Duas vontades diferentes e contraditórias governam qualquer mulher.
O desejo de dominar tudo e o desejo de ser dominada por alguém forte o suficiente para impedir seu domínio.
É a seleção natural agindo, fêmeas precisam de machos fortes para cuidarem dela e de sua prole no momento vulnerável que é o período entre o nascimento e a maturidade de sua cria. E como saber se seu protetor é forte? Testando-o. Testes emocionais, físicos etc. Uma mulher pode pagar de feminista poderosa e negar isso até a morte, mas no fundo ela conservará respeito por qualquer um que não seja dominado por suas vontades e flutuações emocionais.
Aplicando ao mangá, Kishimoto expandiu esse desejo contraditório feminino ao limite. Só que, ao que parece, não há um ser na terra que possa contrariar suas vontades (queimei minha língua aqui, eu realmente não achava que o Kishimoto, autor de um mangá Shōnen, resolveria colocar no TOP 1 uma mulher. Séc. XXI ao que parece). Kaguya, como era de se esperar, foi corrompida por todo esse poder. Ser corrompido pelo poder é tema comum na literatura. Homens perseguem o poder pelo poder, mulheres o poder pelo homem.
A própria Eva, mulher que obviamente foi uma das inspirações para a personagem Kaguya, foi corrompida pelo desejo de poder: "E sereis como Deus, conhecedores do bem e do mal". Vendo a besteira que havia feito ao comer o fruto, Eva ofereceu ao homem, sendo este o primeiro teste psicológico feminino registrado na literatura humana.
Enfim, Kaguya é psicótica, sua sede de poder, até certo ponto, poderia conservar alguma lógica natural, como descrita acima, mas acho que agora ela literalmente perdeu esse desejo contraditório e pensa como um homem, quer o poder pelo poder. E, como um homem, ela usa a desculpa do "bem comum" para racionalizar a própria perversão.