A crença em um deus-criador não fornece automaticamente significado à vida. Se uma pessoa diz que a religião preenche sua vida com propósito e significado, ela estará admitindo em ter servido a Deus como o significado de sua vida (o que Nietzsche chamou de "moralidade escrava"), ou ela estará assumindo e confiando que Deus possui algum propósito genuinamente valioso para ela, mas que ela não pode encontrar esse propósito até chegar a uma hipotética pós-vida. Para um ateu, é mais importante encontrar o que torna esta vida preciosa e digna de ser vivida, em vez de esperar que a "próxima" seja melhor.
Não há razão para acreditar que a vida precisa ser eterna para ser significativa. Na verdade, há evidências precisamente opostas: por exemplo, um filme, uma perfomance, um romance ou um evento esportivo sem fim perderia completamente qualquer significado. Da mesma forma, podemos questionar qual seria o ponto de fazer qualquer coisa se tivéssemos uma eternidade para viver, uma existência sem nada para colocá-la em foco e dar-lhe alguma urgência e pungência.
De uma perspectiva puramente biológica, o propósito da vida parece ser a sobrevivência e a reprodução. Contudo, a "maioria das pessoas", ateus ou não, provavelmente concordariam que o propósito e o significado da vida precisa ser mais do que apenas isso, e também mais do que a realização de metas a curto prazo ou a busca do prazer transitório. No entanto, o que constitui satisfação ou contentamento pode variar consideravelmente de pessoa para pessoa. Para alguns, uma vida hedonista fornece prazer contínuo (e não apenas transitório). Para outros, um trabalho calmo e lento relacionado ao amor pode proporcionar satisfação profunda e duradoura.
Tendo dito tudo isso, muitos ateus pensam que a pergunta "qual é o significado da vida?" é tão boba quanto perguntar "qual é o significado de uma xícara de café?", e nesse contexto, não acredito que a vida possua qualquer significado ou propósito — nem que exige um: ela simplesmente é.