aqueles que abandonam seus amigos são piores do que lixo...

-Obito?! - berrou Kakashi em seus pensamentos. - Como você...

O Sharingan, Kakashi.

-Eu morri. Só pode ser.

Não, ainda não.

-Então como eu posso falar com os mortos?

Kakashi, apenas uma parte de mim morreu. A outra ainda vive, e é por ela que estou aqui.

Embora ainda estivesse na prisão de água, Kakashi sentiu uma mão quente e cheia de ternura tocando o seu rosto.

-Obito, como eu posso ouvir sua voz? Diga-me, por favor!

Sou apenas uma lembrança presa ao meu antigo Sharingan. Eu estive adormecido dentro de você desde a nossa última missão. Hoje, de alguma forma, você me acordou.

O calor na face Kakashi passou da bochecha para o olho esquerdo.

Abra seu olho...

Uma imensa onda de Chakra percorreu o corpo do Hatake como um raio. Após alguns segundos, toda aquela energia começou a se concentrar no Sharingan, tornando a visão de Kakashi turva e distorcida. De repente, a água do Suiro no Jutsu passou a se movimentar rapidamente, convergindo diretamente para o olho esquerdo que liberava Chakra. A pressão do Doujutsu fez com que lágrimas de sangue caíssem do olho rubro. A dor era insuportável, mas Kakashi manteve a estranha técnica focada na prisão de água.

-Sumiu... - de alguma forma, para a surpresa de Kakashi, o Suiro no Jutsu havia desaparecido.

-Você quebrou minha técnica. Seu Sharingan é mesmo impressionante - a voz estava muito distante, como se estivesse no fundo do mar. - Será que me dariam uma boa recompensa por ele?

-Apareça e venha pegá-lo.

-Não vou precisar. Você gastou quase todo o seu Chakra com a última técnica. Está completamente esgotado.

Kakashi poderia ter blefado e negado as afirmações de seu inimigo, mas estava claro que o pirata era capaz de ver seu fluxo de Chakra. Além disso, suas pernas tremiam e todos os músculos de seu corpo estavam doloridos e cansados. A técnica misteriosa do Sharingan de Obito era muito poderosa, mas o preço cobrado era alto. Ele estava ali, completamente imóvel e frágil, prestes a ser abatido.

-Não se preocupe, você não vai morrer. Não agora.

-Desgraçado... O que você quer? Deixe de ser covarde e faça logo! - esbravejou Kakashi. - Eu não posso mais fazer nada. Acabe comigo.

Aquela seria sua última oportunidade. Poderia lhe custar a vida, mas o momento para se pensar em riscos já tinha passado.

Com uma Kunai escondida dentro de sua manga, Kakashi sabia que sua única chance era tentar finalizar o inimigo ali, enquanto ele acreditasse na veracidade de sua rendição. Será que o pirata cairia num truque tão óbvio? A aflição quase tomou conta do Jounin de Konoha. No entanto, antes que ele pudesse dar sinais de sual real intenção, as lembranças de seus primórdios como ninja refrescaram sua memória.

Um shinobi deve ser capaz de esconder suas emoções.

-Respire com calma... Não deixe que as batidas do coração acelerem - Kakashi recitou aquelas palavras com fervor em sua mente, torcendo para que seu adversário não desvendasse seus planos.

Para a sua surpresa, as preces de Kakashi foram atendidas. Como um fantasma, o pirata tomou forma e saiu de dentro da névoa. Ele estava molhado da cabeça aos pés, a não ser a mão esquerda que segurava uma espada de lâmina branca e muito bela.

-Você terá a honra de ser perfurado pela lendária Ningyo, Kakashi-kun - falou pirata enquanto girava a espada em sua mão. - Como se sente? Está feliz?

-Não estou com humor para bater papo.

-Ah, melhore seu humor. Afinal, serei misericordioso e acabarei com sua vida rapidamente.

-Cale a boca e...

Todavia, a frase de Kakashi foi interrompida por uma explosão. Em seguida, uma enorme onda surgiu, virando o barco ao contrário. O Jounin já não estava mais no convés da embarcação inimiga, mas sim no fundo do mar. Ele tentou nadar com insistência, mas seu corpo estava tão pesado que mover um dos braços era praticamente impossível e muito doloroso.

O azul profundo engolia o corpo paralisado de Kakashi com prazer. Contudo, uma mão forte o agarrou antes de chegar ao fundo.

description[ANTIGO] Naruto - The Shadow of the Wind [Shounen] EmptyRe: [ANTIGO] Naruto - The Shadow of the Wind [Shounen]

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Tsunade

-Não acho que você lidou bem com a situação, Tsunade-Hime - Shimura Danzo ainda não havia tocado no chá quente. Apesar de estar sentado, o velho não deixava de segurar sua bengala.

Tsunade sentiu um gosto azedo na garganta. Talvez fosse a bebida; não, aquele gosto desagradável parecia estar relacionado à presença do maldito Danzo. Como é que Sarutobi-sensei manteve um opositor e conspirador no Conselho de Konoha? Ela nunca teria a resposta para a pergunta, e o pior de tudo era que não seria possível expulsar o homem. Os outros dois conselheiros simpatizavam com seu contemporâneo e diziam respeitar os desejos do Sandaime Hokage. Por mais que fosse neta e herdeira do fundador da vila, enfrentar os dois velhos poderia lhe custar o cargo.

-Kakashi já foi ANBU. Não existe ninguém tão habilidoso quanto ele em Konoha - aquela era a melhor resposta. Revidar as palavras de Danzo com grosseirias só pioraria a situação.

Em resposta, o velhote grunhiu. Uma risada ou um sinal de desprezo? Era difícil de interpretar um rosto sempre tão áspero e severo.

-Você é quem sabe.

A Hokage batia os pés calçados com tamancos no piso de madeira frenéticamente. Desde seu regresso à Konoha, Tsunade percebeu o quanto o sonho de Nawaki e de Dan era audacioso. E não apenas isso: governar uma cidade militarizada e poderosa não era uma tarefa para qualquer um.

-Bem, não estamos aqui para discutir o problema dos piratas - com um movimento da mão direita, Tsunade fez um sinal para Shizune. Prestativa como sempre, a moça pegou o pergaminho e o depositou na mesa em que a Hokage e os três conselheiros estavam.

Por mais que os outros não soubessem do conteúdo do escrito, o clima de tensão tomou conta de todos. Novas rugas de preocupação surgiram nos semblantes de Koharu e Homura, enquanto que o olho exposto de Danzo deixava evidente que até mesmo ele se sentia incomodado. Tsunade tinha aberto o pergaminho pela manhã e ainda continuava com aquela sensação estranha. Depois de saber a respeito daquelas notícias, a Hokage percebeu que o céu de Konohagakure no Sato ficou mais cinza e tristonho. A garoinha fria que precedeu a reunião fez com que Tsunade vestisse um casaco, mas ainda assim a gelidez permanecia.

Após dar uma olhadela sorrateira para a janela aberta que deixava o vento entrar, a Hokage abriu o pergaminho com leveza. Danzo estava no lado oposto da mesa e não tinha a visão tão boa quanto no seu auge, mas notou que não existiam palavras registradas ali.

-Um pergaminho de invocação... - disse Homura após comprimir seus olhos para enxergar melhor.

-Exatamente - respondeu Tsunade. - O selo no pergaminho só reage quando entra em contato com o meu Chakra.

-Inteligente... Ninguém poderia abrir, a não ser você - Koharu comentou e ajeitou seus óculos que pendiam do nariz. - E quem foi que enviou?

-Jiraiya - Danzo respondeu antes que Tsunade tivesse chance de articular as palavras em sua  boca. Como é que ele sabia? Será que seus espiões estavam tão atentos assim?

-Sim - ela confirmou.

-São notícias do Jinchuuriki da Kyuubi? Ele conseguiu dominar o Bijuu?

-Não, Danzo - Tsunade ficou incomodada com a curiosidade do conselheiro. No entanto, saber que os servos de Danzo não eram capazes de quebrar o selo de Jiraiya deixou a Hokage mais aliviada.

-Do que se trata? - perguntou Homura.

-Vejam com seus próprios olhos.

Após concentrar Chakra na palma das mãos, Tsunade as pressionou contra o selo.  Em reação, uma fumaça cinza resultante do Kuchiyose no Jutsu cobriu a mesa. Depois de um tempo, uma pequena figura vermelha de olhos arregalados se revelou no centro da superfície de madeira.

-Um sapo... - Danzo resmungou com desprezo enquanto afrouxava as ataduras para coçar o braço direito.

-O que mais esperava, velhote?  - respondeu o sapo com sua vozinha aguda e esganiçada.

-Vindo de quem vem, eu não me surpreendo...

-Chega, Danzo. Não estamos aqui para discutir com o sapo - interrompeu Koharu, voltando seu olhar para a criatura invocada. - O que você tem a nos dizer?

-Alguém educado aqui, finalmente - disse o sapo enquanto esfregava as patinhas dianteiras.

-Pode começar - ordenou Tsunade.

Ao ouvir a ordem, o sapo passou a emular a voz de Jiraiya com tanta perfeição que se tinha impressão de que o Sannin estava realmente ali.

-Tsunade, espero que as coisas estejam bem em Konoha. Se realmente estão, terei o desprazer de acabar com sua alegria. Desde que parti para treinar Naruto, mais e mais pistas a respeito da organização chamada Akatsuki surgiram, mas eu nunca tive algo concreto em minhas mãos. No entanto, depois de muita pesquisa, eu finalmente descobri algo que vale a pena compartilhar com você. Tenho provas e registros incontestáveis de que Iwagakure no Sato contratou os serviços da Akatsuki. Os motivos do Tsuchikage eu desconheço, mas é possível que uma nova guerra entre as nações esteja por vir. Eu continuarei de olho no Naruto, não se preocupe quanto a isso. Espero que você faça bom uso da informação.

E o sapo terminou de dar seu recado.

-Akatsuki... - murmurou Danzo. - Jiraiya é um idiota, mas suas palavras fazem sentido. Oonoki sempre foi um velhote amargurado e problemático.

-Mas e as tais provas? Não podemos mandar espiões para Iwagakure sem termos plena certeza de que eles possuem uma ligação com a Akatsuki - Koharu divagou e Tsunade fez questão de responder.

-O sapo já me entregou um documento de transação comercial entre o tesoureiro de Iwagakure e um homem chamado Azuna, em nome da Akatsuki e com seu selo.

-E onde está o documento? - perguntou Homura.

O sapinho tossiu, fazendo com que as atenções se voltassem para ele.

-Eu queimei o papel depois que mostrei à Hokage. Ordens do Jiraiya.

-Jiraiya está maluco? Não podemos começar uma guerra sem evidências! - exclamou Kohura.

-A segurança de Konoha vem em primeiro lugar. Jiraiya sempre foi um tolo pacifista como Sarutobi, mas nunca foi um mentiroso. É básico que um shinobi proteja uma informação secreta; além disso, Tsunade é a Hokage. Se ela diz que viu as provas...

-Sim, eu confirmo - completou Tsunade.

-Então acabamos por aqui, não é mesmo? - disse Danzo ao se levantar da cadeira.

-Mas nós ainda nem discutimos sobre o que deve ser feito - disse Kohura.

Já na porta da sala, Danzo lançou um olhar à Hokage e disse:

-Tenho plena certeza de que a nossa Godaime tomará a atitude correta. Afinal, estamos falando da herdeira de Senju Hashirama.

E a porta se fechou.

Um belo véu de estrelas brilhantes estava visível no céu de Konoha, propiciando bons momentos às famílias e casais de namorados que se colocavam diante daquele cenário tão bonito. Demonstrações de amor e alegria ecoavam por toda a vila, chegando até mesmo nos locais mais silenciosos. Numa viela um pouco mais escura, a Hokage caminhava imersa em seus pensamentos. Era melhor evitar o assédio da população naquele momento, afinal, uma mera distração poderia comprometer o futuro de todos os cidadãos da vila que seu avô havia fundado com tanto esforço. Se o assédio chegasse até ela, talvez as famílias e os namorados deixassem de existir naquelas terras.

A Akatsuki era um grande problema. Nenhum grupo de ninjas de alto nível se formava por motivos fúteis. Hoshigaki Kisame, Uchiha Itachi, Orochimaru... Sim, o homem que desejava o poder mais do que tudo. Segundo Jiraiya, seu antigo companheiro de equipe havia abandonado a organização criminosa, mas ainda assim continuava causando muitos problemas. A fuga de Uchiha Sasuke, o ataque à Konohagakure no Sato, e até mesmo as mortes do Yondaime Kazekage e de Sarutobi-sensei. Por mais que ele estivesse calado, em breve Orochimaru se reergueria com um corpo Uchiha e com o Sharingan. Será que o selamento do Shiki Fuujin seria suficiente para inutilizar uma boa parcela de suas reais capacidades? Ainda assim, talvez a mente dele fosse o verdadeiro problema.

Apesar da sempre presente sombra de Orochimaru, as preocupações da Godaime se voltavam para Danzo. Depois de saber do conteúdo do pergaminho, ele havia perdido totalmente o interesse pelas ações que seriam tomadas em relação à Akatsuki. Aquilo era muito estranho para quem criticava até mesmo uma simples movimentação de ninjas em direção a um problema novo e aparentemente simples do Pais do Fogo.

Vovô, como é que você agiria?

Em seus tempos como Hokage, Hashirama também havia enfrentado o problema das oposições perigosas. Evidentemente Danzo não era nenhum Madara em termos de poder, mas seus movimentos sorrateiros e venenosos representavam maior perigo do que uma ameaça externa. Quebrar as defesas e as esperanças de um inimigo estando ao lado dele era muito mais efetivo do que um ataque poderoso vindo de fora de Konoha. Uma guerra civil era a pior coisa que poderia acontecer ao ponto mais militarizado do país.

Nawaki... Dan...

Depois de meia hora de caminhada, Tsunade parou. Diante os seus olhos, um casarão de madeira fina e bonita se exibia com uma beleza solene e antiga; tinha três andares e incontáveis janelas escuras. As telhas eram vermelhas como sangue, formando duas cascatas rubras e congeladas que surgiam no ponto mais alto e despencavam em direções diferentes, dando origem a um triângulo isósceles de base imaginária. Após atravessar os restos de um jardim decadente que cercava a casa, Tsunade olhou para a porta da frente com os olhos vazios. Com a mão direita, tocou uma plaquinha verde com letras desbotadas que havia sido pregada na madeira. Seus dedos calejados passaram pelos símbolos que formava a palavra. "Senju".

Sua mão girou a maçaneta e Tsunade passou pela entrada. A escuridão ali dentro era quase absoluta, mas ela conseguiu achar o pequeno dispositivo amarelo na parede sem muito esforço. Depois de alguns meses ali, acender a luz acabou se tornando uma das poucas atividades que não causavam tanto transtorno. Todavia, quando a claridade se espalhava e tocava os objetos da sala, uma angústia tomava conta da Hokage. Pensar em seu avô e falar com ele em sua mente era rotineiro e fácil, mas ter que encarar seu rosto, seus olhos e seu sorriso era quase impossível. Toda vez que passava perto do retrato de Hashirama e Mito era a mesma coisa: ela olhava para o chão e andava rapidamente para longe daquela visão tão feliz. Ou será que não era tão feliz assim? Para Tsunade, era muito triste. Seus pais não tinham deixado tantas lembranças pela casa, o que já era uma angústia a menos. A solidão era o pior dos males, e os fantasmas nítidos intensificavam o sentimento. Todos ausentes, todos mortos.

Apesar de não ter feito nenhum esforço físico durante o dia, a Hokage estava exausta e com a cabeça pesada. Com os pés descalços e com pequenas feridas causadas pelo tamanco apertado, ela subiu as escadas que levavam ao segundo andar. Enquanto subia, Tsunade acariciava o corrimão de madeira com sua mão. De alguma forma, parecia que o material que havia dado origem ao casarão estava vivo, emanando um calor estranho, porém reconfortante. Era muito provável que a madeira ali presente fosse originária do Mokuton, o que justificava aquela energia estranha que surgia quando a madeira entrava em contato com a pele da Senju.

Chegando ao andar superior, Tsunade foi em direção ao banheiro. Após abrir a porta, um aroma delicado atravessou suas narinas. Hipnotizada pelo cheiro, ela entrou, acendeu a luz e fechou a porta. Já fazia muito tempo que uma limpeza não era feita na casa, mas aquela pequena porção de alguns metros quadrados estava impecável e reluzente. Ao passar o dedo indicador na borda da banheira, Tsunade não conseguiu pegar um grão de poeira sequer. Admirada como tudo ali estava perfeito, ela girou a torneira prateada e observou a água fumegante preencher o espaço que estivera vazio anteriormente.

Passados alguns segundos, o banheiro já estava repleto de vapor, aumentando ainda mais a sensação de calor que a madeira do corrimão havia deixado em seu corpo. Notando que a banheira já estava quase cheia, Tsunade interrompeu o fluxo de água e experimentou banho com as mãos para testar a temperatura. Quente, muito quente, mas na medida certa. Em seguida, tirou suas vestes e as jogou no chão levemente escorregadio para que pudesse entrar na banheira. Então, ao sentir sua pele entrando em contato com a água quente, Tsunade relaxou sua cabeça e fechou seus olhos. As pálpebras estavam muito pesadas, o que poderia vir a ser o início de um sono indesejável, mas seus pés se movimentavam vagarosamente, impedindo que ela adormecesse ali.

No escuro de seus olhos, a Hokage vislumbrou vários pontos amarelos, vermelhos e verdes que corriam de um lado para o outro. Quando os pontos convergiram, uma face começou a tomar forma. Era um rosto amarelo com cabelos verdes espalhados e apenas um olho vermelho no lado direito da face. Apesar de ser uma figura muito mais estranha e deformada que a original, Tsunade não teve dúvidas de que era Danzo. A maior semelhança entre o real e o imaginário era o olho acusador e raivoso; a única diferença é que estava no lado errado do rosto.

O que você deseja, Danzo? Você abandonou a reunião logo após ter ouvido que a Akatsuki e o Tsuchikage se aliaram...

De repente, um clarão atravessou a mente de Tsunade. A verdade esteve diante dela por tanto tempo... Como é que não havia percebido que Danzo poderia estar atrás de pistas que indicassem a localização da Akatsuki? A mensagem de Jiraiya havia sido muito oportuna, considerando que Danzo pretendia achar os criminosos e fazer contato com eles. Quais seriam seus objetivos?

Eu poderia espionar o velho e seus servos... Não, uma espionagem dentro de Konoha levaria muito tempo para gerar algum resultado. Além disso, Danzo perceberia.

Com um movimento brusco, Tsunade saiu da banheira rapidamente, deixando o chão ainda mais escorregadio. Após atravessar algumas nuvens de vapor, ela finalmente conseguiu achar o espelho que vinha do chão até o teto. Para tornar sua visão nítida, Tsunade concentrou Chakra nas mãos e as encostou no objeto. Assim, uma onda de energia foi liberada e o embaçamento desapareceu.

O espelho mostrava uma mulher. Contudo, não era uma qualquer: aquela era provavelmente a mais bela de Konoha. Que homem poderia resistir? Que mulher havia chegado aos cinquenta anos com tamanha beleza? Até mesmo Tsunade se impressionou com o quanto era esbelta. Não existiam rugas ou marcas próprias da idade em seu rosto, além de que seu corpo molhado e cheio de curvas e fartura fazia inveja a qualquer mulher, jovem ou velha, feia ou bonita.

No entanto, aquela não era a realidade.

-Danzo, você está certo, eu não estou lidando bem com nenhum dos problemas de Konoha. A verdade é que eu sou uma covarde que tem medo de enfrentar seus próprios sentimentos. Eu sempre tive medo da verdade...

Tirando as mãos de espelho, Tsunade juntou as duas e formou o selo do tigre.

-...mas o mal não pode ser derrotado por mentiras vaidosas e vazias.

Quando cancelou o Henge no Jutsu, Tsunade viu rugas, marcas e imperfeições surgindo em todo o seu corpo. Aquela era a primeira vez em muito tempo em que ela se via como realmente era. Estava velha, feia e as juntas estavam doloridas. Era triste, mas também era necessário encarar a verdade.

Ao olhar Senju Hashirama nos olhos depois de muito, a Godaime Hokage teve certeza do que devia ser feito.

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O dançarino

Árvores, árvores e mais árvores.

Parecia que a paisagem estava congelada num cenário verde e ancestral desde que Akihito havia cruzado a fronteira, e sinais de mudança ainda não tinham surgido. Nenhuma cidade, nenhum centro comercial, assim como nenhuma pessoa.Alguns esquilos apareciam nos galhos altos de vez em quando, mas aparentavam ser tão inerentes à paisagem quanto os arvoredos velhos e sábios que faziam parte dela. Não que fosse interessante cruzar com alguém no meio do caminho, pelo contrário: um Shinobi deveria ser sempre capaz de agir sorrateiramente. Jogar com as sombras e tomar posse das virtudes da escuridão e do silêncio, aquelas eram as qualidades mais importantes.

No fim das contas, diferentemente de seus conterrâneos, Akihito não havia sido treinado para matar pessoas ou cumprir missões em prol de uma vila... Ele era apenas um dançarino. Dançava com as sombras e com a luz, com a vida e com a morte. Alguns poderiam questionar a moralidade de suas atitudes, mas tais subjetividades eram completamente vazias de significado para ele. O que realmente importava era a grande dança que se desenrolava desde o princípio dos tempos. O mais bonito de tudo aquilo era a percepção de que tudo e todos dançavam. As melodias eram sempre voláteis, com certeza; no entanto, a dança nunca acabaria.

Um vento forte empurrou os cabelos longos e negros do rapaz para trás, revelando sua testa nua e uma pequenina marca de nascença quase imperceptível. Seus olhos dourados como de os de um gato procuravam por um sinal qualquer, enquanto suas mãos brancas e surpreendentemente delicadas se ocupavam carregando dois objetos cada uma: uma máscara de madeira e uma bandana azul. Como já devia estar perto, Akihito amarrou a faixa em torno da fronte e colocou a máscara no rosto. As pequenas fendas para os olhos presentes na madeira mais dificultavam a visão do que a auxiliavam, mas ele já era experiente o suficiente ao ponto de saber exatamente como deveria se movimentar. O velho ditado dizia que os olhos eram o espelho da alma, mas Aki tinha uma visão bastante peculiar e divergente do consenso geral sobre o assunto.

Após mais alguns minutos de percurso, um pequeno e distante chiado incomodou as orelhas do viajante. Quanto mais ao norte ele caminhava, mais o barulho ficava intenso. Resolveu apertar o passo para conferir do que se tratava, já que aquele era o único som que destoava dos ruídos estranhamente harmônicos da natureza. Quando chegou à fonte do som, Akihito fez o máximo possível para ocultar sua presença. Olhando pelas aberturas na máscara, ele finalmente pôde ver algo realmente diferente e curioso.

Naquela área mais aberta da floresta havia uma grande concentração de energia, como se centenas de raios viessem do céu e convergissem numa coluna em direção ao solo. O chiado irritante e intenso era produzido pela movimentação do Chakra que brotava de um braço apontando para cima. Onde o ombro começava havia um corpo jovem, forte e atraente. Seus cabelos eram quase negros, mas pendiam mais para um tom azul escuro; os olhos eram vermelhos como sangue, mas não havia calor em seu olhar, apenas o frio mórbido. Contudo, aquela não era a frieza comum que Aki já tinha admirado tantas vezes. Pessoas geladas eram bastante normais, mas os malditos olhos rubros eram o resultado de uma mistura insana de sentimentos.

De repente, aqueles dois globos frios enterrados na face do rapaz se focaram nos arbustos que abrigavam Akihito. Ele havia percebido, mas como?

-Apareça - a voz grave soou imponente e segura enquanto o Raiton se expandia em sua mão. - Vai se esconder por quanto tempo?

A pele de Akihito ficou arrepiada. O som produzido pelas cordas vocais do objeto de sua atenção refletia o que os seus olhos mostravam: um coração endurecido pela tristeza, pela solidão e pelas sombras. Ah, sim, as sombras certamente dançavam em volta daquela alma atormentada, fazendo um banquete com o sal produzido pelas lágrimas que secaram para nunca mais voltarem àquele rosto.

Fascinante...

Com um movimento vagaroso, o ninja mascarado se revelou diante do outro. Akihito andou calmamente em direção aos raios que deixavam o ar pesado, mas decidiu manter uma distância de cinco metros. Por enquanto, assim era melhor.

-Aqui estou.

-Sua máscara... ANBU? Você é de Konoha.

-Sim, e você é um desertor - após responder, Akihito puxou uma Kunai da manga esquerda. - Você pode vir a ser um grande problema. Não que eu me importe, mas certas coisas devem ser feitas, Sasuke.

A arma ninja foi lançada em direção à fronte do Uchiha, mas um dos raios provenientes do grande acúmulo de Chakra desviou a lâmina de sua trajetória original. Aproximando-se de Akihito, o rapaz expandiu o Raiton, fazendo com que o Jutsu fizesse pequenos rasgos na roupa padrão da ANBU. Ele poderia ter continuado, pois seu adversário estava totalmente imóvel como se esperasse pela morte.

-Você parou? Desistiu?

Uchiha Sasuke olhou para a grama e cancelou a técnica. Após alguns segundos, voltou a encarar a máscara branca.

-Você não tinha intenção de me matar - respondeu, por fim. Eram aqueles olhos novamente.

-Verdade, eu não seria capaz de ferir um rosto tão bonito quanto o seu. De qualquer forma, vim até aqui para falar com seu mestre Orochimaru. Será que eu poderia fazer uma visita?

-Orochimaru não é meu mestre - disse com desprezo.

-Oh, perdão. De qualquer forma, leve-me ao esconderijo de vocês.

-Como eu posso saber se você não é um espião? - Sasuke mantinha uma expressão desconfiada.

-Bem, se eu sabia do Genjutsu que vocês colocaram na floresta e consegui quebrá-lo...

Em alguns instantes desconfiança se transformou em surpresa. Passados os segundos de aceitação, Sasuke fez um movimento com a mão e começou a fazer o percurso contrário ao qual Akihito havia percorrido para chegar até ali. No momento em que se colocou a seguir seu guia, o rapaz sentiu uma brisa gostosa acariciando seu corpo como um amante delicado e carinhoso. Seus dedos invisíveis faziam pequenas espirais em seus cabelos longos, enquanto sua boca gelada roçava no pescoço. O resto do corpo de vento se enrolava ao de Aki com determinação, como se não quisesse soltá-lo de jeito nenhum. Contudo, por mais que fosse seu desejo, o garoto sabia que aquilo era apenas sua imaginação fértil e boba. Estaria ele se transformando numa garotinha sonhadora? Tentando afastar aqueles pensamentos malucos, Akihito balançou a cabeça com persistência.

Quando entraram na floresta densa, era perceptível que o céu ia ficando mais escuro; contudo, aquele não era um anoitecer convencional, pois a mudança gradual de azul claro para laranja vivído não tinha dado as caras, o que era bastante estranho, considerando que o dia não tinha sido nublado. Aquilo devia estar relacionado ao Genjutsu que ocultava o esconderijo de Orochimaru, assim como a estranha mudança na vegetação da região na qual Aki havia estado minutos antes. Já não existiam carvalhos ali, mas sim uma mata ciliar extensa que beirava um rio pequeno que corria rapidamente. Ao chegar à beira, foi possível perceber que a água era tão limpa ao ponto de ser possível ver os peixinhos de cores variadas nadando calmamente.

Sasuke pisou na água com os pés cheios de Chakra e seguiu andando em direção a uma visão maravilhosa. Onde o rio deveria continuar reto e simples surgia uma queda d'água de vários metros de altura. Dois rochedos gigantescos se colocavam ao lado da cachoeira como dois guardiões imóveis, porém atentos. Até parecia mesmo que havia um rosto de expressão severa em cada um. Se forçasse mais um pouco a imaginação, dava para ver também duas cabeleiros de troncos, galhos e folhas lá em cima.

-A queda d'água é a passagem - disse Sasuke quando eles já estavam perto o suficiente da grande coluna de água e espuma. Tendo feito seu o aviso, o rapaz tirou a parte de cima de suas vestes e a jogou na beira do rio, revelando um físico marcado por músculos bem formados e algumas poucas cicatrizes.

-Eu vi você em Konohagakure - disse Aki, exibindo um sorriso sarcástico no rosto. - Seu corpo está se desenvolvendo bem, mas eu sempre imaginei que o treinamento de um ninja como Orochimaru faria mais cicatrizes.

O Uchiha olhou profundamente nos olhos dourados de Aki. Um calor inimaginável tomou conta do corpo do mascarado, fazendo pequenas gotículas de suor brotarem em sua pele. Olhos frios, mas bonitos de uma forma indescrítivel. Será que o temido Sharingan era capaz de desvendar os segredos do coração de um homem? Ele temia que sim.

-Meu treinamento não é da sua conta.

Drogas, só podia ser. O que mais poderia fazer o corpo de um garoto de 14 anos se desenvolver ao ponto de aparentar que tinha 20? Além disso, com um ninja médico tão habilidoso quanto Yakushi Kabuto como companheiro de moradia aquilo não era impossível. A falta de cicatrizes era outro aspecto que indicava que a evolução de Sasuke estava sendo mais rápida do que o normal. Orochimaru provavelmente estava plantando suas sementes para garantir que seu novo corpo ficasse em perfeitas condições. Ao ver o rapaz passar pela água, Akihito teve certeza que o Sannin das cobras estava fazendo um ótimo trabalho com seu futuro receptáculo. O maldito até poderia ser maluco como diziam, mas era inegável que ele tinha um extremo bom gosto.

Aki sentiu a água fria tirando todo o calor provocado pelo olhar de Sasuke e se viu prendendo a respiração enquanto atravessava a passagem. Quando abriu os olhos, ele estava molhado e olhando para um extenso corredor iluminado por tochas. As pedras que formavam a parede e o piso eram acinzentadas pendendo para um tom azul, mas a iluminação fraca impedia maiores divagações a respeito. Enquanto caminhava, Aki via pequenas celas com grades metálicas surgindo em seu lado esquerdo; ele tentou olhar para o lado de dentro dos aposentos construídos na rocha, mas pouca luz chegava ali. Na parede da direita restavam apenas portas simplórias de madeira, e ele decidiu que realmente seria muito indelicado perguntar a Sasuke o que havia ali. Ainda assim, tentando fugir da monotonia dos barulhos de seus passos, Aki pensou e interagiu:

-Você pretende matar seu irmão, não é mesmo? - péssima escolha, mas Aki não era conhecido pelo tato com as palavras. Não foi possível ver a expressão de Sasuke, mas a rigidez repentina de seus ombros respondeu a pergunta. - Não pense que eu vejo problema nisso. Eu entendo sua posição, apesar de ser um sonho impossível.

Foi a vez dos punhos ficarem cerrados e cheios de veias. Aquilo poderia acabar muito mal, mas Aki já havia começado e não tinha como parar.

-Segundo o que me disseram em Konohagakure, seu irmão derrotou Orochimaru com um único olhar. Não sou o dono da verdade, mas não acredito que você consiga fazer o mesmo - em meio às sombras das grades, os olhos vermelhos e furiosos surgiram. - Não, você tem o Sharingan, mas o seu não é igual ao dele.

Sasuke parou de andar e o encarou. Enquanto os tomoes do Sharingan mudavam de posição, as paredes do esconderijo nas rochas passaram do estado sólido para o líquido em um instante. Um olho vermelho gigantesco surgiu no que havia restado do teto de pedra, como uma lua banhada em sangue num céu negro. Bestas ferozes de um olho só quebravam as barras de aço e se libertavam de suas correntes envelhecidas. Alguns dos montros tinham quatro braços, outros nenhum; no entanto, todos tinham o mesmo olhar frio e o mesmo olho vermelho. Akihito sentiu garras afiadas rasgando sua pele e tocando seu coração que estava quase a saltar fora do peito de tão acelerado.

-Pare, Sasuke-kun! - gritou uma voz distante e quase inaudível.

Aki estava caído de joelhos no chão gelado e pontiagudo. Diante de sua visão turva, Uchiha Sasuke se erguia impiedoso e indiferente. Aquilo tudo tinha sido um Genjutsu, mas um dos bem poderosos.

-Você está bem? - perguntou aquela mesma voz nova. Seu dono ajudou Akihito a ficar em pé. - Consegue andar?

-Sim - quando olhou para trás, Aki viu Sasuke se dirigindo à passagem para o mundo exterior. - Que garoto irritadinho.

-Você tocou no pior assunto possível - respondeu enquanto seguiam pelo corredor. Apesar da pouca luz, era possível ver que aquele homem tinha cabelos prateados como os do Copy Ninja Kakashi. - Sou Yakushi Kabuto, muito prazer.

-Sou Akihito.

-Sem um segundo nome? Só podia ser coisa daquele Danzo - disse Kabuto com uma risadinha idiota. - Orochimaru-sama não esperava por notícias dele.

-Eu também não esperava ser utilizado como mensageiro por aquele velhote.

-Oh, velhote? Parece que Danzo não o controla. O que será que deu errado com você?

Boa pergunta.

Quando o corredor terminou, o espaço entre as paredes aumentou bruscamente. Com o prosseguir da caminhada, os dois passaram por uma entrada de proporções esquisitas e chegaram até uma câmara quadrada. Em cada um dos vértices do salão havia uma porta no formato da cabeça de uma cobra, sendo que a boca do ser rastejante servia como passagem. A iluminação ali era bem melhor e as rochas ao redor tinham um tom avermelhado como sangue. Não havia mobília ou decoração ali, apenas um homem parado no centro do salão. Seus cabelos negros estavam escorridos e sem vida, e sua pele estava tão pálida que Aki pensou que talvez fosse um morto ali em pé. Se não era uma alma penada, aquela coisa certamente estava bem debilitada.

-Orochimaru-sama - chamou Kabuto.

-Um garoto... - disse Orochimaru com sua voz rouca. - Danzo me mandou um garoto?

-Talvez ele tenha descoberto o seu gosto requintado por meninos bonitos - Kabuto ficou tenso e recuou um passo ou dois. Orochimaru estava com uma expressão congelada e inexpressiva. Vendo que o Sannin não dizia nada, Akihito tirou sua máscara e revelou seu rosto. - De qualquer forma, não vim até aqui para discutir sobre beleza e garotos. Danzo poderia ter mandado um pergaminho, mas um ninja calado e íntegro vale mais do que mil pedaços de papel.

-Qual é a mensagem que você nos traz?

-A Godaime Hokage irá até Kirigakure no Sato para acompanhar a fase final do Exame Chuunin no próximo mês. Além disso, seu último conflito com Konoha deixou a vila com sérios problemas. Os melhores ninjas estão atarefados demais com as missões e...

-Vá direto ao ponto, garoto. Não tenho todo o tempo do mundo.

-Que seja - Aki deu uma olhada para Kabuto e continuou. - Danzo convoca você e seus aliados à tomada do poder da vila logo após a partida de Tsunade. Se você aceitar o convite, nosso futuro Hokage promete que irá aceitá-lo de volta como um cidadão de Konohagakure e garante uma vaga no Conselho da vila. Ele também espera que seus experimentos e conhecimento sejam utilizados em prol da grandeza de Konoha.

Ao ouvir aquelas palavras, os olhos de Orochimaru brilharam. A gargalhada do Sannin ecoou até mesmo nas celas mais remotas do esconderijo.

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FanFic será arquivada, pois esta sem atualização a 1 mês, caso o autor queira reativa-la me envie uma MP com o pedido.

Fanfic Bloqueada e Arquivada

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Tópico fechado por motivo de não estar concluído e ainda está em desenvolvimento e se encontra inativo por longo tempo.

Caso queria colocar novo conteúdo, deverá solicita para mover para área correta e tópico será liberado.

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SamuelCosta
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