Oras, meu querido, todos somos o que somos, acontece que se alguém acha que é algo, independentemente de estar certo ou não, não adianta perguntar isto. Pergunte para um arrogante se ele se acha esperto, e por mais que não seja, ele acha que é, e, portanto, dirá que sim. Enfim, esta análise deve ser feita por outra pessoa, de nada adianta quando você pergunta para o próprio indivíduo.
Quanto à última pergunta, todos podemos ser lidos, a questão é o quanto. Quanto a ser "vestido", isto também depende do quanto pode-se ser lido ou não, afinal, há um complexo encontro de três fatores, sendo eles, respectivamente, o que somos, o que demonstramos, e o que entendem disso. Percebe-se, portanto, que é uma pergunta que não depende só do indivíduo que responde, mas também do indivíduo que interpreta, em outras palavras, para cada pessoa o indivíduo daria uma resposta diferente.
Voltando um pouco à pergunta que critiquei, somos seres livres, moldados portanto por nossas ações. Então se sou algo para fora, eu sou, e acabou, sem mais. Somos livres para decidir sobre nossas ações, podendo nós portanto definir o que somos. Se eu sou assim porque ajo de tal modo, poderia ser de outra maneira se quisesse, bastando que para isso eu agisse diferentemente. Sei que muitos acreditam que somos todos de uma forma específica e de natureza, de modo que não se daria para lutar contra, mas a verdade é que somos o que fazemos, e, portanto, somos o que queremos. Claro que é importante salientar que quem diz ou demonstra ser o que não é, não se encaixa aqui, e explico melhor se precisar, mas em suma, deve-se distinguir daqui os maus interpretadores de si mesmos.