Meu conceito de politicamente correto é uma pessoa que age conforme normas gerais de conduta e ideologia estabelecidas e dominantes na sociedade. É aquele que age e pensa mais baseado e motivado por forças de conservação do que de mudança.
Tenho parcelas em minha personalidade de forças de conservação, a parte "careta" falando a grosso modo e outras em que sou mais progressista, quiçá revolucionário.
Sou a favor do aborto em determinadas situações; a favor da legalização da maconha; da união estável jurídica entre pessoas do mesmo sexo (a aceitação da união religiosa fica a critério de cada religião, são dois universos distintos); sou favorável ao fim do voto obrigatório, entre outros.
Também entendo claramente que nem todos precisam de um deus ou de deuses para viver. Acho as religiões como estrutura (não necessariamente como crença) trazendo muito mais prejuízos na história da humanidade do que benefícios.
Creio que essa seria boa parte da minha versão "politicamente incorreta".
Sobre o "politicamente correto", talvez em relação a algumas tradições religiosas que ainda vejo como positivas como o matrimônio, desde que seja consensual e entre pessoas adultas (nota: entendo matrimônio religioso diferente do matrimônio civil, falando da instituição em si); sou contra a política de cotas raciais em universidades (sou a favor de cotas para escolas públicas e ainda assim temporariamente); sou a favor de leis que impedem menores de 16 anos de circular em certos ambientes em determinado horário, entre outros.
E não acho que todos devam ser politicamente corretos, isso fica a critério de cada um, mas, a sociedade precisa de pessoas politicamente incorretas também até mesmo para evoluir e avançar em alguns aspectos. Contudo, nem tudo o que pessoas que tocam em temas considerados tabu dizem ou mesmo o levantamento de temas tabu em espaços inadequados pode ser benéfico, muito pelo contrário a depender da forma, das ideias, do local.
Se todos fossem politicamente corretos, estaríamos numa sociedade de gado manso e adestrado (mais ainda e viva, Zé Ramalho!) e se fosse o oposto, estaríamos vivendo numa sociedade libertina e passível de devorar a si mesma e entender tudo como aceitável e pertinente (quase como uma regressão aos tempos antigos).