O que e Filosofar pra você ?

"Alçando os olhos, de respeito entrado,
O Mestre vejo dos que mais se acimam
Em saber, de filósofos cercado.

Todos com honra e acatamento o estimam.
Aqui Platão e Sócrates estavam,
Que na grandeza mais se lhe aproximam.

Demócrito, o atomista, acompanhavam
Tales, Zeno, Heráclito e Anaxagora.
Empédocle e Diógenes falavam,

Dióscoris, o que a natura outrora
Sábio estudara, Orfeu, Túlio eloqüente,
Sêneca, o douto, que a moral explora,

Lívio, Euclides, Hipócrates ingente,
Ptolomeu, Galeno e o Avicena;
Averróis, nos comentos sapiente.

Resenha não me é dado fazer plena
De todos; longo o assunto está-me urgindo,
E a ser omisso muita vez condena."

há uma frase que citam muito, mas que não existe: “As classes e as raças, fracas demais para conduzir as novas condições da vida devem deixar de existir. Elas devem perecer no holocausto revolucionário.” Marx expõe o pensamento de OUTRAS pessoas, e o trecho “devem perecer no holocausto revolucionário” não existe; o texto pode ser lido no Marxists Internet Archive, é um artigo de 4 de março de 1853 escrito para o New York Tribune.

Uma explicação melhor sobre a frase que citei: forum.axishistory.com/viewtopic.php?f=6&t=154676&start=0#p1349094

A outra parte da frase é na verdade uma distorção de uma frase de Engels em janeiro de 1949, em um artigo para a Nova Gazeta Renana, que é sobre o sucesso das nações mais fortes durante a Primavera dos Povos (que ocorreu em 1948). Ele argumenta que apenas as mais economicamente viáveis sobreviveram. O resto – pequenas e inviáveis economicamente e colonizadas pelas maiores – “está destinado a perecer na tempestade revolucionária mundial”. Ele fala sobre filiações nacionais perecendo (pequenas nações sendo absorvidas por outras maiores), NACIONALIDADES perecendo e não pessoas, classes ou raças.

O texto se chama “The Magyar Struggle” (A Luta Húngara): http://www.marxists.org/archive/marx/works/1849/01/13.htm Notem que não há nenhuma menção a “perecer no holocausto revolucionário” (perish in the revolutionary holocaust).

Por que dizer que ele estava falando em nações menores ou mais fracas, dando lugar a nações maiores e mais fortes? Por que não relacionar isso à revolução comunista? Ora, apostar nessa mentira é oportunismo! É sabido que ele estava falando das revoluções de 1948, da Primavera dos Povos! E não de uma possível revolução proletária! Logo no primeiro parágrafo ele deixa isso claro:

   Cologne, January. While in Italy the first counterblow is already being struck against the counter-revolution of last summer and autumn, in the plains of Hungary the last stage of the struggle to suppress the movement which arose directly out of the February revolution is being completed. The new Italian movement is the prologue of the movement of 1849, the war against the Magyars is the epilogue to the movement of 1848. Probably this epilogue will yet pass into the new drama that is being prepared in secret.

A frase distorcida (e, pior, atribuída a Marx) está no último parágrafo do seguinte trecho:

   The year 1848 first of all brought with it the most terrible chaos for Austria by setting free for a short time all these different nationalities which, owing to Metternich, had hitherto been enslaving one another. The Germans, Magyars, Czechs, Poles, Moravians, Slovaks, Croats, Ruthenians, Rumanians, Illyrians and Serbs came into conflict with one another, while within each of these nationalities a struggle went on also between the different classes. But soon order came out of this chaos. The combatants divided into two large camps: the Germans, Poles and Magyars took the side of revolution; the remainder, all the Slavs, except for the Poles, the Rumanians and Transylvanian Saxons, took the side of counter-revolution.

   How did this division of the nations come about, what was its basis?

   The division is in accordance with all the previous history of the nationalities in question. It is the beginning of the decision on the life or death of all these nations, large and small.

   All the earlier history of Austria up to the present day is proof of this and 1848 confirmed it. Among all the large and small nations of Austria, only three standard-bearers of progress took an active part in history, and still retain their vitality — the Germans, the Poles and the Magyars. Hence they are now revolutionary.

   All the other large and small nationalities and peoples are destined to perish before long in the revolutionary world storm. For that reason they are now counter-revolutionary.

(Grifos meus — observação: peoples = povos)

Leiam esse outro trecho, que está mais para o final:

   In Austria, apart from Poland and Italy, it is the Germans and Magyars in 1848, as during the past thousand years already, who have assumed the historical initiative. They represent the revolution.

   The Southern Slavs, who for a thousand years have been taken in tow by the Germans and the Magyars, only rose up in 1848 to achieve their national independence in order thereby at the same time to suppress the German-Magyar revolution. They represent the counter-revolution. They were joined by two nations, which had likewise long ago degenerated and were devoid of all historical power of action: the Saxons and the Rumanians of Transylvania.

   The Habsburg dynasty, whose power was based on the union of Germans and Magyars in the struggle against the Southern Slavs, is now prolonging the last moments of its existence through the union of the Southern Slavs in the struggle against the Germans and Magyars.

Assim como na questão da escravidão Marx expõe a realidade objetiva, sem fazer um julgamento explícito, Engels está analisando os fatos verificados na Primavera dos Povos, não advogou “a destruição das raças, classes ou nações”, porém foi isso que aconteceu com alguns povos que ele analisa no texto citado.

Outra frase distorcida, dessa vez de Engels, em que ele diz “Mexicanos preguiçosos”:

   Just a word about “universal fraternal union of peoples” and the drawing of “boundaries established by the sovereign will of the peoples themselves on the basis of their national characteristics”. The United States and Mexico are two republics, in both of which the people is sovereign.

   How did it happen that over Texas a war broke out between these two republics, which, according to the moral theory, ought to have been “fraternally united” and “federated”, and that, owing to “geographical, commercial and strategical necessities”, the “sovereign will” of the American people, supported by the bravery of the American volunteers, shifted the boundaries drawn by nature some hundreds of miles further south? And will Bakunin accuse the Americans of a “war of conquest”, which, although it deals with a severe blow to his theory based on “justice and humanity”, was nevertheless waged wholly and solely in the interest of civilization? Or is it perhaps unfortunate that splendid California has been taken away from the lazy Mexicans, who could not do anything with it? That the energetic Yankees by rapid exploitation of the California gold mines will increase the means of circulation, in a few years will concentrate a dense population and extensive trade at the most suitable places on the coast of the Pacific Ocean, create large cities, open up communications by steamship, construct a railway from New York to San Francisco, for the first time really open the Pacific Ocean to civilization, and for the third time in history give the world trade a new direction? The “independence” of a few Spanish Californians and Texans may suffer because of it, in someplaces “justice” and other moral principles may be violated; but what does that matter to such facts of world-historic significance?

Grifo meu. Está muito clara a IRONIA de Engels, ao dizer “esplêndida Califórnia” e “mexicanos preguiçosos”. Como o camarada Cristiano explica no vídeo, Marx usou muitas figuras de linguagem em seus textos; da mesma forma, assim o fez Engels.

Também é dito que Marx era “racista” por ter usado a palavra NIGGER em alguns textos, referindo-se a Ferdnand Lassalle; porém naquela época a palavra não tinha conotação negativa, como tem hoje. E na época o conceito de raças humanas era aceito cientificamente. Não podemos analisar uma época diferente com base em conceitos atuais ou de uma época anterior; assim como também não se analisa outra sociedade com base nos valores da nossa; fazer de tal forma diminui a precisão e correção da análise.

August Nimtz, em seu livro “Marx, Tocqueville, and Race in America : The Absolute Democracy or Defiled Republic”, descrevendo a defesa que Marx faz da abolição da escravidão nos Estados Unidos:

   While Alexis de Tocqueville described America as the absolute democracy, Karl Marx saw the nation as a defiled republic so long as it permitted the enslavement of blacks. August J. Nimtz argues that Marx, unlike Tocqueville, not only recognized that the overthrow of slavery and the cessation of racial oppression were central to democracy’s realization but was willing to act on these convictions. This potent and insightful investigation into the approaches of two major thinkers provides fresh insight into past and present debates about race and democracy in America. (Grifo meu)

Isso faz cair por terra dois mitos de uma vez: “racismo de Marx” e “Marx escravocrata”.

E como Cristiano também nos explica, Marx tinha concepções científicas daquela época, em que a Biologia não era tão desenvolvida quanto hoje, principalmente o campo do evolucionismo. Isso aqui exemplifica:

   Mr Johnson’s policy is less and less to, my liking, too. Nigger -hatred is coming out more and more violently, and he is relinquishing all his power vis-à-vis the old lords in the South. If this should continue, all the old secessionist scoundrels will be in Congress in Washington in 6 months time. Without coloured suffrage nothing can be done, and Johnson is leaving it up to the defeated, the ex-slaveowners, to decide on that. It is absurd. Nevertheless, one must still reckon on things turning out differently from what these barons imagined. After all, the majority of them have been completely ruined and will be glad to sell land to immigrants and speculators from the North. The latter will arrive soon enough and make a good number of changes. I think the mean whites will gradually die out. Nothing more will become of this race; those who are left after 2 generations will merge with the immigrants to make a completely different race.

   The niggers will probably turn into small squatters as in Jamaica. Thus ultimately the oligarchy will go to pot after all, but the process could be accomplished immediately at one fell swoop, whereas it is now being drawn out.

Hoje sabemos que o conceito de raça é errôneo, porém como exigir isso de pessoas do século 19? Nem Marx nem Engels colocavam suas opiniões pessoais em um patamar superior, agregando-as ao socialismo científico. O socialismo científico, o “marxismo”, é uma coisa; a vida pessoal de Marx e Engels, é outra – e tem pouca importância para o comunismo. Ao transformar as questões SECUNDÁRIAS em questões PRIMÁRIAS os anticomunistas deixam claro que não possuem respaldo científico, muito menos argumentos lógicos e sérios, para pelo menos refutarem um pouco do comunismo.

Em 1623, Urbano VIII, amigo de Galileu, torna-se o novo Papa. Na década seguinte, concede a Galileu a oportunidade de escrever um livro dissertando sobre as duas teorias, dando-lhe uma oportunidade de defender o heliocentrismo como uma hipótese. Galileu escreve, então, seu Diálogo sobre os dois grandes sistemas do mundo. O caráter ácido do livro e alguns mal-entendidos levam o Papa a crer que Galileu aproveitou-se da oportunidade para ofendê-lo. A Inquisição, então, julga e condena Galileu a abjurar publicamente suas opiniões. Ademais, Galileu é condenado a prisão domiciliar por tempo indeterminado (durante a qual faleceu) e seus livros são postos no Index Librorum Prohibitorum. Apesar disso, pôde continuar a trabalhar em outros estudos científicos que não estavam relacionados com a defesa da veracidade do heliocentrismo.