02Snake escreveu: Li uma matéria, onde pesquisadores de psicologia da Universidade de Iowa, EUA, disseram que a “exposição a videogames violentos pode dessensibilizar as pessoas à violência real”.
E estudos anteriores mostraram que a exposição a esses jogos “aumenta pensamentos agressivos, sentimentos de ira, reações fisiológicas e comportamento violento”. Esse estudo monitorou os batimentos cardíacos e a reação emocional dos participantes ao assistir a filmes com cenas reais de violência logo após ter jogado videogames violentos e não-violentos. Os resultados mostram que “aqueles que jogam videogames violentos ficam habituados ou ‘acostumados’ a todo tipo de violência e, por fim, se tornam fisiologicamente cegos a ela”.
Em outra matéria, com base num estudo de 600 jogadores compulsivos de videogames, o pesquisador Brent Stafford, da Universidade Simon Fraser da Colúmbia Britânica, Canadá, alerta que muitos jogos “estão condicionando nossos filhos a se divertir com a violência”.
A revista Maclean’s diz o seguinte: “Alguns jogadores compulsivos que preferem os jogos mais violentos e realísticos chegam a ‘matar’ 1.000 personagens (virtuais) numa única noite, não raro em cenas de realismo sangrento.” A pesquisa documentou como os videogames violentos são projetados para apelar para as emoções do jogador, e a “mergulhar os jovens em mundos que os insensibilizam à violência, até mesmo a assassinatos”.
Pela primeira vez na minha vida (talvez por não estarmos debatendo religião) eu concordo com
essa parte da argumentação do Snake. Porém, eu também acredito que ninguém aqui está mentindo ou iludido quando diz que um jogo violento não afetará suas atitudes. O que eu acho que falta considerarmos aqui é a idade dos jogadores e, sim, eu esse pequeno detalhe muito importante.
Explicação :
A primeira vez que eu joguei GTA eu já tinha 15 ou 16 anos, e enquanto meus colegas estavam se divertindo um bocado jogando eu só fiquei olhando pra tela e me perguntando "fingirem ser criminosos vândalos? Essa é a diversão deles?". GTA foi o primeiro jogo violento que eu (tentei) jogar, e parecia uma piada que aquele jogo sem nenhum objetivo que prestava era na verdade super famoso. Esse foi só o meu caso, mas eu acredito que o contato de crianças jovens com jogos como esse, recomendados para maiores, não só é um absurdo, é doente. Você não pode deixar um moleque de 11 anos jogar um jogo cujo único objetivo é ser um criminoso rico e de sucesso. Assim como a pesquisa acima disse,
os jogos violentos dessensibilizam qualquer pessoa em relação à violência, porque você se acostuma com as coisas com as quais convive. Um soldado que lutou na guerra não vai nem piscar vendo alguém levar um tiro, mas pessoas comuns vão gritar e sair correndo, pois não estão acostumadas com isso. Eu percebo a influência dos jogos quando percebo que a grande maioria das pessoas ao meu redor teria coragem de atirar na cabeça de alguém para se protegerem de um assalto enquanto eu preferiria mil vezes dar o meu dinheiro do que cometer um assassinato. Eu sou mais desacostumada com violência.
Ok, mas isso não é a parte importante.
Mesmo que você dessensibilize as pessoas em relação à violência isso não quer dizer que elas vão cometer crimes, então aí chegamos no grande problema: separar realidade de ficção. Assim como
@tatu123 disse, se você sabe separar realidade de ficção então um jogo violento não vai ser nada pra você. Você provavelmente teria mais facilidade psicológica para cometer um crime do que alguém que não jogou, como é o meu caso (que sou bem menos violenta que boa parte das pessoas, coisa que não era uma realidade quando eu era criança. Eu era até bem violenta). O mesmo vale para filmes violentos, especialmente quando o protagonista é o criminoso (fico de cara com Breaking Bad até hoje). Mas ter mais facilidade para fazer isso não significa que você vai fazer, pois você tem bom senso. Agora, voltando para as crianças, vocês acham que elas sabem separar realidade de ficção? Essas mesmas crianças que conseguem olhar para uma boneca ou um carrinho de brinquedo e fingirem que ele é um ser vivo? Essas mesmas crianças que tem amigos imaginários? Essas mesmas crianças que vêem um personagem de desenho e tem tanta certeza que ele é real que compram brinquedos deles como se eles viessem até com a personalidade do personagem embutida? Essas mesmas crianças que gostam de brincar de serem quem não são? Essas mesmas crianças tão influenciáveis que facilmente imitam os próprios amigos sem terem qualquer noção de se eles estão fazendo algo certo ou errado? Vocês acham que essas crianças tem maturidade para jogar um jogo violento e separá-lo da realidade, entendendo que a violência que resolve tudo no jogo não vai resolver nada na vida real? Você acha que essas crianças vão entender que, apesar de no jogo elas ganharem pontos e subirem no ranking por serem violentas, elas não vão ser superiores a ninguém por serem violentas na vida real? Claro que não! Se no jogo o mais forte é superior, elas vão começar a bater nos coleguinhas quando quiserem provar que são superiores a eles. Se os amiguinhos elogiam o fato de ele matar várias pessoas no jogo, claro que ele não vai chegar a matar alguém, mas ele vai começar a falar de coisas violentas ou falar palavrões com facilidade e até orgulho, esperando ser elogiado.
Crianças não sabem separar realidade da ficção. Elas acham que a ficção imita a realidade e que o que vale para a ficção vale para a realidade também. Você não pode simplesmente usar a sua lógica adulta para entender crianças. Você nem lembra de como pensava quando era criança. Se você me pedir para pegar uma Polly hoje em dia e fingir que ela é uma pessoa, eu não conseguirei fazer isso com a mesma seriedade que as crianças fazem.
O pior são as crianças que acham que sã adultos. Elas são as mais influenciáveis, pois querem desesperadamente provarem que são independentes e que sabem tomar as próprias decisões, e fere o "orgulho independente" delas perguntar ao papai e à mamãe o que é certo e o que é errado. Sabe com quem eles aprendem? Com os coleguinhas arrogantes que fazem tanta propaganda sobre a própria independência (que só eles acham que tem) que os outros coleguinhas começam a acreditar e a se inspirar nele. É só o garoto dizer "Meus pais não mandam em mim" que todas as crianças que querem ser independentes querem ser como ele, mesmo que seja uma mentira, porque eles não sabem que é uma mentira. Nem o próprio garoto que afirmou isso acha que é mentira, ele está na fase "rebeldinho da família" e acha que responder a mãe gritando quando fica de castigo significa que ela não manda nele. Essa idade está normalmente entre os 9 e 14 anos. Às vezes 15, pros mais imaturos. E nessa idade jogos de violência sem dúvidas vão deixar o fulano mais violento, porque ele
quer ser violento. É isso que fase rebelde significa. O cara quer ir contra todas as regras pra provar pro ego fraco dele que "ninguém manda nele". Veja como exemplo esses adolescentes "rebeldinhos" que se acham fodásticos por pixar as paredes só porque a polícia não pegou. Esse povo que mente pros pais com orgulho pois acham que "mandam em si mesmos". Você acha que eles são rebeldinhos desde recentemente? Não, eles começaram na infância. E eu garanto que eles começaram ou se relacionando com adolescentes rebeldes bem mais velhos que eles ou, os da elite (normalmente), começaram jogando jogos violentos e tentando desesperadamente se tornarem os "líderes do grupo" entre os coleguinhas. Nesse caso das "crianças rebeldes" notamos que há uma pré-disposição. Como eu disse, o vídeo-game é perigoso para elas pois elas querem ser violentas. Mas agora eu quero que vocês avaliem outra coisa: pegue uma criança que joga GTA e outra que não joga. Na mesma sala, na mesma escola e com situações familiares semelhantes. Quem é mais violenta? Mais uma vez, eu gostaria de ressaltar que o vídeo-game não as deixa violentas, e sim que, ao menos nessa idade, gostam desse jogo as crianças que já são mais violentas. E o jogo potencializa a violência que elas já tem.
Resumindo:
– Fator 1: Jogos de violência acostumam a pessoa com a violência, e ela passa a ter
mais facilidade psicológica para realizar tarefas violentas. Mas, se ela tiver bom senso e souber separar realidade de ficção, ela não fará.
– Fator 2: Crianças não tem bom senso nem sabem separar realidade de ficção, então elas se tornam sim mais violentas por influência dos jogos. Mas se a criança for naturalmente pacífica, o que é bem difícil (já precisa nascer com uma baita maturidade), ela não irá desejar tomar atitudes violentas, ou terá medo de toma-las.
– Fator 3: Crianças se atraem por jogos com os quais tenham sintonia. Então se uma criança quer jogar GTA você já sabe que ela tem predisposição à violência, especialmente se ela começar a jogar e gostar. Ou seja, se antes nós entendemos que crianças que não se tornam violentas por causa de jogos são naturalmente pacíficas, aqui nós entendemos que se a criança for naturalmente pacífica ela nem vai ver graça no jogo pra início de conversa.
– Fator 4: Entre os 9 e 14 anos (normalmente) as crianças entram na idade rebelde. Ou seja, na idade em que querem "provar que são independentes e que mandam em si mesmas". Sem qualquer bom senso, elas normalmente fazem isso indo contra as regras e tentando escapar da punição, o que é a "prova master de que você é fodão e ninguém manda em você". Elas aprendem no jogo que tal coisa é errada e chama a atenção da polícia, então elas vão lá e fazem numa versão mais fraca (normalmente) para incomodar os pais e, assim como no jogo, fogem(tentam fugir) das consequências. Se elas conseguem, acabou, você tem um pequeno futuro criminoso em casa.
– Fator 5: Se tornar mais violenta não significa se tornar uma criminosa. Uma criança normal vai só começar a falar palavrões, gritar e no máximo pixar a casa. Outras podem até aprender a fumar e beber depois de fazerem "amizade" com rebeldinhos de 15 anos. Mas se ela realmente cometer um crime como furto ou assassinato já tem um outro fator envolvido, que é o do "problema mental". A criança claramente tem algo de errado. Mas, como você pôde ver, o jogo não foi o culpado, apesar de ter impulsionado o ato.
[b]Conclusão: Se o jogo é para maiores você não pode simplesmente ir lá e deixar seu primo de 10 anos jogar. Os pais precisam controlar os filhos ao menos nessa idade para que o vídeo-game não seja uma má influência numa fase delicada. Agora, os cara de 16 à 18 anos? Esses só vão ficar violentos se já tiverem problemas psicológicos desde o início. Eles tem bom senso e sabem separar realidade de ficção. Eles podem jogar. Mas sim, os vídeo-games violentos despertam ou intensificam a violência nas crianças. Não superestime os moleques e não acreditem naquele papo de "eu sei tomar minhas próprias decisões", ele não sabe, ele é burro, ele é demente, ele tem naturalmente um parafuso a menos porque ele é criança. [b]