Segue um trecho do livro: "O guia politicamento incorreto da história do mundo"
Que fique CLARO que a análise que o escritor fez é moderna, na época a esquerda não tinha ideais estatistas que condiziam com o lucro e algumas privatizações, mas sim com controle total por parte do estado e com fim social, como Marx diz na sua obra "O Capital": Socialismo é o fim da propriedade privada e dos meios de produção.
HITLER, UM SOCIALISTA
Na vitrine de heróis e monstros da história, Adolf Hitler ocupa o manequim do
mais reacionário de todos os tiranos, do político conservador por excelência, do
direitista tamanho XG. A etiqueta “ultradireita” evoca imediatamente a imagem de
políticos nacionalistas radicais da Europa ou de alucinados jovens neonazistas que
desfilam com coturnos, camisetas com suspensório e tatuagens da SS. Existe razão
para essa grife?
Sim. Se “direita” significa “contrário à esquerda”, faz sentido. Os nazistas
estavam claramente no lado oposto ao da esquerda na política da Alemanha dos anos
20 e 30. Seus primeiros aliados eram da direita; seus maiores inimigos, depois dos
judeus, eram os sociais-democratas e os comunistas. E foi pela nomeação de um
conservador, o presidente Paul von Hindenburg, que Hitler chegou ao cargo de
chanceler, em 30 de janeiro de 1933. “Não me deixarei afastar por quem quer que
seja da missão de aniquilar e erradicar o comunismo”, repetia o líder nazista à
exaustão para atrair votos dos eleitores que temiam um regime como o soviético na
Alemanha. De fato, bastaram dois meses de mandato para que cerca de 10 mil
comunistas fossem presos pela polícia.
No parlamentarismo alemão, ainda como hoje, o presidente era o líder de estado, e o chanceler,
equivalente ao cargo de primeiro-ministro, chefe de governo.
No fim de fevereiro de 1933, um jovem comunista holandês ateou fogo no Reichstag, o Parlamento
alemão. Os nazistas encararam o ato como início de um golpe soviético e prenderam cerca de 10 mil
comunistas em poucas semanas.
Mas se os nazistas não morriam de amores pelo pessoal da foice e do martelo,
também acabaram com os conservadores e domesticaram católicos e monarquistas, a
turma que formava a direita tradicional da Alemanha da época. Os principais líderes
conservadores, com quem os nazistas formavam o governo de coalizão, saíram de
cena em 1934, durante a charmosamente batizada “Noite das Facas Longas”. Muitos
deles foram executados pela polícia ou pelos bandos nazistas, como o general Kurt
von Schleicher, que havia sido chanceler em 1932. Hitler estava ainda mais longe dos
liberais, os defensores do livre comércio e do Estado mínimo, o que muita gente
conhece como a direita nos dias de hoje. “O que os nazistas buscavam era uma forma
de comunitarismo anticapitalista, antiliberal e anticonservador”, afirma o ensaísta
americano Jonah Goldberg.
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Alguns líderes católicos e nobres que se opuseram ao nazismo, entre eles membros da família real daBavária, foram parar em campos de concentração ao lado de judeus, comunistas e ciganos.
Na eleição federal de março de 1933, que consagrou a vitória dos nazistas, os partidos liberais tiveram
menos de 4% dos votos.
Repare, por exemplo, nas seguintes reivindicações políticas:
Nós exigimos a divisão de lucros de indústrias pesadas.
Nós exigimos uma ampliação, em larga escala, da proteção social na velhice.
Abolição de rendas não auferidas através do trabalho. Fim da escravidão por juros.
Nós exigimos a criação de uma classe média saudável e sua conservação, a imediata socialização das grandes
lojas de departamento, que deverão ser arrendadas a baixo custo para pequenas empresas, e um tratamento
de máxima consideração a todas as firmas pequenas nos contratos com o governo federal, estadual e
municipal.
Nós exigimos uma reforma agrária adequada às nossas necessidades, uma legislação para desapropriação da
terra com propósitos de utilidade pública, sem indenização, a abolição dos impostos territoriais e a proibição de
toda a especulação com a terra.
O Estado deverá se responsabilizar por uma reconstrução fundamental de todo o nosso programa nacional de
educação, para permitir que todo alemão capaz e laborioso obtenha uma educação superior e
subsequentemente seja encaminhado para posições de destaque. [...] Nós exigimos que o Estado financie a
educação de crianças com excepcionais capacidades intelectuais, filhas de pais pobres, independentemente de
posição ou profissão.
O Estado deve cuidar de elevar a saúde nacional, protegendo a mãe e a criança, tornando ilegal o trabalho
infantil, encorajando o preparo físico por meio de leis que obriguem à prática de ginástica e do esporte, pelo
apoio incondicional a todas as organizações que cuidam da instrução física dos jovens.
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Propostas desse tipo lembram as de políticos brasileiros que dizem lutar pelos
pobres, mas elas vêm da primeira plataforma do Partido Nazista, divulgada em 1920.
191 Jonah Goldberg, Fascismo de Esquerda, Record, 2007, página 82.
192 Jonah Goldberg, páginas 457 a 460.
Ou seja, se Hitler fosse um executivo hoje no Brasil, seria jogado para a esquerda.
E Hitler também dizia em seus discursos: “Nós somos socialistas, nós somos inimigos do sistema econômico capitalista atual de exploração dos economicamente fracos, com seus salários injustos, com sua ultrajante avaliação de um ser humano de acordo com sua riqueza e propriedade ao invés de responsabilidade e comportamento, e nós estamos determinados a destruir esse sistema, custe o que custar”
Fonte: discurso proferido em 1º de maio de 1927, nas comemorações do Dia do Trabalho, conforme mencionado em “Adolf Hitler: The Definitive Briography (1976), de John Toland.
Lembrando também, que Hitler combatia o Marxismo, que era o sistema condizente na URSS. E na época já existiam várias vertentes socialistas, todas criadas no século 19.
Se uma pessoa for incluir hoje o sistema Nazista, claramente seria de esquerda. Mas aí é injusto, né? Nos moldes da época Hitler pegou várias características de ambos os lados e incluiu em seu governo. Fez tanta mistura que hoje o Nazismo é apenas um símbolo, todo mundo quer jogar para algum lado.