A minha torradeira

Imagine que eu tenho uma torradeira toda ostentosa. No auge de minha burrice, eu acabo por quebrar uma parte dela: e então substituo a parte quebrada. Com o passar do tempo, culmino por substituir totalmente os componentes dessa torradeira. Ainda é a minha torradeira? Da minha perspectiva, é, no entanto, a torradeira é completamente diferente. E se eu substituísse uma parte (por exemplo: a casca externa) com uma peça com uma cor diferente?
Eu não sou a mesma pessoa que eu era nos meus tempos de criança, eu tornei-me adulto, muito de meu caráter foi mudado. Embora a composição química do meu corpo permanece praticamente a mesma, ainda há mudanças. Os átomos são completamente diferentes.

Eu ainda sou eu? O que, a partir de uma visão de mundo naturalista, me faz ser eu?

O melhor que posso pensar é sobre a minha existência contínua no tempo. Ser "eu" é apenas a percepção do meu ambiente? No mesmo sentido como eu vejo a torradeira ainda como "a minha torradeira"?

@UchihaPower, sua linha de pensamento me lembrou muito uma frase do filósofo Heráclito:

Nenhum homem pode banhar-se duas vezes no mesmo rio...
pois na segunda vez o rio já não é o mesmo,
nem tão pouco o homem!

Você se baseou nesse filósofo para montar essa teoria da torradeira? Por sinal, usar a torradeira foi algo bem criativo XD

Nossa, interessante seu pensamento. Será que eu serei eu daqui alguns anos? Pois alguns pensamentos irão mudar, ou até mesmo "fisicamente dependendo do que fizer ou acontecer nesse tempo que irá passa". Eu deixaria de ser eu, e seria uma nova pessoa?!

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A resposta é simples: Continuarei sendo eu, só alguns aspectos irão mudar.

"Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma".

Linspector Lavoisier

Os comentários deixados aqui já respondem todos questionamentos.

Anyway, como já foi dito, tudo na vida sofre transformações, tudo está em constante desenvolvimento, não é por mudar algumas coisinhas que deixamos de ser aquilo que nascemos sendo, é o mesmo caso da torradeira, não é por sofrer modificações que ela deixará de ser aquilo que foi antes, mas caso você pegue todo material da torradeira e transforme-a totalmente em um liquidificador, ai sim ela sofreu uma mudança drástica ao ponto de ser nomeada como liquidificador, mas se uma vez foi sua torradeira, ela não deixa de ser também, assim como a lagarta e a borboleta: a lagarta vira borboleta, mas a borboleta não deixa de ter sido uma lagarta. :lua:

PS: Vejo que essa música foi propositalmente posta para causar sono, que golpe baixo. :lua:

Na verdade a linha de pensamento é de Nietzsche, em "A ilusão da verdade". Você já não é você, porque algo mudou de ontem para hoje, logo, Wesley era aquele que foi parido de sua mãe, o seguinte, ao sofrer mitoses celulares diversas, já é outro ser, portanto não pode ser chamado de Wesley também. Afinal, a verdade é a relação entre o discurso e o que se observa, portanto, nós vivemos em uma completa mentira. Pegue uma maçã: se ela se chama maçã, porque as outras frutas, que apesar de parecidas são diferentes, também se chamam maçã? Para cada uma que é diferente, dar-se-ia um nome novo. Mais que isso, a cada segundo que se passa a composição atômica e molecular muda, portanto, a cada segundo é uma fruta diferente, e, portanto, deveria ter outro nome. Afinal, "maçã" era aquela fruta daquela hora, naquele estado: discurso entre o que se observa e o que se dá.

Nós precisamos "paralisar" o mundo para poder classificá-lo, e inclusive ignorar diversos fatores. Usamos substantivos próprios iguais para coisas diferentes. Posso ter dois animais completamente diferentes e ambos eu chamarei "cachorro". Ou seja, estou ignorando diversos fatores para classificar, portanto, na realidade, é uma inverdade!

Então como fazer para saber se você é você ainda? A resposta pode ser de cunho religioso ou não: sua essência! Por mais que o Wesley envelheça, corte o seu longo cabelo, e até arrume uma namorada (já estou exagerando -q), as primeiras conexões neurais que ele fez permanece, e podemos dizer que desde então, as novas só estão somando a estas primeiras, e portanto, fazendo-o evoluir, sem perder aquilo que é sua essência. Essa é a resposta mais científica, para quem espera a religiosa, a essência é a sua alma.

E para os animais e objetos...? Não há, aí Friedrich Nietzsche ganha totalmente a razão ao meu ver.

Tudo está em permanente mudança/transformação, o famoso Devir. Gostei de como você expressou utilizando como exemplo a torradeira. Como já disseram, é algo constante em nossas vidas essas mudanças e cada individuo tem sua própria essência.  

A música de fundo é tão relaxante. xD