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Olá a todos.

Recentemente dois casos tomaram muita repercussão, um deles inclusive sendo debatido e comentado aqui no Fórum: o caso do estupro coletivo no RJ e a suposta agressão de Johnny Depp à sua ex-esposa. Devido à velocidade com a qual as informações se propagam, muito antes de qualquer investigação sobre os casos ter sido iniciada, a internet já dava o veredito: garota foi estuprada por quase 40 homens e o ator e cantor Johnny Depp agrediu sua ex-esposa, Amber Heard. É claro que não nos surpreendemos com o acontecido, mas o que venho levantar aqui é o quão perigosa a internet vem sendo neste (e somente neste) âmbito.

Nenhum dos casos recebeu um veredito final, mas ambos começaram a apresentar outro lado. Muitas fontes apontam que o estupro não ocorreu, e que, se ocorreu, não foi minimamente igual ao inicialmente narrado. A menina não foi machucada, segundo os laudos, havia planejado o sexo grupal como sempre fizera, segundo relato testemunhal, e era comum seu envolvimento neste meio, com traficantes, baladas, e etc. Portanto, uma das únicas acusações restantes é que se ela foi dopada e continuaram o ato sexual em rodízio, foi estupro da mesma forma, tendo ela consentido quando consciente ou não. Acontece que, segundo relato testemunhal também, ela tinha costume de usar drogas, podendo ela mesmo ter se dopado; já no caso de Johnny Depp, que em primeira mão parecia quase certa sua veracidade, o relato de testemunhas diversas parecem mudar tudo. Todas as ex do ator entraram em defesa dele, bem como a filha, relatando que este sempre fora uma pessoa extremamente calma, dócil e amável, sequer levantando a voz em discussões. Já os seguranças, que serão testemunhas oficiais ainda, disseram que só entraram na casa (ato que, segundo eles, "levou um segundo") ao ouvir ela gritando para ele parar de bater nela, e viram Johnny na cozinha, enquanto Amber estava na sala, a pelo menos 20 passos um do outro. Segundo as testemunhas, teria sido impossível a agressão, indicando que Amber mentiu.

Eu não estou dizendo que com certeza as acusações são falsas, estou dizendo que, se já havia a possibilidade de serem antes, já que não somos juízes, não somos instâncias competentes para julgar algo de maneira justa e embasada, agora as chances de que sejam falsas são muito maiores. Ainda assim, mensagens de ódio e movimentos no Twitter, Facebook, Youtube e etc foram enormes, condenando imediatamente ambos os acusados. Nós já passamos por isso antes, diversas vezes, como com Michael Jackson, que jamais foi provado culpado das acusações de abuso sexual. Se ele é culpado ou não, se Johnny Depp é culpado ou não, como sabermos? A justiça em si não provou nada ainda, em nenhum dos casos, e ainda assim os ataques aos acusados são massivos. A questão é: e se forem, assim como em muitos outros casos, acusações falsas? Os danos causados por essa massificação na internet podem ser irreversíveis

Pegarei como exemplo um caso próximo a mim. Há não muito tempo, ocorreu em minha pacífica cidade um brutal assassinato de uma jovem, e isto chocou a cidade inteira. Essa jovem foi assassinada pelo dono de uma agência de modelo, agência esta que empregava meu irmão mais velho, e, como é de se esperar, havia diversas fotos dele junto do dono e de outras pessoas, dentre mais um dos acusados de cumplicidade. O que ocorreu é que a TV Record confundiu a informação (dada por internet por outro site) e divulgou meu irmão como o cúmplice do dono, amante deste, que teria sido imprescindível no planejamento do homicídio. As pessoas da cidade entraram e destruíram uma das lojas locais da agência, em protesto, e é de se imaginar o que teriam feito se por exemplo o grupo tivesse encontrado meu irmão na rua, que na hora noticiada tanto em rede nacional como no site, caminhava livremente da casa para o trabalho. Ele poderia ter sido linchado, morto talvez, e demoramos muito para consertar a situação.

A questão do tópico é: o descontrole das informações na internet pode ser desastroso. Pesquisas já mostraram que informações falsas na internet são uma das coisas mais perigosas do mundo na atualidade, e só tende a se intensificar. Portanto, como controlar isso? Como lidar com tal? Quantas reputações serão destruídas ao longo do tempo, até que se prove o contrário? Percebam ainda que muitas cicatrizes são deixadas, até hoje muitas pessoas acreditam que Michael Jackson era um pedófilo, mesmo tendo sido inocentado pela justiça. O que faria uma pessoa, como meu irmão, que não dispõe de seguranças o tempo todo e jamais poderia se defender tivesse sido encontrado no momento pós-noticiado? 

Comentem o que pensam disso, e se teria alguma forma de tentar remediar essa política que inverte o ônus da prova e coloca todos como culpados até que se provem inocentes, e não o contrário.

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Sim, Kakau. Com o advento da Internet e cada vez mais pessoas tendo acesso à ela, aconteceu e acontece um fato muito interessante e muitas vezes perigoso: O Mundo se encheu de "pseudo" jornalistas e comentaristas. A informação hoje anda a passos largos. Na verdade, a Gama de informações sobre o mesmo assunto é muito grande e com isso esses "pseudo" jornalistas se manifestam de diferentes formas.

Parece que a Internet passa uma sensação de impunidade e as pessoas se sentem no direito de escreverem o que bem querem, sem se preocupar com a averiguação da verdade, mas para satisfazer seus egos.

Porém, isto não é um fenômeno somente Cibernético. A Mídia, antes da Internet, também cometia atos falhos de mesma natureza. Me lembro de um caso em uma Creche em São Paulo onde uma das crianças disse aos pais que teria sofrido um suposto estupro. Os pais preocupados, procuraram imediatamente a Polícia e esta fez sua parte: chamou outros pais e os donos da creche para apurar o caso.

Psicólogos e psiquiatras Forenses foram chamados para avaliaren o perfil psicológico das crianças afim de identificarem traços de abuso sexual. Pois bem, neste meio tempo, a Mídia divulgou o caso e a população indignada foi a creche e na casa dos donos dela e tentaram fazer justiça com as próprias mãos.

Passado alguns dias, ficou constatado que tudo havia sido um engano, que era um fato distorcido pelos pais da criança que havia imaginado determinada situação e os pais, de maneira inconsciente, ao indagarem ao filho sobre o ocorrido, acabaram por induzir a criança à mentir. Porém, a esta altura, a mídia já noticiava que os donos da creche, supostos pedófilos, eram criminosos e blá blá blá.

Quando a verdade veio à tona, ninguém deu muita importância. Resultado: acabaram literalmente com a vida e a paz de um casal de trabalhadores.

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Kakau, nos somos a geração HyperLink, somos uma geração que teve mais acesso a informação até a atual momento da história, por exemplo, posso estar aqui no forum, mas vendo um documentário sobre primatas, ouvindo um podcast sobre filmes franceses e com o celular na pagina do senado federal, tantas coisas ao mesmo tempo, mas a questão é será que tudo é superficial? Será que eu estou realmente absorvendo algo profundamente? Esta é a questão, da mesma forma que se absorve informação rapidamente somos capazes de propagar, em outras palavras, distribuir informação e milhares de pessoas de pessoas terem acesso, mas como eu, elas não se aprofundam.

Então imagine, eu posso dizer que vi um disco voador, alguém lê e compartilha por exemplo, se for feito isso em massa em breve vamos ter algum site dizendo que tem disco voador aqui em Minas Gerais, mas em momento algum alguém verificou se a informação ou a fonte são verídicas.

De outra ponta temos os sites de informação, que vivem de cliques, a novidade atrai, falar sobre o tema do momento é mais importante que aprofundar, rende mais cliques uma história dramatizada ou chocante que algum debate profundo, mas não tem solução rápida, temos que parar e nos aprofundar, debater, conversar, e é isso ai.

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No caso do estupro coletivo, temos que nos ater apenas ao que temos de concreto por enquanto: O vídeo em si já se configura crime de estupro pela nossa legislação, além de cybercrime, então não tem muito o que discutir nesse aspecto.

O que precisa ser apurado, são quais os outros tipos (se houve de fato) de atentados que foram praticados contra a moça, dentre outras coisas que não se tem muito conhecimento ainda.

De toda forma, essa história é muito estranha pra se tirarem tanto juízo assim do acontecido, e o histórico de "indignações coletivas" que temos no país já culminou em situações lastimáveis, que o diga o caso da Escola Base em 1994 e o acontecido com a mulher do Guarujá em 2014.
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