Cara, esse tópico me chamou a atenção assim que li o título.
Eu sou contra um direito desses. Por mais que seja uma vida miserável em algum sentido e atrase o andamento da vida dos responsáveis em algum espectro, ainda é uma vida. Uma prima minha, quando diagnosticada com paralisia infantil ainda bebê, não tinha grandes chances de ultrapassar os 18 anos segundo os médicos. Felizmente, minha tia-vó teve garra para criá-la e hoje ela tem mais de 40 anos, mesmo numa época em que era difícil conseguir um atendimento necessário. Contando também que a situação financeira nunca foi abastada, mas inverso disso. É sim totalmente dependente, seja para se alimentar, locomover e sem habilidade alguma de comunicação. Eu tenho convicção que nunca gerou um arrependimento em quem ajudou a cuidar e criar, muito pelo contrário, é uma situação que exige acima de tudo muito afeto e amor. Se assim não fosse, seria negligencia da responsabilidade de mãe/pai, deve ser igual ao caso onde não há tais empecilhos (da deficiência). É uma questão de ética.
Esse tipo de questão sempre me atinge como uma faca, porque meu irmão tem Esclerose e Tuberosa, o que causou vários tumores benignos em diversos órgãos do corpo, inclusive o cérebro. Tivemos a sorte do diagnostico ter sido feito cedo, e a medicação e terapia fez com que meu irmão tenha condições de socializar normalmente, mesmo que a gente saiba que ele nunca vai ser autossuficiente intelectualmente. Eu entendo que não é em casos desse que você comentou, mas eu acredito que, se houvesse uma frustração grande o suficiente, pra que minha mãe ou meu pai sentissem que ele não valia a pena, e negligenciassem os papéis deles na vida do meu irmão, o diagnóstico poderia ter sido revertido numa decisão para o aborto (exemplo). Eu sei que isso não foi citado e não é o foco do tópico, mas na minha visão, implica nessa mesma questão, porque não havia nenhuma certeza se a má geração do meu irmão seria branda, ao contrário.
E devo ressaltar um ponto do Lipert; As políticas do Estado para com essas questões deveriam ser mais visadas que um bolsa vagabundo da vida, que não resolve porra nenhuma e ainda tem muito espertinho se aproveitando das falhas de cadastro. Eu sei que em grandes cidades, o apoio de Ongs e projetos do estado atingem a população que precisa desse auxílio para lidar com pessoas com deficiências mais severas, mas isso não é realidade pra nação toda. Mas enfim, isso é uma falha de todo o sistema de saúde.