Loyal Fangs escreveu: Isso é Fredlorico, e acho que o que você disse realmente se aplica ao que aconteceu no vídeo...
Mas sinto muito, não consigo achar o mesmo quanto a padres pedófilos (claro que não só os "padres", mas só me focando no assunto), ainda mais depois de ter visto ontem o documentário "Deliver us from Evil". E pior, dependendo de onde ele for, simplesmente é mandado para um país distante e nem mesmo terá o "olhar alheio" fazendo esse julgamento. Me arrisco a dizer até que boa parte nem se arrepender vai (ou vai, mas com aquele ar de "ah, mas -x- coisa me levou para esse lado", "era para ser assim", etc...), não rola. E pior ainda é saber que as "vítimas" não são acolhidas. Gostaria de pensar nisso como caso isolado, mas... =/
O que eu escrevi se aplica a todos nós. Quantas vezes, milhões de atitudes boas são todas desconsideradas por causa de um "tropeço na vida".
Bom, acredito que isso fuja um pouco ao tema do tópico (da agressão para a pedofilia), mas eu gostaria fazer algumas observações.
Primeiramente, eu gostaria de deixar bem claro que não estou justificando a atitude dos pedófilos, o que é um crime monstruoso e injustificável. Para mim, todos deveriam ser presos.
Mas, há um pouco de má-fé nesse assunto (não de sua parte, mas na forma como esse tema é abordado).
Eu não assisti esse documentário que você falou. Mas, eu conheço bem a Igreja (já estive em Seminário) e entrei adulto e formado no seminário (já era formado em História quando entrei). Portanto, não era inocente e estava preparado para o que eu poderia ver, já que eu não baseava a minha vocação nesse tipo de coisa. O curioso foi que tudo o que eu ouvia falar (pedofilia, homossexualismo, bagunça), nada se confirmou. Eu, por exemplo, acordava cedo, rezava muito e estudava muuuiiiito (cerca de 8 horas por dia). E eu posso afirmar, pelo que eu conheci, que a maioria trabalha bastante e é comprometida. Mas, há o outro lado, que eu vou falar.
A carência afetiva é um dos problemas mais difíceis de se lidar. Todos estamos sujeitos a isso. Eu vi alguns amigos se envolverem emocionalmente com algumas mulheres. Aí, faziam a seguinte pergunta: "você quer continuar". Ou seja, o cara não é preso dentro da Igreja. Ele tem a escolha de sair. Se ele opta por continuar e, depois disso, continua dando mancada, aí a culpa é dele, não concorda? O problema que muitos optam por continuar por comodismo, mas, depois, continuam buscando relacionamentos por carência ou por que querem mesmo. Mas, a maioria deixa, e vai constituir família.
Sobre a pedofilia, que você citou. Repito, não assisti esse documentário, mas posso imaginar o conteúdo. Bom, o maior problema é que, com o sensacionalismo em cima do tema, estamos todos com a impressão que esse é um problema generalizado. O padre de minha paróquia, uma pessoa muito boa, vive repetindo: "hoje, eu tenho medo de abraçar uma criança e ser mal interpretado". Esse problema é muito comum nos Estados Unidos, não só com os padres, mas com os professores. Eles tem medo até de se aproximar das crianças na sala de aula.
A questão é que esse problema se agravou, principalmente, por dois fatores, na minha opinião (sem ser reducionista):
1º Muitos pedófilos se aproveitam da Igreja ter instituições que cuidam de crianças e se utilizam dos votos como disfarce para não contrair matrimônio. No seminário, os estudantes tem contato com psicólogos, estudam, tem diretor espiritual, mas nenhum deles é adivinho para saber se ele está mentindo. E, tem sempre aqueles que mentem. Eu mesmo, conheci pessoas que entraram só para estudar, e ninguém nunca desconfiou. Há também pessoas mal intencionadas ou inescrupulosas, como em todo lugar.
2º Omissão de muitos bispos que, com medo de perder o clero de sua diocese, ou mesmo tentando ser caridoso, dando uma chance, ou até mesmo, fechando os olhos para o problema, transferem o padre para outra paróquia, achando que isso irá resolver o problema, sem procurar a justiça ou o devido tratamento psicológico/psiquiátrico. Mas, muitos bispos sérios, simplesmente, suspendem o sacerdote do uso da ordem (tira ele do cargo de padre). E isso acontece bastante, mas nunca é divulgado. Tem casos até de mandar para a polícia. Queria que todos tivessem essa atitude, mas não é assim.
Quero deixar bem claro que não estou justificando tal atitude. Na minha opinião, deveriam todos pagar pelo crime e receber tratamento psiquiátrico. Também não poderiam permanecer, já que isso prova que eles não estão no lugar certo (se bem que nem sempre um caso de pedofilia se refere à compulsão sexual - é mais complexo. Afinal, existem pais de família - e com uma incidência de casos muito maior do que de padres - que abusam dos próprios filhos, o que mostra que o problema da pedofilia não é causado apenas por falta de sexo, sendo passível de tratamento psicológico).
Agora, a conclusão é uma só. A categoria inteira está pagando por esses casos, como se todos fossem criminosos, e é isso o que nós não podemos fazer. A maioria é boa e bem intencionada, isso eu comprovei (os meus superiores sempre foram pessoas íntegras). Não podemos julgar a grande maioria pelo erro (gravíssimo) de alguns (mesmo que não sejam apenas "alguns").