Mais de 50 milhões de unidades do PlayStation 4 foram vendidas mundialmente. O console atual da Sony é um sucesso massivo e tem a liderança isolada do mercado em termos de vendas e popularidade. Então por que parece que 2016 foi um ano tão emburacado?
Entre a turbulenta chegada do PlayStation 4 Pro - um produto que causou muita preocupação desnecessária, já que no final do dia é totalmente dispensável -, o atraso de todos os grandes jogos que estavam agendados para o fim de ano, o fiasco de No Man's Sky e as duras críticas a serviços como o PlayStation Now e PlayStation Plus, que aumentou de preço sem melhorar a qualidade dos jogos oferecidos mensalmente, a Sony teve um 2016 complicado. Pela primeira vez desde 2013, ela começou a vacilar de maneiras que lembravam a antiga da Sony, que achou que lançar o PlayStation 3 por US$ 600 era uma boa ideia.
Jogos, jogos, jogos
O lado interessante da situação é que, de todas as três grandes fabricantes, a Sony é a única que depende totalmente de si. Enquanto a Nintendo tem que lançar um conceito totalmente novo com o Switch e a Microsoft encara um desafio complexo com o Scorpio, a empresa de Kaz Hirai não precisa lançar novos produtos ou mudar sua marca totalmente. O nome PlayStation é praticamente um sinônimo de video games agora e nenhum catálogo de exclusivos movimenta tantas vendas hoje em dia quanto o do PS4. Todas as ferramentas estão lá, resta à corporação japonesa usá-las da maneira certa. Isso começa com o principal elemento de todo console: jogos.
2017 começa com força para o PS4. Em janeiro temos Resident Evil 7: biohazard, que apesar de ser multiplataforma está sendo comercializado sempre com associação ao PlayStation - especialmente por conta do PlayStation VR - e Gravity Rush 2, o primeiro exclusivo do ano. Já em fevereiro temos um dos principais títulos para o console até agora, Horizon Zero Dawn. Março trará NieR: Automata e então, em abril, chega Persona 5, novo jogo em uma franquia que está prestes a explodir. Apenas dois desses games podem ser considerados grandes armas - RE7 e Horizon - enquanto o resto é classificado como nichos, mas de qualquer forma é um bom primeiro semestre. Os problemas vêm depois.
Desde o lançamento do PlayStation 4, o principal problema da Sony é lançar jogos. Sim, seu catálogo é grande, mas a espera para jogá-los é maior ainda. God of War, Spider-Man, Days Gone, Detroit: Become Human e Dreams (que foi anunciado há séculos) nem tem previsão de lançamento. The Last of Us Parte II, Death Stranding e Final Fantasy VII Remake são jogos de 2018 no mínimo, e isso já uma aposta otimista. Em outras palavras, os donos do console vão viver o resto do ano com Gran Turismo Sport e jogos japoneses como Ni No Kuni 2 e Ace Combat 7.
Não me entendam errado, Ace Combat e Ni No Kuni estão entre os meus jogos mais aguardados para o ano, mas eles não têm o apelo de mercado que os outros títulos citados têm. Gran Turismo já foi um titã, mas num mundo onde Forza fica melhor a cada ano, sua força já não é mais a mesma.
Isso não significa que o PS4 está ferrado. 2015 e 2016 vieram e passaram sem que a Sony lançasse um grande exclusivo no fim de ano fora The Last Guardian e o console continuou vendendo como água graças a acordos com publishers na hora de fazer o marketing de novos lançamento. Este ano, com um novo Call of Duty, Destiny 2, Star Wars: Battlefront 2 e, claro, Red Dead Redemption 2, esses contratos de parceria serão mais importantes do que nunca. Mas cada vez mais, o Xbox One está encostando no PlayStation e ameaçando seu domínio.
Clareza e firmeza
É improvável que o One alcance o PlayStation 4 em termos de vendas totais mas graças aos erros pontuais da Sony como o PS4 Pro e acertos da Microsoft como a retrocompatibilidade, o díalogo não é mais o mesmo. Já dizia Don Draper, "se você não gosta do que está sendo dito, mude a conversa." A MS está fazendo exatamente isso com o Xbox. A percepção de que um console era totalmente superior ao outro está praticamente acabada. Isso pode não fazer diferença no relatório financeiro - que é a única coisa que importa para os homens de gravata, vamos ser honestos - mas o público que garantiu o sucessos da plataforma liderada por Uncharted 4 foram justamente as pessoas que respiram video games, que acessam o NeoGAF e que não ligam para ver TV ou esportes no lugar onde jogam.
Essas pessoas querem novos jogos. Essas pessoas vão falar para seus parentes que querem um console como o PlayStation 4 é ótimo. Elas não são a maioria silenciosa que movimenta a maior parte das vendas, mas são a minoria vocal que faz a diferença nas trincheiras. O poder da Sony é que ela tem os jogos certos e as desenvolvedoras certas - a Naughty Dog e Kojima Productions garantem vendas apenas com seu logos - para dominar tranquilamente o resto dessa geração, mas se ela não tomar cuidado, os próximos anos podem ser mais tumultuosos do que ela gostaria.
Em outras palavras, é hora de voltar ao discurso que garantiu o sucesso do PS4 no começo de sua vida. Sim, ele tem Netflix e Amazon Prime. Sim, você pode transmitir sua jogatina pelo YouTube e Twitch. Mas o tesouro, o real tesouro, são os jogos como God of War e Spider-Man. A maior parte dos exclusivos já anunciados não passa de uma promessa no momento. Alguns só apareceram em trailers CG, outros tiveram poucos minutos de gameplay, e há aqueles que nem tem título oficial ainda. Days Gone pode ser um título de 2017 ou o próximo The Last Guardian. O roteiro dos próximos anos da Sony está completamente nublado. Este ano, é hora de começar a colocar datas nas coisas e se manter fiel a elas.
Esses jogos são ótimas ideias, mas precisam ser executadas. O hype só te leva até certo ponto. Com eventos como E3 e a PlayStation Experience, a fabricante japonesa está na posição perfeita para mapear os próximos anos do PS4. É hora de levantar a voz e dizer "se você ficar conosco pelos próximos anos, vai poder jogar isso em 2017, aquilo em 2018 e por aí vai." Ninguém gera tanta atenção com suas conferências quanto a Sony, especialmente nos últimos dois anos, mas por trás de todas as luzes e gráficos bonitos, muitas vezes falta uma fundação sólida. Isso tudo pode mudar rapidamente, basta ter clareza e se manter firme nos compromissos.
Sucesso não pode gerar arrogância
Se há um adjetivo perfeito para descrever a Sony de 2016, é arrogante. Aumentar o preço da PlayStation Plus sem justificar esse aumento do outro lado e lançar o PlayStation 4 Pro acreditando que todos iam comprá-lo simplesmente porque era um produto novo são evidências claras disso. Sim, o PS4 é o líder isolado do mercado, mas isso não garante o direito de agir de uma forma que parece simplesmente descartar a opinião e críticas da sua comunidade. Uma pitada de autoconfiança ajuda às vezes, mas só se houver humildade antes.
Todas as peças estão ali. As grandes desenvolvedoras, as franquias de peso e o reconhecimento. A Sony tem tudo que precisa para ter um ótimo 2017, ao ponto de que alguns vacilos aqui e ali ainda não serão o suficiente para abalar sua fortaleza. Mas isso não significa que é hora de relaxar. O benefício de ter um mercado competitivo é que as empresas têm que estar sempre ligadas, e com uma Microsoft que a cada dia aprende mais com seus erros, não é hora de começar a dormir.
Entre a turbulenta chegada do PlayStation 4 Pro - um produto que causou muita preocupação desnecessária, já que no final do dia é totalmente dispensável -, o atraso de todos os grandes jogos que estavam agendados para o fim de ano, o fiasco de No Man's Sky e as duras críticas a serviços como o PlayStation Now e PlayStation Plus, que aumentou de preço sem melhorar a qualidade dos jogos oferecidos mensalmente, a Sony teve um 2016 complicado. Pela primeira vez desde 2013, ela começou a vacilar de maneiras que lembravam a antiga da Sony, que achou que lançar o PlayStation 3 por US$ 600 era uma boa ideia.
Jogos, jogos, jogos
O lado interessante da situação é que, de todas as três grandes fabricantes, a Sony é a única que depende totalmente de si. Enquanto a Nintendo tem que lançar um conceito totalmente novo com o Switch e a Microsoft encara um desafio complexo com o Scorpio, a empresa de Kaz Hirai não precisa lançar novos produtos ou mudar sua marca totalmente. O nome PlayStation é praticamente um sinônimo de video games agora e nenhum catálogo de exclusivos movimenta tantas vendas hoje em dia quanto o do PS4. Todas as ferramentas estão lá, resta à corporação japonesa usá-las da maneira certa. Isso começa com o principal elemento de todo console: jogos.
2017 começa com força para o PS4. Em janeiro temos Resident Evil 7: biohazard, que apesar de ser multiplataforma está sendo comercializado sempre com associação ao PlayStation - especialmente por conta do PlayStation VR - e Gravity Rush 2, o primeiro exclusivo do ano. Já em fevereiro temos um dos principais títulos para o console até agora, Horizon Zero Dawn. Março trará NieR: Automata e então, em abril, chega Persona 5, novo jogo em uma franquia que está prestes a explodir. Apenas dois desses games podem ser considerados grandes armas - RE7 e Horizon - enquanto o resto é classificado como nichos, mas de qualquer forma é um bom primeiro semestre. Os problemas vêm depois.
Desde o lançamento do PlayStation 4, o principal problema da Sony é lançar jogos. Sim, seu catálogo é grande, mas a espera para jogá-los é maior ainda. God of War, Spider-Man, Days Gone, Detroit: Become Human e Dreams (que foi anunciado há séculos) nem tem previsão de lançamento. The Last of Us Parte II, Death Stranding e Final Fantasy VII Remake são jogos de 2018 no mínimo, e isso já uma aposta otimista. Em outras palavras, os donos do console vão viver o resto do ano com Gran Turismo Sport e jogos japoneses como Ni No Kuni 2 e Ace Combat 7.
Não me entendam errado, Ace Combat e Ni No Kuni estão entre os meus jogos mais aguardados para o ano, mas eles não têm o apelo de mercado que os outros títulos citados têm. Gran Turismo já foi um titã, mas num mundo onde Forza fica melhor a cada ano, sua força já não é mais a mesma.
Isso não significa que o PS4 está ferrado. 2015 e 2016 vieram e passaram sem que a Sony lançasse um grande exclusivo no fim de ano fora The Last Guardian e o console continuou vendendo como água graças a acordos com publishers na hora de fazer o marketing de novos lançamento. Este ano, com um novo Call of Duty, Destiny 2, Star Wars: Battlefront 2 e, claro, Red Dead Redemption 2, esses contratos de parceria serão mais importantes do que nunca. Mas cada vez mais, o Xbox One está encostando no PlayStation e ameaçando seu domínio.
Clareza e firmeza
É improvável que o One alcance o PlayStation 4 em termos de vendas totais mas graças aos erros pontuais da Sony como o PS4 Pro e acertos da Microsoft como a retrocompatibilidade, o díalogo não é mais o mesmo. Já dizia Don Draper, "se você não gosta do que está sendo dito, mude a conversa." A MS está fazendo exatamente isso com o Xbox. A percepção de que um console era totalmente superior ao outro está praticamente acabada. Isso pode não fazer diferença no relatório financeiro - que é a única coisa que importa para os homens de gravata, vamos ser honestos - mas o público que garantiu o sucessos da plataforma liderada por Uncharted 4 foram justamente as pessoas que respiram video games, que acessam o NeoGAF e que não ligam para ver TV ou esportes no lugar onde jogam.
Essas pessoas querem novos jogos. Essas pessoas vão falar para seus parentes que querem um console como o PlayStation 4 é ótimo. Elas não são a maioria silenciosa que movimenta a maior parte das vendas, mas são a minoria vocal que faz a diferença nas trincheiras. O poder da Sony é que ela tem os jogos certos e as desenvolvedoras certas - a Naughty Dog e Kojima Productions garantem vendas apenas com seu logos - para dominar tranquilamente o resto dessa geração, mas se ela não tomar cuidado, os próximos anos podem ser mais tumultuosos do que ela gostaria.
Em outras palavras, é hora de voltar ao discurso que garantiu o sucesso do PS4 no começo de sua vida. Sim, ele tem Netflix e Amazon Prime. Sim, você pode transmitir sua jogatina pelo YouTube e Twitch. Mas o tesouro, o real tesouro, são os jogos como God of War e Spider-Man. A maior parte dos exclusivos já anunciados não passa de uma promessa no momento. Alguns só apareceram em trailers CG, outros tiveram poucos minutos de gameplay, e há aqueles que nem tem título oficial ainda. Days Gone pode ser um título de 2017 ou o próximo The Last Guardian. O roteiro dos próximos anos da Sony está completamente nublado. Este ano, é hora de começar a colocar datas nas coisas e se manter fiel a elas.
Esses jogos são ótimas ideias, mas precisam ser executadas. O hype só te leva até certo ponto. Com eventos como E3 e a PlayStation Experience, a fabricante japonesa está na posição perfeita para mapear os próximos anos do PS4. É hora de levantar a voz e dizer "se você ficar conosco pelos próximos anos, vai poder jogar isso em 2017, aquilo em 2018 e por aí vai." Ninguém gera tanta atenção com suas conferências quanto a Sony, especialmente nos últimos dois anos, mas por trás de todas as luzes e gráficos bonitos, muitas vezes falta uma fundação sólida. Isso tudo pode mudar rapidamente, basta ter clareza e se manter firme nos compromissos.
Sucesso não pode gerar arrogância
Se há um adjetivo perfeito para descrever a Sony de 2016, é arrogante. Aumentar o preço da PlayStation Plus sem justificar esse aumento do outro lado e lançar o PlayStation 4 Pro acreditando que todos iam comprá-lo simplesmente porque era um produto novo são evidências claras disso. Sim, o PS4 é o líder isolado do mercado, mas isso não garante o direito de agir de uma forma que parece simplesmente descartar a opinião e críticas da sua comunidade. Uma pitada de autoconfiança ajuda às vezes, mas só se houver humildade antes.
Todas as peças estão ali. As grandes desenvolvedoras, as franquias de peso e o reconhecimento. A Sony tem tudo que precisa para ter um ótimo 2017, ao ponto de que alguns vacilos aqui e ali ainda não serão o suficiente para abalar sua fortaleza. Mas isso não significa que é hora de relaxar. O benefício de ter um mercado competitivo é que as empresas têm que estar sempre ligadas, e com uma Microsoft que a cada dia aprende mais com seus erros, não é hora de começar a dormir.
FONTE: https://omelete.uol.com.br/games/artigo/o-que-esperar-da-sony-em-2017/