Morpheus: — Eu imagino que você esteja se sentindo um pouco como a Alice entrando pela toca do coelho.
(Neo está meio assustado e ao mesmo tempo se revela curioso)
Neo: — Você tem razão.
(Morpheus sorri e brinca com descuido com uma pequena caixa de metal entre seus dedos)
Morpheus: — Eu vejo nos seus olhos. Você tem o olhar de um homem que aceita o que vê porque está esperando acordar. Ironicamente não deixa de ser verdade. Você acredita em destino, Neo?
(Neo olha meio sem entender para Morpheus)
Neo: — Não.
(Já com a cara séria, Morpheus retruca)
Morpheus: – Por que não ?
(De maneira rápida, Neo responde)
Neo: — Não gosto de pensar que não controlo a minha vida.
(Ainda sorridente, Morpheus continua, só que ao longo da conversa seu tom de voz fica mais sério)
Morpheus: — Sei exatamente o que você quer dizer. Vou te contar o motivo de você estar aqui: você sabe de algo. Não sabe explicar o quê. Mas você sente. Você sentiu a vida inteira: há algo errado com o mundo. Você não sabe o que é, mas há. Como um zunido na sua cabeça te enlouquecendo. Foi esse sentimento que te trouxe até mim. Você sabe do que estou falando?
(Neo com uma cara meio de aturdido responde quase sem voz)
Neo: — Da Matrix ?
(Troveja lá fora)
Morpheus: — Você deseja saber o que ela é?
(Já aparentando um pouco de medo, Neo fala bem baixo)
Neo: — Sim.
(Morpheus passa a encarar Neo)
Morpheus: — A Matrix está em todo lugar. À nossa volta. Mesmo agora, nesta sala. Você pode vê-la quando olha pela janela ou quando liga sua TV; você a sente quando vai para o trabalho, quando vai à igreja, quando paga seus impostos... — É o mundo que foi colocado diante de seus olhos para que você não vise a verdade.
(O rosto de Neo revela confusão)
Neo: – Que verdade?
(Sem alterar o tom de voz e ainda mantendo o olhar fixo para Neo, Morpheus fala):
Morpheus: — Que você é um escravo. Como todo mundo, você nasceu num cativeiro, nasceu numa prisão que não pode sentir ou tocar. Uma prisão para sua mente. Infelizmente, é impossível dizer o que é Matrix. Você tem que ver por si mesmo. Esta é a última chance. Depois não há como voltar.
(Sem pensar duas vezes Neo parte para tomar a pílula vermelha e antes que o faça Morpheus diz):
Morpheus: — Se tomar a pílula azul a história acaba e você acordará na sua cama acreditando no que quiser acreditar. – Se tomar a pílula vermelha ficará no País das Maravilhas e eu te mostrarei até onde vai a toca do coelho.
(De novo Neo vai em direção de pegar a pílula vermelha e Morpheus dá o que será sua última advertência):
Morpheus: — Lembre-se tudo o que ofereço é a verdade. Nada mais.