Kauan escreveu: Um pensamento complementa o outro, mas eu penso que o Hobbes seja mais fiel ao retratar a natureza. Somos animais e animais agem por instinto de sobrevivência que por vezes levam a comportamentos maus: matar para sobreviver, por exemplo. A maldade do ser humano é inata a partir do momento que nós já somos extremamente racionais e evoluídos, produzimos coisas que satisfazem até as nossas mais banais vontades, mas ainda assim continuamos a matar - em alguns casos, sem motivos.
Para Durkheim, a sociedade não é um, é um todo, e que existe uma coerção social onde os indivíduos são forçados a agir e pensar de forma padronizada. É aí que entraria o pensamento do Rosseau, que a sociedade corrompe o individuo. E a sociedade é o homem! E o homem é filho da puta por natureza. Eu enxergo como um ciclo Hobbes -> Durkheim -> Rosseau -> Hobbes -> Durkheim ->Rosseau, etc
Muito boa forma de pensar! Porém, eu diria que a coerção social traz mais benefícios para que a humanidade se torne mais apta à vida em sociedade do que prejuízos. Em outras palavras, a sociedade em partes pode instigar alguns problemas nos indivíduos (por exemplo, uma competitividade excessiva pode tornar a pessoa alguém pouco sociável), ou pode torná-la melhor (impedindo alguém de assassinar outra pessoa, por exemplo). Apesar da sociedade poder possibilitar a corrupção das pessoas, eu diria que sem a sociedade (ou em uma sociedade imaginária onde não ocorresse qualquer tipo de coerção social), as pessoas seriam ainda piores.
E ganhou meu respeito por citar o pensamento de Durkheim~ Junto com o Comté, ele é um dos únicos sociólogos que eu gosto (pois buscavam um método científico de análise, algo totalmente diferente dos sociólogos atuais).
Ryu escreveu: Na verdade, essa questão já morreu a um tempo com os estudos de Dawkins sobre genes.
Você é o que os genes predispõem em parte e a outra parte que compõem sua personalidade é o ambiente no qual você convive.
Não dá para brincar mais de filosofia nessa questão.
Acontece que boa parte das predisposições são ambientais, e uma pequena parte genética. Ou seja, a causa destes comportamentos pode ser chamada de "biopsicossocial". Uma parte vem da predisposição genética/física (uma parte pequena), mas a grande maioria vem da formação e desenvolvimento psicológico deste indivíduo e de suas interações sociais (pais, amigos, professores, livros que leu, experiências próprias e etc).
Com isso, ainda sobra a questão: "O ser humano, por natureza (supondo a ausência dos moldes sociais) seria bom ou mau?".
Dentro dos padrões sociais existentes, pra mim, é bem claro que ele seria mau.
Staz escreveu: Sociedade é um conjunto de seres vivos que colaboram entre si.
Logo, a sociedade humana só existe por que existem seres humanos, sem seres humanos não há sociedade.
Logo, a sociedade não é ruim, e sim os seres humanos que a compõe.
Como o Kauan disse, a sociedade não é apenas a soma dos indivíduos, mas sim algo que além de ser moldado pelas mesmos, também os molda. A pessoa pode concordar ou não com os padrões sociais, por exemplo, mas sempre que desviar de tais padrões, sentirá a força da coerção social (seja de maneira direta, como a prisão, ou de maneira indireta, como olhares irritados ou exclusão social).