Acho que afogado, além de menos doloroso seria até poético. Vejam abaixo sz
Jorge de Lima - A morte da louca :
Onde andarás, louca, dentro da tempestade?
És tu que ris, louca?
Ou será a ventania ou algum estranho pássaro desconhecido?
Boiarás em algum rio, nua coroada de flores?
Ou no mar a medusa e as estrelas palparão os teu seios e tuas coxas?
Louca, tu que foste possuída pelos vagabundos sob as pontes dos rios,
estarás sendo esbofeteada pelas grandes forças naturais?
Algum cão lamberá os teus olhos que ninguém se lembrou de beijar?
Ou conversarás com a ventania como se conversasses com tua irmã mais velha?
Ou te ris do mar como de um companheiro de presídio?
Onde andarás, louca, dentro da tempestade?
Estarão as gaivotas surpresas diante do estranho corpo adormecido na morte?
Se estás morta, começaste a viver, louca!
Se estás mutilada começaste a ser recomposta na grande Unidade!
Onde andarás, louca, dentro da tempestade?
Alphonsus de Guimarães - Ismália :
Quando Ismália enlouqueceu,
Pôs-se na torre a sonhar...
Viu uma lua no céu,
Viu outra lua no mar.
No sonho em que se perdeu,
Banhou-se toda em luar...
Queria subir ao céu,
Queria descer ao mar...
E, no desvario seu,
Na torre pôs-se a cantar...
Estava perto do céu,
Estava longe do mar...
E como um anjo pendeu
As asas para voar...
Queria a lua do céu,
Queria a lua do mar...
As asas que Deus lhe deu
Ruflaram de par em par...
Sua alma subiu ao céu,
Seu corpo desceu ao mar...