Você já se sentiu especial? Não um pouquinho, não com diferenças comuns com a das pessoas à sua volta, mas no geral? Como se tivesse um propósito, alguma coisa "a mais" pelo que lutar, algo além das coisas comuns que faz todos os dias? Você já chegou a pensar que não nasceu para este mundo? Você já se sentiu frustrado porque, por mais que saiba que é inteligente, muitas vezes não consegue demonstrar isso para as pessoas? Por acaso quando você está ansioso ou nervoso, sintomas de Transtorno Obsessivo Compulsivo (TOC) surgem em você?
Se você se identificou com a maioria das perguntas, talvez você seja portador da Síndrome de Asperger, uma variação do Autismo. Essa síndrome também é chamada de a "Síndrome do Gênio". Pessoas como Einstein, Isaac Newton e Van Gogh provavelmente eram portadoras. Atualmente, podemos citar o dono da Microsoft, Bill Gates, o falecido inventor da Apple, Steve Jobs, dentre outros são estimados com ela. Mas, obviamente nem todos os portadores são tão famosos, na verdade, a maioria das vezes são pessoas comuns, você, mesmo que não seja, já deve ter passado por alguns deles na rua e não notou diferença alguma.
Há algumas pessoas que são inteligentes, bem inteligentes, e sabem que o são. Mas, por algum motivo... Simplesmente não conseguem "se encontrar". Não conseguem definir o curso a fazer, não conseguem se focar em algo definitivamente sem perder o interesse, porque dificilmente se satisfazem com algo que não seja realmente interessante. Isso vem desde a escola. O(a) professor(a) está lá explicando, e às vezes a pessoa até tenta prestar atenção, mas quando menos percebe a sua mente já fugiu dali e ela perdeu, de novo, parte da explicação. No Brasil, entretanto, especialmente no Brasil onde a educação é precária e a maioria realmente não aprende nada, os casos normalmente passam despercebidos.
O Asperger possui um hiperfoco. Ele só aprenderá o que estiver dentro daquilo, e às vezes o hiperfoco dele está na série que ele quer ver, no brinquedo que ele quer ter, no anime que ele viu e está pensando sobre, e por mais que tente se focar em coisas importantes depois de levar puxões de orelha, logo ele desiste de tentar, porque realmente não consegue se focar em algo que esteja fora desse foco interessante. É comum que ele se pergunte o que é que há de errado com ele, porque ele vê as coisas, ele entende, ele observa, mas simplesmente não consegue demonstrar isso para as pessoas. Quando ele pega algo para fazer, quer fazer até o fim, e é aí que percebe o quanto é genial. Mas às vezes isso em que ele é bom é simplesmente um jogo, console, online, PC, talvez um esporte, talvez desenhar... Talvez escrever... Mas então ele sai daquilo e precisa voltar à vida real, onde as pessoas o querem em um emprego chato, ou em aulas chatas, e ele perde todo o "tesão" pela evolução ali. Às vezes se encontra, às vezes amigos dão o suporte para ele terminar o curso, às vezes uma namorada... Às vezes o álcool é todo o suporte que tem, afinal a pessoa normalmente tem a impressão de que ninguém a compreende, mesmo dentro de sua própria casa.
Mas às vezes o caso é muito simples. Na escola às coisas vão bem, dentro de casa vão relativamente bem também, e o único empecilho é a zona de conforto. O medo de ir à festas, de chegar em garotas ou garotos, o medo de se misturar, a vontade de ir embora para casa minutos após chegar em algum local movimentado como um casamento ou uma festinha, o receio de se enturmar ao se deparar com um grupo de pessoas, etc. Há pessoas que nem imaginam que a palavra "autismo" faça parte de si, ela consegue sair com os amigos, teve uma vida relativamente parecida com a de seus amigos, mas... Lá no fundo, ela pode acabar se sentindo "incompreendida" da mesma maneira. Se a pessoa é adulta, tem uma aparência relativamente boa, tem uma vida social relativamente composta, e ainda assim passa a maior parte do tempo com fones de ouvidos, já é uma forte indicação.
Mês que vem tem o dia do Autismo, e acho bem legal conscientizar as pessoas. Não sei se há, e se sim eu não sei a quantidade, de Aspergers aqui. Mas uma das características mais comuns é o gosto que Apergers tem por animes. Sim, animes e mangás. Isso porque metade da sua personalidade é de acordo com a sua idade atual, mas a outra metade será sempre a de uma criança de 6 anos, que gosta de animação, que é entusiasta e faz e fala besteiras quando alegre demais, que gosta de brincar com coisas infantis, etc.
Espero não ter sido inapropriado com essa postagem, asseguro que minhas intenções são as melhores. Estudei bastante para fazê-la, mas devo avisar que a identificação com algumas das características não garante o seu diagnóstico, e se você se identificou, passe com um neurologista. Acho importante ressaltar que a facilidade com que pessoas Asperger tenham surtos de depressão, pequenos ou grandes, com ou sem motivos, e por isso eu acho tão importante conscientizar as pessoas sobre isso. Não há diferenças físicas nem gritantes diferenças comportamentais para pessoas comuns, então acredito que muitas pessoas tenham problemas pelo simples desconhecer. Também é importante salientar que há níveis de intensidade diferentes. Às vezes a pessoa sabe que é inteligente e consegue demonstrar para os outros, consegue "se encontrar", mas nada tira a sensação de que ela é "diferente" das demais, e que mesmo se explicasse, não entenderiam.
Enfim, desculpem o texto longo, não sei se será útil, mas está aí. E estou enferrujado para escrever, desconsiderem erros de português. Se alguém quiser comentar sobre com o que se identificou (ou identificou outra pessoa), fique à vontade. Algumas coisas como TDAH possuem relações com a síndrome, e acho importantíssimo o trabalho psicológico na vida de pessoas que ainda não "se encontraram".