Causas do Ateísmo
Índice
1- Mitos sobre o ateísmo e o agnosticismo :
Verdade ou Mentira: nunca acredite no que lhe dizem, observe os fatos. Eles costumam ser melhores juízes do que as pessoas.
Há quem defenda que todos os ateus e agnósticos sejam pessoas perversas e imorais. Nada mais falso. Assim como há ateus e agnósticos maus e devassos também há religiosos maus e devassos. Isso não é o diferencial dos ateus e agnósticos. A maioria deles são pessoas boas que optaram por esse caminho por uma questão de honestidade e sinceridade consigo mesmos.
Na dúvida, basta fazer a simples reflexão: quantos atentados terroristas são feitos por ateus em um ano? Quantos atentados terroristas são feitos por fanáticos islâmicos em 1 ano? Só por aí dá para observar que ser religioso não significa ser alguém capaz de respeitar o próximo.
O Ateísmo e o Agnosticismo também são opções que fazem parte do Direito à Liberdade Religiosa. Esse Direito engloba o poder de cada indivíduo escolher a orientação de fé que quiser, inclusive a de não seguir nenhuma delas ou até negá-las. É consequência natural do Direito à Liberdade de Pensamento.
Neste artigo, estudaremos o que é religião e o que é Deus já que o tema gira em torno da negação desses atributos. E, em seguida, as principais causas que levam as pessoas a desistir da fé em um Criador.
2- O que é religião? :
Religião é uma palavra que deriva do latim religare e significa “tornar a ligar de novo” ou religar. Para os pagãos, o ser humano está separado de sua Causa Primeira. Assim, o sacerdote funciona como quem liga o fiel à divindade. Ideia de ligação.
Sendo assim, as instituições religiosas objetivam ligar o adepto à Divindade de sua crença através de rituais próprios e um conjunto de dogmas a serem seguidos pelos fiéis.
Nesse sentido, o conceito de religião não se aplica ao Judaísmo.
O judaísmo não propõe conectar ninguém a nada. Do ponto de vista judaico é impossível existir desconectado da Fonte do Ser. Se isso acontecesse, nem que fosse apenas por uma fração de segundo, o ser deixaria de ser.
Já estamos permanentemente conectados a Fonte dos Seres. Quer você acredite, quer não acredite. Portanto, é incorreto designar o judaísmo como uma religião. Judaísmo não tem nada a ver com religião, ele é um modo de ser conforme as orientações da Torah.
3- O que é Deus? :
É difícil dizer o que é Deus para um não judeu porque envolve a aplicação direta do conhecimento da Cabalá judaica, a tradição mística da Torah.
Árvore da Vida
A Árvore da Vida. Para compreendê-la, é preciso estudar cabalá judaica.
Para os Cabalistas Judeus, nosso universo/multiverso não foi criado de supetão com apenas um ato, mas evolutivamente, gradativamente, através de um processo longo e complexo representado esquematicamente pelo TzimTzum e pela formação das dez Sephiroth em cada uma das 4 Olamoth que compõem a Árvore da Vida.
Se você não tem nenhuma noção sobre o assunto, recomendo ler os livros “As 3 Dimensões da Kabalá”, autor: Chaim David Zukerwar, e o livro “A Cabala”, autor: Zev Ben Shimon Halevi. Caso queira se aprofundar no estudo da Cabalá, procure um rabino do Beit Chabad mais próximo de você.
Os judeus raramente usam a palavra Deus e quando o fazem escrevem D’us. O mais comum é que os judeus O chamem de Eterno. E isso se dá por alguns motivos. Deus é uma palavra derivada do grego Zeus, a divindade maior dos pagãos gregos. Zeus é filho de Cronos (Saturno), a divindade que personifica o Tempo e a Razão. Dessa forma, Zeus, como filho de Cronos, está limitado pelos atributos do pai.
Como veremos mais abaixo, o Eterno não está sujeito a limites. Motivo pelo qual a palavra Deus é evitada. No lugar dela usa-se a palavra Eterno que é um dos atributos Dele. Também é comum o uso do termo HaShem ou HaShem HaKadosh que significa “O Nome” e “O Nome Santo”. Além disso, usa-se a palavra Deus apenas para que os não judeus compreendam do que se trata, pois o uso da palavra Eterno pode confundir os desabituados a ela.
A grafia D’us é usada como forma de demonstração de respeito por essa forma de se referir a Ele e é usado como uma salvaguarda da sétima Mitzvah negativa de não profanar os nomes do Eterno. Por isso usam-se tantos sinônimos para se referir a Ele. Evita-se, inclusive, de escrever e pronunciar os verdadeiros Nomes do Eterno que são estudados na Cabalá a fim de cumprir fielmente a Mitzvah.
Na Cabalá, o Eterno é nomeado como a Fonte do Ain Soph Aur (אין סוף אוֹר) ou seja: “O Infinito Nada Flamejante” ou “O Infinito Nada Luminoso” ou o “Infinito Nada Irradiante”.
A Árvore da Vida. Para compreendê-la, é preciso estudar cabalá judaica.
Nada (Ain): não é possível conceitua-Lo, nem pensar sobre Ele, nem fazer referências ou comparações. Absolutamente Nada porque Ele está além de toda criação e de nossa capacidade intelectual e espiritual.
O infinito (Soph): sem nenhum limite. Nem de tempo, nem espaço, nem de ser. Espaço e tempo são reconhecidos pela maioria dos estudiosos como limites. No entanto é prudente lembrar que existir também é um limite.
Flamejante (Aur): apesar de ser um “Infinito Nada”, o Eterno irradia-se por toda criação como a luz e o calor. Apesar de invisível, ilumina e aquece o que está à volta de uma maneira infinita. Assim, analogicamente, Ele é um Fogo, que embora seja um “Infinito Nada”, conecta-se a todo existente, iluminando-o, aquecendo-o e concedendo Vida.
Por isso, os sábios dizem que o Eterno está escondido acima da Árvore da Vida atrás de três véus. Ou seja: se você acreditar ser capaz de enxergar a Sephira superior de Kether (o que também é impossível), ainda haverá mais 3 véus acima de Kether impedindo que você sequer possa tentar olhar para o Eterno. Quais véus? O Ain Soph Aur.
Em resumo: Segundo a Cabalá Judaica, o Eterno é indefinível porque Ele ultrapassa todos os fundamentos usados para referenciar o existente tais como o tempo, o espaço, o ser e as ideias de uno e díade. Sem tais noções não conseguimos sequer pensar sobre algo.
Os cabalistas Judeus, ao conversar sobre o Eterno, raramente falam Dele como a Fonte do Ain Soph Aur. Por quê? Simples: não há nada a dizer, é impossível.
No entanto, segundo a Cabalá, O Eterno manifesta-se de 10 formas diferentes (Sephiroth) que se desdobram em 4 mundos (Olamoth). E aqui precisamos fazer uma diferenciação fundamental: a Fonte do Nada Que Se Manifesta (O Ain Soph Aur) da Sua Manifestação (Sephiroth).
A manifestação não é O Manifestante!A primeira manifestação do Eterno é chamada de Kether na Cabalá. E ela se desdobra em 4 olamoth: Atzluth, Briah, Yetzirah, Malkut.
A maioria compreende Deus como a “Causa Primeira que não Tem Causa”, enfim: uma das manifestações do Eterno, a saber: Kether no plano de Assiah. E aqui precisamos ressaltar novamente um ponto importante: a manifestação não é o manifestante, apesar do caráter Divino que ela encerra.
A tese da Causa Primeira que não tem Causa foi demonstrada por Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino. Posteriormente, ela foi contestada por Immanuel Kant. Por se tratar de um tema que merece mais considerações, comentarei o erro de raciocínio lógico cometido por Kant em outro artigo.
Normalmente, quando usamos a palavra Deus (independente de que fé seja), estamos nos referindo a “Causa Primeira que não tem causa”. Enfim: a origem do Universo/Multiverso de onde surgimos e vivemos.
Olamoth e a Árvore da Vida
Árvore da Vida
A Árvore da Vida. Para compreendê-la, é preciso estudar cabalá judaica.
Para os Cabalistas Judeus, nosso universo/multiverso não foi criado de supetão com apenas um ato, mas evolutivamente, gradativamente, através de um processo longo e complexo representado esquematicamente pelo TzimTzum e pela formação das dez Sephiroth em cada uma das 4 Olamoth que compõem a Árvore da Vida.
Se você não tem nenhuma noção sobre o assunto, recomendo ler os livros “As 3 Dimensões da Kabalá”, autor: Chaim David Zukerwar, e o livro “A Cabala”, autor: Zev Ben Shimon Halevi. Caso queira se aprofundar no estudo da Cabalá, procure um rabino do Beit Chabad mais próximo de você.
Os judeus raramente usam a palavra Deus e quando o fazem escrevem D’us. O mais comum é que os judeus O chamem de Eterno. E isso se dá por alguns motivos. Deus é uma palavra derivada do grego Zeus, a divindade maior dos pagãos gregos. Zeus é filho de Cronos (Saturno), a divindade que personifica o Tempo e a Razão. Dessa forma, Zeus, como filho de Cronos, está limitado pelos atributos do pai.
Como veremos mais abaixo, o Eterno não está sujeito a limites. Motivo pelo qual a palavra Deus é evitada. No lugar dela usa-se a palavra Eterno que é um dos atributos Dele. Também é comum o uso do termo HaShem ou HaShem HaKadosh que significa “O Nome” e “O Nome Santo”. Além disso, usa-se a palavra Deus apenas para que os não judeus compreendam do que se trata, pois o uso da palavra Eterno pode confundir os desabituados a ela.
A grafia D’us é usada como forma de demonstração de respeito por essa forma de se referir a Ele e é usado como uma salvaguarda da sétima Mitzvah negativa de não profanar os nomes do Eterno. Por isso usam-se tantos sinônimos para se referir a Ele. Evita-se, inclusive, de escrever e pronunciar os verdadeiros Nomes do Eterno que são estudados na Cabalá a fim de cumprir fielmente a Mitzvah.
Na Cabalá, o Eterno é nomeado como a Fonte do Ain Soph Aur (אין סוף אוֹר) ou seja: “O Infinito Nada Flamejante” ou “O Infinito Nada Luminoso” ou o “Infinito Nada Irradiante”.
A Árvore da Vida. Para compreendê-la, é preciso estudar cabalá judaica.
Nada (Ain): não é possível conceitua-Lo, nem pensar sobre Ele, nem fazer referências ou comparações. Absolutamente Nada porque Ele está além de toda criação e de nossa capacidade intelectual e espiritual.
O infinito (Soph): sem nenhum limite. Nem de tempo, nem espaço, nem de ser. Espaço e tempo são reconhecidos pela maioria dos estudiosos como limites. No entanto é prudente lembrar que existir também é um limite.
Flamejante (Aur): apesar de ser um “Infinito Nada”, o Eterno irradia-se por toda criação como a luz e o calor. Apesar de invisível, ilumina e aquece o que está à volta de uma maneira infinita. Assim, analogicamente, Ele é um Fogo, que embora seja um “Infinito Nada”, conecta-se a todo existente, iluminando-o, aquecendo-o e concedendo Vida.
Por isso, os sábios dizem que o Eterno está escondido acima da Árvore da Vida atrás de três véus. Ou seja: se você acreditar ser capaz de enxergar a Sephira superior de Kether (o que também é impossível), ainda haverá mais 3 véus acima de Kether impedindo que você sequer possa tentar olhar para o Eterno. Quais véus? O Ain Soph Aur.
Em resumo: Segundo a Cabalá Judaica, o Eterno é indefinível porque Ele ultrapassa todos os fundamentos usados para referenciar o existente tais como o tempo, o espaço, o ser e as ideias de uno e díade. Sem tais noções não conseguimos sequer pensar sobre algo.
Os cabalistas Judeus, ao conversar sobre o Eterno, raramente falam Dele como a Fonte do Ain Soph Aur. Por quê? Simples: não há nada a dizer, é impossível.
No entanto, segundo a Cabalá, O Eterno manifesta-se de 10 formas diferentes (Sephiroth) que se desdobram em 4 mundos (Olamoth). E aqui precisamos fazer uma diferenciação fundamental: a Fonte do Nada Que Se Manifesta (O Ain Soph Aur) da Sua Manifestação (Sephiroth).
A manifestação não é O Manifestante!A primeira manifestação do Eterno é chamada de Kether na Cabalá. E ela se desdobra em 4 olamoth: Atzluth, Briah, Yetzirah, Malkut.
A maioria compreende Deus como a “Causa Primeira que não Tem Causa”, enfim: uma das manifestações do Eterno, a saber: Kether no plano de Assiah. E aqui precisamos ressaltar novamente um ponto importante: a manifestação não é o manifestante, apesar do caráter Divino que ela encerra.
A tese da Causa Primeira que não tem Causa foi demonstrada por Platão, Aristóteles e São Tomás de Aquino. Posteriormente, ela foi contestada por Immanuel Kant. Por se tratar de um tema que merece mais considerações, comentarei o erro de raciocínio lógico cometido por Kant em outro artigo.
Normalmente, quando usamos a palavra Deus (independente de que fé seja), estamos nos referindo a “Causa Primeira que não tem causa”. Enfim: a origem do Universo/Multiverso de onde surgimos e vivemos.
Olamoth e a Árvore da Vida
4- Causas do Ateísmo e do Agnosticismo :
São vários fatores que podem influenciar alguém a se tornar ateu ou agnóstico. No entanto, quatro deles são os principais:
a) Apego excessivo à razão;
b) Prática anterior de alguma fé sem poder místico;
c) Desejo inconsciente de que o mundo seja o paraíso somado a uma noção equivocada de Deus;
d) Aversão às autoridades e à existência de limites.
Vejamos cada uma das causas.
O apego excessivo à razão também é uma forma de “religião”. Para eliminar a religião supersticiosa do mundo, August Comte criou outra (também supersticiosa) chamada Religião da Humanidade. É uma seita positivista que exalta a razão, o logos, como se fosse uma divindade. E mais, também exalta as ciências como se fossem santas ou auxiliares da razão… Sim, August Comte morreu louco.
A viseira de burro
O positivismo baseia-se no lema hegeliano de que “todo real é racional” e de que “todo racional é real”. Ou seja: para os seguidores da religião da razão, só é real o que a razão é capaz de explicar e conhecer. Da mesma forma, para eles, só é conhecível o que for racional.
Enfim: eles usam uma viseira de burro chamada de método científico. Se o objeto a ser estudado não se conformar aos padrões que eles adotam como “racionais”, eles simplesmente ignoram o estudo em questão.
Se uma roupa começar a pegar fogo dentro de um balde cheio de água numa residência, eles simplesmente vão ignorar o fato.
Vão dizer que isso não é real porque não é racional. Que foi um desvio padrão da regra de que coisas não pegam fogo dentro da água entre as temperaturas x e y. E pronto, ficará por isso mesmo.
É nesse sentido que o método deles funciona como uma viseira de burro: se o objeto de estudo não se adequar aos critérios, eles o ignoram como se não existisse, assim como o burro ignora tudo que está tapado pela viseira.
E se você insistir com eles em qualquer estudo que a razão não compreenda, eles vão te tachar de “supersticioso”, “empírico”, “ignorante” e outros preconceitos mais. Eles até lembram os católicos medievais acusando tudo e todos de “heréticos”, “blasfemos” só por ousar discordar do que eles acreditavam como o certo.
Viseira de burro: ela é colocada sobre os olhos do animal para diminuir o campo de visão e evitar que ele se assuste com o visto ao redor.
Essa viseira de burro é a desculpa para que eles ignorem tudo que “não é racional”. Dessa forma, assuntos ligados à espiritualidade simplesmente são desprezados pelos meios científicos como se fossem bobagens supersticiosas.
Quem já sofreu com perseguições fantasmagóricas ou presenciou qualquer fenômeno sobrenatural e procurou ajuda científica, já deve ter se deparado com o problema. Os seguidores da religião da razão simplesmente te ignoram abertamente, isso quando não caçoam.
Eles sequer se dignam a estudar o caso e, quando muito, sugerem que você deva procurar um psiquiatra. E, mais: se algum deles se interessar no estudo, o restante dos colegas iniciará o trabalho de ridicularizar o dissidente, desacreditá-lo e persegui-lo.
Enfim: os seguidores da religião da razão comportam-se como os fanáticos da Idade Média. Basta alguém pensar diferente deles para se dar início a perseguição e a ridicularizarão. Basta ver como a Psicologia Junguiana e a Parapsicologia são tratadas com desprezo pelos racionais.
No Tanach está escrito que o Eterno, às vezes, comunica-se conosco através de sonhos e visões (Jó/Ióv 33:15-16).
Os rabinos recomendam não dar crédito em demasia aos sonhos e visões porque eles também podem ser produzidos por influências negativas. Em todo caso, esse alerta rabínico manifesta uma grande verdade: o sonho e as visões são uma forma de contato com o plano espiritual (benigno ou maligno).
Sonhos e visões é o tipo de coisa que os racionais ignoram por não caber dentro da viseira de burro que eles usam.
Os pangarés também usam viseira pelo mesmo motivo: assustam-se a toa. Para evitar problemas, os donos colocam as viseiras nos olhos do animal.
Saturno/Cronos devorando um filho. Francisco de Goya, 1819-1823. Óleo sobre reboco transladado a tela 146 cm × 83 cm cm.
Na mitologia pagã greco-romana, Saturno/Cronos é o símbolo da razão exacerbada. É um aviso profético universal feito pelos gregos há milênios sobre as consequências nefastas do ideal positivista. Do ideal que idolatra uma razão fria e calculista que despreza os valores, a fé, a espiritualidade, a ética, enfim: tudo o que não pode ser compreendido racionalmente.
Saturno/Cronos também é o símbolo da morte, da pobreza, da avareza, da doença, da magreza, da fome, da bruxaria, da materialidade e do homem que ignora fazer parte de algo muito maior e incompreensível.
É o símbolo do homem que perdeu sua humanidade por ter perdido a própria alma. Do homem que vive na miséria, mesmo tendo a fartura a sua volta. Do homem que abandonou o céu por ser escuro e mergulhou fundo no inferno em busca da luz das chamas.
Saturno é o Titã destruidor que foi aprisionado pelos Olímpicos no Tártaro. Na Mitologia, se ele sair de lá, sua força destrói a vida na Terra. Nosso mundo hoje é marcado pela veneração excessiva de Saturno, a razão, e isso é extremamente perigoso.
Sim: a ciência curou várias doenças, mas criou milhares de outras. Ela democratizou o acesso à informação, mas tornou as pessoas fúteis e superficiais. Ela resolveu o problema da fome e do conforto, mas colocou toda vida do planeta em risco. Como um Titã, ela encerra grande poder e perigo. Ela é incontrolável e faminta por mais e mais.
Na mitologia, Saturno também é o cruel devorador dos próprios filhos. E isso é verdade.
Toda pessoa que é excessivamente racional é devorada pela própria razão da qual é filho. Sua vida perde o significado, ele perde a percepção de que está conectado a algo muito maior. Enfim: ele perde a própria alma.
É nesse sentido que uma pessoa muito racional tem mais facilidade para se tornar ateu. Sem contato com a espiritualidade, sem sensibilidade para perceber que existe muito mais que ele pode compreender e ainda, com uma viseira que o impede de enxergar além, não lhe resta mais nada além de concluir que Deus não exista.
Muitas vezes quem se torna ateu não o faz porque antes se apegou excessivamente à razão. Pelo contrário, mas porque praticou alguma fé sem poder místico.
Se uma pessoa apresenta um nível de devoção alto dentro de qualquer fé institucionalizada, segue os ensinamentos, faz o que lhe indicam e, ainda assim, não sente nada de espiritual acontecendo em sua vida, eis aí um possível futuro ateu/agnóstico.
Atualmente, é muito comum as pessoas sentirem que a fé que seguem é vazia de poder espiritual. E não é para menos.
Charlatanismo: os charlatães são um dos responsáveis pelo crescimento do ateísmo e do agnosticismo. Esses picaretas atrapalham as pessoas a buscar a sabedoria.
Sem as técnicas oriundas da Cabalá, é impossível exercer qualquer atividade mística. Por isso que o Cristianismo em geral tem poder místico restrito. São Paulo, no início da era cristã, convenceu os seguidores da nova fé que todos os livros sobre a Cabalá Judaica deveriam ser queimados.
E para piorar: a Igreja Católica Apostólica de Roma foi criada pelo Imperador Romano Constantino por motivo político e não por uma necessidade espiritual.
O Islamismo também é outra fé criada por motivos políticos. Enfim: a espiritualidade não é o forte do Cristianismo, nem do Islamismo e isso fica evidente quando comparamos essas fés com outras.
Além disso, o Positivismo, “a religião da razão”, também se entranhou nas fés do ocidente, especialmente no cristianismo. Tornando-as ainda mais sem espiritualidade, agravando o problema.
Para piorar, no cristianismo há o pensamento de que os sacramentos são “Ex opere operato” que operam por si mesmos, independentemente da nobreza moral e da eficácia sacerdotal de seu agente.
Não é assim que as coisas funcionam: é preciso técnica. A técnica é dada em forma velada pela Torah. O poder para operar a técnica é dado pela Árvore da Vida cabalística. É preciso os dois.
Se um ardoroso praticante de qualquer fé começa a perceber que o mundo está vazio de espiritualidade, ele acaba tendendo a buscar uma fé que ofereça isso para ele, e, se não a encontrar, é provável que se torne um ateu/agnóstico.
Hipocrisia: o que mais há por aí são lobos em pele de cordeiro. Esses picaretas atrapalham a busca pela sabedoria.
Normalmente o fiel observa o que o sacerdote diz e o que faz. Por exemplo: o Sacerdote da fé dele diz que o fiel precisa ter um comportamento X ou Deus o punirá. Entretanto, o próprio sacerdote é um molestador de criancinhas ou um violador de mulheres casadas de sua Igreja.
Ora, o que esperar desse fiel a não ser que pense ser uma grande palhaçada tudo o que o sacerdote diz? O fiel, nesse caso, sente-se traído, enganado. E é muito comum que ele pense que Deus não exista e que tudo aquilo foi feito apenas para tirar proveito dele. E de fato, há muitos motivos para que ele pense assim.
As contradições religiosas, a hipocrisia das instituições e os sacerdotes aproveitadores são grandes causadores de desgoto nas pessoas que buscam a sabedoria com sinceridade. Um exemplo foi o Papa Júlio II. Para financiar suas guerras particulares e sua vaidade, vendia indulgências sem nenhum remorso de consciência. Atualmente temos várias seitas cristãs que exploram financeiramente seus fiéis vendendo lotes no céu e perdão dos pecados.
E não é só isso, ainda há o grave problema da violência sanguinária cometida em nome da fé. Por exemplo:
a) A violência e intolerância dos cavaleiros cruzados na Idade Média contra judeus, mulçumanos e os próprios cristãos (o saque vergonhoso de Constantinopla);
b) No séc. IX, clérigos assassinaram vários papas por força de venenos e pauladas para assumir o papado;
c) julgamentos insanos como o do Papa Formoso pelo Papa Estevão VII. O Papa Formoso, que já estava morto, foi acusado em um tribunal e condenado. A pena: teve seus dedos cortados e seu corpo atirado no rio Tibre como punição! Sim, colheram depoimento de alguém morto e condenaram alguém já morto! (COLLINS, 2000, p. 95, 122, 124-126)
d) a Inquisição: ela assassinou, queimou e perseguiu todos que a Igreja Católica quis em nome de Jesus Cristo. Mulheres foram perseguidas sob a desculpa de bruxaria, inclusive livres pensadores, comerciantes e Judeus. Foi uma verdadeira loucura. Só em Minas gerais durante o Séc. XVIII, 2613 pessoas foram condenadas pela Inquisição (FERNANDES, 2004, P. 114). Na europa, a situação era muito pior!
e) Martinho Lutero, crítico da Igreja Católica e fundador do Protestantismo (os cristãos evangélicos). Ele escreveu um livro chamado “Sobre os Judeus e suas mentiras” que incentivava o assassinato de Judeus e o ódio contra judeus na Alemanha. Esse canalha, visto como um “libertador” por muitos, é um dos pais ideológicos do Nazismo que assassinou brutalmente 6 milhões de judeus no séc. XX.
f) Radicalismo islâmico: atualmente milhares de pessoas são mortas todo mês por radicais islâmicos. Basta abrir qualquer jornal e ler as notícias internacionais. Certamente lá haverá um atentado com vários mortos cometidos por alguém em nome de Alá, o Clemente e Misericordioso.
Homens-bomba: eles matam em nome de Alá, o Clemente e Misericordiso. Surgiram durante a guerra do Irã e Iraque (1980-1988). Eles conseguem ferir pessoas a um raio de até 200 metros da explosão por causa dos pregos, bolinhas de ferro e pedaços de vidro que são adicionados junto a massa explosiva C-4.
Depois de tanta desgraça e trapaça cometidas em nome da fé, como culpar alguém por se tornar ateu ou agnóstico?
E para piorar, a busca pela sabedoria é dificultada pela imensa quantidade de picaretas que atrapalham o buscador a encontrá-la.
Portanto, a prática de uma fé sem poder místico, eivada de contradições, mentiras e hipocrisia pode levar o fiel a se tornar ateu/agnóstico ainda mais se o sacerdote for um picareta.
Quem está sinceramente interessado em buscar a sabedoria não tolera falsas instituições de fé. Por uma questão de princípios, ele prefere não acreditar em nada do que em uma mentira.
No seu íntimo, a pessoa nutre um desejo intenso de que a bondade seja universal. E também acredita, inconscientemente, que Deus seja alguém muito melhor do que ela.
Por causa disso, quando ela olha para o mundo e vê tanta opressão, ela simplesmente se revolta. Como ela recusa a existência do mal no mundo, ela também acredita ser impossível que Deus o aceite, já que ela pensa que Deus é alguém muito melhor que ela.
Ela pensa que se Deus existisse, ele não permitiria o mal no mundo, pois se ela quer o bem de todos e tudo, Deus deveria querer muito mais que ela.
Quando ela olha para o mundo e vê animais se devorando uns aos outros para sobreviver, catástrofes naturais e tantas doenças, ela não aceita que um Deus possa ter feito a vida assim. Na cabeça dela, isso é muito cruel para ser a obra de um Deus.
O mundo não é um faz de conta. Nele existe a vida e a morte. O bem o e o mal. Animais se devoram para sobreviver e porquinhos não constroem casas, nem cantam nas janelas.
Além disso, há o mal humano no mundo: trapaça, mentiras, golpes, enganações, guerras, conspirações e outros. E tudo leva a crer que o mais forte e o mais desonesto sempre está em vantagem sobre o honesto e o justo (especialmente no Brasil). Daí ela pensa: “se existisse um Deus, Ele jamais permitiria isso”.
Então, essa pessoa conclui que Deus não existe. E ela o faz porque, no fundo, ela deseja que o mundo seja o paraíso.
Mas o mundo não é o paraíso. O mundo é o lugar onde o mal pode existir e precisa existir para que a Grande Obra da Criação se realize. Qual obra? Nós. Se o mundo fosse o paraíso, jamais poderíamos ser livres. Não haveria escolha. Seria apenas o pão da vergonha. Não haveria nenhum mérito em nossas conquistas, pois nem mesmo haveria conquistas.
Quem conhece a Cabalá Judaica sabe que o mal no mundo é uma parte fundamental para nosso crescimento. O Rabino Yehuda Berg escreveu o livro “O Poder da Cabalá” que trata só desse assunto. Recomendo estudar o livro para quem quiser saber mais.
Em todo caso é bom frisar:
1) Não. Aqui não é o Paraíso.
2) Deus não é um Super-Homem. Nós somos limitados, mesmo se fôssemos Super. O Eterno não é limitado. Lembre-se do significado de Ain Soph Aur.
Anarquismo: seus adeptos não aceitam nenhuma forma de autoridade, nem de limites.
Algumas pessoas possuem aversão total a qualquer tipo de autoridade ou limites. Elas não aceitam a ideia de hierarquia e limitação e, por isso, acham absurdo restringir as suas ações em função dos outros.
Elas são rebeldes.
Tendem a desrespeitar o pai e a mãe porque eles são vistos como uma “primeira autoridade”. Elas também odeiam a polícia, o Estado, qualquer tipo de sacerdócio ou chefia. Enfim: são contra tudo e todos que possam exercer qualquer influência sobre elas.
Elas também não aceitam a Natureza porque tudo nela é limitado e segue uma ordem. Dessa maneira, elas buscam desafiá-la o tempo todo porque vêm nela uma imposição de limites a sua liberdade. Limites que elas não aceitam de nenhuma maneira, mesmo se for para o próprio benefício delas.
Como o Eterno é a Autoridade Máxima de todo existente, eles se rebelam contra Ele pelo mesmo motivo: não aceitam nenhum tipo de autoridade ou limite. É a expressão máxima do anarquismo.
a) Apego excessivo à razão;
b) Prática anterior de alguma fé sem poder místico;
c) Desejo inconsciente de que o mundo seja o paraíso somado a uma noção equivocada de Deus;
d) Aversão às autoridades e à existência de limites.
Vejamos cada uma das causas.
4.1- O apego excessivo à razão :
O apego excessivo à razão também é uma forma de “religião”. Para eliminar a religião supersticiosa do mundo, August Comte criou outra (também supersticiosa) chamada Religião da Humanidade. É uma seita positivista que exalta a razão, o logos, como se fosse uma divindade. E mais, também exalta as ciências como se fossem santas ou auxiliares da razão… Sim, August Comte morreu louco.
A viseira de burro
O positivismo baseia-se no lema hegeliano de que “todo real é racional” e de que “todo racional é real”. Ou seja: para os seguidores da religião da razão, só é real o que a razão é capaz de explicar e conhecer. Da mesma forma, para eles, só é conhecível o que for racional.
Enfim: eles usam uma viseira de burro chamada de método científico. Se o objeto a ser estudado não se conformar aos padrões que eles adotam como “racionais”, eles simplesmente ignoram o estudo em questão.
Se uma roupa começar a pegar fogo dentro de um balde cheio de água numa residência, eles simplesmente vão ignorar o fato.
Vão dizer que isso não é real porque não é racional. Que foi um desvio padrão da regra de que coisas não pegam fogo dentro da água entre as temperaturas x e y. E pronto, ficará por isso mesmo.
É nesse sentido que o método deles funciona como uma viseira de burro: se o objeto de estudo não se adequar aos critérios, eles o ignoram como se não existisse, assim como o burro ignora tudo que está tapado pela viseira.
E se você insistir com eles em qualquer estudo que a razão não compreenda, eles vão te tachar de “supersticioso”, “empírico”, “ignorante” e outros preconceitos mais. Eles até lembram os católicos medievais acusando tudo e todos de “heréticos”, “blasfemos” só por ousar discordar do que eles acreditavam como o certo.
Viseira de burro: ela é colocada sobre os olhos do animal para diminuir o campo de visão e evitar que ele se assuste com o visto ao redor.
Essa viseira de burro é a desculpa para que eles ignorem tudo que “não é racional”. Dessa forma, assuntos ligados à espiritualidade simplesmente são desprezados pelos meios científicos como se fossem bobagens supersticiosas.
Quem já sofreu com perseguições fantasmagóricas ou presenciou qualquer fenômeno sobrenatural e procurou ajuda científica, já deve ter se deparado com o problema. Os seguidores da religião da razão simplesmente te ignoram abertamente, isso quando não caçoam.
Eles sequer se dignam a estudar o caso e, quando muito, sugerem que você deva procurar um psiquiatra. E, mais: se algum deles se interessar no estudo, o restante dos colegas iniciará o trabalho de ridicularizar o dissidente, desacreditá-lo e persegui-lo.
Enfim: os seguidores da religião da razão comportam-se como os fanáticos da Idade Média. Basta alguém pensar diferente deles para se dar início a perseguição e a ridicularizarão. Basta ver como a Psicologia Junguiana e a Parapsicologia são tratadas com desprezo pelos racionais.
No Tanach está escrito que o Eterno, às vezes, comunica-se conosco através de sonhos e visões (Jó/Ióv 33:15-16).
Os rabinos recomendam não dar crédito em demasia aos sonhos e visões porque eles também podem ser produzidos por influências negativas. Em todo caso, esse alerta rabínico manifesta uma grande verdade: o sonho e as visões são uma forma de contato com o plano espiritual (benigno ou maligno).
Sonhos e visões é o tipo de coisa que os racionais ignoram por não caber dentro da viseira de burro que eles usam.
Os pangarés também usam viseira pelo mesmo motivo: assustam-se a toa. Para evitar problemas, os donos colocam as viseiras nos olhos do animal.
4.1.1- Os seguidores de Saturno/Cronos :
Saturno/Cronos devorando um filho. Francisco de Goya, 1819-1823. Óleo sobre reboco transladado a tela 146 cm × 83 cm cm.
Na mitologia pagã greco-romana, Saturno/Cronos é o símbolo da razão exacerbada. É um aviso profético universal feito pelos gregos há milênios sobre as consequências nefastas do ideal positivista. Do ideal que idolatra uma razão fria e calculista que despreza os valores, a fé, a espiritualidade, a ética, enfim: tudo o que não pode ser compreendido racionalmente.
Saturno/Cronos também é o símbolo da morte, da pobreza, da avareza, da doença, da magreza, da fome, da bruxaria, da materialidade e do homem que ignora fazer parte de algo muito maior e incompreensível.
É o símbolo do homem que perdeu sua humanidade por ter perdido a própria alma. Do homem que vive na miséria, mesmo tendo a fartura a sua volta. Do homem que abandonou o céu por ser escuro e mergulhou fundo no inferno em busca da luz das chamas.
Saturno é o Titã destruidor que foi aprisionado pelos Olímpicos no Tártaro. Na Mitologia, se ele sair de lá, sua força destrói a vida na Terra. Nosso mundo hoje é marcado pela veneração excessiva de Saturno, a razão, e isso é extremamente perigoso.
Sim: a ciência curou várias doenças, mas criou milhares de outras. Ela democratizou o acesso à informação, mas tornou as pessoas fúteis e superficiais. Ela resolveu o problema da fome e do conforto, mas colocou toda vida do planeta em risco. Como um Titã, ela encerra grande poder e perigo. Ela é incontrolável e faminta por mais e mais.
Na mitologia, Saturno também é o cruel devorador dos próprios filhos. E isso é verdade.
Toda pessoa que é excessivamente racional é devorada pela própria razão da qual é filho. Sua vida perde o significado, ele perde a percepção de que está conectado a algo muito maior. Enfim: ele perde a própria alma.
É nesse sentido que uma pessoa muito racional tem mais facilidade para se tornar ateu. Sem contato com a espiritualidade, sem sensibilidade para perceber que existe muito mais que ele pode compreender e ainda, com uma viseira que o impede de enxergar além, não lhe resta mais nada além de concluir que Deus não exista.
4.2- Prática anterior de alguma fé sem poder místico :
Muitas vezes quem se torna ateu não o faz porque antes se apegou excessivamente à razão. Pelo contrário, mas porque praticou alguma fé sem poder místico.
Se uma pessoa apresenta um nível de devoção alto dentro de qualquer fé institucionalizada, segue os ensinamentos, faz o que lhe indicam e, ainda assim, não sente nada de espiritual acontecendo em sua vida, eis aí um possível futuro ateu/agnóstico.
Atualmente, é muito comum as pessoas sentirem que a fé que seguem é vazia de poder espiritual. E não é para menos.
Charlatanismo: os charlatães são um dos responsáveis pelo crescimento do ateísmo e do agnosticismo. Esses picaretas atrapalham as pessoas a buscar a sabedoria.
Sem as técnicas oriundas da Cabalá, é impossível exercer qualquer atividade mística. Por isso que o Cristianismo em geral tem poder místico restrito. São Paulo, no início da era cristã, convenceu os seguidores da nova fé que todos os livros sobre a Cabalá Judaica deveriam ser queimados.
E para piorar: a Igreja Católica Apostólica de Roma foi criada pelo Imperador Romano Constantino por motivo político e não por uma necessidade espiritual.
O Islamismo também é outra fé criada por motivos políticos. Enfim: a espiritualidade não é o forte do Cristianismo, nem do Islamismo e isso fica evidente quando comparamos essas fés com outras.
Além disso, o Positivismo, “a religião da razão”, também se entranhou nas fés do ocidente, especialmente no cristianismo. Tornando-as ainda mais sem espiritualidade, agravando o problema.
Para piorar, no cristianismo há o pensamento de que os sacramentos são “Ex opere operato” que operam por si mesmos, independentemente da nobreza moral e da eficácia sacerdotal de seu agente.
Não é assim que as coisas funcionam: é preciso técnica. A técnica é dada em forma velada pela Torah. O poder para operar a técnica é dado pela Árvore da Vida cabalística. É preciso os dois.
Se um ardoroso praticante de qualquer fé começa a perceber que o mundo está vazio de espiritualidade, ele acaba tendendo a buscar uma fé que ofereça isso para ele, e, se não a encontrar, é provável que se torne um ateu/agnóstico.
Hipocrisia: o que mais há por aí são lobos em pele de cordeiro. Esses picaretas atrapalham a busca pela sabedoria.
Normalmente o fiel observa o que o sacerdote diz e o que faz. Por exemplo: o Sacerdote da fé dele diz que o fiel precisa ter um comportamento X ou Deus o punirá. Entretanto, o próprio sacerdote é um molestador de criancinhas ou um violador de mulheres casadas de sua Igreja.
Ora, o que esperar desse fiel a não ser que pense ser uma grande palhaçada tudo o que o sacerdote diz? O fiel, nesse caso, sente-se traído, enganado. E é muito comum que ele pense que Deus não exista e que tudo aquilo foi feito apenas para tirar proveito dele. E de fato, há muitos motivos para que ele pense assim.
As contradições religiosas, a hipocrisia das instituições e os sacerdotes aproveitadores são grandes causadores de desgoto nas pessoas que buscam a sabedoria com sinceridade. Um exemplo foi o Papa Júlio II. Para financiar suas guerras particulares e sua vaidade, vendia indulgências sem nenhum remorso de consciência. Atualmente temos várias seitas cristãs que exploram financeiramente seus fiéis vendendo lotes no céu e perdão dos pecados.
E não é só isso, ainda há o grave problema da violência sanguinária cometida em nome da fé. Por exemplo:
a) A violência e intolerância dos cavaleiros cruzados na Idade Média contra judeus, mulçumanos e os próprios cristãos (o saque vergonhoso de Constantinopla);
b) No séc. IX, clérigos assassinaram vários papas por força de venenos e pauladas para assumir o papado;
c) julgamentos insanos como o do Papa Formoso pelo Papa Estevão VII. O Papa Formoso, que já estava morto, foi acusado em um tribunal e condenado. A pena: teve seus dedos cortados e seu corpo atirado no rio Tibre como punição! Sim, colheram depoimento de alguém morto e condenaram alguém já morto! (COLLINS, 2000, p. 95, 122, 124-126)
d) a Inquisição: ela assassinou, queimou e perseguiu todos que a Igreja Católica quis em nome de Jesus Cristo. Mulheres foram perseguidas sob a desculpa de bruxaria, inclusive livres pensadores, comerciantes e Judeus. Foi uma verdadeira loucura. Só em Minas gerais durante o Séc. XVIII, 2613 pessoas foram condenadas pela Inquisição (FERNANDES, 2004, P. 114). Na europa, a situação era muito pior!
e) Martinho Lutero, crítico da Igreja Católica e fundador do Protestantismo (os cristãos evangélicos). Ele escreveu um livro chamado “Sobre os Judeus e suas mentiras” que incentivava o assassinato de Judeus e o ódio contra judeus na Alemanha. Esse canalha, visto como um “libertador” por muitos, é um dos pais ideológicos do Nazismo que assassinou brutalmente 6 milhões de judeus no séc. XX.
f) Radicalismo islâmico: atualmente milhares de pessoas são mortas todo mês por radicais islâmicos. Basta abrir qualquer jornal e ler as notícias internacionais. Certamente lá haverá um atentado com vários mortos cometidos por alguém em nome de Alá, o Clemente e Misericordioso.
Homens-bomba: eles matam em nome de Alá, o Clemente e Misericordiso. Surgiram durante a guerra do Irã e Iraque (1980-1988). Eles conseguem ferir pessoas a um raio de até 200 metros da explosão por causa dos pregos, bolinhas de ferro e pedaços de vidro que são adicionados junto a massa explosiva C-4.
Depois de tanta desgraça e trapaça cometidas em nome da fé, como culpar alguém por se tornar ateu ou agnóstico?
E para piorar, a busca pela sabedoria é dificultada pela imensa quantidade de picaretas que atrapalham o buscador a encontrá-la.
Portanto, a prática de uma fé sem poder místico, eivada de contradições, mentiras e hipocrisia pode levar o fiel a se tornar ateu/agnóstico ainda mais se o sacerdote for um picareta.
Quem está sinceramente interessado em buscar a sabedoria não tolera falsas instituições de fé. Por uma questão de princípios, ele prefere não acreditar em nada do que em uma mentira.
4.3- Desejo inconsciente de que o mundo seja o paraíso somado a uma noção equivocada de Deus :
No seu íntimo, a pessoa nutre um desejo intenso de que a bondade seja universal. E também acredita, inconscientemente, que Deus seja alguém muito melhor do que ela.
Por causa disso, quando ela olha para o mundo e vê tanta opressão, ela simplesmente se revolta. Como ela recusa a existência do mal no mundo, ela também acredita ser impossível que Deus o aceite, já que ela pensa que Deus é alguém muito melhor que ela.
Ela pensa que se Deus existisse, ele não permitiria o mal no mundo, pois se ela quer o bem de todos e tudo, Deus deveria querer muito mais que ela.
Quando ela olha para o mundo e vê animais se devorando uns aos outros para sobreviver, catástrofes naturais e tantas doenças, ela não aceita que um Deus possa ter feito a vida assim. Na cabeça dela, isso é muito cruel para ser a obra de um Deus.
O mundo não é um faz de conta. Nele existe a vida e a morte. O bem o e o mal. Animais se devoram para sobreviver e porquinhos não constroem casas, nem cantam nas janelas.
Além disso, há o mal humano no mundo: trapaça, mentiras, golpes, enganações, guerras, conspirações e outros. E tudo leva a crer que o mais forte e o mais desonesto sempre está em vantagem sobre o honesto e o justo (especialmente no Brasil). Daí ela pensa: “se existisse um Deus, Ele jamais permitiria isso”.
Então, essa pessoa conclui que Deus não existe. E ela o faz porque, no fundo, ela deseja que o mundo seja o paraíso.
Mas o mundo não é o paraíso. O mundo é o lugar onde o mal pode existir e precisa existir para que a Grande Obra da Criação se realize. Qual obra? Nós. Se o mundo fosse o paraíso, jamais poderíamos ser livres. Não haveria escolha. Seria apenas o pão da vergonha. Não haveria nenhum mérito em nossas conquistas, pois nem mesmo haveria conquistas.
Quem conhece a Cabalá Judaica sabe que o mal no mundo é uma parte fundamental para nosso crescimento. O Rabino Yehuda Berg escreveu o livro “O Poder da Cabalá” que trata só desse assunto. Recomendo estudar o livro para quem quiser saber mais.
Em todo caso é bom frisar:
1) Não. Aqui não é o Paraíso.
2) Deus não é um Super-Homem. Nós somos limitados, mesmo se fôssemos Super. O Eterno não é limitado. Lembre-se do significado de Ain Soph Aur.
4.4- Aversão às autoridades e à existência de limites. :
Anarquismo: seus adeptos não aceitam nenhuma forma de autoridade, nem de limites.
Algumas pessoas possuem aversão total a qualquer tipo de autoridade ou limites. Elas não aceitam a ideia de hierarquia e limitação e, por isso, acham absurdo restringir as suas ações em função dos outros.
Elas são rebeldes.
Tendem a desrespeitar o pai e a mãe porque eles são vistos como uma “primeira autoridade”. Elas também odeiam a polícia, o Estado, qualquer tipo de sacerdócio ou chefia. Enfim: são contra tudo e todos que possam exercer qualquer influência sobre elas.
Elas também não aceitam a Natureza porque tudo nela é limitado e segue uma ordem. Dessa maneira, elas buscam desafiá-la o tempo todo porque vêm nela uma imposição de limites a sua liberdade. Limites que elas não aceitam de nenhuma maneira, mesmo se for para o próprio benefício delas.
Como o Eterno é a Autoridade Máxima de todo existente, eles se rebelam contra Ele pelo mesmo motivo: não aceitam nenhum tipo de autoridade ou limite. É a expressão máxima do anarquismo.
5- Fonte / Bibliografia :
MARQUES. Sebastião Fabiano Pinto. Causas do Ateísmo (2012). Disponível em:
Referências
COLLINS, Padre Michael, PRICE, Pastor Mathew A. História do Cristianismo. São Paulo: Loyola, 2000.
FERNANDES, Neusa. A Inquisição em Minas Gerais no Século XVIII. 2.ed. Rio de Janeiro: UERJ, 2004.