Scans da Entrevista :
TRADUÇÃO - Entrevista Jump Festa 2017: Masashi Kishimoto
SJ: Como tem sido sua vida desde a conclusão de Naruto? Você conseguiu sair em lua de mel?
KS: Sim, eu tenho pegado leve. Eu consegui fazer uma viagem como uma Lua de Mel, mas foi no Japão. Nós fomos ver o Mt. Fuji. Eu não o tinha visto apropriadamente antes. Também tivemos outro filho, então isso me manteve ocupado.
SJ: Como criador original, como se sente ao ler Boruto todo mês?
KS: Estou afastado dele, mas eu verifico todo capítulo enquanto está sendo feito então ainda sou parte da equipe. Por ainda estar envolvido, não consigo realmente olhar do ponto de vista de um fã, principalmente já que a história atual ainda é adaptada do roteiro de filme que eu criei.
SJ: Pode nos falar sobre as diferenças entre Boruto e Naruto como personagens?
KS: Naruto age sem pensar, e ele é gentil e bruto. Ele é um clássico maroto. Já Boruto, bem, eu não diria que ele é preguiçoso – ele é mais refinado que isso. É mais como se ele soubesse todos os atalhos. Ele é astuto. Ele é mais maduro em termos de saber como o mundo funciona. E Boruto é o mais sarcástico dos dois. Naruto é mais direto – ele grita o que está sentindo. Tem uma grande diferença.
SJ: Às vezes quando uma série de mangá introduz os filhos dos personagens principais, eles terminam sendo clones dos originais. Isso era algo que o preocupava?
KS: Sim, era. Parte disso é porque se os personagens não forem parecidos, se não forem um pouco como clones, pode ser difícil expressar quem são. E eu tenho alguns que são bastante como clones. Shikadai é muito como seu pai. E alguns dos novos personagens são combinações de seus pais, como Cho-Cho. Com mangá, as vezes você vai acabar tendo personagens com arquétipos como estes.
SJ: O que podemos esperar do anime Boruto que está por vir?
KS: Enquanto caminhava, a história de Naruto foi se tornando mais introspectiva, sombria e mais sombria. Então para Boruto, eu quero que seja um pouco mais alegre e divertido. Algo que as meninas e meninos mais jovens também possam apreciar.
SJ: Mas o começo do volume 1 mostra alguns enredos futuros bem sombrios.
KS: É verdade. Eu queria que o começo do mangá fosse alegre, mas também queria mostrar que há revelações sombrias por vir para captar a atenção do leitor.
SJ: O que te anima em criar uma nova série como Boruto?
KS: Há vários personagens que ainda não apareceram em Boruto, então estou animado com o drama envolvendo eles.
SJ: Quais as preocupações quando se começa uma nova série de mangá após concluir uma que foi um enorme sucesso?
KS: Em Boruto, por causa de tudo que já foi feito em Naruto, você não pode evitar que algumas coisas se repitam. Então me preocupo com a história ser muito similar. E com Naruto e Sasuke se tornando tão fortes e as batalhas ficando maiores e maiores, agora temos crianças lutando, então a escala vai parecer menor. Eu não quero que pareça que há algo faltando, então o foco tem que ser em expressar as coisas de maneira diferente ou pensar em ideias novas. Esses problemas me preocupam.
SJ: E quanto a uma série completamente nova?
KS: Já para uma série nova, não me preocupo em ter que superar Naruto. Nunca esperei que Naruto chegasse a ser tão popular, então eu acho que não há sentido em se preocupar com isso. Mas para minha próxima série, terei toda a experiência de como fazer as coisas que ganhei com Naruto. E não penso em mim como uma pessoa importante por ter criado Naruto ou nada do tipo, então não há pressão para o próximo. Não posso esquecer de Naruto, mas se preocupar com isso não leva a nada. Apenas preciso focar no que quer que seja em que esteja trabalhando no futuro.
SJ: Um dos mangás mais populares da VIZ é Naruto: Chibi Sasuke’s Sharingan Legend. O que você pensa das piadas maravilhosas que Taira-sensei cria?
KS: É, suas piadas as vezes parecem um pouco maduras para crianças. [risos] Eu achei que ele talvez tivesse ido um pouco longe demais com as coisas do Hidan, mas eu aprecio a forma como ele pensa em coisas que eu nunca pensaria.
SJ: Ler a série faz você sentir que ele realmente ama Naruto.
KS: Sim, ele é um ex-membro da minha equipe, e ele realmente gosta do que faz. Além disso, eu disse a ele que ele poderia fazer o que quisesse, então espero que ele enlouqueça mais ainda.
Mas, seria legal se ele pudesse manter mais infantil. [risos] Às vezes eu fico surpreso dele poder se safar com algumas daquelas cenas. [risos]
SJ: Naruto e Hinata se casarem foi algo decidido cedo, ou você cogitou que Naruto terminasse com Sakura?
KS: Quando introduzi Sakura, eu apenas a considerei como qualquer outro personagem. Eu não o fiz para traze-la como uma personagem feminina especial. Ela estava no mesmo nível em que personagens como Kiba e Shikamaru, então não havia nada em minha mente sobre Sakura e Naruto serem um casal. Obviamente, eles seriam amigos e companheiros de time. Já Hinata, eu decidi bem cedo que eles ficariam juntos. Então achei que fosse mais interessante se Sakura estivesse no meio, criando um triangulo amoroso bagunçado. Mas, para ser honesto, não havia muito espaço nem tempo para incluir muita coisa do tipo. Naruto é um mangá de luta, não um romance. Você tem que decidir no que focar, o que você acha que os leitores querem ver. Então eu nunca pensei em fazer deles um casal, mas eu coloquei algumas coisas para fazer os leitores pensarem assim. Era tudo sobre Naruto e Hinata se casarem desde um estágio inicial.
SJ: Você veio a NYCC alguns anos atrás e pôde conhecer
milhares de seus fãs. Como esta experiência te afetou?
KS: Eu nunca havia viajando para outro país e experimentado esse tipo de recepção, então foi realmente especial para mim. Eu ouvi de muitos fãs sobre porque eles amam Naruto, e as razões eram porque Naruto não é perfeito – ele tem seus obstáculos que ele tem que superar e ele sempre continua tentando. Eu percebi como as pessoas do Japão e de fora pensam das coisas da mesma forma. Isso realmente me tranquiliza quando penso no meu próximo trabalho. O lugar de onde você vem não faz nenhuma diferença – todos nós sentimos as coisas da mesma maneira. Nós podemos usar palavras diferentes e ter costumes diferentes, mas no núcleo nós somos todos iguais. Então não tenho que me preocupar com como públicos diferentes vão reagir a meu trabalho.
Fonte: Revolução NaruHina
Créditos: Sofia Chalegre