Primeiro tópico que respondo em muito tempo, posso me empolgar.
Em minha humilde opinião, crianças não deveriam saber o que é sexo.
Eu já citei 400 mil anos atrás que na minha cabeça toda criança nasce assexuada, então qual a utilidade de você ensiná-las a ver todas as sexualidades como iguais se elas já tem essa noção de igualdade naturalmente? Elas vão igualmente olhar para todos os beijos, entre homens e mulheres, homens com homens e mulheres com mulheres, virar a cabeça, cerrar os olhos e fazer "eww" em sinal de nojo. Ou podem igualmente rir da situação, enquanto fogem dos pais que tentam impedi-las de ver a cena. O problema está nos adultos e podiam fazer o favor de parar de colocar as responsabilidades nas crianças. Ninguém nasce homofóbico, são os pais que as criam para desrespeitarem o diferente assim. Eduque os pais e as crianças não precisarão de algo tão inapropriado quanto esse kit.
Agora, sobre a escola sem preconceito, a forma mais fácil e simples de acabar com um preconceito entre as pessoas geralmente é tratando-as como iguais para início de conversa ao invés de fazer um discurso de "elas são diferentes, mas trate-as como iguais" para os moleques. Se bem que, novamente na minha opinião, atualmente é impossível extinguir totalmente o preconceito para com as diferentes sexualidades por uma razão simples: Preconceito é, segundo o significado original da palavra, um conceito que se cria antes de conhecer. Se você não conhece, obviamente existirá preconceito. Como não sabemos cientificamente as causas para as diferentes sexualidades então sempre existirão preconceituosos que criarão suas próprias teorias sobre o que a sexualidade realmente é. Por exemplo, racismo só existe porque existem pessoas teimosas e burras, porque a ciência já analisou por completo e sabe que todas as raças da espécie humana são iguais no interior, mas homofobia é apenas o resultado do baixo conhecimento que a ciência possui sobre o assunto. Então, apesar de que tratar todas as raças como iguais possa resultar naturalmente na extinção do preconceito das futuras gerações, o mesmo não vale para sexualidades. Isso porque as crianças que se tornarão heterossexuais serão maioria e, ao crescerem, com o conhecimento de como a reprodução é feita e que ela é uma exclusividade das relações entre machos e fêmeas e, além disso, com um desejo natural por se reproduzirem com o gênero oposto, então obviamente estranharão ao ver pessoas que fogem dos padrões que elas dão por garantido. A única forma possível de acabar com esse estranhamento de vez seria dar a elas uma explicação sobre as diferentes sexualidades, dizendo que elas existem e, mais importante, por quê. Porém, não sabemos o por quê. Então se queremos extinguir o preconceito, a única forma possível seria tecnicamente primeiro entender esse fenômeno.
Ironicamente, quando eu penso sobre isso, se as sexualidades diferentes fossem tratadas como transtornos, assim como o TDAH por exemplo, as crianças e pessoas no geral tratariam isso com muito mais naturalidade, pois daria um fim nessa ideia ridícula de que sexualidade se escolhe e, ao mesmo tempo, acabaria com a tal "moda" da sexualidade, que são pessoas comuns experimentando sexualidades diferentes como se miraculosamente elas fossem se tornar bissexuais só porque beijaram alguém do mesmo gênero. E não sei se sou só eu, mas eu acho isso desrespeitoso para com as pessoas que naturalmente nasceram assim (como demissexual, eu mesma me sinto pessoalmente ofendida), como se estivessem fazendo experimentos com algo muito pessoal de outra pessoa. Imagino um gay ficando com um hétero que só queria "experimentar", usando a pessoa como uma cobaia, isso não é rude?
Contudo, algo que me fascina (negativamente) é que existem países, como a Rússia, que tratam diferentes sexualidades como doenças, e o preconceito nesses lugares é ainda mais intenso. Então eu me pergunto quais seriam as causas, porque eu nunca fui agredida por ter TDAH por exemplo, então por que alguém agrediria uma pessoa que supostamente tem um transtorno que a torna diferente? O que, na cultura desses países, mantém a homofobia acesa, se no meu mundo imaginário e perfeito tratar diferentes sexualidades como transtornos as tornariam mais naturais? Entre as possíveis causas, penso que é porque a conotação de doença difere muito da de um transtorno, pois ela é tratada como algo que PRECISA ser curado, como algo extremamente negativo e até perigoso. Algo que não deveria existir no ser humano. Outra causa seria que essa ideia de uma sexualidade como doença possa estar sendo tratada de uma forma ainda mais negativa, como se fosse apenas uma forma de ofender e atacar a outra pessoa, chamando-a de doente, ao invés de estar realmente pensando sobre os termos médicos. Mais uma vez, nunca vi ninguém agredir uma pessoa que tem câncer só por ela ter câncer. Então, realmente, o que me faz mais sentido são as opções em que a população do país usa o termo "doença" como uma ofensa e, além disso, trata como algo muito mais pesado e negativo do que seria um transtorno, o que foi a minha recomendação. Mas é óbvio que não se pode ensinar nas escolas algo que não foi cientificamente comprovado, então mesmo resolvendo esses problemas seria errado classificar outras sexualidades como transtornos.
A conclusão a que posso chegar é que a maneira correta de se criar uma escola "sem homofobia" seria tratar as outras sexualidades como o que elas são: mistérios da ciência, e parar de tratar o assunto como um taboo. Se ensinássemos isso na escola ao mesmo tempo em que ensinamos sobre reprodução, apresentando isso como um "misterioso fenômeno natural" que inverte o instinto de se reproduzir com o gênero oposto ou simplesmente extingue esse instinto, mantendo apenas o prazer da relação com qualquer um, nós tiraríamos essa "conotação ofensiva" que se dá à palavra "homossexual". Nós apenas atiçaríamos uma curiosidade positiva nas crianças sobre o assunto e ele seria tratado de forma natural e como algo de "menor importância", e quando tiramos a importância de algo, acredite ou não, tiramos também o preconceito a respeito desse algo, pois uma pessoa preconceituosa é aquela que coloca uma importância negativa demais em algo que é insignificante. Pessoas com diferentes sexualidades seriam tratadas meramente como "especiais" ou "diferentes" com uma conotação neutra ou positiva, pois crianças gostam de coisas diferentes. Na minha opinião, essa seria a melhor alternativa.