Aborto e psicopatia

Bom dia.

Como é costume de um nobre otaku como esse que vos fala, estava eu a navegar por esse fórum. Deparo-me com uma questão interessante do jovem Kyo, sobre um livre-mercado de abortos. Parabenizo-o por seu espírito empreendedor, mas argumentei que seria antiético, e melhor seria um livre-mercado de escravos abortistas.

Bolas, passo dois ou três posts e vejo um rapaz criticando fortemente o que ele acredita ser uma hipocrisia: "como se atrevem a defender a propriedade privada enquanto negam o direito da mulher de matar o próprio ser que cresce em sua barriga?".

Você, sábio senhor que me lê, compreende com o cérebro que Deus lhe deu, que a característica mais sublime da propriedade privada é que ela tem, por definição, um dono, e esse dono tem o direito de fazer o que bem entende com sua propriedade. Ora, analogamente, se um homem invade sua propriedade é direito seu retira-lo, mesmo que isso acarrete em sua morte.

Mas um argumento por analogia forte, você estudante de lógica vai lembrar, não pode faltar nenhuma informação.

O corpo da mulher está sendo invadido? Considerando que o ser que ali está foi consequência do ato da mulher e que foi a causadora da gravidez e não haveria nada em sua barriga se não fosse por suas ações, evidentemente que não.

Como ficaria a analogia correta? Desta forma: um proprietário de um imóvel convida por meio de folhetos espalhados pela cidade e deixa a porta aberta, sabendo do risco do convite ser aceito. Um homem entra em sua casa, e é imediatamente expulso, da seguinte forma: primeiro cortam-lhe a cabeça, depois os braços e então as pernas, jogam-lhe então seu corpo despedaçado da janela do quinto andar. Assassinato.

Uma vez convidado, cria-se um contrato implícito de não-agressão caso o convite seja aceito. Uma vez que a mulher faz sexo, ela aceita o risco de ter um filho e este não pode ter sua vida ameaçada, portador de direitos naturais dados por Deus.

Não entro na questão de o feto ou embrião ser ou não humano, pois não tenho tempo pra isso no momento. Mas criam-se esses critérios aleatórios para ser ou não um Ser-humano e falta-me paciência pra discutir tais bobagens.

Retire-se do fórum, senhor abortista. É a vontade do povo.

O maior problema é o sexo, jovem Dante.

Nem todas as pessoas têm a inteligência de privar-se da prática deste ato imundo outrora desaprovado por Deus, que deu o pênis e a vagina para torturar o homem e a mulher.

As sociedades mais primorosas são as de menor taxa de natalidade e os seres mais inteligentes são aqueles que focam suas energias integralmente para o conhecimento, como você e os japoneses.

Proíba o sexo e todos os problemas relacionados ao aborto serão resolvidos.

Critica interessante. Para chegarmos a esse fim, de uma sociedade sem sexo, basta continuarmos a espalhar o otakismo, que tem como característica inerente a virgindade.

Entendi. Não são argumentos ruins, esses de "propriedade privada". Muito bom, muito bom mesmo. Apesar de que acho que todos deveriam pensar assim mesmo. Só acrescento o fato de que coito é uma atividade exclusiva para a reprodução, e se você o utiliza para outro fim que não seja esse, já é algo errado. Agora, por sua própria  incompetência e sujeira, querer tirar a vida de alguém que não tem nada a ver, demonstra o nível de doença e devassidão das pessoas. E também, esse negócio de "meu corpo minhas regras" que algumas pessoas utilizam, é tão relevante assim? Quero dizer, por qual motivo a maioria das mulheres que abortam querem exercer o "direito sobre seu corpo"? É só porque não quer criar a criança e por isso pretende matá-la ou porque é tão egoísta que não quer carregá-la e deixá-la crescer dentro de si por 9 meses? Não sei qual das duas opções é pior.  

Eu não entendo. Como pode? Quero dizer, existem algumas pesquisas que afirmar que supostamente 1 em cada 5 mulheres entre 18 e 40 anos (se não me engano) já fez pelo menos um aborto, então, o número é tão grande assim? Não é possível que isso seja aceitável para alguns. Isso quer dizer que todas elas deveriam estar na cadeia, certo? Enquanto não cumprirem a pena que devem. Porque, já vi gente dizendo que essas pessoas são "normais", "como qualquer outra". Isso significa que uma pessoa "normal" é capaz de fazer isso (aborto)? Qualquer um pode matar um inocente por incapacidade ou covardia? Fico me perguntando agora: se eu fosse mulher, e estivesse grávida, e não quisesse a criança, seria capaz de fazer algo como aborto? 

Pouco tempo atrás, vi uma reportagem, de mais de dois anos atrás, de uma mulher grávida de 5 meses, que interrompeu a gestação. O pai estava de acordo. Ela conseguiu interromper, porém, morreu no processo. A maioria das pessoas nos comentários (era um vídeo do Youtube), estava dizendo coisas ruins dessa mulher; não acho que estavam certos, apesar de que o que ela fez é realmente muito ruim. Uns 3 comentários mais ou menos, estavam defendendo ato de algumas forma, uma das pessoas estavam falando sobre "legalizar o aborto, para mais mulheres não terem mais o mesmo destino" (não sei se essa pessoa prestou atenção no vídeo e nos detalhes, talvez nem tenha notado que era gestação de 5 meses, porque não é possível que alguém consiga aprovar que interrompam uma gestação nesse ponto, outra falando de "não julgar, porque não se sabe o que levou ela a fazer aquilo", como se algo justificasse tamanho crime. 

O que eu quero dizer é: esse é o ponto que chegam em relação a uma gravidez indesejada (imagino que seja, no caso).

Desculpem, acho que ficou um pouco grande. Eu quis compartilhar um pensamento meu, espero que não se incomodem. Também peço desculpas se ofendi alguém, não é minha intenção, mesmo. Eu apenas acho isso (aborto) errado, bem errado. Boa noite.

Ninguém é a favor do aborto como prática contraceptiva.

Mas a régua que você usa, Dante, para falar sobre estas questões, são inteiramente suas. Quando você fala em lógica e em seguida diz embaixo "direitos dados por deus", você descaracteriza automaticamente o debate, porque para discutir algo deste cunho é necessário se distanciar dela.

Na lógica da sua analogia, uma mulher estuprada foi invadida (literalmente) e mesmo agora estão voltando a discutir se ela pode ou não abortar caso engravide...

O problema é querer decidir questões coletivas usando médias individuais no processo. Na maioria dos casos não dá certo...