A Companhia Vale do Rio Doce, a empresa estatal desenvolvimentista foi criada por Getúlio Vargas em 1942.
Quinze anos depois, no final dos anos 50, a Vale do Rio Doce era a mais importante mineradora do País e operadora da melhor ferrovia do Brasil, a Estrada de Ferro Vitória-Minas e do moderno porto de Vitória, pelo qual exportava o minério de ferro melhor do mundo. Era a Vale de Eliezer Batista, exemplar empresa brasileira, financiada pelo BNDE com grande orgulho dos seus técnicos, eu entre eles.
No decorrer dos anos 60 e 70, a grande Vale do Rio Doce já operava o novo porto de Tubarão, de Eliezer e Marcos Vianna, e era uma empresa estatal respeitada no mundo inteiro. A Vale e a Petrobras eram verdadeiros orgulhos nacionais do Brasil, destaques internacionais na área empresarial.
Marcos Vianna, o grande engenheiro da Vale, foi designado presidente do BNDE em 1970. E foi o melhor presidente da história do BNDE. Tive a oportunidade de chefiar o departamento de projetos neste período e de ser seu chefe de gabinete.
A Vale estatal era uma das principais ações movimentadas na nossa Bolsa de Valores, era orgulho e grande ativo dos seus acionistas, como eu.
A Vale foi privatizada a preço de banana por FHC, nos anos 90, sob protestos ruidosos na frente da sua sede no Rio. Eu estive lá, neste protesto.
A empresa privatizada perde seu caráter desenvolvimentista e passa a ter como prioridade dar o maior lucro possível aos seus acionistas.
A Vale, privatizada, uma das maiores empresas mineradoras do mundo no novo século, passou a operar com grandes lucros seu novo sistema de Carajás, no Norte, além de manter suas operações nas antigas áreas de Minas Gerais, sempre com atenção maior nos lucros, na redução das despesas, na construção de barragens de rejeitos mais baratas.
A Vale, privatizada, com enormes lucros, provocou gigantescos desastres ambientais e humanos – Mariana e Brumadinho – na segunda década do século.
- Saturnino Braga
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